Fotografando com Camera Fixa

equipamento

A astrofotografía com camera fixa é a forma mais fácil, acessível e simples de iniciar-se no mundo da fotografia celeste. Não é necessário o uso de telescópios, montagens motorizadas nem sistemas guias. Somente com uma camera reflexa, um tripé e um cabo disparador com trava conseguiremos captar estrelas invisíveis ao olho humano, cometas, meteoros, etc. Ademais, a única coisa que precisamos é um pouco de paciência e um método adequado de trabalho.

Equipamento e Material Necessário

Alguns filmes aconselháveis são:

FUJICHROME P1600 e KODAK EKTACHROME P800/ 1600 para diapositivo (transparência = slids). FUJI SUPER HG 800, FUJI 1600, KODAK EKTAR 1000 e KODAK EKTAPRESS 1600 para copias em papel fotográfico.

Conselhos Úteis

Tempo Máximo de Exposição

Devido ao movimento de rotação da Terra, os astros descrevem um aparente movimento circular de Este a Oeste com centros nos pólos celeste Norte e Sul. É por isso que se passarmos um certo tempo de exposição em fotografias com uma camera fixa, os astros não apareceram no negativo como pontos, mas sim como traços luminosos mais ou menos menos longos.

Para um desarranjo máximo de um astro sobre um negativo de 35 mm. de 0,032 mm e uma objetiva focal F em milímetros, teremos uma diferença (desarranjo) angular de:

(0,032/F) rad * (180º/rad) = (1,833/F)º

Se no equador celeste um astro realiza um círculo completo em aproximadamente 24 horas, o tempo t que demorara a realizar o anterior desarranjo angular será:

t = (1,833/F)º * (24h/360º) * 3600s = (440/F) seg.

A medida que o campo a fotografar se aproxima dos Polos, o movimento aparente do céu é muito mais lento o que nos permitirá aumentar o tempo de exposição. Assim, o aumento é inversamente proporcional à mínima declinação do campo fotografado:

t = 440/(F*cos d )

Por que a declinação mínima?

Porque se utilizamos para o cálculo da declinação do centro do campo, os astros que estão nas bordas apareceram com suas imagens em movimento.

Por exemplo, se centrarmos a camera no Pólo Norte (d =90º) ou Sul (d= -90°), o tempo de exposição que nos daria a fórmula seria infinito. Sem dúvida, nas bordas de um campo abrangido por uma objetiva de 50 mm., nós encontraremos com astros, no pólo norte, de declinação d =90º-(47º/2)=66,5º que é o tempo máximo de exposição para obter-se estrelas em forma de pontos em todo o campo enquadrado, que seria:

t = 440/(50*cos66,5º) = 22segs.

TABELA I

Ângulos cobertos por diferentes objetivas sobre a diagonal de um negativo de 35 mm
f (em mm) Cobertura (em º)
28 75
50 47
100 24
135 18
200 12

Na TABELA II, damos os tempos máximos para diferentes objetivas e campos. Na prática podemos melhor ajustar os tempos realizando exposições com um aumento ou diminuição de 1 segundo.

Tempos de Exposição - Para que as estrelas apareçam como pontos na imagem, devemos limitar a exposição aos seguintes tempos (em segundos):

TABELA II

Campo Fotografado Declinação Tempo de Exposição
Próximo ao Equador -30º a +30º 8-10 s.
Próximo ao Polo Norte +60º a +90º 20-25 s.
Zona Intermediária +30º a +60º 10-15 s.
Próximo ao Pólo Sul -60° a -90º 20-25 s.
Estes tempos foram calculados para uma objetiva de 50 mm. Podem variar segundo o tipo de fotografia que desejamos realizar.

Magnitude máxima captada

Que magnitude máxima podemos conseguir em nossas Astrofotografias aplicando os tempos máximos de exposição?

Segundo Martínez (1.990), a magnitude é dada pela seguinte fórmula:

M = 8,4 + (5*logD) + (2*logT) - (LogF) + (2,5 * log(S/800))

Onde:

Se utilizarmos uma objetiva de 50 mm a f/1.8, um filme de 1000 ISO (ASAs) e uma exposição de 22 segundos, obteremos uma magnitude limite de:

M=8,4+5*log(2,8cm)+2*log(0,36min)-log(5cm)+2,5*log(1000/800) igual a 9,6.

Na TABELA III podemos ver as magnitudes limites para diferentes focais, diafragmas, tempos e sensibilidades.

TABELA III
Focal f/ T (segundos) Sensibilidade ISO (ASAs)
400 800 1000 1600
28 2,8 25,8 6,48 7,23 7,46 7,97
28 2,8 15,0 6,00 6,75 7,0 7,50
50 1,8 22,0 8,27 9,02 9,26 9,77
50 1,8 8,0 7,40 8,15 8,39 8,90
100 3,5 21,2 7,94 8,69 8,93 9,44
100 3,5 4,0 6,50 7,25 7,49 8,00
200 4 21,0 8,93 9,68 9,92 10,43
200 4 2,0 6,89 7,64 7,88 8,39
Nota - Para facilitar os cálculos foi usado um tempo de 24 horas, porém na realidade um astro percorre o círculo completo em n 23 hrs. 56 min. 04 seg., o que se chama de DIA SIDERAL.

