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INTRODUÇÃO
A classe Aves é um grande e diversificado grupo de vertebrados, facilmente reconhecido por sua estrutura e pelo fato de, tendo geralmente atividade diurna, serem facilmente observáveis. São, juntamente com os mamíferos, os mais recentes vertebrados a surgirem na Terra. Há cerca de 8.700 espécies viventes, que ocupam hábitats diversificados, em quase todas as regiões do planeta, do Ártico até a Antártida, nos mares e nos continentes. Albatrozes vivem no mar aberto , exceto em época de postura ; gaivotas são encontradas em regiões costeiras; patos habitam pântanos e água doce; cotovias vivem em pradarias; emas são aves corredoras e ocupam áreas abertas. Entretanto, as aves são muito numerosas e diversificadas em regiões tropicais. Muitas espécies têm vida solitária, outras formam bandos. Em geral, não são muito grandes. Exceções são o avestruz africano, que atinge 2 metros de altura e pesa até 130 quilos, e o condor americano, com envergadura de 3 metros. Entre as pequenas aves, destaca-se um beija-flor cubano, que tem menos de 6 centímetros de comprimento e pesa cerca de 3 gramas. O grande interesse do homem pelas aves levou a criação da Ornitologia, o ramo da Zoologia encarregado do seu estudo.

CARACTERÍSTICAS
As aves diferem dos outros animais pela existência de penas, que revestem e isolam o corpo, possibilitando a regulação da temperatura e auxiliando no vôo. Acredita-se que seus ancestrais tenham sido répteis delicados, dotados de cauda longa e andar bípede, que corriam rapidamente com as patas posteriores, ficando os membros anteriores erguidos e livres, exatamente na posição em que as aves atuais apresentam as asas. As penas podem ter surgido como um revestimento isolante e protetor contra as variações de temperatura. As primeiras aves devem ter sido apenas planadoras. O vôo surgido posteriormente, o deslocamento em alta velocidade e a penetração em nichos aéreos permitiram a expansão para áreas de temperaturas distintas e a ocupação de ambientes ainda não explorados por outros animais. Os fósseis de aves são raros, devido a delicadeza de seu esqueleto, o que torna mais difícil a preservação. Archaeopteryx, a "ave-lagarto", é o fóssil mais antigo de um possível ancestral das aves, com aproximadamente 150 milhões de anos. Tinha o tamanho de um grande pombo, cabeça pequena, mandíbula com dentes, penas, asas com garras terminais e provavelmente só era capaz de planar.

As aves mantêm a temperatura corporal (homeotermia), através de mecanismos fisiológicos, em torno de 40 a 42 graus centígrados, apresentando elevada taxa metabólica, necessária para sua atividade, sobretudo o vôo. A capacidade de voar favorece a procura de alimento, a fuga dos inimigos e permite migrações para outras áreas quando as condições se tornam desfavoráveis. A velocidade de vôo varia de 30 a 80 km/h, embora os falcões, durante um mergulho no ar, possam atingir cerca de 200 km/h. Para voar, uma ave deve preencher certos requisitos, alem de homeotermia, tais como a redução do peso e da densidade corporal, e estruturas sensitivas eficientes. Favorecem essa condição:

• formato aerodinâmico do corpo, que é compacto e rígido, resultado de fusão, perda e reforço dos ossos;
• posicionamento das patas abaixo do corpo, que podem ser retraídas entre as penas ventrais;
• esqueleto leve e adaptado à fixação de fortes músculos;
• sistema respiratório eficiente, com pulmões ligados a sacos aéreos, distribuídos entre os órgãos, úteis na retenção do ar, permitindo extração de oxigênio mesmo em grandes altitudes, assim como a dissipação do calor gerado pelo elevado metabolismo;


Aparelho respiratório de uma ave.

• as características do sistema circulatório, como o coração com quatro câmaras e a completa separação das circulações venosa e arterial;
• a eliminação dos excretas na forma de pequenos corpos esféricos esbranquiçados, compostos de ácido úrico, que ficam misturado com as fezes, evitando a formação de grande volume de urina liquida;
• a ausência de bexiga urinaria, sendo exceção o avestruz;
• total desenvolvimento dos ovos fora do corpo materno;
• a excelente visão, com grande acuidade visual e rápida acomodação de foco;
• voz e audição elaboradas, associadas com a necessidade de comunicação a grandes distâncias.

