Inervação dos Vasos Sangüíneos
Conceitos Importantes

Diferenças entre nervos autônomos e somáticos
Sistema Nervoso Autonômico
Secreção neuronal
Diferenças entre o Simpático e o Parassimpático
Gânglios simpáticos
Receptores colinérgicos
Receptores adrenérgicos
Mecanismo de sinalização ativado pelos receptores a-1-Adrenérgicos
Ramos comunicantes
Percurso das fibras simpáticas
Centro Vasomotor
Tônus simpático
Fibras parassimpáticas ou simpáticas colinérgicas ?
Sensibilização e duração do efeito
Lesão medular
Inervação dos vasos sangüíneos em geral
Inervação dos vasos sangüíneos cerebrais
Inervação dos vasos sangüíneos cardíacos
Inervação dos vasos sangüíneos pulmonares
Reflexos axônicos
Bibliografia
 

Conceitos Importantes

Para o estudo da inervação autonômica dos vasos sangüíneos, vamos relembrar alguns conceitos importantes.
Sistema Nervoso :
  • Somático
  • Visceral (Autônomo ou Involuntário ou Vegetativo):
  • aferente
  • eferente
  • Simpático (toracolombar)
  • Parassimpático (craniossacral)
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    Diferenças entre nervos autônomos e somáticos

  • O sistema efetor do sistema nervoso autônomo apresenta dois neurônios: PRÉ e PÓS ganglionar. Os sistema nervoso somático só apresenta um neurônio.
  • Os nervos eferentes do sistema nervoso autônomo fornecem fibras para todas as estruturas inervadas do corpo, exceto o músculo esquelético, que recebe inervação somática.
  • Os sistema autônomo apresenta gânglios periféricos e suas sinapses mais distais encontram-se totalmente fora do eixo cérebro-vertebral. Já o sistema somático não apresenta gânglios periféricos e as sinapses ocorrem dentro do eixo cérebro-vertebral.
  • A frequência de estimulação necessária para ativar plenamente os efetores autônomos é baixa, cerca de um impulso por segundo para manter a atividade normal. Para o sistema nervoso somático são necessários cerca de 50 a 200 impulsos por segundo.
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    Sistema Nervoso Autonômico

    Simpático

    Parassimpático

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    Secreção neuronal

    Os termos colinérgico e adrenérgico foram descritos por Sir Henry Dale em 1954 para descrever os neurônios que secretam, respectivamente : acetilcolina (colinérgicos) e noradrenalina (adrenérgicos)
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    Diferenças entre o Simpático e o Parassimpático ver desenho .

    Características Simpático Parassimpático
    posição do neurônio pré-ganglionar
    T1 a L2 ou L3 (tóraco-lombar). O corpo celular do neurônio pré-ganglionar está na coluna intermédio-lateral da medula espinhal (o axônio sai pela raiz anterior e fazem sinapse com neurônios situados nos gânglios simpáticos)
    tronco encefálico (mesencéfalo e bulbo), S2, S3 e às vezes de S1 e S4 (crâniossacral)
    posição do neurônio pós-ganglionar longe da víscera próximo ou dentro da víscera
    tamanho das fibras pré-ganglionares curtas longas
    tamanho das fibras pós-ganglionares longas curtas
    transmissores pré-ganglionares colinérgicos colinérgicos
    transmissores pós ganglionares adrenérgicos (maioria) colinérgicos
    estudo microscópico (ME) das fibras pós-ganglionares vesículas granulares pequenas 
    (contém noradrenalina)
    sem vesículas granulares pequenas (agranulares)

    Adaptado de Angelo Machado, Neuroanatomia funcional

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    Gânglios simpáticos

    Gânglios simpáticos : encontram-se em três locais :
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    Receptores colinérgicos

    Receptores de acetilcolina : "muscarínicos" e "nicotínicos":
    Dale descreveu, em 1914, receptores que respondiam a vários ésteres da colina, produzindo respostas semelhantes às da nicotina e muscarina. Ele sugeriu que a acetilcolina era um neurotransmissor do SNAutônomo, afirmando que tinha duas ações : nicotínicas e muscarínicas.

