Prólogo
Simples a vida quando você aprende que amar é igual é sofrer e sofrer não vale a pena .
História

Acabou. O conto de fadas acabou. Nunca acreditei no amor, muito menos nos homens, e muito menos ainda em estrelas. Exatamente. Passei férias em Los Angeles e vivi um romance de uma semana com uma estrela do rock. Clichê? Sim, mas é verdade. Tive a melhor noite da minha vida e as melhores férias. Se eu não me conhecesse, poderia até dizer que estou apaixonada. Afinal, é muito fácil se apaixonar por Jonas no seu dia mais gentil em uma noite estrelada. Muito fácil para as outras, não para mim. Como já disse, eu nunca me apaixono. Minto. Já me apaixonei, mas isso fazem muitos anos. E como em qualquer relacionamento, fui decepcionada e chutada. Simples a vida quando você aprende que amar é igual é sofrer e sofrer não vale a pena. Portanto, eu nunca me apaixonei. E, assim sendo, não espero receber uma ligação, uma carta ou uma homenagem em um show. Tenho certeza que fui mais uma com quem ele dormiu e não vou tentar me enganar em relação a isso. Quanto querem apostar que ele vai continuar com aquele estúpido anel? Não que me incomode, porque não incomoda. Mas é totalmente ridículo as fãs acreditarem que eles mantêm aquele anel. E pensando nisso tudo desci do avião, finalmente respirando o ar puro de cassa, finalmente Dallas.

-Mãe! Que saudades! – corri para abraçá-la ao descer do táxi e fui recebida pelo sorriso mais amável de todos.
-Ah minha filha eu também senti muitas saudades. Como foi a viajem? Vai me contar o que andou fazendo lá nos States?
-O que eu fiz?
-Apareceu na TV.
-EU APARECI NA TV?
-Sim, com um garoto, famoso.
-Ah, ele... Depois tenho que te contar toda história mãe – respondi com um sorriso malicioso. Minha mãe sempre conversou comigo sobre tudo e ela sabia muito bem que eu não era mais virgem. Morávamos somente eu e ela, já que, quando eu tinha quatro anos, meu pai foi à farmácia e nunca mais voltou. Muito clichê novamente? Sinto em dizer que é a realidade, minha vida.
-Não precisa nem contar, eu imagino. Agora entra que sua avó deixou aqueles bolinhos que você gosta aí hoje pela manhã e você tem que desfazer as malas que as aulas começam amanhã.
-Nossa, que pressa mãe. Eu vou primeiro tomar um banho.
-Claro. Vai lá. A Sheila limpou seu banheiro – Sheila era nossa empregada mexicana, é, ela era mexicana e não entendia tudo que falávamos... Não sei por que minha mãe a contratou, óbvio que era mais uma das coisas que minha mãe fazia sem pensar e depois, não dava o braço a torcer.

Sentir o cheiro da minha casa novamente era reconfortante. Subi as escadas que rangeram. MeuEntrei na banheira cheia de água quente e lembrei das mãos quentes de em meu corpo, lembrei daquela noite. Foi tudo tão perfeito. Repito que não vale a pena amar, e eu não estou amando, mas foi a melhor noite da minha vida e ele é muito bom, quero dizer, na cama. Afastei esses pensamentos e me concentrei em pensar na roupa que usaria no outro dia da escola. Mas ao lembrar da escola senti um frio na espinha, mesmo com a água tão quente. Todos deviam ter me visto na televisão com Jonas. Ia ser um saco!
“Você conhece o ?”
“Como ele é?”
“Você ficou com ele?”
“Ele ta namorando?”
“Como são os irmãos dele?”
“Ele cantou pra você?”.
E talvez até mais perguntas. Talvez até mais bizarras. Sabe como é, pensamento de fãs loucas. Na realidade nunca fui fã dos Jonas Brothers, mas que eles eram gatos, eu não podia negar. Então, aconteceu. Porque Jonas foi realmente romântico e chegou a dizê-las, as três palavras que fariam qualquer uma estar sofrendo com seus sonhos agora, menos eu: I Love you. Também nunca liguei para essas palavras. Já as ouvi tantas vezes, tantos desapontamentos naquela época. Mas eu aprendi a lição e de uns anos para cá essas são palavras tão comuns quanto: “Vou preparar seu café” “Você ta cheirosa hoje”... E coisas do tipo.
É, muitos diriam que eu sou fria e egoísta. Eu nego. Simplesmente aprendi que não vale a pena sofrer amando. Portanto, me concentrei, novamente, no momento. Precisava escolher uma roupa para o outro dia. Fiquei com o básico jeans skinny, uma regata lilás sobrepondo uma t-shirt branca e um all star branco para finalizar. Outra coisa que nunca foi meu estilo era os acessórios exagerados. Sempre usei all star, camisetas divertidas, calças skinnys simples e coisas do tipo. Não gosto de salto alto, definitivamente não consigo usá-los. Odeio babados e frescurinhas, vestidos balonês e roupas muito curtas e indecentes. Sempre achei ridículas meninas que usavam saias e blusas curtas mostrando o corpo inteiro. Porque já não começam a andar peladas? Iam chamar menos atenção do que chamam com esses “cintos”.
E, novamente, me desconcentrei do ponto principal. Decidi que deveria descer e tomar um bom café, afinal, estava desnutrida depois de só comer fast-food no exterior. Realmente foi uma ótima viajem.
-Mãe? – cheguei na cozinha e minha mãe estava cozinhando. Isso mesmo, cozinhando. Me surpreendi. Nunca havia visto minha mãe na frente do fogão.
-Oi querida! Pode me ajudar aqui? Acho que não estou fazendo isso direito.
-Você colocou óleo?
-OLÉO? Não, claro que não. – Ela realmente nunca fora boa na cozinha, o que me obrigava a ser uma chef. E é o que sou. Faço dos mais simples aos mais sofisticados pratos da culinária de todo o mundo. Sem contar que, eu mesma, já inventei vários pratos. Inclusive nomes próprios eles tem. Um dia ainda serei dona de uma grande rede de restaurantes na Europa. Por enquanto continuo sendo uma estudante brasileira com uma mãe que não sabe que para fazer ovos mexidos é necessário usar óleo. É, minha vida tem muito o que mudar.

