Os géneros dos Filmes
Filmes policiais e de gangsterismo
o objecto do filme documental é ser o reflexo mais ou menos fiel da vida real.
Seus pioneiros foram os irmãos Lumière, com as suas tomadas da vida quotidiana, e
Charles Pathé, com noticiários. O americano Robert Flaherty foi o seu principal
cultor, com "Nanook of the North" (1922; "Nanuk, o esquimó"). Na antiga União Soviética
destacou-se Dziga Vertov, com a "câmara-olho". Também os ingleses
foram pioneiros: John Grierson criou importante escola documentarista, mas
enquanto enfatizava o carácter propagandístico do filme não-ficcional, outros
ingleses, como Raul Rotha e Basil Wright, conceituavam o género como uma
mensagem não só para a comunidade actual como para a posteridade.
O filme não-ficcional inclui o documentário propriamente dito, o filme factual, o de viagens, o educativo, de treinamento ou didáctico; os cinejornais ou noticiários -- em desuso desde o aparecimento dos telejornais -- e, para alguns, os desenhos animados.
A tradição jornalística dos Estados Unidos consagrou documentaristas como Pare Lorentz e Paul Strand. O holandês Joris Ivens evoluiu desde a realização experimental até a denúncia social. A Alemanha teve em Walther Ruttman e depois em Leni Riefenstahl dois documentaristas de peso. O brasileiro Alberto Cavalcanti, que trabalhou na França e no grupo de Grierson em Londres, foi mais documentarista que ficcionista. Outros brasileiros dedicados ao género foram Lima Barreto, Jurandir Passos Noronha, Jorge Iléli, Genil Vasconcelos, Rui Santos e, posteriormente, Vladimir Carvalho.
O filme épico e de aventuras revela um mundo heróico de
conflitos e combates, de grandes cenários, nos quais predomina a acção. Os
pioneiros do filme épico foram os italianos, no cinema mudo, que louvaram o
passado de seu país, e os soviéticos lhe deram um impulso épico com temas
revolucionários. O francês Abel Gance fez um monumental Napoléon (1926). No
cinema sonoro, vale lembrar "The Private Life of Henry VIII "(1933;
"Os amores de
Henrique VIII"), de Alexander Korda; Abraham Lincoln (1930), de D. W. Griffith;
Cleopatra (1934), de Cecil B. DeMille; Scipione, l'Africano (1937; Cipião o
Africano), de Carmine Gallone; e Ivan Grozny (1944-1948; Ivan, o terrível), de
Serguei M. Eisenstein.
Em tom patriótico ou crítico, os filmes de guerra apelam à
violência como espectáculo. No cinema silencioso, o género foi realçado com
The Birth of a Nation. As duas guerras mundiais inspiraram muitas produções,
das quais são importantes "The Big Parade" (1925; "O grande
desfile"), de King
Vidor; "All Quiet on the Western Front" (1930; Sem novidade no front), de Lewis
Milestone; Story of G. I. Joe (1945; Também somos seres humanos), de William
Wellman; e a "Walk in the Sun" (1946; Um passeio ao sol), de Lewis Milestone. A
guerra do Vietnam também inspirou bons filmes nos Estados Unidos, como "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola, e
"Platoon" (1986), de Oliver
Stone.
A fantasia e o medo, despertos por personagens monstruosos ou
sobrenaturais, como fantasmas, bruxas, demónios e vampiros, são os sentimentos
a que apelam os filmes de terror. O género começou com o expressionismo alemão,
do qual Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, de Friedrich Wilhelm Murnau, foi
o modelo perfeito. Tornaram-se clássicos os filmes feitos em Hollywood na década
de 1930, como Drácula, com Bela Lugosi, Frankenstein (1931), com Boris Karloff,
e King Kong (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack. Na década de
1940, as produtoras R.K.O. e Universal de Hollywood, e na de 1960 a Hammer britânica,
se especializaram no tema. O género se tornou mais descritivo e violento e
alcançou o auge com séries seguidas de monstros ressuscitados dos cemitérios,
como a série Poltergeist, o primeiro deles de Tobe Hooper, filmado em 1982.
As viagens interplanetárias, as experiências nucleares e as
especulações sobre mundos futuros são os temas da ficção científica, género
próximo ao terror e ao bélico. Suas obras-primas são 2001: A Space Odyssey
(1968; 2001: uma odisséia no espaço) e Star Wars (1977; Guerra nas estrelas),
de George Lucas, nas quais os efeitos especiais superam a dramaturgia. Estilo
muito pessoal mostrou o russo Andrei Tarkovski em Solaris (1972), mas o maior
nome no género é o americano Steven Spielberg (E.T., Contactos Imediatos em
Terceiro Grau).
Chama-se musical o filme em que as
sequências cantadas ou dançadas
predominam. Nasceu com o cinema sonoro e se firmou nos Estados Unidos, com imitações
em vários países, segundo o modelo dos espectáculos da Broadway. Entre os
grandes criadores estiveram os directores Busby Berkeley, Stanley Donen e
Vincente Minnelli, os actores Fred Astaire, Dick Powell e Bing Crosby, as actrizes
Ginger Rogers, Betty Grable e Cyd Charisse, o actor e director Gene Kelly e o coreógrafo
Bob Fosse.