    A muscarina (Amanita muscarina - veneno extraído de cogumelos) só ativa os muscarínicos e a nicotina (Nicotiana tabacum) somente os nicotínicos. A ACh (acetilcolina) ativa os dois tipos de receptores.

    Receptores Muscarínicos : estão em todas as células efetoras estimuladas pelos neurônios pós-ganglionares do SNParassimpático e neurônios pós-ganglionares colinérgicos do SNSimpático.

    Receptores Nicotínicos : estão na sinapse entre os neurônios pré e pós-ganglionares do SNSimpático e Parassimpático e, também, nas membranas das fibras musculares esqueléticas ao nível da junção neuromuscular.

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    Receptores adrenérgicos

    Receptores adrenérgicos : "alfa" e "beta":
     

    Ahlquist (1948), estudando a ação das catecolaminas no músculo liso, observou os efeitos excitatórios e inibitórios desta. Propôs os nomes alfa e beta, respectivamente, para estes receptores.

    Hoje em dia são conhecidas as subdivisões alfa 1, alafa 2, beta 1, beta 2 e beta 3 .
    Também os três subtipos dos receptores a1 e a2. A localização e a ação destes subtipos ainda não são claras.

    Os efeitos relativos da epinefrina e norepinefrina sobre os diferentes órgãos efetores são determinados pelos tipos de receptores presentes nestes órgãos. Os receptores a e b não são necessariamente ligados à excitação ou inibição, mas à afinidade do hormônio pelos receptores num determinado órgão efetor.

    Receptores adrenérgicos

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    Mecanismo de sinalização ativado pelos receptores a-1-Adrenérgicos


    A norepinefrina (ou a epinefrina) ativa sete domínios transmembrana. Estes domínios ativam a proteína G heterotrimérica composta de subunidades alfa, beta e gama . As subunidades alfa e beta/gama dissociam e ativam a fosfolipase C (PLC)-beta. Esta enzima hidroliza o fosfatidilinositol-4-5-bifosfato (PIP2) em dois produtos : inositol 1,4,5 trisfosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG). IP3 liga-se a receptores no retículo endoplasmático, liberando o cálcio intracelular estocado. Sinergicamente com o DAG, a liberação de cálcio ativa a PKC (proteína cinase). A PKC fosforila alvos específicos das proteínas celulares, alterando as suas funções.
    Ver a  figura neste :

     University of Wisconsin Medical School http://www.anatomy.wisc.edu/
     

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    Ramos comunicantes

    Os ramos comunicantes são pequenos filetes nervosos que fazem a comunicação entre o tronco simpático e os nervos espinhais. São de 3 tipos: brancos, cinzentos e mistos.

    Brancos

    Cinzentos
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    Percurso das fibras simpáticas (desenho: Pontilhado = fibras pós-ganglionares. Contínuo = fibras pré-ganglionares. Figura adaptada de Netter, Frank H. Nervous System Volume 1 , Part I . The Ciba Collection )

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    Centro Vasomotor

    O centro vasomotor transmite impulsos pela medula, através de fibras vasoconstritoras, para os vasos sanguíneos. Áreas identificadas :
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    Tônus simpático

    As fibras vasomotoras pertencentes ao sistema simpático, atuam como vasoconstritoras na maioria dos vasos sanguíneos, em particular os das vísceras abdominais e da pele dos membros.

    O "tônus simpático" mantém quase todos os vasos sanguíneos em constrição até a metade do seu diâmetro máximo e a dilatação ocorre por um "tono" diminuído da ação constritora.

    Por exemplo, uma vasoconstrição do pescoço e cabeça ipsilateralmente, ocorre após iritação das raízes ventrais torácicas superiores.

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    Fibras parassimpáticas ou simpáticas colinérgicas ?

    Contrariando as observações anatômicas, o fato de ocorrer vasodilatação após a estimulação do nervo, levou a alguns autores a postularem a presença de fibras parassimpáticas nos nervos periféricos. Este erro foi corrigido após a descoberta de que algumas fibras simpáticas são colinérgicas (músculos piloeretores, glândulas sudoríparas e para uns poucos vasos sanguíneos).

