SER
LEÃO
Quando
a morte se atravessa em nosso percurso e acaba passando ao lado,
marca-nos a impressão do fúnebre, do silêncio, da impotência diante
da mesma, causando-nos pensamentos reflexivos; voltamos a consciência
sobre nosso próprio conteúdo.
E
os pensamentos voam, sem dimensão de tempo e espaço.
Nossa
infância mais distante fica-nos a um passo, as coisas mais marcantes em
nossa juventude, nossos projetos, nossas lutas, nossos entes queridos,
nos vêm de pronto.
E
num autojulgamento sumário, questionamos até que ponto estamos fazendo
o melhor pela nossa vida, pela nossa família, pelos nossos parceiros de
“viagem”?
Sinceramente,
o quanto já nos doamos verdadeiramente?
Tomado
por este estado de espírito, lembrei-me de uma situação que um
dia alguém já contou e que podemos, até mesmo, muito bem adaptá-la e
projetá-la ao “Ser Leão”:
-
Você! É você mesmo!
-
Observo há muito o seu jeito de ser com esta preocupação humanitária
com as pessoas que necessitam de apoio e querendo concretizar situações
para diminuir as diferenças sociais.
-
Contudo, não vê que muitos iguais a mim são maioria e o
ignoramos?
-
Não vê que o esnobamos?
-
Não vê que o ironizamos?
-
Não vê que estamos apressados, preocupados com nossas próprias
coisas, nossos projetos particulares, o lazer, o merecido ócio de quem
trabalhou?
-
E, francamente, não vê que fugimos quando você vem com rifa, bingo e
coisas do gênero? (viro até o rosto fingindo não vê-lo...)
-
Como é piegas nos dias de hoje ficar promovendo tentativas de solução
para os que precisam de amparo e, ainda, tentar passar uma consciência
responsável sobre o conjunto das coisas... Ora cada um com sua vida...
-
Não vê que os homens estão endurecidos para estas banalidades?
-
Depois de tudo que eu lhe disse, diga-me:
-
Por quê após estes anos todos ainda não desistiu de teus
ideais?
-
Meu amigo, se um dia eu desistir serão pessoas como você que terão me
mudado desgraçadamente.” |
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