CARRETAS DE CARETAS...

 

Em virtude do recebimento de mais uma missiva caretista, trazemos ainda aqui, mais uma vez e novamente, bis in idem, o texto e a resposta. Vai atrasada – apesar de não ter copiado a data – o texto e sua respectiva resposta... boa leitura a todos.

 

Caro André,

(a esta altura, creio poder dispensar o Koehne).

 É ainda mais estimulante saber que estamos lidando com tão culto oponente. No entanto, me parece que suas pesquisas não seguiram o quanto deveriam. Assim como o Tratado de Versalhes assinado em 1918 já trazia em si os germes da Segunda Guerra Mundial, o acordo de paz, por você citado, na verdade acabou se tornando causa de discórdia ainda maior. Se, por ocasião da assinatura, todos concordaram com seus termos, bastaram dois ou três carnavais para que ficasse claro que seu cumprimento não se efetivaria na prática.

 Saiba ainda que no ano de 1768, já no reinado do então Papa Clemente XIII, novo acordo foi firmado, revogando as disposições do obsoleto tratado de 1666. Este novo documento restituiu aos mascarados o direito consuetudinário de atormentar, azucrinar, enfim, infernizar, durante os dias do carnaval e festas afins, todo e qualquer cidadão presente nas ruas da cidade. Sua principal inovação, no entanto, fruto, acredito, das idéias Iluministas de Clemente XIII, foi a definitiva secularização da festa; a igreja, desde então, eximindo-se de interferir diretamente sobre semelhantes conflitos.

 Desnecessário dizer que a revolta por parte dos Não-Caretas foi generalizada. Especula-se, inclusive, que a morte, em circunstâncias misteriosas, do referido Papa, justamente no período do carnaval do ano seguinte, mais precisamente no dia 02 de fevereiro de 1769, tenha sido tramada pelos integrantes da então bicentenária LOMGO, já citada anteriormente.  Esta entidade acusava o Sumo Sacerdote, ele próprio nascido em Veneza e, segundo dizem, ex-mascarado confesso, de favoritismo. Como vê, nos tempos de outrora, semelhante contenda era levada até conseqüências extremadas.

 Quanto ao artigo terceiro, este só foi completamente revogado em 1900, com a publicação do livro “A Interpretação dos Sonhos”, de Freud, já que só então ficou definitivamente provada a impossibilidade de se interferir deliberadamente nos sonhos de outrem, visto serem estes produtos exclusivos do inconsciente daquele que sonha. Claro está, portanto, que tal publicação exime os mascarados de qualquer responsabilidade onírica.

 Em tempo alerto que “queridas” e elogios não abrandarão nossos ânimos e disposição para a luta.

 Atenciosamente,

 R.A.J.

 PS: Bastante ingênuo de sua parte acreditar ser tarefa fácil descobrir a identidade de quem há anos se especializa em ocultá-la.

 

Belª R.A.J.,

 

Novamente forçado a resgatar a História, para dirimir equívocos que volta e meia nos surgem onde menos esperamos, eis que a vossa mensagem, assim como as caretas, inverte os fatos, e também as pessoas.

Vamos por partes: primeiro, Clemente XIII NUNCA, mas NUNCA mesmo, foi um revisionista das cláusulas estabelecidas pelo acordo adrede homologado pelo Cardeal D. Luiggi. Segundo, Sua Santidade era não-careta desde criancinha – aliás, apesar de veneziano, sua família era de Gênova, trazia consuetudinariamente no próprio nome de batismo esta vocação avoenga: Carlo dela Torre Rezzonico. Desde as origens genovesas que esta família, postada na Torre, utilizando-se de uma espécie de anzol, arrancava as máscaras que porventura ali transitassem, como parte da mais avoenga ainda rivalidade entre as duas repúblicas.

Voltemos à História, a que nos dedicamos com ardor quase doentio: Clemente XIII, que lutava para defender os jesuítas, foi o mais ardoroso adversário, não só das caretas, como ainda dos enciclopedistas iluminados!!! Ele nunca se iluminou, Drª R.A.J. ...

A guerra agora é para restabelecer-se a verdade biográfica!!!

Trouxemos aqui (pode clicar), o belíssimo monumento fúnebre erguido na sepultura de Sua Santidade, pelo escultor Canova, onde vê-se que este, perpetuamente, reza pelo descobrimento das caretas!!!!

(a visão completa do monumento está aqui)

 

Quanto à pretensa revogação da “cláusula onírica”, esta outra imagem demonstra, à soberba, que Sigismundo Freud tinha não sonhos, mas outra coisa na cabeça... Aqui (pode clicar), está Sig sem máscara...

(Numa outra imagem, inédita, o célebre mascarado foi flagrado num museu de Viena – Aqui)

Portanto, agora que a Lavagem da Esquina cairá em janeiro, e antes disso temos de tirar as máscaras de Papai Noel, temos que nos apressar, pois em breve a identidade das Emílias e Meninas Superpoderosas de anos anteriores será revelada!!!

 

Portanto, podem vir carretas de caretas, que elas ainda serão uma minoria a ser descoberta, se não pelos não-caretas, pelo ao menos pelos publicitários da Bom-Bril...

 

Inté.

 

André Koehne (o Koehne, pra distinguir dos outros Andrés...)

 

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