ANGÉLICA MARIA LIMA MANSANO GARCIA

Assuntos Teológicos


“Ó terra, terra, terra...”!


Os acontecimentos catastróficos recentemente testemunhados por todo o mundo, extensivamente divulgados pelas redes internacionais de comunicação marcaram o final do ano de 2004 e assombraram a muitos.  

Tamanha tragédia foi diversamente recebida pelas pessoas, sentida em seus corações e interpretada segundo seus pressupostos. Mas muitas pessoas ficaram chocadas, e não sem razão. Comovidas, as pessoas ainda assistem o desdobrar das conseqüências. Porém, muitos ainda não se dão conta de tamanho horror que se abateu sobre a terra, embora as estejam vendo, pois em muitos corações tem sido semeada a semente da indiferença e a do acostumar-se com tragédias. Tragédias de diversos graus têm gota a gota sido noticiadas diariamente nos nossos telejornais, que entram nas nossas casas carregados de más notícias e que viram rotina no nosso dia-a-dia, levando à insensibilidade dos nossos corações. Não raro, até evitamos os noticiários, para nos preservar de angústias.

Pode até ser que muitas pessoas que morem em lugares sem recursos, lá no meio do mato, nem estejam sabendo, assim como as de um outro país distante desconheçam as notícias sobre os ciclones que assolaram o estado de Santa Catarina, ou a seca do Rio Grande do Sul, ou as enchentes em Minas Gerais, no Brasil. Mas, de alguma forma, há tragédias e catástrofes em toda a terra. Aqui e ali há sofrimento. Pessoas param para questionar o porquê, e invariavelmente, ou acusam a Deus ou O inocentam.  

“Deus é amor e paz”, dizem, “não faria tais coisas”; “Como pode um Deus de amor deixar seus filhos em tamanho desespero e carência?”, dizem outros. Ainda outros dizem “Isso é assim mesmo, coisas da vida... Catástrofes ocorrem por causa do próprio homem e por causa da própria natureza...” 

Consultemos a Deus, e Ele nos responderá.  

Que o leitor se aproxime agora de Jeremias 22.29: “Ó terra, terra, terra, ouve a palavra do Senhor”. Ou do 2º Livro das Crônicas 7.21,22 para ouvir pergunta e reposta: “E desta casa, que é tão exaltada, qualquer que passar por ela se espantará, e perguntará: Por que fez o Senhor assim com esta terra e com esta casa?” “E lhe responderão: Porque deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirou da terra do Egito, e se apegaram a outros deuses, e se prostraram a eles, e os serviram; por isso Ele trouxe sobre eles todo esse mal.” 

Ele, o Senhor, tem o governo de tudo, e nada escapa do Seu conhecimento, nem dos Seus decretos eternamente estabelecidos. 

As tragédias dessa natureza, isto é, essas que assolam um país, uma área da terra, destruindo suas gentes e terras, e plantações, e levando tudo que há por vista, não são recentes. Alguém já fez lembrado o Dilúvio, narrado a partir de Gênesis 6. E porquê Deus o fez vir? Porque viu Deus que os homens se multiplicaram sobre a terra fazendo o que lhes agradava, vendo o Senhor “que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos do seu coração era má continuamente”(Gn 6.5).

Deus que havia feito o ser humano para a santificação e para o louvor da Sua glória, se “arrepende” de tê-lo feito, e “isso lhe pesou no coração” (v.7). E decide: “destruirei de sobre a face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal, os répteis, e as aves do céu; pois me arrependo de os haver feito” (v.7). 

Numa outra ocasião, depois de ter ‘saneado’ a terra da imundícia na qual os homens se envolveram, pois “Deus é tão puro que não pode ver o mal” (Habacuque 1.13), os homens novamente profanaram a terra -pois ainda eram continuamente maus os intentos dos seus corações, e continuam sendo até os dias de hoje...- e continuaram nos seus próprios caminhos, não dando ouvidos a voz do Senhor, nosso Deus.  

E assim, mesmo após o Dilúvio, como se não tivessem entendido o recado da catástrofe que se abatera sobre a terra, Deus explode uma região das cidades chamadas Sodoma & Gomorra: a destrói com fogo e enxofre e a varre da face da terra. Além dessas, as cidades ao redor, da mesma índole, Admá e Zeboim, foram também destruídas, não antes de Deus mandar avisos e anúncios da destruição da região (Gn 18.17), mandando aqueles dois anjos, em forma humana, portanto na forma de instrumentos de modo visível, para que chegassem ao arrependimento.  

Ao invés disso, os moradores da cidade tomam mão desses dois servos do Deus altíssimo, e de Ló, que tenta livrar os enviados das mãos dos perversos, e dizem: “Sai daí... Este indivíduo veio como estrangeiro até nós e pretende ser juiz em tudo. Agora, te faremos mais mal a ti do que a eles” (os anjos do livramento) (Gn 19.9). 

Quantos seres humanos e o que desapareceu na destruição do Dilúvio? Tudo, toda a terra; exceto Noé, sua mulher, seus três filhos com suas esposas. E na destruição de Sodoma? A região era riquíssima e muito habitada, porém, sobraram apenas Ló, sua esposa, e suas duas filhas.  

Há pormenores nessa história de Sodoma: Ló andou com Abraão, de quem era sobrinho, e andara com ele desde que Deus chamou ao tio. Abraão é chamado “amigo de Deus” e andava por fé. Separaram-se por estarem muito prósperos e não terem condições de andarem juntos. Os animais e os pastores se confundiam e havia contenda, tumulto. Abraão lhe diz para se apartar, e Ló “levantou os olhos e viu toda a campina do Jordão, e que era toda bem regada” (Gn 13.10). Note que não foi para o Senhor que Ló levantou os olhos em súplica e pedindo direção, mas para a ‘campina’, cobiçando o pasto porque tinha grande rebanho também. Assim, a palavra de Deus de dizer que o intento do nosso coração era mal, continuava dentro do nosso ancestral. Sua mulher, apesar de ter convivido com o marido, crente no Senhor, sendo sua companheira por tantos anos, tendo sido avisada (“apressa-te, escapa-te para lá...” Gn 19.21) assim como os outros o foram e para que “não olhassem para trás” ao chegar ao monte para onde fugiriam ao constatar a destruição que se abateria sobre Sodoma, ela desobedece: a mulher de Ló ao chegar ao monte, ouvindo o estrondo da destruição, pára e olha para trás... “E virou estátua de sal” (Gn 19.26).  

Não estava seu coração apegado e acostumado com aquelas maldades? Jesus, o Senhor, diz em Lucas 17.32: “Lembrai-vos da mulher de Ló”

Por isso que o Senhor diz: “Ponde-vos à beira dos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas qual é o bom caminho, e andai por ele, e achareis descanso para as vossas almas. Mas eles disseram: Não andaremos. Pus atalaias sobre vós, dizendo: Estai atentos ao som da trombeta! Mas dissestes: Não escutaremos. Portanto ouvi, vós, nações, e informa-te, ó congregação, do que se faz entre eles! Ouve tu, ó terra! Eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos, porque não estão atentos às minhas palavras, e rejeitam a minha lei” (Jeremias 6.16-19). 

Que Deus tenha misericórdia de nós, e nos abençoe e faça abrir nossos ouvidos para ouvir. Amém. 

Dracena, SP; 7/1/2005.

Angélica Maria Lima Mansano Garcia 

 

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