O Princípio da História Humana  
Lições do segundo capítulo de Gênesis

A criação do homem foi um ato de amor do Criador. Assim como o oleiro toma o barro em suas mãos para moldar o precioso vaso, Deus formou o ser humano do pó da terra, soprou em suas narinas o fôlego de vida e o colocou em um jardim preparado com todo carinho.

SUPERFÍCIE E PROFUNDIDADE

Lendo o capítulo 2 de Gênesis, somos levados a refletir sobre as coisas que Deus criou para a humanidade. Naquele paraíso terrestre havia todo tipo de árvore frutífera que o Senhor fizera brotar da terra, árvores boas e agradáveis à vista (Gn.2.9). Entretanto, quem olhasse para o jardim não veria tudo o que Deus havia preparado para o homem. Continuando a leitura encontramos o seguinte: “E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro. E o ouro dessa terra é excelente; ali há o bdélio e a pedra sardônica” (Gn.2.10-12).

Nem tudo o que Deus preparou para o homem está na superfície.

As pedras valiosas e o ouro estão ocultos no subsolo. De tal sorte é grande parte daquilo que podemos alcançar do Pai celestial. Muitas bênçãos “brotam da terra” e estão ao alcance das nossas mãos, podendo ser conseguidas com grande facilidade. Outras, porém, estão ocultas e, para alcançá-las, precisamos procurar, buscar, cavar, com muito trabalho e grande esforço. Podemos aplicar este princípio a diversos aspectos da nossa vida, seja espiritual ou natural. Qual é o nosso nível de experiência com Deus? Não podemos ser superficiais. Existe muito mais a ser alcançado, mas isto está reservado para aqueles que se esforçam e procuram ir mais longe. O ouro, além de profundo, estava distante, só podendo ser alcançado por quem estivesse disposto a seguir o curso do rio que nascia no Éden.

Trabalhe mais. Dedique-se mais ao Senhor. Deixe de lado o comodismo, pois Deus tem maravilhas para realizar em sua vida.

TRABALHO DIVINO; TRABALHO HUMANO

O fato é que Deus, embora tenha feito tanto, ainda deixou muitas coisas para que o homem fizesse. É assim até hoje. Ninguém deve pensar que Deus fará tudo sozinho. Em várias questões da vida, nossa participação, decisão e trabalho são importantes. O mais difícil ele fez, que foi criar o ouro. Agora, cabe ao homem encontrá-lo. E, em casos assim, não basta orar. É preciso trabalhar. Refiro-me ao ouro como uma ilustração para tudo aquilo que possa ser importante e valioso para cada um de nós.

Também está escrito que Deus colocou Adão no Éden para lavrar e guardar. O trabalho não é castigo pelo pecado, como muitos pensam, pois ele já existia antes que o homem pecasse (Gn.2.15). Porém, após a queda, o labor se tornou árduo (Gn.3.19).

AS DUAS ÁRVORES

No meio do jardim havia duas árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Sabemos que, através desta última, veio a transgressão humana. A palavra “conhecimento” aguça a nossa curiosidade. O que há para ser conhecido? Muitas religiões oferecem conhecimento. Cuidado! Precisamos, antes de tudo, conhecer a Deus e a sua palavra. O mundo está repleto de armadilhas cujo atrativo é algum tipo de conhecimento, envolvendo experiências interessantes que acabam por destruir aqueles que as realizam. Cuidado! Não precisamos experimentar tudo o que nos é oferecido.

O fruto da árvore maligna trazia consigo uma promessa de conhecimento do bem e do mal. Será que Adão e Eva não conheciam o bem? Depois de haverem comido do fruto proibido, constataram que o bem era exatamente a forma de vida que tinham antes daquele ato pecaminoso. Nós também devemos estar atentos, pois aqueles que se deixam levar pelas promessas do Diabo, acabam concluindo que estavam muito bem antes e, para muitos, é tarde demais para voltar e recuperar o estado anterior. Todo servo de Deus deve aprender a valorizar o que o Senhor lhe deu, e não ficar cobiçando o que Satanás oferece.

Por quê Deus colocou aquelas duas árvores no meio do jardim? Podia haver ali apenas a árvore da vida e tudo seria mais simples. Entretanto, o Senhor deu ao homem o direito de escolha, não desejando que a humanidade o servisse apenas por falta de opção. Hoje, portanto, tem grande valor a manifestação de vontade daqueles que escolhem servir a Deus.

