"7
diretrizes para construir o presente"
"
A única coisa que permanece presente em todos os tempos é a
mudança "
conceitos - consciência - luta
responsabilidade - honra - os ideais
o caminho
princípio
- índice
Aprofundar os fundamentos de cada um dos
conceitos que inicialmente denominamos como "7 diretrizes para
construir um amanhã" ("o ARQUITETO E A ARQUITETURA, NA
ATUALIDADE E NO FUTURO") é o
próximo passo proposto para continuar antes de abrir a
discussão aos colegas e pedir seus aportes para a consolidação
pretendida.
CONCEITOS : buscar o essencial e integrá-lo à realidade
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- "Comprometermo-nos com o futuro,
a arquitetura, a profissão, o colega e o planeta".
Necessitamos abandonar a conduta individualmente
dispersa, submetida às regras desta cultura que destrói
o futuro de cada colega e do planeta como um todo. É
preciso abraçar o novo paradigma, e assumir a vanguarda
que é inerente a nossa profissão.
-
- "Assumirmo-nos como aptos para
qualquer finalidade, inclusive construir":
Nossa sociedade evolui velozmente, os conhecimentos e
técnicas que dominamos são necessários nos campos mais
diversos. É moralmente impossível atuarmos como se
estes novos problemas e questões estivessem além da
nossa alçada.
-
- "Formar Profissionais com
consciência para servir ao conjunto social. Nossa
formação deve buscar a capacitação de colegas para
atender a sociedade como um todo, de forma não
excludente. Fomentar
valores humanistas nas nossas escolas, é hoje aspecto
imprescindível, bem como dar um sentido solidário,
através do exercício da colaboração, da definição
de papéis, em um todo harmônico. Já não estamos
falando do "O arquiteto", falamos de "Os
Arquitetos"... Não com o propósito de iludir as
responsabilidades individuais, pelo contrário, hoje é
imperativo assumir as responsabilidades coletivamente.
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- "Declarar a nossa profissão
como a única apta para fazer cidades". Não
temos dúvidas que, entre todas as profissões que
existem de formação acadêmica, a do Arquiteto
Urbanista é a única capacitada a planejar o habitat do
ser humano. Não podemos prosseguir entregando ao estado
o controle do desenvolvimento urbano, urge criar
mecanismos que controlem as ações especulativas, as
tendências de mercado criadas artificialmente, e que
resgatem nossas cidades do caos. Estas devem ser
atribuições exclusivas do Arquiteto Urbanista.
CONSCIÊNCIA : de ser e pertencer
- "Exigir das entidades
representativas maior compromisso, inclusive com esta
carta de posturas": É sabido que as entidades
que nos representam penam por falta de poder e, em muitos
casos, convivem com interesses que tem levado nosso mundo
a este estado crítico. É chegado o momento de
renová-las, atualizá-las, fortalecê-las, ou, se
necessário, criar novas, para que, interconectadas e de
vários perfis, possam de forma legítima representar
nossos interesses.
-
- "Estar sempre disponível para
informar o colega e desenvolver o espírito
gregário" Com a velocidade da informação na
atualidade, urge ser solidário com o colega, colaborar,
informar e interagir, para sedimentar uma ação coletiva
que comungue com alguns dos princípios aqui descritos.
Mais do que nunca, isto se tornou uma questão de
autodefesa e sobrevivência para todos nós.
-
- "Desempenhar somente trabalhos
para os quais estejamos plenamente capacitados"
As regras de mercado nos pressionam a aceitar toda e
qualquer sub-atividade ou especialidade que exija cada
caso, ainda que nos seja impossível estar ao par de
todas as inovações de cada aspecto diferente da nossa
profissão. Precisamos valorizar o trabalho dos
especialistas, colegas que se dedicaram a fundo, dominam
e se mantém atualizados nos campos que escolheram. A
adoção desta postura nos trará benefícios adicionais
imprevisíveis, e fortalecerá os laços entre os
colegas.
LUTA por recuperar espaços perdidos
- "Reivindicar medidas de
valorização do autêntico, fazendo forte crítica às
imitações e às importações". Em nome de uma
globalização que pouco nos acresce, as culturas
nativas, costumes e tradições de cada recanto da terra
vem sendo ignorados, tratados como coisa de menor
importância. Esta prática nos empobrece, ameaça a
riqueza da nossa arte, e da humanidade como um todo, em
favor de conceitos pasteurizados massivamente
disseminados. É preciso absorver os avanços
tecnológicos, porém é muito mais importante preservar
técnicas e soluções locais, que são, na realidade, o
repositório dos valores da arquitetura. Não há
dignidade na absorção indiscriminada de valores
culturais alheios, em detrimento dos nossos próprios.
