Romance Policial

 

Capítulo 1

30/05/2000*

*As datas são referências cronológicas do próprio romance..

 

"Ronoalfo Manga acredita no diabo. É por isso que sempre anda com aquela mala. Acabou de sair da taberna. Agora passa por mim. Sorri. Tem mostarda no sorriso. Segue em direção à escola. Se pudesse ver o que o destino lhe prepara, ou melhor, se pudesse adivinhar que eu serei seu algoz, talvez não olhasse para mim com tanta calma ". Em meio a estes pensamentos Jesus McClayton começa a seguir Ronoalfo.

Desde quando começou a agir como detetive, Jesus McClayton sempre teve uma dúvida. Mas desta vez ele está arrojado: vai unir a profissão de detetive com a de assassino profissional. E segue sua vítima com determinação. Nesse momento nada pode detê-lo; está tudo claro em seu espírito (essa é pra você, McCaycow). Nenhuma hesitação, nenhum medo.

As crianças fazem um barulho ensurdecedor mas quando a professora Mara Elejalde entra na sala todos calam. Pelo menos a grande maioria dos meninos cala. A beleza de Mara Elejalde pára o trânsito. E ela é pedestre. Porque está sempre dura como quase toda professora. E também porque quer manter a forma. Sendo pedestre ela mata dois coelhos com uma cajadada só: faz musculação, pois sempre está carregando peso (provas, cadernos para corrigir em casa, livros, compras de mercado), e exercício aeróbico, andando. Talvez a falta de dinheiro para comprar um carro seja o motivo da sua boa forma. Vive sozinha pois ainda não encontrou seu príncipe encantado. Pudera, sofre de mal hálito devido a um problema estomacal. Seu último namorado foi quando tinha 19 anos, agora tem 27.

Na última mesa da fila esquerda está Jackson Peterson. Tem 11 anos e está na quarta série. Reprovou no último ano quando sua mãe morreu num acidente de trânsito comum, envolvendo carros em alta velocidade. Está mais feliz hoje porque ganhou um concurso. Uma viagem para Andorra. Ficará no Hotel Festa Brava, na capital do país, Andorra la Vella. O concurso consistia em fazer um slogan para uma rede de fast-food chamada McNamara & Ramon Hambúrgueres e Jackson Peterson fez a pérola: "Seja um sujeito bom, coma seu hamburguer no McNamara & Ramon". Ganhou, enfim. A viagem será no próximo mês. A professora Mara Elejalde vai acompanhá-lo na viagem, uma vez que o concurso premia além do aluno a professora.

 

 

20/03/2000

Faça como das outras vezes. Hana Afif Colutto era temido e respeitado, não por ser formidável, mas terrível. Dava ordens como ninguém. Aliás esse era seu maior prazer: dar ordens. Pegue esse lápis para mim, dizia. Quando, algumas vezes aconteceu, caia em si, levantava, dava uma caminhada, só para ter certeza que estava vivo. Vou caminhar. Então saia pela floresta, sempre acompanhado de guarda-costa.

Manga, você sempre foi um sócio exemplar. Costumava chamar os capangas de sócios, acreditando que assim pudesse gerar um ambiente de confiaça num meio tão hostil. Hoje quero falar com você de maneira sincera. Você nunca me decepcionou. É meu sócio mais eficiente. Ronoalfo estranhava os modos delicados de Hana. Sempre fora um cara rude, de atitudes enérgicas, e agora comportava-se como um sujeito extremamente civilizado - pensava Manga. Mas bastou Hana exclarecer a situação para que Ronoalfo passasse para um estado de vivo entusiasmo. Depois dessa missão reservo trabalhos melhores para você.

Ronoalfo Manga empolgara-se. Poderia em breve realizar seu grande sonho: conhecer Andorra. Cultiva esse sonho desde idade pouco avançada quando lera o livro "Meu avô e o rio Valira", de Afonso Figueira. Lá na imaginação do pequeno Manga, Andorra era um lugar maravilhoso, ensolarado e com muitos bois e flores. E agora essa proposta de Hana. Era a hora de ser transferido para a sede da organização, delirava.

Faça como das outras vezes. Facilitei muito as coisas para você, sócio. Vai ser simples. O objeto é bem pequeno. Trata-se de uma jóia. Um anel. Estamos mandando uma remessa de jóias. Tua parte no esquema é a seguinte: estar no dia do aniversário de Hana, sempre referia-se a si na terceira pessoa, em Andorra. Solta o anel na palma da mão de Manga. Manga sorri. Já estivera em missões quase difíceis mas essa lhe seria prazerosa. Não tenha dúvidas Hana. Estarei lá com a jóia. Saiu à francesa. Tudo muito fácil.

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