Quem foi Maria
Madalena?
Qual a sua importância na vida de Jesus e nos tempos
preliminares do Cristianismo?
Os Evangelhos Canônicos lhe conferem uma posição de
destaque entre as mulheres que seguiam Jesus e o
"serviam" (em grego "diakonein", que significa "servir",
de onde provém o termo "diácono").
O Talmud diz que foi mulher de um romano e que não
gozava de boa reputação, por se declarar apreciadora do
sensual "Cantar dos Cantares" (Cantico dos Cânticos).
Os gnósticos cristãos a tornaram um ícone, superior em
importância e saber aos discípulos masculinos do
Salvador. No Evangelho que leva seu nome, é ela
quem os exorta a "ir à luta", para difundir a mensagem
que o Mestre lhes havia deixado. E é somente a ela que o
Salvador revela, em uma visão, sua doutrina esotérica.
No "Pithys Sophia", Madalena representa a centelha
anímica que existe em cada ser humano, a parte da Sophia
que ficou em nós, e que é a única capaz de se comunicar
com os planos espirituais, para receber a verdadeira
Gnose libertadora.
COMPANHEIRA
Quando as descobertas de Nag Hammadi vêm à luz, é de uma
obra gnóstica que emerge um termo polêmico, capaz de
incendiar a imaginação dos homens do século XX: Maria
Madalena é chamada de "companheira" de Jesus, no
"Evangelho de Felipe".
De "companheira" à
"esposa" é um passo curto, que rende milhares de dólares
a escritores oportunistas.
Afinal, quem foi Maria Madalena?
Discípula, companheira, esposa?
Muitos dos que escreveram e escrevem sobre ela não
esquecem de mencionar que Madalena estava presente nos
episódios mais importantes da história de Jesus,
inclusive no da sua ressurreição.
DIA E NOITE
A mulheres que seguiam e serviam Jesus, acompanhavam o
Mestre e seus discípulos em todos os momentos e em todos
os lugares?
Estavam com eles durante os dias e durante as noites?
Dormiam onde eles dormiam, mesmo quando "acampavam" ao
ar livre, nos dias em que o "Filho do Homem" não tinha
nem onde "repousar a cabeça"?
Se Madalena era esposa de Jesus, haveria de estar ao seu
lado dia e noite.
Deitava-se onde ele se deitava. Deitava-se com ele.
Dormia com ele.
Estava com ele em todos os momentos, sobretudo no mais
difícil, quando seu corpo foi brutalmente afixado a uma
cruz romana.
Estava mesmo?
Recuemos no tempo.
JERUSALÉM
É noite em Jerusalém.
A velha cidade regurgita de povo. É tempo de Pessach
(Páscoa).
Muitos vieram de longe. São judeus da "diáspora", que do
hebraico guardam apenas algumas palavras rituais. A
maioria deles comunica-se em grego.
Tiveram que trocar moedas estrangeiras que trouxeram,
por outras sem efígies, para poderem depositar seus
óbolos no Templo construído por Herodes.
Alguns hão de ter testemunhado o momento em que um
punhado de galileus agrediu cambistas do templo,
derrubando mesas, espalhando moedas pelo chão.
Um fato lamentável. Mas enfim, que se pode esperar de
galileus, essa gente rude, arruaceira, que vive em uma
região cheia de gentios, e onde reina o tetrarca
Antipas?
Os agressores foram rápidos. Evadiram-se antes que os
guardas do templo chegassem para prendê-los.
Mas devem estavam sendo procurados.
NOITE DE AFLIÇÃO
Os "galileus" estão no jardim de Getsêmani, no monte das
Oliveiras, perto de Jerusalém.
Jesus está aflito. Sua alma está "cheia de tristeza, até
a morte".
Talvez pressinta o que está para acontecer, talvez o
saiba.
Pede aos que estão com ele que vigiem, enquanto se
afasta para orar ao Pai.
Madalena está entre
eles?
As outras mulheres que seguem Jesus também estão?
Os Canônicos nada dizem.
Se Madalena é discípula, é provável que esteja. Se é
esposa, certamente há de estar.
Jesus retorna e encontra os discípulos dormindo,
enrolados em seus mantos.
Madalena também dormiu, apesar de ter percebido a
aflição do Mestre ?
Quando chegam os
guardas que vêm prender Jesus, qual é a reação de
Madalena?
Grita, chora, sai em defesa do Mestre (talvez Esposo)?
Ou, como os demais, deixa-se paralisar pelo medo?
Nem todos adotam uma posição passiva.
Há um que reage (talvez Pedro): desembainha uma espada e
investe contra o guarda que pretende manietar Jesus.
Espada? Os discípulos de Jesus andam armados?
Num gesto instintivo, o guarda desvia a cabeça, mas a
espada o atinge na orelha, decepando-a.
Se não tivesse se esquivado, provavelmente sua cabeça
seria fendida, e ele estaria morto.
Qual a reação dos guardas diante da atitude de Pedro?
O normal seria que, vendo o companheiro atingido,
sangrando, se lançassem contra todo o grupo,
acutilando-o indiscriminadamente.
Seria um massacre.
Poupariam Jesus, por terem ordens de levá-lo vivo, mas
chacinariam seus seguidores ... e não haveriam de ser
repreendidos por aqueles que os encarregaram da missão.
Espantosamente, os guardam nada fazem. Nem tentam
prender o homem que atacou seu colega.
É Jesus quem repreende Pedro, ordenando-lhe que embainhe
a espada (não que se desfaça dela).
Então, instala-se a debandada.
Os companheiros de Jesus tratam de pôr-se a salvo,
fugindo do local. Há um até que foge completamente nu.
Mas há dois deles que, a uma distância cautelosa,
acompanham o cortejo de Jesus conduzido pelos guardas.
É Pedro e um "outro discípulo".
Quem é esse outro? Será Madalena ou ela também fugiu
junto com os demais?
GÓLGOTA
Abandonado pelos que, há poucos dias, o aclamavam e
seguiam, Jesus é condenado por Pilatos e crucificado.
Aos pés da cruz, algumas das mulheres, testemunham seus
derradeiros momentos.
Ali estão Maria, mãe de Tiago o menor, Salomé, e ,,,
Madalena.
A mãe do crucificado também está presente, em companhia
de um discípulo.
Pouco antes de expirar, Jesus dirige-se à mãe e confia-a
aos cuidados do discípulo.
A Madalena (talvez
esposa), nenhuma palavra de adeus.
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