A Mídia e a Educação


Prof. Alexandre Appio*


Interessante o vulto que a Televisão tomou nos últimos tempos. Ela substitui o diálogo, a invenção de idéias e o pior: a possibilidade de criticar, de refletir. Ela é a Babá de todos os dias para as nossas crianças, com programas inúteis, deturpantes e justamente durante o período fundamental para o desenvolvimento da criança, que vai dos 2 aos 10 anos. Esse período vai moldar toda a personalidade do adulto, pelo resto da vida. Explico: o que a criança presenciar nesse tempo, vai estar no inconsciente ou consciente pelo resto da vida.
Se formos ver, para a Televisão, somos apenas consumidores, não seres humanos. Temos que seguir o que nos é incutido. E o mais interessante, é que este quadro não vem de anos recentes, com a globalização, acentuação do consumismo, etc, mas vem desde a década de 1950, quando começa a mudar totalmente o perfil da economia no Brasil, com a maior industrialização. Com esta, colocava-se até anúncios que era necessária mão de obra nas áreas metropolitanas e nas cidades. O agricultor, por sua vez, via aquela riqueza toda mostrada na TV e tratava de vender as suas propriedades e ir para a cidade em busca do "emprego certo". Com isso, vemos um aumento expressivo do êxodo rural, que acontece até o inicio dos anos 90, deixando de herança nossas favelas, desemprego, péssima infra-estrutura das cidades, etc. E nas cidades do Brasil, um país industrializado agro-exportador, não comportava e não comporta empregos para toda a população. E vemos o subemprego, criminalidade, desigualdade social, etc.
E hoje, somos estressados, impacientes, imediatistas, nos preocupamos com o que temos, não com o que somos, transferindo isso para nossas crianças, ávidas em consumir, que se preocupam com a marca da roupa do colega, mas não com o que acontece a sua volta... aprender a questionar, então, fora de questão. Isso me lembra um videoclip em que as crianças manipuladas vão em fileira para uma máquina moedora, como produtos em série.

Onde vamos parar? Qual é a saída?
Uma, seria reformular a educação, torná-la mais atual e baseada na realidade, buscando o interesse, e incentivando a crítica dessas crianças para que saibam se defender de tudo o que vêem na TV, afinal, elas serão o futuro.
Outra, reformular os programas transmitidos, incentivar a convivência social. Isso iria levar tempo, pois o público está viciado em inutilidades, programas de auditório totalmente deturpantes e sem nenhum vinculo instrutivo. E buscar quem somos, não o que temos.
Claro, a economia e o consumo tem que sobreviver, pois estamos num capitalismo, mas nós também temos esse direito, como pessoas, como cidadãos de uma cidade, de um país.


*Professor graduado em Geografia e pesquisador
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