Antes do pecado, o homem vivia envolvido pelo bem, embora não tivesse consciência disso. O mal já existia, mas Adão não o conhecia. Por isso, dependia de Deus para protegê-lo. E foi isso que o Senhor fez ao alertá-lo a respeito do fruto maldito. O conhecimento do bem e do mal seria a capacidade de discernir entre o bem e o mal. Logo, se o homem pudesse ter tal compreensão, ele, teoricamente, não precisaria mais de Deus. Este é um dos piores aspectos do pecado. O homem acha que pode ser igual a Deus e independente dele. Daí em diante, o ser humano passou a discernir entre o bem e o mal, embora isto não lhe garanta força suficiente para impedir o mal ou vencê-lo. Tal discernimento é bastante precário, pois o mal se disfarça muito bem e, não poucas vezes, ilude a consciência humana.

A SOLIDÃO DE ADÃO

Depois de dizer sete vezes que sua criação era boa (Gn.1), Deus encontrou algo que não era bom: a solidão humana (Gn.2.18). Na seqüência do texto, o Senhor trouxe os animais para que Adão lhes desse nomes, e assim foi feito. Está escrito, porém, que “não se achava companheira idônea para o homem” (Gn.2.20). Se não se “achava” era porque, talvez, Adão estivesse procurando uma companheira. É provável que ele, ao observar os animais, tenha notado a existência de casais, enquanto ele vivia só. Da mesma forma, hoje, muitos estão procurando alguém.

Apesar de toda a inteligência que Deus dera ao homem, este nada podia fazer para resolver aquele problema. Esta não era uma questão de esforço ou trabalho. Muitas pessoas vivem sozinhas e nada conseguem no sentido de mudar a situação. Adão dependia totalmente de Deus para conseguir uma companheira. O Criador fez então a primeira cirurgia da história humana. Enquanto Adão dormia, o Senhor lhe extraiu uma costela e, com ela, formou a mulher.

Nesse caso, enquanto o homem descansava, Deus trabalhava por ele. Se Adão ficasse acordado, correndo de um lado para o outro, as coisas só ficariam mais difíceis. Em assuntos como esse, é importante orar e descansar em Deus, sabendo que ele tem o melhor para cada um de nós.

Muitos servos de Deus ficam impacientes e acabam aceitando propostas erradas no tocante à vida sentimental. Como não havia nenhuma mulher antes da criação de Eva, Adão não sofreu nenhuma tentação nessa área. Hoje, porém, há muitas servas de Satanás por aí, sendo por ele usadas para levarem ao abismo muitos homens de Deus. No entanto, existem também muitos servos e servas fiéis ao Senhor aguardando o tempo certo para um relacionamento santo e abençoado.

A PRIMEIRA FAMÍLIA

O capítulo 2 de Gênesis se encerra falando sobre a instituição do casamento. Deus criou Eva e a deu ao homem. Aquele episódio mostra alguns elementos do padrão divino para a família. Como disse alguém, Deus criou Adão e Eva e não Adão e Ivo. O homossexualismo não tem apoio bíblico. Da mesma forma, a poligamia, embora tenha ocorrido em muitos lugares e situações, não faz parte do propósito de Deus para o homem. O seu desejo é que cada um tenha sua mulher e que cada uma tenha o seu marido (ICo.7.2).

Está escrito: “Deixará o homem o seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e serão ambos uma só carne” (Gn.2.24). Aqui está o plano essencial para a formação de novas famílias. É preciso haver um desprendimento do primeiro lar para que um novo se forme, por mais doloroso que isso possa ser. Portanto, casar e ir morar com os sogros não é o padrão divino. Quem assim fizer terá muitos problemas. É compreensível que existam situações difíceis, cuja solução imediata para o casal seja morar na casa dos pais. Porém, é bom que se faça um propósito de independência no menor prazo possível e para o bem de todos. O novo casal precisa ser independente para que possa amadurecer e preparar uma boa estrutura para os filhos.

Antes que Deus desse uma mulher a Adão, ele lhe deu trabalho. Não sabemos quanto tempo se passou entre a criação do homem e da mulher, mas foi um tempo necessário. O período da solidão tem algo de positivo. A futura companhia passa a ser almejada e cada vez mais valorizada. Enquanto isso, o homem (e agora a mulher também) trabalha. Quem se casa sem haver trabalhado muito antes pode ter grande dificuldade na formação e sustento do seu lar, a não ser que venha de uma família rica. Por outro lado, a ausência de trabalho traz outras deficiências para o ser humano que vão além da questão financeira.

Após a união matrimonial de Adão e Eva, o texto diz que ambos estavam nus e não se envergonhavam. Aquela cena nos mostra a inocência humana antes do pecado. Tudo muda no capítulo 3, conforme veremos em nosso próximo estudo.

Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia
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