-Seus ovos estão ótimos mãe.
-Meus ovos? Foi você que os deixou perfeitos minha filha.
-É, eu acho que fui mesma. Então, eu terminei. Vou lavar o prato e ir me deitar.
-Pode deixar os pratos comigo. Vai descansar que amanhã tem que acordar cedo.
-Boa noite mãe.
-Boa noite meu anjo.
No meu quarto vesti uma camisola leve e penteei o cabelo para prendê-lo. Odiava dormir de cabelo solto, incomodava. Deitei, saudades do meu confortável colchão. E em minutos estava dormindo. Não tive, graças a Deus, tempo de pensar nas férias. Afinal, o que estava acontecendo?

Acordei e me deparei com uma bandeja do lado da cama. Um belo café, diga-se de passagem. Sentei, com o lençol cobrindo minhas pernas, e coloquei a bandeja no colo. Bebi um gole do café. Starbucks. Claro. Que dúvida que minha mãe conseguiria fazer um café tão bom ela mesma. Coitada, mas é a verdade. O gostinho me lembrou da manhã que acordei sozinha na cama, um café pronto do lado e um bilhete...

Querida ,
Essa foi a melhor noite de toda minha vida, mas tive que ir. Meus pais desconfiariam. Aproveite o café e curta esse lindo dia ensolarado.
Não esquece que eu te amo.
Seu .


Nenhum “Mandarei notícias” ou “Te ligo”. Mas não importava. Terminei o café e desci com a bandeja. Minha mãe estava na sala e eu pude agradecer pelo mimo. Voltei para o quarto, tomei um banho rápido. Vesti a roupa separada no dia anterior e peguei a chave do carro. Era um antigo Chevrolet Camaro 1969. Meu xodó desde o primeiro ano. Pronta pra enfrentar o primeiro dia de aula estacionei em uma vaga um pouco distante do antigo prédio da escola e desci. O sol estava forte já às sete da manhã e eu não estava animada para o provável calor do resto do dia. Evitando os olhares consegui entrar sem perguntas. Talvez não fosse ser tão difícil quanto eu achei que seria.

Avistei Alex vindo em minha direção. Ela é aquele tipo de menina consumista que só pensa na próxima cirurgia que vai fazer no seu nariz perfeito. Nunca ligou pra mim, eu não era concorrência. Digo, sou linda, realmente, mas na escola prefiro ser invisível, causa menos problemas. Imaginei, baseada em todos anos que estudei com a garota, que ela desviaria de mim com um olhar superior. Mas não. Ela parou ao lado do meu armário e sorriu, como eu nunca havia visto sorrir. Admito que não tinha entendido e havia sido inocente até ela abrir a boca.
-Como foram suas férias amiga? – ela sorriu falsa novamente e eu percebi seu interesse, tinha nome e sobrenome: Jonas.
-Boas, obrigada – peguei minha bolsa, coloquei o horário dentro e saí andando direcionada a sala de aula, quanto mais longe eu ficasse das pessoas melhor, afinal, quem estaria na sala antes de o sinal bater no primeiro dia de aula? Tenho certeza que ninguém. Sentei em uma classe no fundo, odiava ir a aula e agradecia todo dia por me restar somente um ano de sofrimento. Quem determinou que todos têm que cursar o Colegial? Não tenho idéia, já que não presto a mínima atenção na aula, mas tenho certeza que devia ser queimado em uma fogueira!