O corpo das aves tem forma e tamanho muito variáveis. A cabeça geralmente fica na extremidade de um pescoço flexível e é capaz de girar 360 graus em torno de seu eixo. Os membros anteriores são as asas, que possuem penas mais longas, denominadas rêmiges, próprias para o vôo. Os membros posteriores, as patas, têm muitos músculos na parte superior, enquanto a porção inferior apresenta tendões e é revestida por escamas córneas.

Na cauda curta podem existir longas penas, dispostas em leque. No bico pontiagudo, de revestimento córneo, há um par de narinas. Os olhos, grandes e laterais, possuem duas pálpebras e uma membrana nictitante. Existe uma abertura auditiva atrás de cada olho.

A pele, móvel, flexível e de frouxa fixação à musculatura, não tem glândulas, com exceção da glândula uropigiana, situada acima da base da cauda, que secreta uma substancia oleosa capaz de impermeabilizar as penas e o bico, impedindo que este fique quebradiço. As penas são estruturas epidérmicas de diferentes formatos, que crescem a partir de folículos da pele e formam um revestimento que retém ar e é útil no isolamento térmico. Funcionam como elementos de proteção, na flutuação de aves aquáticas e no vôo. As mais comuns, incluindo as grandes penas das asas, apresentam um eixo central de onde partem delgados filamentos laterais, cada qual sendo dotado de filamentos menores, as bárbulas, que se prendem umas às outras por pequenos ganchos, formando um elemento continuo. Nos jovens, as penas, conhecidas como plumas, são mais delicadas. Suas cores são produzidas por tipos diferentes de pigmentos, depositados durante o crescimento.

Avestruzes e pingüins têm o corpo completamente coberto por penas, mas, na maioria das aves, elas crescem em áreas determinadas da pele, intercaladas por espaços vazios, fáceis de perceber quando a ave é depenada. Na muda, geralmente anual, as penas são substituídas gradualmente, de modo que a cobertura sempre esteja presente. Os patos, porém, mudam todas de uma só vez e não voam até que as novas penas cresçam. Em pingüins e outras aves aquáticas, as asas são adaptadas para a natação, assemelhando-se a nadadeiras e possuindo penas modificadas e achatadas, parecidas com escamas.

O esqueleto das aves, sobretudo as que voam, é leve e delicado, formado por alguns ossos pneumáticos, que contêm cavidades aéreas, reduzindo o peso, e alguns reforços ósseos que lhes conferem resistência. O osso do peito, chamado esterno, é dotado de uma quilha ou carena mediana, onde se prendem os grandes músculos peitorais, empregados no vôo (a "carne branca" do frango e do peru). As clavículas são soldadas, formando a fúrcula, mais conhecida como "osso da sorte". A cintura pélvica tem uma grande abertura ventral, que permite a passagem de grandes ovos na fêmea. A locomoção bípede é facilitada pelo grande desenvolvimento da estrutura óssea e muscular das patas, como se verifica facilmente em uma galinha. As aves apresentam tubo digestivo completo, com uma certa especialização das suas partes componentes. Na ausência de dentes, o bico é utilizado na obtenção de alimento, sendo também empregado no alisamento das penas, na coleta de materiais para confecção do ninho e defesa. Seu envoltório cornificado tem crescimento contínuo, o que compensa o desgaste pelo uso. Sua forma varia de acordo com os hábitos alimentares (observe nas figuras dessa seção os variados formatos de bico): é delgado e afilado como um par de pinças nos pássaros, que capturam insetos em folhagens; em pica-paus é robusto, para cortar madeira e penetrar nas cascas das árvores das quais retiram insetos; em garças tem formato de lança, para capturar peixes; em andorinhas é largo e delicado, permitindo a captura de insetos vivos em pleno vôo; é forte e cônico em aves comedoras de grãos; afiado e recurvado em aves predadoras, como os gaviões e corujas, nos quais é usado para rasgar o alimento.


Bico afiado e recurvado

Bico fino e longo

Bico achatado

A língua, pequena e pontiaguda, tem revestimento córneo e não extensível, exceto a de pica-paus, usada para capturar insetos na madeira, e a de beija-flores, que retira néctar das flores. Em pelicanos, o saco encontrado sob o "queixo" armazena temporariamente os peixes e nele é regurgitado o alimento para os filhotes.

