O Ossuário
Agência
Estado
25/10/2002 |
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Única referência concreta a Jesus Cristo pode ter sido encontrada em
Israel
A
inscrição encontrada em aramaico: "Tiago, filho de José, irmão de
Jesus"
WASHINGTON - Uma inscrição em um ossuário que foi descoberto
recentemente em Israel parece ser a mais antiga evidência
arqueológica de Jesus Cristo, de acordo com um especialista que
acredita que ele data de três décadas depois da crucificação.
Ao escrever na Biblical Archaeology Review, Andre Lemaire,
especialista em inscrições antigas na Practical School of Higher
Studies da França, diz que é muito provável que o achado seja uma
referência autêntica a Jesus de Nazaré.
O ossuário encontrado em Israel
Que Jesus existiu não é uma dúvida para estudiosos, mas o que mundo
sabe sobre ele vem quase que inteiramente do Novo Testamento. Nenhum
artefato material do século primeiro relacionado a Jesus foi
descoberto e verificado. Lemaire acredita que isso mudou, embora
permaneçam dúvidas, tais como onde a peça com a inscrição esteve por
mais de 19 séculos.
A inscrição, na língua aramaica, aparece em um ossuário vazio de
pedra calcária. Lê-se: "Tiago, filho de José, irmão de Jesus".
Lemaire diz que o objeto data de 63 d.C.
Uma das línguas semíticas, o aramaico foi falado no Oriente Médio a
partir do século sétimo a.C. e foi a principal língua do Império
Persa do século quarto a.C. ao século sexto a.C.
As primeiras evidências diretas do aramaico datam do século 10 a.C.
e ele existe como língua viva até hoje, sendo falado em dialetos
modernos por minorias no Iraque, Turquia, Irã e Síria.
Acredita-se que a maioria dos falantes está em comunidades de
emigrantes da Armênia e da Geórgia.
Lemaire disse que o estilo de escrita, e o fato de os judeus usarem
ossuários somente entre 20 a.C. e 70 d.C., colocam a inscrição na
época de Jesus e Tiago.
Os três nomes eram muito comuns, mas ele estima que somente 20
Tiagos existiram em Jerusalém durante a época.
Além disso, colocar o nome do irmão e o do pai no ossuário era
"muito incomum", diz Lemaire. Há somente um outro exemplo de um
ossuário em Aramaico encontrado até hoje.
Desse modo, esse "Jesus" em particular deve ter sido uma pessoa
importante - ou o próprio Jesus de Nazaré, como conclui Lemaire.
No entanto, é impossível provar que o Jesus escrito no ossuário é,
de fato, Jesus de Nazaré.
A revista de arqueologia diz que dois cientistas da Pesquisa
Geológica do governo israelense realizaram um detalhado exame
microscópico da superfície e da inscrição. Eles informaram que "não há evidências que possam tirar a autenticidade da
peça".
O dono do ossuário também pediu a Lemaire para proteger sua
identidade, então a atual localização da caixa não foi revelada.
Tiago é considerado o irmão de Jesus no Novo Testamento e líder da
Igreja em Jerusalém no Livro dos Atos e nas cartas de Paulo.
No século primeiro o historiador judeu Josephus escreveu que "o
irmão de Jesus conhecido como Cristo, de nome Tiago", e foi
apedrejado até a morte sendo considerado um herege em 62 d.C. Se
seus ossos foram colocados em um ossuário, isso teria ocorrido no
ano seguinte, com a inscrição datando de 32 d.C.
O reverendo Joseph Fitzmyer, professor de teologia na Universidade
Católica que estudou fotos da caixa, concorda com Lemaire na idéia
de que o estilo de escrita "se encaixa perfeitamente" ao de outros
exemplos do século primeiro e admite que a aparição desses três
nomes famosos juntamente é "impressionante".
"Mas o problema é, você tem que me mostrar que este Jesus é o Jesus
de Nazaré, e ninguém pode mostrar isso", diz Fitzmeyer.
O dono do ossuário nunca percebeu sua potencial importância até que
Lemaire o examinou no início do ano. Hershel Shanks, editor da
Biblical Archaeology Review, viu a caixa no dia 25 de setembro.
Lemaire disse à Associated Press que o proprietário quer o anonimato
para evitar longos contatos com repórteres e religiosos. Ele também quer
evitar o custo do seguro do artefato, e disse que não tem planos de
expô-lo para o público.
O ossuário que pode ter guardado os restos do irmão de
Jesus.
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