Desejei não ter nenhum tipo de surpresa até o final do dia, eu não tinha saco pra isso. Mas parece que os ventos não sopraram a meu favor, ah, com certeza não. O sinal tocou e eu pude ouvir o burburinho aproximando-se, todos alunos entrando em suas aulas e todos que seriam meus colegas no ano inteiro na aula de trigonometria segundas de manhã entrando na sala que eu estava. Pela segunda vez naquela escola senti todos olhares em mim. A primeira fora meu primeiro dia de aula, mas prefiro não lembrar desse acontecimento. O bom foi que ninguém mais teve a cara dura de Alex de vir falar comigo, alguém que nunca falavam antes. Esperei o professor entrar para que desviassem a atenção de mim. Mr. Cooliest chegou em passos lentos, ninguém, nem professores, gostam de segundas-feiras. O que me surpreendeu não fora a lerdeza do professor, óbvio que não, mas sim quem o seguia, em passos mais lentos ainda. O mais... não, o segundo mais lindo garoto que eu já vira, simplesmente perfeito. Ele não era o tipo de garoto loirinho com o rosto perfeito e roupas de marca, definitivamente não. Nem o tipo de menininho da mamãe que se esconde por trás da imagem de “guitarrista da banda de garagem que vai ser um sucesso”. Ah, ele era o meu tipo. Ele usava uma calça larga, talvez dois números maior que ele e um all star branco, básico. A camisa pólo preta aberta mostrando seu peito, diga-se de passagem, muito musculoso. E o rosto, ah, o rosto... A barba mal feita e o cabelo desgrenhado o diferenciava de todos garotos com rosto infantil da escola e realçava seus olhos azuis profundamente juvenis. Ali estava. O menino que a ajudaria a sair dessa obsessão, não, não era a palavra certa para descrever o que ainda estava sentindo por , somente sabia que precisava de outro alguém, alguém que me fizesse esquecer minha última noite em LA.
Ele caminhou com as mãos no bolso distraído com a bagunça dos novos colegas, talvez surpreso. Ele não parecia o tipo de garoto imaturo que ficava fazendo brincadeirinhas idiotas, ah, eu odiava esse tipinho. Admito que já fiquei com um assim, mas não importava. Nada importava, a não ser encontrar todas maneiras possíveis de admirar disfarçada e moderadamente aquele... deus grego que seria meu colega por todo um ano.

O primeiro período foi cruel. Além das fofocas de sempre que eu odiava, eu agora fazia parte delas e era o assunto, e isso me incomodava. Sempre gostei da minha invisibilidade e exilo da sociedade jovem, com exceção da pequena, ou nem tão pequena, quantidade de caras com que eu dormi ou queria dormir, e nenhum deles era tão jovem a ponto de estar no Colegial. Claro, com exceção de... bom, não sabia seu nome e estava destinada a descobrir.
O sinal tocou, parecendo alertar meus colegas que era hora de abrir suas matracas para falar dos outros descontroladamente, enquanto corriam para os corredores para poderem ver mais pessoas, e assim, pode falar mais ainda delas. Ah, como eu odiava essas atitudes infantis, porque será que elas me lembram demais todos os filmes americanos que quando eu era menos achava que eram exageros? Bom, pelo menos nessa escola o exagero era a característica mais marcante, a característica que a cada dia aumentava meu desejo de fugir dali.
Ele estava ali, arrumando o material, quando deixou, sem perceber, uma caneta cair. Andei em passos lentos e peguei a caneta. Aproximei-me e, Deus me abençoe, a cada passo o perfume estonteante daquele garoto me fazia perder o equilíbrio.
-Isso deve ser seu – mostrei a caneta em sua mesa e quando ele tentou pegá-la puxei a mão com um sorriso maroto, surpreendendo-o – A caneta em troca de seu nome – olhei maliciosa e um sorriso surgiu no canto de seus lábios, lábios que chamavam cada vez mais. Ele se levantou e eu sentia que não gostava do rumo que a conversa estava levando, digo, eu a assumindo por mim mesma.
****, prazer – ele esticou a mão para me cumprimentar e o surpreendi novamente simplesmente entregado a caneta com um sorriso maroto.
e o prazer é todo meu – sorri fixando meu olhar em seus músculos e mordi o lábio inferior sem pensar que ele provavelmente me observada. Ele soltou uma gargalhada gostosa, o que me fez rir mais ainda. De repente estávamos os dois rindo descontroladamente e eu apoiada, realmente sem nenhuma segunda intenção, em seu braço. E por um momento senti como se a sala estivesse cheia e eu não precisasse de mais ninguém, ele me passou... felicidade.
-Parece... – **** controlou o riso mais uma vez e voltou a falar normalmente, enquanto eu somente sorria – Parece que você se distraiu um pouco...
-Me desculpe. Bom, é novo aqui, não deve conhecer nada.
-Com certeza não. Seja minha guia hoje – ele sorriu malicioso.
No intervalo e nos dois últimos períodos o centro das atenções deixou de ser eu e mnhas féras para ser uma aluna nova linda. Ela parecia aquelas princesas dos contos de fadas. Os cabelo lo Mas a coitada tinha que ter uma das características mais sofridas de todas? Ela era tímida, nossa, como era tímida. As garotas do terceiro ano, suas e minhas colegas, encontraram na menina o alvo perfeito para todo o ano. Ah, como senti pena. Percebeu como não sou tão fria? Na realidade, acredito que a amizade é o sentimento mais lindo, milhares de vezes mais verdadeiro e puro que o amor. E, seguindo esse princípio que mudei meu caminho ao sair da escola. Deveria seguir para casa e passar um dia hidratando meu cabelo que estava terrível depois das praias de LA, mas não o fiz. 1
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