F U G A

Jamais pensei estar aqui sem um diploma no bolso, jamais...cinco anos de aporrinha��o e agora �s duas da quase madrugada dentro de um Chevrolet � espera do noturno de Sampa , mas coisa aconteceram, hoje, ontem, anteontem...olhei o Magro desmaiado ao meu lado, podia estar morto que eu n�o dava a m�nima, como nem dava pr�s caras que deixei pra tr�s , nem pr�s colegas, s� ligava pra Baiana, mesmo assim muito pouco...Magro gemeu, mexeu , levou soco no queixo, sossegou...sorri na escurid�o, mais meia hora e bye, bye , as sete da manh� no Rio, enfrentar o velho n�o seria pior do que o que padecera nesses anos todos naquele cu do mundo, longe da praia, das peladas, da mulherada, do clube, meus companheiros de remo em�ritos do Fog�o, e eu...sacanagem dele, podia ter esperado mais um ano, outro vestibular, mas n�o...me mandou pro exilo, merda...Magro movimentou a m�o, empurrei a cabe�a dele na janela, aquietou...ele n�o era mau sujeito, gamado pela Baiana, bebia que nem gamb�...ela n�o dava pra ele, ele tinha gota militar, gon� incur�vel...le�o de ch�cara por conta pr�pria da casa dela na zona, n�o tinha f�sico mas tinha uma Lugger enfiada no cinto e era maluco...uma noite um tal de �lvaro, grandalh�o e bundudo, valent�o do lugar, cismou querer comer a Baiana, Magro bancou o que n�o era, o bundudo o enca�apou com arma e tudo, entrei no ringue, mais por causa dela do que por pena do Magro, surrei o cara...como foi que tu fez? perguntaram...cara de bunda grande � fichinha, n�o tem agilidade, s� rodear, deixar ele cansar, depois porrada nele...ele vai te pegar, falara um baixote companheiro do bundudo, andava grudado nele que nem aqueles p�ssaros no dorso das baleias, enfiei a raquete nele, caiu ao lado de sua baleia, Magro me pagou uma pinga... Baiana me deu naquela noite...me deixou com tes�o, doidona, falara...bonita, meio gordota, mas Deus, tinha um par de peitos... nunca mostra, eu ouvia sempre ...naquela noite mostrou...voc� � o primeiro...nada jamais visto por mim, nem na imagina��o, iniciavam no pesco�o, acabavam al�m do umbigo, mamilos bicos de chupeta, pele alva, veias azuladas, delicadas, teias elegante ao redor da roseta do tamanho de um pires...me encontrava com ela todas as ter�as, Magro me olhava enviesado, desabotoava o palet� marrom gasto, amarfanhado, a Lugger na cintura, eu pagava cerveja pra ele...olha que chamo o �lvaro, eu dizia... acabamos amigos...ospeito dela, como s�o? perguntava ofegante...monumentos, eu respondia, como o Arco de Triunfo, Estatua da Liberdade, o pedestal de Nelson em Trafalgar Square, falta pouco pro Gigante de Rhodes...ele fingia entender...conta mais, insistia babando...Magro desfalecido ao meu lado parecia sorrir, olhei o rel�gio, por que diabos trem atrasa?...terminara a faculdade dois dias atr�s, cerimonia da entrega dos diplomas no dia seguinte, eu n�o estava a fim, mas queria estar presente, levar a jo�a do pergaminho todo enfeitado pro Rio, esfregar ele na cara do velho e em seguida rasgar aquela droga, pra mim aquilo n�o valia nada...enfim, pai � pai, eu tamb�m n�o era um filho da puta total, minha velha, gente fin�ssima...no clube � noite festejo de formatura, caprichei na beca, tropical ingl�s risco de giz talhado sob medida, mas antes passada pelo bar do M�rio pra liquidar os vales...ele tamb�m era um cara tamb�m metido a valente... logo na minha chegada, cinco anos atr�s, encrenca com ele...passara a m�o de leve na bunda da garota dele, a Nair... partimos pra briga l� mesmo, na pens�o da velha Maria, empate t�cnico, a turma do deixadisso apartara...anos seguidos respeito mutuo, R�ssia e EUA, mas inferno...Nair bolava comigo, eu resistia com estoicismo...ele t� em BH, falou Zeca, o irm�o...no clube manjei ela logo ...vamos dan�ar, falou...ela tanto fez que acabei dur�o, sa�mos apressados, uma rapidinha na a rep�blica, depois de volta ao clube...vi tudo, Zeca no meu ouvido, amanh� digo pra ele...tratei de sumir, afinal nadar, nadar e morrer na praia? negativo...nem fui catar meus mijados, peguei um t�xi na pra�a, me mandei pra casa da Baiana, encontrei Magro bebendo, garrafas de cerveja vazias na mesa, contei seis, ia dar trabalho ...me leva pra Lorena!... neca, as chaves t�o com ela, t� dormindo...segurei ele pelo gog�, ele apontou a Lugger, nem liguei, apertei mais, o puto vomitou, embulachei ele, garrafas se espatifaram no ch�o...puta que pariu!...tirei meu palet�, a gravata, a camisa, joguei tudo longe, fediam demais...toma! escutei a Baiana falar...enfiei a camiseta...vem!...tava sentada numa mesa, robe aberta, peitaria desabada...vem!...me mostrou as chaves balan�ando na m�o...fui...sufoquei no meio dos peitos dela que nem aquele garoto em Amarcord, a mesa desabou, caimos, eu em cima dela, entrei r�pido, a chupeta enfiada na boca...droga, duas bimbadas mal dadas numa noite era demais...olhei o rel�gio, dava tempo, segurei uma cerveja...me deve duas, falei pro Magro...duas?... a do �lvaro, e agora ospeitos dela...engoli de uma vez meia garrafa...leva ele! ofegou a Baiana...Magro segurou as chaves, sa�mos, destrancou a porta, entramos, acertei a ponta do queixo dele, desmaiou, dei jeito de segurar a dire��o, joguei o boneco pro lado, enfiei a m�o dentro do palet�, joguei a Lugger pela janela, com maluco nunca se sabe...ele gemeu, levou outra...uma hora mais tarde e duas porradas no Magro, estacionei o carro na esta��o de Lorena... ...n�o penso mais na Nair, na Baiana, nos cinco anos de ex�lio ...amanh�, praia, pelada, elas...apito do trem, Magro? uma �ltima porrada, salto...

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