PROMESSAS
Dias atrás eu disse que escreveria algo para você. Minhas
palavras, porém, são simples demais para ousar mostrar-lhe algo que a
embeleze ou descreva. Os
sentimentos têm tons, sons e temperatura particulares, dificilmente se
materializam em palavras. Contudo,
como se diz: “em chão de vermelhão não há preocupação de estilo, pode-se
andar à vontade...”, é isso que faço agora. Direi
que você é meu alvo e eu seu encalço. Direi
que você é a dama de branco, e às vezes a de vermelho, com sombrinha, na estação
à espera daquela Maria Fumaça que se anuncia pelos vales de céu azul. Estou,
agora, no mesmo lugar onde fizemos, algumas vezes, pic-nic no campo – nosso
pequeno rincão. O banco de tijolos envelhecidos debaixo do arco tomado pela
Primavera-Groselha assiste impassível a roda d’água girando lentamente e
ouve a sinfonia da Natureza nas escalas corretas sonorizando agradavelmente o
lugar. A
cada giro da roda, uma lembrança, uma cena... o vinho, o patê, e, logo após,
eu sobre a toalha e você me fazendo um animal xucro, selvagem, dando trabalho,
valorizando a doma que por fim se entrega à vontade da Amazona destemida e nua.
Amá-la outra vez na cumplicidade deste cenário é o meu delírio preferido. Em
chão de vermelhão, ou de mármore sofisticado, bem como nos campos com a relva
camuflante, ou nas cidades com brilho a Watts, não importa, você sempre será
minha amada de branco, ou de vermelho, inspirando inocência ou perdição, na
promessa de me esperar chegar na Maria Fumaça que se anuncia pelos vales de céu
azul, ou simplesmente minha Amazona querida que me faz espumar extasiado... |
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