"Dos pobres escravos, a passo tardo percorrida,
Que vão para casa, entre a massa falecida,
Pelos amplos caminhos do mundo, e desta forma azada,
Levando da corrente o amigo, ou talvez a inimiga malvada
Cobrem a mais longa e penosa jornada."

    (Shelley, sobre o casamento)


"A comunidade manifesta um interesse inerente pelo amor não somente porque dele dependem as gerações futuras, como também porque a coesão social repousa sobre a distribuição pacífica dos grandes valores".
    (Kingsley Davis, em "A Sociedade Humana")


 
A se depreender das lições, quer da Poesia, arte maior da Humanidade, quer da Ciência, como na Sociologia, a fidelidade é, sem sombra de dúvida, muito maior que o simples compromisso legal, religioso ou moral, pois é a base mesma da sustentação de todo relacionamento.
Marcianas - Poemas do Escatol
APRESENTAÇÃO
Em contrapartida, a infidelidade é a negação de todos os valores sobre os quais se assentam a sociedade. Culturalmente, o homem tinha sua infidelidade tolerada, enquanto, se fosse a vítima, não apenas a mulher era marginalizada, como ele teria a sua cota de vergonha, expressa nas mais variegadas formas de escárnio.

  O homem, vítima de traição, sempre teve na esposa a causa de sofrimento. Desde Potifar, no Livro de Gênese, os casos se repetem ao longo da História. Mas, que dizer do homem que sabia do que lhe poderia ocorrer, e mesmo assim ousou enfrentar as convenções sociais, familiais?... que desafiou os conselhos dos amigos, e até de meros conhecidos, e, apesar de tudo isso, se envolveu num relacionamento de risco?

  A arte nos permite criar. Criar uma ficção em que a mulher recebe do companheiro todo o esforço para a materialização de um relacionamento perfeito. E, em resposta ao amor, carinho, dedicação recebidos, paga-lhe com todas as formas de perfídia possíveis:

1. A Traição Moral, sustentando em público opiniões que, desde que nunca sabido pelos outros, faz e fala o oposto.
2. Felonia Sexual, da qual nào faltam testemunhas.
3. Deslealdade Intelectual, usando de conhecimentos alheios para alçar status que depois diz ser merecedora.
4. Infidelidade Religiosa, sustentando uma crença que leciona conduta oposta à que pratica.
5. Perfídia Material, a ponto de acusar de roubo a quem surrupiou.

   Enfim, sob todos os aspectos, nenhum houve em que o mal não tivesse criado uma forma de se fazer presente. E, para exorcismar o demônio de tal flagelo individual, apenas a Poesia, a Suprema Elegia que sai da alma e vence o mundo, pois, no dizer do Gigante Fernando Pessoa: "O Poeta é um fingidor./ Finge tão completamente / Que finge ser dor / A dor que deveras sente." Mas, antes da poesia, outra reflexão:

     "Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende. Quem nada compreende, nada vale. Mas quem compreende também ama, observa, vê... Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor... Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas."
                                     PARACELSO
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