FORÇA DA TERRA, FORÇA DA ERA
A força da terra, a força da era.
Alquebraram as vontades próprias daquelas que só se prestaram para
enxergar os próprios pés.
A mulher fixava seus olhares no poço, e por lá ficava sua imagem que se
associava às outras da ilusão de seus sonhos; fazia grande esforço ao lançar
o balde preso à corda, mas sem sucesso, só trazia a água com a própria
imagem de decepção, pois os sonhos ficavam sempre no fundo, sem maneira de
trazê-los para o alcance das mãos...
No silêncio quebrado da batida do pilão, socava cada desaforo, cada
ordem de prisão, cada ato de ingratidão...
“Sim, meu senhor! Não, meu senhor!” Pontuava a fala permitida da
mulher submetida pela força da terra, pela força da era.
Travou sua alma uma luta muda, imaginativa, contra uma autoridade
escravista machista, que só soube os grilhões como instrumentos de imposição.
Perderam-se as oportunidades de expressar a vida em liberdade de
complementação sábia dos seres, dos sexos...
Deixaram que o deserto tomasse por território a relação entre homens e
mulheres. Em nome dos bons costumes, tradição, honra, os homens eram servidos
como “paxás”, e as mulheres como camelos sob o sol escaldante sem água.
Agora estamos em outros tempos, porém muitos persistem em manter-se
presos à força da terra, força da era. Pensam que a auto-suficiência os
livra do esforço da significação do complemento das vidas, dos seres, da
sublimidade da sexualidade.
Culturas orientais, culturas ocidentais, culturas outras, não importa, não
serão desculpas eternas para não se avançar nas mudanças necessárias para
livrarem-se de vez do que resta do absolutismo da ignorância. Solidão armada,
para quê? (Os seres humanos costumam esconder-se por trás dos credos para
profetizarem suas loucuras e atrasos de toda ordem).
A modernidade trouxe avanços para melhor
acomodar e servir as necessidades de consumo material; no entanto, as mulheres,
de uma maneira geral, continuam socando os desgostos das relações em seus
“pilões” e puxando do fundo do “poço” seus sonhos tão simples.
A arrogância que passa de lado a lado (as mulheres também têm lá suas
falhas), na disputa voraz, das vinganças que amaldiçoam,
persiste no mesmo deserto, no mesmo abandono. O amor, a felicidade da boa
relação, vem, sem dúvida, da simbiose divina entre homens e mulheres como
agentes polinizadores da vida.
Homens e mulheres devem largar os campos de batalhas mortíferas dos
sentimentos menores, e aproveitarem toda potencialidade de amar. Além de ser
uma atitude sábia, é deliciosamente melhor.
A nova era promete renovação. Não fiquemos esquecidos por nós próprios;
vamos ter a coragem de vencer a carne; a postura falsa; sermos verdadeiros na
doação dos nossos melhores sentimentos para o mundo, para a humanidade, para
nosso próximo, para o nosso “par”.
A força da terra, a força da era somos nós; a conduta individual
estimula a coletividade dos pensamentos e ações. Participe, você pode ser a
diferença para um mundo melhor entre todos, entre você e seu amor.
Como disse Sêneca: “Se quer ser amado, ame.”
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