Baseia-se a comédia no enredo e nas situações bem-humoradas
e visa sobretudo ao riso. A mímica, que predominou no filme silencioso, cedeu
lugar às piadas de duplo sentido que depois consagraram os Irmãos Marx, Stan
Laurel e Oliver Hardy ("O Gordo e o Magro"), Red Skelton, Dean Martin
e Jerry Lewis e diretores como Frank Capra, Ernst Lubitsch, Leo McCarey, William
Wellman, George Cukor, Howard Hawks, Van Dyke, Gregory La Cava, Preston Sturges,
Blake Edwards e Frank Tashlin. Na Europa triunfaram as comédias italianas e o
francês Jacques Tati. Nos Estados Unidos, destacaram-se o ator Peter Sellers e
o actor e director Woody Allen, autor de obras-primas como Annie Hall (1977; Noivo
neurótico, noiva nervosa), Zelig (1983) e The Purple Rose of Cairo (1985; A
rosa púrpura do Cairo).
A temática política explícita tem sido tratada com
frequência pelo cinema contemporâneo. Foram muitos os especialistas nesse tipo de
abordagem, tanto no documentário quanto na dramatização de episódios autênticos.
Nas primeiras décadas da história do cinema, seus principais cultores foram os
soviéticos, especialmente Eisenstein, autor de O encouraçado Potemkim e
Strachka (1924; A greve). Mais tarde, a partir da década de 1960, cineastas
italianos dedicaram boa parte de sua carreira às discussões políticas. São
importantes nesse gênero Gillo Pontecorvo, autor de Queimada (1969) e Bernardo
Bertolucci, com o épico 1900 (1976). O franco-grego Costa-Gravas, autor de Z
(1968) e Missing (1982; Desaparecido), e o argentino Fernando Solanas,
realizador de La hora de los hornos (1966-1968), têm lugar privilegiado nessa
tendência.
Os enredos de conotação social estiveram sempre presentes ao
longo da evolução do cinema. Merecem destaque títulos como Fury (1936; Fúria),
de Fritz Lang, The Grapes of Wrath (1940; As vinhas da ira), de John Ford; Ladri
di biciclette (1948) e Umberto D (1951), de Vittorio De Sica, Nous sommes tous
des assassins (1952; Somos todos assassinos), de André Cayatte, e I Want to
Live (1959; Quero viver), de Robert Wise.
FILMES POLICIAIS E DE GANGSTERISMO
Os argumentos tradicionais do género policial envolvem crimes e criminosos, policiais e detectives particulares, gângsteres e ladrões. O tema preferido tem sido o do submundo onde campeia a miséria económica e moral. O director mais célebre desse tipo de filmes foi Alfred Hitchcock, que usou o suspense para criar atmosferas de tensão e medo. Em mais de setenta filmes, ele criou obras magistrais como Vertigo (1958; Um corpo que cai) e Rear Window (1954; Janela indiscreta).
Também obtiveram êxito filmes inspirados nos romances de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, mestres das tramas criminais amargas e violentas. Actores como James Cagney, Humphrey Bogart, Edward G. Robinson e George Raft alcançaram grande notoriedade, sobretudo no período inicial do cinema sonoro.
Na longa relação dos clássicos do
género não poderiam
faltar: Underworld (1927; Paixão e sangue), de Josef von Sternberg; City Street
(1931; Ruas da cidade), de Rouben Mamoulian, I Am a Fugitive from a Chain Gang
(1932; O fugitivo), de Mervyn LeRoy; G-men (1935; Contra o império do crime),
de William Keighley; Dead End (1937; Beco sem saída), de William Wyler; Angels
with Dirty Faces (1938; Anjos de cara suja), de Michael Curtiz; The Maltese
Falcon (1941; Relíquia macabra) e muitos outros em Hollywood. Essencialmente
americano, o filme policial também teve bons momentos na França e no Reino
Unido.
Centrado nas paixões humanas, o melodrama realça o trágico e o dramático e desenvolve conflitos individuais. Nele sobressaíram W. F. Murnau, com Sunrise (1926; Aurora), os austríacos Erich Von Stroheim e Josef von Sternberg, o italiano Luchino Visconti, o americano John M. Stahl, os japoneses Mikio Naruse e Yasujiro Ozu e o francês François Truffaut.
Os filmes de propaganda divulgam
ideias sociais e políticas
em defesa de determinada ideologia. Os primeiros a usá-los foram os soviéticos.
Na Itália fascista e na Alemanha nazista desenvolveu-se a propaganda política
de exaltação racista e, depois da segunda guerra mundial, nos Estados Unidos,
foram feitos filmes anticomunistas durante o período mais agudo da guerra fria.
Os precursores do desenho animado foram os franceses Émile Reynaud e Émile Cohl. O maior impulso veio de Walt Disney e seus seguidores nos Estados Unidos. Entre as principais escolas estão a tcheca, com Jiri Trnka, e a canadense, de Norman McLaren
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