O alimento é temporariamente armazenado e umedecido no grande papo, situado após o esôfago. Em algumas formas, carrega alimento para os filhotes, que captam material regurgitado ou introduzem a cabeça na garganta dos pais. Em pombos, o epitélio do papo apresenta duas estruturas glandulares, que secretam uma substancia nutritiva, o "leite de pombo", usado para a alimentação dos filhotes. O estômago compreende o proventrículo, responsável pela secreção de sucos digestivos, e a moela, câmara de paredes musculares e espessas, onde ocorre a trituração do alimento, com auxilio de fragmentos de cascalho e outras partículas ingeridas propositadamente, representando, em termos funcionais, o papel de "dentes". A cloaca, que se abre para o exterior através do anus, é a câmara em que se misturam fezes, excretas e elementos sexuais.


Aparelho digestivo de uma ave.

Devido à sua intensa atividade, as aves consomem muito alimento de alto valor energético e, como não armazenam muita gordura, não podem sobreviver muito tempo sem se alimentar. Em geral, comem sementes, frutos e vários tipos de animais, como vermes, artrópodes, moluscos e vertebrados. Pelicanos e gaivotas, por exemplo, comem peixes; garças se alimentam de rãs; gaviões comem cobras, lagartos e pequenas aves; corujas caçam roedores e coelhos. Algumas formas apresentam dieta especial, como urubus, que comem exclusivamente animais mortos ("carniça") e os beija-flores (figura abaixo), que, devido ao seu elevadíssimo metabolismo, usam como alimento insetos e o néctar das flores, uma solução fortemente açucarada. Aves marinhas têm glândulas especiais que eliminam o excesso de sais ingeridos, com perda mínima de água.


Beija-flor se alimentando do néctar da flor.

O sistema nervoso é bem desenvolvido, sendo o encéfalo proporcionalmente maior que o dos repteis. De forma geral, a capacidade gustativa e olfativa é limitada, mas a audição e a visão são muito eficientes. A acomodação visual é muito rápida, permitindo o ajustamento do foco em diferentes distancias, o que se torna necessário nas repentinas mudanças visuais durante o vôo ou na focalização de objetos dentro da água em aves mergulhadoras, como o mergulhão. O giro rápido da cabeça durante o movimento, para frente e para trás, em aves como as galinhas, relaciona-se com a rápida observação dos arredores, determinando distancias e percebendo movimentos. Águias, falcões e urubus apresentam grande capacidade de enxergar objetos distantes. Em corujas, a audição aguçada permite localizar pequenos mamíferos na escuridão total.

Um aspecto impressionante das aves é a sua coloração variadíssima. O colorido dos machos geralmente é mais vivo que o das fêmeas, funcionando como forma de identificação e na defesa do território, estimulando o comportamento sexual da fêmea e ajudando a repelir ataques ao ninho e aos filhotes. A comunicação é realizada através de cantos e gritos. Os gritos geralmente são sons simples e breves, relacionados com a interação entre pais e filhotes e à reunião dos membros de um grupo. Os cantos, mais complexos, geralmente são emitidos pelos machos e relacionam-se com o comportamento reprodutivo, auxiliando no estabelecimento e na defesa de um território e na atração de parceiras. Algumas formas, como os papagaios, fazem imitação pelo canto. O órgão do canto é a siringe (ausente em urubus e avestruzes), uma câmara de ressonância de complexidade variável, situada na base da traquéia. Pode conter músculos e membranas, que vibram quando o ar passa, produzindo os sons.

As estratégias reprodutivas são muito diversificadas. Cada espécie tem uma época característica para se reproduzir. Ritos nupciais são comuns, frequentemente realizados em território anteriormente estabelecido. Segue-se a construção do ninho e o acasalamento. A fecundação é sempre interna, realizando-se a cópula por atrito entre as cloacas, uma vez que o pênis só ocorre em poucas formas, como os avestruzes, cisnes e patos. Os ovos têm muito vitelo e casca calcaria dura, necessitando de aquecimento ou incubação para o crescimento do embrião.


Anexos embrionários no ovo de uma ave

Filhotes de galinhas e patos eclodem já bem formados e com movimentação ativa. Já os de pombos são desprotegidos e necessitam de alimentação e cuidados no ninho. Rapidamente os filhotes aprendem a responder à visão dos pais e aos sons por eles emitidos. O cuidado com a prole é importante, para garantir a continuidade das espécies.

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