s
.
INTRODUÇÃO
Uma planta é carnívora se atrai, captura, mata, digere
animais (invertebrados e ocasionalmente pequenos vertebrados) e absorve seus
nutrientes. Existem muitas plantas que possuem algumas dessas habilidades,
mas não todas. Por exemplo, flores atraem polinizadores (insetos, pássaros
e outros animais); algumas plantas (orquídeas e lírios aquáticos)
capturam insetos polinizadores para assegurar a transferencia do pólen.
Todas plantas absorvem nutrientes seja pela raiz ou pelas folhas e todas são
capazes de se "movimentar", umas menos e outras mais, como é
o caso da Mimosa (Mimosa pudica) que recolhe suas folhas ao ser tocada
(clique nos links e veja a Mimosa antes e depois)
para evitar que estas sejam devoradas por animais herbívoros. Apesar
disso, mesmo que algumas plantas sejam capazes de realizar algumas dessas
funções, elas não realizam todas juntas.
Recentemente descobriu-se que algumas plantas s ão e não são
totalmente carnívoras! Por exemplo, algumas plantas "pegajosas"
prendem insetos nelas. Outros animais maiores que não grudam na planta
aproveitam para se alimentar dos insetos presos, deixando excremento nas folhas
e a planta absorve os nutrientes presentes no excremento. Outras plantas são
auxiliadas por bactérias na decomposição da presa capturada.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
A famosa papa-moscas é apenas uma das muitas espécies de plantas
carnívoras. Aproximadamente 600 espécies e subespécies
já foram descritas. O gênero com maior número de espécies
(mais de 200) é Utricularia. Os maiores exemplares pertencem
ao gênero Nepenthes, que podem chegar a alguns metros de comprimento.
Plantas desse gênero também possuem armadilhas capazes de aprisionar
as maiores presas, incluindo pequenas rãs. Já foram relatados
casos em que pássaros e roedores foram capturados por essas plantas,
mas se tratam de casos muito raros, envolvendo animais doentes e fracos. Provavelmente
as mais impressionantes plantas carnívoras sejam as papa-moscas, que
possue duas folhas que rapidamente capturam a presa. Mas a armadilha mais
rápida pertence às plantas aquáticas do gênero Utricularia, as quais sugam suas vítimas em "urnas"
em aproximadamente 1/30 de segundo.
Geralmente insetos são o "prato principal" das plantas carnívoras.
Muitas, como a Utricularia, vivem com suas armadilhas submersas na
água. Essas plantas capturam pequenos animais, como larvas de mosquitos. Pinguicula e Drosera capturam insetos voadores, como moscas
e libélulas. Plantas como armadilha em forma de jarra (Sarracenia,
Nepenthes, etc.) capturam formigas, abelhas e borboletas. Papa-moscas
(Dionaea) capturam qualquer inseto ou mesmo aranhas.
Devido a fama de monstros originada principalmente de filmes e tamb ém
por causa do nome "carnívoras", algumas pessoas pensam que
essas plantas são capazes de atacá-las, mas elas são
completamente inofensivas. As enzimas digestivas produzidas por elas são
extremamente fracas. Infelizmente a delicadeza dessas plantas tem sido alvo
das ações do homem, diretamente por meio da destruição
de seus habitats, ou indiretamente devido a poluição. Espécies
extremamente raras são roubadas por colecionadores. Algumas já
estão extintas.
DIGESTÃO
Algumas poucas espécies de plantas são capazes de utilizar proteína animal
diretamente como fonte de nitrogênio. As plantas carnívoras digerem
os organismos capturados, absorvendo os compostos nitrogenados que eles contêm,
assim como outros compostos orgânicos e minerais, tais como potássio e fosfato, para complementar
sua nutrição, já que a maioria dessas plantas são encontradas
em pântanos, um habitat que é geralmente muito ácido e assim não favorável
ao crescimento de bactérias nitrificantes (que convertem o amônio em nitrito
e este em nitrato, forma na qual quase todo nitrogênio é absorvido pela maioria
das plantas que crescem em terra seca). Plantas carívoras devem possuir
enzimas para digerir suas presas e assim poder absorver mais facilmente seus
nutrientes. A maioria, como as papa-moscas e jarrinhas produzem suas próprias
enzimas digestivas. Após a presa ter sido digerida, tudo o que sobra
é o exosqueleto vazio. É importante salientar que as plantas
carnívoras capturam suas presas e absorvem seus nutrientes apenas para
complementar sua nutrição, já que o solo onde vivem nem
sempre é fértil.
Outras plantas carnívoras são auxiliadas por bactérias
que produzem as enzimas apropriadas. Nesse caso, as plantas não produzem
as enzimas digestivas. Muitas outras plantas, como a Sarracenia (jarrinhas), utilizam suas próprias enzimas e também as produzidas por
bactérias. Isto é chamado relação simbiótica
(mutualismo), pois ambos os organismos se beneficiam da cooperação.
As plantas conseguem "alimento", e as bactérias um local
seguro para viver; situação semelhante ocorre entre o homem
e a bactéria Escherichia coli,
que vive em nosso estômago.
MOVIMENTAÇÃO
Como dito anteriormente, todas plantas possuem alguma capacidade de se movimentar.
Mas plantas carnívoras se movem extremamente rápido se comparada
com outras plantas. Já que plantas não possuem tecido muscular,
como elas fazem isso?
