Sobre a dita liberdade dura 

A Arthur, Rei dos Bretões

 Coloco as vestes do camponês medieval anarco-sindicalista  para vos dizer: “A OPRESSÃO É INERENTE AO SISTEMA!”. Não há liberdade autêntica em qualquer zona que impere a opressão. É um contra-senso pensar em liberdade dentro dum sistema opressivo. Liberdade democrática (inautêntica), escolha de representantes (opressores), liberdade de ser representante... Onde há liberdade? Onde dentre essas opções está a liberdade de não ser representado, de se representar? Penso que liberdade é ser responsável apenas por si, pensando sempre no coletivo, é óbvio. Representação é algo tão individual e tão caracteristicamente subjetivo, que toda vez que esta invade um coletivo, impõe a subjetividade e as opções individuais de uns poucos – ou de um – à maioria. “DEMOCRACIA NÃO SE DITA, MALDITA SEJA SE DURA, PALPITA PELA DOÇURA”, dizia o senhor Tom Zé na música “Democracia”, dizia de forma sublime a confusão que se faz entre ter opções de escolhas – mesmo que de forma imposta – e liberdade. Confusão esta que foi construída propositalmente por essa tal cultura que nos cerca. O que é liberdade se não uma idéia vendida e comprada para a manutenção dos capitalistas democratistas no poder? Imagine como exemplo a Estátua da Liberdade: ela é antes de tudo uma estátua imóvel e sem direitos; ela está presa numa ilha; seu tamanho é maior do que seu potencial de ser livre; localiza-se na nação mais opressiva do mundo; sua função de mercante de uma idéia vos impede até mesmo de mudar de posição; nunca teve tempo de ler o livro que segura; só conhece uma mesma visão. Pra que melhor exemplo da dita liberdade? Ser consultado sobre a forma de governo, sobre o comércio de armas, sobre eleições ou mesmo sobre o tipo de cobrança de imposto (se direta ou indireta, como aconteceu no Kuwait), não pode ser comparado com a liberdade, sob pena de difamação para com a insonte liberdade autêntica. Entre essas consultas não tinham as opções que muitos queriam como ausência de governo, acabar com o uso e fabricação de armas, não existência de representantes e de impostos, respectivamente. Liberdade, liberdade, liberdade... Bem, penso unicamente que se opor à falsa liberdade já é um princípio da autenticidade. E sobre essa liberdade autêntica, ainda não a conheço, e imagino que ninguém conhece, mas quero acreditar que toda vez que ignorar e me opor à opressão do sistema estarei iniciando uma zona, ainda individual, de liberdade autêntica. Não sei se consigo, mas já estou tentando.

Gardencia Fimon, 05 de novembro de 2005

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Ver também: Espetáculo Circense

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