    Exemplos

    A extirpação do gânglio estrelado : aumento da temperatura e enrubescimento da pele da face, pescoço e parte lateral do braço, evidenciando o fenômeno da vasodilatação, que é consequência da interrupção do "tônus" vasoconstritor. A vasodilatação diminui no curso de 1 a 2 semanas neste caso.

    A secção (ramos brancos) do 2º e 3º segmentos torácicos : a sensibilização é menos pronunciada e o efeito é mais duradouro.

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    Sensibilização e duração do efeito

    Dependendo da altura da secção das fibras e se as fibras pós-ganglionares estão natas, há maior ou menor sensibilização e duração do efeito.
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    Lesão medular

    Não é regra que a lesão de uma porção limitada da coluna celular intermédio-lateral cause sintomas delineados, visto que cada gânglio vertebral recebe fibras de mais de um segmento da medula.
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    Inervação dos vasos sangüíneos em geral


    Na Microcirculação das vísceras abdominais e da pele dos membros - vasos de oferta (pequenas artérias, arteríolas, meta-arteríolas) e sistema de retorno (vênulas, pequenas veias) - há predominância de recepptores a1 (ação vasoconstritora), exceto no cérebro, coração e pulmão.

    Os vasos de capacitância (veias) são mais responsivos à ação constritora simpática do que os de resistência; alcançam constrição máxima com menor frequência de estimulação, mas seu tônus basal é extremamente baixo. Não respondem aos metabólitos vasodilatadores.

    As comunicações artério-venosas e as glândulas sudoríparas apresentam controle simpático colinérgico (ação vasodilatadora)

    As comunicações arteríolo-venulares (não tem camada muscular) , sendo o mecanismo de abertura e fechamento passivo .

    Nos vasos musculares esqueléticos as fibras simpáticas vasodilatadoras (colinérgicas) parecem ser importantes. Provavelmente estas fibras não tem tônus normalmente ativado, e não são influenciados pelos receptores carotídeos e aórticos, mas são de importância fundamental no aumento do fluxo sanguíneo durante o início do exercício físico.

    Língua, glândulas salivares e área sacral (particularmente os vasos de ereção dos genitais) apresentam fibras vasodilatadoras parassimpáticas.
     

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    Inervação dos vasos sangüíneos cerebrais


    Finas fibras nervosas observadas em pequenas artérias encefálicas, foram vistas pelos anatomistas, como continuação dos plexos periarteriais simpáicos que circundam a artéria carótida interna e as artérias vertebrais, e como tendo os seus pericários pós-ganglionares no gânglio cervical superior. Com base em sua fluorescência, os plexos intracranianos periarteriais foram considerados noradrenérgicos. A extirpação do gânglio cervical superior leva ao desaparecimento da fluorescência característica, comprovando o achado. Chorobski e Penfield, em 1932, descreveram uma inervação parassimpática dos vasos intracranianos vinda pelo nervo intermédio (facial). Em 1972 (Edvinsson, Nielsen, Owman e Sporrong), através de estudos histoquímicos, foram descritas fibras colinérgicas ao longo dos vasos cerebrais, entremeando-se com as noradrenérgicas. Pela microscopia eletrônica, existem terminais nervosos nas paredes arteriais cerebrais, mas as fibras nervosas fazem contato com as células musculares mais superficiais, jamais penetrando na camada muscular (1966, Dahl e Nelson). A presença de vesículas agranulares e granulares pequenas, confirma as sinapses colinérgicas e adrenérgicas, respectivamente. Em condições, como por exemplo, administração intra-arterial cerebral de noradrenalina levando à vasoconstrição, e a estimulação do nervo facial levando à vasodilatação cerebral, há concordância entre os estudos anatômicos e fisiológicos. Porém, em estudos (1972, Skinhoj) realizados no homem, parece que, sob condições normais, as fibras vasoconstritoras não estão ativas.

    Sabe-se que os vasos cerebrais apresentam fibras aferentes e que algumas destas medeiam a dor. As fibras aferentes parecem, pelo menos muitas delas, ser ramo do nervo trigêmio, embora pouco realmente se saiba da inervação sensitiva dos vasos cerebrais (Purves, 1972).