Plantas carnívoras usam dois principais mecanismos de movimento. O
primeiro tipo de movimento é aquele utilizado por papa-moscas para
fechar suas armadilhas. Ele envolve mudanças na pressão da água.
Quando a armadilha é acionada (por meio dos "pêlos"
sensitivos), as células da parede interna da armadilha transferem água
para as paredes externas, tornado-se essencialmente flácida.
Isto faz com que as folhas se fechem. O segundo tipo de movimento é
produzido pelo crescimento das células - os "tentáculos"
da drósera curvam-se sobre a presa porque em um dos lados do "tentáculo"
as células crescem mais do que do outro lado.
Mosca capturada por uma drósera, cujos "tentáculos"
aprisionam a presa.
Mas movimentos rápidos não são restritos as plantas carnívoras,
existe o caso da Mimosa, como já citado anteriormente, e nem
todas plantas carnívoras possuem movimentos rápidos. Muitas
(como as jarrinhas) capturam as presas devido a forma de vaso de suas folhas,
nas quais os insetos caem e ficam presos, mas a planta não se move!
CAPTURA
As plantas carnívoras aprisionam suas presas de vários modos. A utriculária
(Utricularia vulgaris) é uma pequena planta aquática livre-flutuante
com armadilhas, que são urnas pequenas e achatadas, em forma de pêra.
|
 Animação mostrando a forma de captura da utriculária. |
Cada urna tem uma armadilha fechada por uma "porta suspensa". O mecanismo
de captura consiste em quatro cerdas duras próximas à borda livre inferior
da "porta". Quando um pequeno animal entra em contato com essas cerdas, os
pêlos distorcem a borda inferior da porta, fazendo-a abrir-se rapidamente.
A água então entra rapidamente na lâmina, carregando o animal para dentro,
e a "porta" é fechada atrás dele. Os minerais e compostos orgânicos são absorvidos
através das paredes celulares da armadilha, enquanto os exoesqueletos não
digeridos permanecem dentro da urna.
A drósera (Drosera rotundifolia) é uma planta muito pequena, frequentemente
com apenas poucos centímetros de seção transversal, com tricomas (pêlos)
em forma de clava na superfície superior das folhas. As pontas desses tricomas
glandulares secretam uma líquido claro e pegajoso, ou mucilagem, que atrai
insetos.
 Animação mostrando a forma de captura da drósera. |
 Clique na imagem e veja os "tentáculos" da drósera mais detalhadamente. |
Quando um inseto é capturado na mucilagem, os tricomas dobram-se para dentro
até que a folha finalmente se curva ao redor do inseto. Os tricomas secretam
pelo menos seis enzimas, as quais, junto com as enzimas produzidas pelas bactérias,
especialmente quitinase, digerem o inseto. Nutrientes liberados na mucilagem
pela presa são reabsorvidos pelas mesmas glândulas que secretam as enzimas
digestivas. Mecanismos similares de secreção são encontrados em outras plantas
carnívoras, incluindo a pinguícula (Pinguicula grandiflora).
A jarrinha (Sarracenia) não precisa se mover para capturar suas
presas. Quando algum inseto se aproxima demais das bordas de suas folhas em
forma de jarro, ele escorrega na mucilagem e cai, não conseguindo sair
devido as paredes lisas da folha. No fundo do "jarro" ele se afoga
em uma poça de água, contendo as enzimas que irão digeri-lo.
Clique na imagem e veja os "jarros" da Sarracenia
mais detalhadamente.
Provavelmente a dionéia (Dionaea muscipula) seja a mais conhecida
planta carnívora devido sua armadilha em forma de "mandíbulas".
Cada metade foliar é equipada com três tricomas sensitivos. Um inseto desprevenido,
atraído pelo néctar secretado na superfície foliar, ao caminhar sobre uma
das folhas, toca nos tricomas, desencadeando o fechamento da folha. As margens
dentadas aprisionam o inseto; as metades foliares gradualmente o esmagam e
o inseto é prensado contra as glândulas digestivas na superfície interna da
armadilha. O mecanismo da armadilha é tão especializado que ele consegue distinguir
entre uma presa viva e objetos inanimados, tais como seixos e pequenos gravetos,
que caem nas folhas por acaso: a folha não se fecha, a não ser que dois de
seus tricomas sejam tocados sucessivamente ou um tricoma seja tocado duas
vezes.
|
 Clique na imagem e veja os tricomas da armadilha. |
REPRODUÇÃO
Plantas carnívoras possuem o mesmo ciclo de vida das plantas com flores
(angiospermas). Resumidamente, os principais passos são: 1) A semente
germina. 2) A planta cresce até a "maturidade". Algumas levam
menos de um ano, mas outras levam vários anos. Papa-moscas levam cerca
de quatro anos para começar a produzir flores. 3) A planta floresce.
4) A planta é polinizada - por insetos ou vento - originando uma semente.
A semente cai no chão. Retorne ao passo 1). OU 3) Ao invés
de florir, a planta pode também se reproduzir vegetivamente (assexual).
Por exemplo, papa-moscas ou outras carnívoras geralmente produzem pequens
plantas extras na base da planta principal. Essas plantas crescem. Retorne
ao passo 2).
Clique na imagem e veja as flores de utricúlarias.
Obtenha mais informações em: The Carnivorous Plant FAQ