Nosso objetivo deve apontar para que cada povo reconheça
sua identidade, ame, respeite e defenda seus valores
autênticos, revertendo esta tendência de extinção
cultural.
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- "Propiciar legislações
globais que salvaguardem um lugar definido para o
Arquiteto" Nossa profissão é essencialmente a
mesma em todo o planeta, cremos, portanto, que a luta por
legislações similares é possível. Globalizar nesta
direção significaria fazer mais digno o exercício da
nossa profissão, há muito o que fazer neste sentido, e
esta deve ser uma das reivindicações da classe junto
às entidades que nos representam.
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- "Legislar para que nossa
profissão seja de exercício indispensável" É
verdade que uma lei não é a solução de um problema,
no entanto o exercício profissional se rege por leis,
portanto, necessitamos de ferramentas que nos habilitem
para a ação e a solução dos problemas das nossas
comunidades.
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- "Reclamar às entidades
governamentais uma participação obrigatória nas
decisões urbanísticas" Não há aspecto da
nossa profissão do qual fomos mais afastados. Esta
trincheira é, hoje, a mais evidente, e certamente
também a que pode apresentar mais rapidamente
benefícios para a comunidade a partir da nossa ação.
Nossa presença no trato das questões urbanas deve ser
obrigatória em todo o planeta.
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- "Exigir que os edifícios
públicos atendam a normas estéticas e funcionais" Lamentamos
ter que considerar este ponto, pois nós também pecamos
e esquecemos nossa obrigação como profissionais. Assim
como a saúde pública é, em seu cerne, responsabilidade
dos médicos, a saúde e a adequação das edificações
de maneira geral também é nossa responsabilidade. São
necessárias normas claras a aplicar em cada caso, e
quando elas não existirem, cabe-nos lutar para
criá-las, e igualmente nos cabe o esforço de exigir que
estas sejam respeitadas. Não podemos nos esquecer que
90% dos projetos são executados sem a intervenção de
um arquiteto.
RESPONSABILIDADE: para assumirmos na ação
-
- "Compromisso com o
futuro" A humanidade necessita de nós, devemos
nos comprometer individualmente e de forma coletiva, deve
ser um sonho compartilhado entre todos os arquitetos
da terra, que toda mãe amamente seu filho debaixo de um "teto",
e que toda criança deste mundo se abrigue ao menos por
quatro "paredes". Duas
palavras que nos concernem.
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- "Interagir com os engenheiros
(e outros profissionais) no desenho do terceiro
milênio" São os artesãos do desenvolvimento
tecnológico que nos permitem materializar as idéias.
Estamos longe da época de Leonardo da Vinci, quando
podia-se permitir ser artista e engenheiro ao mesmo
tempo. Hoje em dia é preciso atuar
interdisciplinarmente, e a iniciativa deve ser nossa.
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- "Desenvolver o espírito de
corpo para incidir no futuro.". Ainda que nos
assaltem preconceitos quanto ao corporativismo, só
podemos intentar modificar as tendências que impedem o
exercício digno da nossa profissão com a força do
grupo, o apoio da organização e uma consciência
gregária. Precisamos lutar contra o individualismo
intrínseco da nossa classe, em busca de uma cooperação
criativa, capaz de incidir na realidade e no
futuro.
HONRA : ética e solidariedade.
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- "Condenar práticas desleais,
exigir comportamentos éticos" Os valores
éticos vem sendo, de um modo geral, substituídos por
leis, como reflexo de contextos sociais cuja
transformação muitas vezes nos faz sentir impotentes e
indefesos. Não há como negar que tais distorções são
resultado de conceitos ideológicos antagônicos que
fracassaram. O tempo se esgota, a sociedade deve formular
saídas para esta situação, e nós temos que participar
ativamente desta busca.
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- "Comprometermo-nos com o
social" Não logramos ainda atender às
necessidades básicas da maioria dos homens no planeta,
em toda parte irmãos de variadas raças e religiões
estão muito longe de alcançar o que poderíamos
considerar como uma vida minimamente digna. Temos com
eles uma dívida moral, é nossa obrigação concorrer
com idéias e soluções para atender suas necessidades
mais imperiosas, e lutar em todos os níveis de poder
para fazer uma sociedade mais justa. Ainda que isto soe
panfletário, não há dúvidas que a necessidade existe,
e que somos parte imprescindível de muitas soluções.