    Parece que os fatores nervosos desempenham um papel menor na regulação da circulação encefálica. Sugeriu-se (Nelson e Rennels, 1970) que o fator neural está envolvido nos ajustes finos e rápidos da circulação encefálica em resposta a aquisições tissulares locais (o fluxo em certas regiões do córtex está relacionado ao grau de atividade). Os fatores humorais são de extrema importância na reguação, como o dióxido de carbono (aumento = vasodilatação; diminuição = vasoconstrição). O cérebro é protegido das grandes variações da pressão sanguínea da circulação geral através de sua capacidade de auto-regulação, o que permite manter um fluxo sanguíneo constante .

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    Inervação dos vasos sangüíneos cardíacos

    Os nervos simpáticos chegam ao coração e vasos coronarianos dos três gânglios cervicais e dos quarto primeiros torácicos. As fibras simpáticas adrenérgicas inervam extensivamente os vasos epicárdicos e intramurais. Os vasos coronarianos grandes, apresentam receptores a e b2, enquanto os pequenos tem, predominantemente receptores b2. A vasoconstrição é, normalmente, suprimida pela vasodilatação secundária ao aumento dos produtos de metabolismo do miocárdio. A estimulação direta de nervos simpáticos produz vasoconstrição das coronárias, mas os receptores b2 não parecem contribuir para esta estimulação. A resistência vascular coronariana é determinada primariamente pela auto-regulação metabólica, e é também modulada pelo sistema simpático em resposta às mudanças na pressão arterial.

    Os nervos parassimpáticos quando experimentalmente estimulados (vago), produzem vasodilatação coronariana mediada pela acetilcolina e bloqueada pela atropina. Por outro lado, no organismo intacto, a estimulação vagal leva a uma vasoconstrição secundária, isto é, ela atua produzindo bradicardia e pode diminuir a contratilidade miocárdica, que diminuem as necessidades de oxigênio pelo miocárdio. A inervação vagal miocárdica ventricular é pequena, sendo o efeito das fibras parassimpáticas sobre o miocárdio menor.

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    Inervação dos vasos sangüíneos pulmonares


    O controle dos vasos sanguíneos pulmonares é feito pelas fibras vagais. Ismar Chaves da Silveira cita as investigações mais recentes :

  • As artérias brônquicas são mais inervadas que os outros vasos pulmonares.
  • As grandes artérias e veias pulmonares são mais inervadas que as pequenas.
  • As pequenas veias pulmonares têm maior inervação do que os vasos pré-capilares.
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    Reflexos axônicos

    Como explicar a hiperemia reativa, com tendência a alastrar-se, na pele, após a aplicação de irritantes locais ?
    Através dos reflexos axônicos. Parece que é por meio deste reflexo que ocorre a vasodilatação após a aplicação e irritantes locais na pele. A explicação é que os impulsos, além de tomarem a direção central (percepção da dor), propagam-se perifericamente através de ramos colaterais. Ocorre, então, a liberação de histamina e outras substâncias vasodilatadoras, que produzem dilatação arteriolar.
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    Bibliografia :

    1. Mello, Ney A. Angiologia.1ª edição. Guanabara Koogan, RJ,1998
    2. Brodal, A. Anatomia Neurológica com correlações clínicas. 3ª edição. Editora Roca
    3. Dângelo e Fattini. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 2ª edição. Livraria Ateneu
    4. Gardner, Gray, O'Rahilly. Anatomia. 4ª edição. Editora Guanabara.
    5. Moore. Anatomia Orientada para a Clínica. 2ª edição. Editora Guanabara.
    6. Gyton. Tratado de Fisiologia Médica. 7ª edição.Editora Guanabara.
    7. Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 9ª edição.Editora McGrawHill
    8. Netter, Frank H. Nervous System Volume 1 , Part I . The Ciba Collection
    9. Emory University (Internet) http://www.emory.edu/
    10.. University of Wisconsin Medical School (Internet) http://www.anatomy.wisc.edu/
    11. Masson M. Manual de Neurologia. Atheneu.
    12. Alexander, Wayne R. The Heart vol1. 9ª edicão internacional. McGrawHill.

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    28/02/2002
    Arquivo de Clínica Médica
    Hosted by www.Geocities.ws

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