Conhecendo e construindo uma English Electric
A English Eléctric é uma máquina bastante charmosa e bonita
e apesar de haver rodado em somente uma ferrovia nacional, passou
por vários esquemas de pintura, de forma que podem ser feitas
várias versões de acordo com a preferência do modelista. Essa
máquinas, vieram para o Brasil como parte do processo de
eletrificação da São Paulo Railway, depois Estrada de Ferro
Santos a Jundiaí, quando foram compradas 15 locomotivas
elétricas do tipo bifrontal, de rodagem CC, com 3.000 HP de
potência e pesando cerca de 127 toneladas cada uma (peso
aderente). Essas máquinas foram adquiridas junto à English
Electric, firma Inglesa responsável pelo fornecimento de
materiais para a eletrificação dessa ferrovia
As EE's foram construídas de 1949 a 1955, sendo de bitola 1,60
m, sendo entregues com rodas raiadas (tipicamente inglesas),
além de topes (batedores ou amortecedores) e sistema de engates
por gancho e correntes, sendo a iluminação proporcionada por um
único farol frontal situado no "nariz" da máquina,
características estas que foram sendo alteradas aos poucos, nas
reformas. As rodas raiadas foram substituídas por
rodeiros-padrão e os engates substoituídos pelo modelo
automático americano, hoje padrão em todas as ferrovias e que
é reproduzido com fidelidade pelo nosso conhecido engate
"Kadee". O farol único foi também substituído por
dois faróis "sealed bean" . Externamente seu aspecto
não mudou muito, porém a buzina de uma corneta que
originalmente ficava acima da cabina, entre os dois pára-brisas,
foi deslocada para logo acima do "nariz" ,
aproveitando-se o espaço criado com a substituição do modelo
do farol.
Outras modificações menos significativas porém importantes
para quem desejar modelar uma máquina dessas em HO, foram a
alteração na posição do apoio (para o pessoal de
manobra/desengates), existente na parte inferior do
"nariz" da máquina , sendo colocado um
"degrau" um pouco acima da posição original e a troca
do modelo das janelas laterais, com a inclusão de uma
"Veneziana" de metal para protegê-las, uma vez que
infelizmente é muito comum, assim como em outras ferrovias do
Brasil, que pessoas na beira da linha atirem pedras e outros
objetos nas máquinas quando estas passam, sendo as mesmas alvo,
às vezes, até de tiros.
A foto do protótipo abaixo, fornecida por Cid José Beraldo,
apresenta uma EE em sua configuração quase original. Vejamos o
que diz o próprio Cid: "Nesta foto, tirada por volta de
1987, é possivel notar que esta English ainda está na
condição original. Ainda tem a asa da EFSJ no nariz, o farol
ainda é de filamento aberto, a buzina está colocada entre os
dois para-brisas e os pantografos ainda são de 4 braços (na
reforma, colocavam Faiveley). Neste dia, fiquei proximo da
estação Barra Funda por volta de meia hora e passaram 5 trens,
sendo 3 de carga e 2 de passageiros, todos com English. Bem,
claro que ela não está totalmente original, pois. além da
piintura, que era outra, ela também veio equipada com batedores
e engate europeu (parafuso)".
Foto da coleção de Cid José Beraldo
Esquemas de pintura.
Originalmente as máquinas foram fornecidas pela fábrica na
pintura MARROM-CAFÉ (ou marrom-avermelhado), com uma faixa
estreita ou friso prateado, que percorria todo o corpo da
máquina de forma singela (faixa única) e terminava em
"V" no nariz. Essa pintura não apresentava o logotipo
da ferrovia e foi substituído na década de 60 por aquele que
até hoje é considerada pelos saudosistas como um dos mais belos
padrões de pintura da ferrovia, que era a cor vermelho escuro
para o corpo, com uma faixa grossa (singela ainda) amarela
percorrendo o corpo da máquina, também com acabamento em
"V" no nariz. Essa faixa grossa era delimitada em ambas
as laterais por um friso preto. Nos pára-choques frontais e
rebaixo lateral (entre os truques) também haviam listras em
formato diagonal, sendo //////////\\\\\\\\\\
para os pará-choques e \\\\\\\\\\\/////////////
nas laterais. O logotipo EFSJ, em formato de "balão"
ficava bem no centro do corpo longo.
A partir da Formação da RFFSA, esta procurou adotar um padrão
único para todas as máquinas da nova estatal, sendo escolhido
como referência um modelo justamente baseado no padrão então
existente na EFSJ e portanto, durante um longo período (década
de 70 até 1994), o padrão da pintura das máquinas permaneceu
praticamente o mesmo, constituindo-se de pintura vermelho-RFFSA
com faixa amarela singela ao redor do corpo e dupla na
terminação em "V" no nariz, sendo a faixa
interrompida no centro do corpo lateral para a colocação do
logotipo da RFFSA, sendo registradas pequenas alterações na
disposição e dizeres destes ao longo desse período (vide
esquemas).
Em 1994 a RFFSA mudou mais uma vez seu padrão de pintura e desta
vez para um padrão totalmente diferente dos anteriores, sendo o
mesmo nas cores amarelo e cinza, conforme pode ser visto na foto
abaixo:
Foto de João P. M. Camargo no Informativo Centro Oeste
As fotos a seguir, enviadas pelo Ricardo Pinto da Rocha, demonstram English Electrics fabricadas por sócios da Sociedade Brasileira de Ferreomodelismo, sendo as mesmas tiradas na maquete desse clube.
As máquinas foram construídas utilizando-se duas FA-1 da Frateschi, com chassis da Athearn PA-1, e quem desejar poderá espelhar-se nessas fotos e nas plantas da EE para tentar reproduzir a sua. Boa sorte! Essas são máquinas das coleções de José Reynaldo Braga e J. Dantas-Maurício.