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- "Condenar a
especulação". É amoral a conduta de muitos
empresários que, movidos pela ambição econômica,
desconsideram qualquer valor humano ou cultural,
prejudicam o meio ambiente e atendem apenas de forma
paliativa as necessidades do homem. As conseqüências
são, em sua maioria, irreversíveis e agravantes.
Devemos encontrar caminhos alternativos, pois é preciso
combater fortemente estas práticas destrutivas e
irresponsáveis, que não podem ter lugar neste novo
milênio, e ao mesmo tempo dar suporte aos colegas que
são pressionados a colaborar com estes interesses
nefastos.
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- "Dar prioridade às soluções
com valores autênticos" Não há dignidade em
viver o falso, destruir culturas, ou abandonar
conhecimentos e alternativas. Não tenham dúvidas que
optar pelos valores autênticos permitirá que a espécie
perdure, é uma ação que só depende da decisão
própria de cada um de nós, e que, na verdade, não
passa de obrigação moral.
OS IDEAIS : imaginação e compromisso
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- "Comprometer a arquitetura com
nossa ação em relação à natureza e ao meio
ambiente": Não há mais como desvincular uma
atitude responsável de uma atitude ecológica, no
sentido mais amplo e holístico da expressão. É nossa
obrigação repudiar alternativas nocivas ao meio
ambiente, não só em relação aos materiais que
especificamos, mas também em relação à projetação,
que deve sempre premiar soluções inteligentes, que
promovam a saúde do homem e do meio ambiente,
preservando, reciclando, qualificando, enfim, valorizando
tanto o espaço quanto o usuário.
-
- "Ser criativos e buscar
alternativas que nos permitam estar na vanguarda": Se
toda postura de vanguarda é arriscada, também uma
postura reacionária, de temor e retaguarda, é
irresponsável, considerando a essência da nossa arte.
Não é possível projetar para o passado, somente para o
futuro, portanto, a vanguarda é inerente ao afazer do
arquiteto. Assim deve ser nossa postura e também assim
devemos ser compreendidos.
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- "Ter uma visão mais realista
e comprometida": Muitas das necessidades do
homem seguem sem solução, e certamente, dentre elas,
algumas assim permanecem por estarmos sendo alijados da
busca por soluções. Precisamos lutar pelo nosso espaço
de ação, ao mesmo tempo que não podemos deixar de
combater intentos que não atendam às questões
ambientais, sociais e culturais, ainda que sejam
altamente rentáveis e tenham o suporte dos poderosos.
Tendo posturas claras nossa voz será mais forte, e nos
cabe a luta para que esta seja ouvida.
O CAMINHO: idéias para seu traçado
- "Deixar de ser o técnico do
poder político ou financeiro, para influir nas
decisões": Somos totalmente ignorados pelo
poder político, e, com freqüência, simplesmente
usados. É importante dar suporte aos colegas que busquem
cargos governamentais, mais que de forma pessoal,
sobretudo através das entidades que nos representem, que
devem assumir o compromisso de instrumentar estes colegas
com todo apoio necessário para que se alcance a melhor
gestão. Nesta batalha a munição é a competência, e
se lograrmos êxito político, não tardaremos a influir
também no poder financeiro. Sempre à procura do bem
comum, esta trincheira estratégica pode ser decisiva.
-
- "Desenvolver estratégias que
nos permitam recuperar o espaço perdido": Nossa
profissão perdeu a vanguarda das ações humanas por
muitos motivos, seja pelo excesso de lacunas legais (que
nunca nos dedicamos a cobrir), seja por falta de
compromisso individual, ou simplesmente por falta de
adaptação às novas circunstâncias. Espaços foram
ocupados por ações espontâneas e também,
lamentavelmente, por pressões de interesses. O controle
das ações espontâneas depende apenas da nossa ação,
pois basta demonstrar que nossas propostas melhoram o
existente e a batalha já está ganha, porém só é
possível lidar com interesses poderosos contando com
entidades fortes e combativas, capazes de uma ação
corporativa de pressão permanente.
-
- "Procurar a ratificação
desta carta, em todos os eventos de nossa
profissão": esperamos que os princípios
desenvolvidos aqui sejam discutidos em profundidade, que
recebam o aporte e a adesão dos colegas para seguir
avançando, pois, entre todas as incertezas, é
inquestionável que não há caminho para incidir na
implantação de um novo paradigma mais digno para todos
que não se inicie no íntimo de cada um de nós, e que
não seja fruto de um anseio por um mundo melhor, mais
digno, justo e sadio para todos os homens do planeta.
principio
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