A fórmula anterior são efetivas só somente para fotografias de zonas que cercam ao zênite em condições de obscuridade muito boas.

Devemos ter em conta a absorção atmosférica da luz emitida pelos astros. Em geral se consideram as seguintes perdas de magnitudes:

Altura sobre horizonte 0-15º 15-30º 30-50º
Perdas de magnitude 1 a 1,5 0,5 a 1 0,5

Outros dados a serem considerados são:

Focalização da Imagem

Devemos enfocar a imagem com a maior precisão possível, sempre até o infinito (a ou ¥ no modo de enfoque). Porém, há que ter-se cuidado, alguns objetos não se encontram exatamente no infinito, e sim um pouquinho antes.

linha

Dicas do Expert Astrônomo Amador José Carlos Diniz

A Astrofotografia permite o registro permanente dos fenômenos celestes, propiciando sua comparação posterior , tanto na astronomia observacional produtiva, registrando estrelas variáveis, meteoros, eclipses etc. quanto no registro de belas imagens , que obtidas de forma simples são motivo de fascínio.

Para começar a fotografar o céu você precisa de uma máquina fotográfica, um tripé e um cabo disparador.

Características da camera:

1- Ser manual, não servindo aquelas automáticas que dependem de bateria para seu acionamento, ou não permitam controle de foco, diafragma e velocidade.

2- Possuir na escala de velocidade a posição B ( pose ) ou seja, permitir que se mantenha o obturador aberto o tempo que se desejar e, para isso, usa-se o cabo disparador. Seria desejável , mas não imprescindível que possa trocar as lentes( o uso de grande angulares e tele-objetivas ampliam os limites da astrofotografia ), que o espelho pudesse ser erguido e travado e que o screen de focalização pudesse ser trocado. Inaceitável é não ter focalização precisa e vibrações fortes ao ser acionada.

Munidos de nossa camera, tripé , cabo disparador e de um filme de sensibilidade média ( 400 ISO ) partamos para um local afastado das luzes da cidade, preferencialmente em noites sem ou com pouca luz da Lua e mãos à obra.

Dados importantes:

1- O movimento da Terra faz com que as estrelas se desloquem a 15º/ h em nosso campo visual. Há um limite de exposição além do qual o movimento aparente das estrelas fará com que elas apareçam como um risco formando trilhas no negativo; como regra prática dividiremos 1000 pela distancia focal de nossa objetiva obtendo o tempo em segundos para a exposição. Assim , objetiva de 50mm teremos 1000/50= 20 seg. ; para uma teleobjetiva de 135mm 1000/135= +/- 8 seg. etc. etc.

2- ANOTEM ! Facilmente esquecemos dados como, tempo de exposição, abertura etc. . como regra sempre anotem número da foto, tempo de exposição, diafragma, objeto visualizado, data, hora local da foto e toda e qualquer intercorrencia.

Experiências:

1 - Nossa primeira experiência será apontar nossa camera para uma constelação conhecida ( Orion por exemplo) e com a objetiva de 50mm na sua maior abertura, colocar o obturador em B e expor por 20 segundos usando o cabo disparador com trava. Tenho certeza de que ficarão surpresos com a quantidade de estrelas que aparecerão no campo, seguramente de 1 a 2 magnitudes alem do que se observa a olho nu.

1.1 - Façamos mais exposições da mesma constelação com tempos de 30, 40 seg. e 1 minuto para compararmos os resultados.

2 - Agora apontem para outra área conhecida e deixem a máquina em B , feche 2 pontos de diafragma e deixem 20 minutos de exposição. Observaremos os trails, linhas luminosas formadas pelo deslocamento das estrelas. Vocês serão capazes de notar melhor as cores das estrelas e ainda assim reconhecerem as constelações.

2.2 - Repitam a mesma foto focalizando a objetiva da camera para 30 metros, notarão então que as estrelas desfocalizadas ficarão maiores exibindo melhor suas cores. Façam isso com várias distancias e comparem os resultados.

3 - Apontem sua camera para o Polo Sul, focalize no infinito, fechem o diafragma 3 a 4 pontos ( se sua objetiva for 1.4 avance para 4 ou 5,6 ) posicionem em B, usem o disparador para travar e deixem o filme exposto entre 30 minutos e 1 hora. Veremos as trilhas deixada pelas estrelas girando em torno do Polo Sul celeste, as cores das estrelas ficarão bem marcadas e em lugares escuros e abertos notaremos a grande e a pequena nuvem de Magalhães como manchas luminosas em meio às trilhas.

Muitas outras coisas podem ser feitas com uma camera fixa como registrar satélites artificiais, meteoros, cometas, eclipses , ocultações além de belas composições, como as plumas e cones de luz obtidas pelo famoso astrofotógrafo David Malin.

As iluminações artificiais de fundo ( árvores ,casas ou outros objetos fixos em contraste com o céu ) são muito usados para compor bonitas cenas, dêem asas à imaginação ! Espero que essas dicas façam vocês porem mãos à obra, e saibam que ao faze-lo estarão correndo o risco de se apaixonarem perdidamente por essa arte maravilhosa que é a astrofotografia.

Obrigadão Diniz, VALEU !!!

''Feliz daquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina!''
Cora Coralina

Hosted by www.Geocities.ws

1