Geográficas!
* Prof. Appio
Esta seção é dedicada a curiosidades e perguntas que
afloram em todos os aspectos ao nosso redor no dia a dia, nos quais também se
baseia a Geografia.
Petróleo. Como
podemos defini-lo? Poderia ser: “elemento básico para
a moderna sociedade industrial. É usado como combustível da imensa frota
mundial, fonte de energia elétrica, matéria prima para indústrias químicas, faz
parte de nossa vida diretamente, no dia a dia. A principal economia de todo o
Oriente Médio, é um combustível fóssil, responsável por
grande parte das emissões de CO2. Formado em bacias
sedimentares, da decomposição de material orgânico, em milhões de anos.”
Vamos a outros aspectos:
Combustível
Crucial:
O petróleo se tornou crucial para a civilização moderna. Ele satura
praticamente cada aspecto da vida moderna e o bem-estar de cada indivíduo, comunidade e nação do planeta está ligado à cultura energética
baseada no petróleo. Todavia, mesmo com o petróleo se tornando
indispensável, seu uso contínuo já começa a impor custos e riscos inaceitáveis.
Para entender...
Como o petróleo deixou de ser vantagem para se tornar um ônus, temos que
começar com seu lugar na vida moderna. Consideremos um
cidadão comum, morando numa cidade ou subúrbio do mundo industrializado
– chamemo-lo de Sr. Silva – numa manhã de um sábado qualquer. Ele desperta ao
som do rádio-relógio, toma um chuveiro, coloca suas lentes de contato, veste
seu moleton e calça seu tênis. Na cozinha, Sr. Silva
toma um prato de cereal, escova seus dentes, coloca um agasalho de nylon e sai
na garoa da manhã para as compras. Carro ou onibus?
Hoje prefere o carro.
Primeiramente, ele pára na sua loja de música favorita, onde estaciona,
abre seu guarda-chuva e corre para a loja. Lá dentro, olha um pouco e escolhe
um par de CDs, pagando com cartão de crédito. No caminho de casa, Sr. Silva
pára numa loja fotográfica para comprar uma nova câmera digital, para a esposa,
e um cassete para a câmera de vídeo. Chama a esposa pelo celular para saber se
precisa de algo da farmácia; ela lhe pede loção para as mãos e seu batom
favorito. Com pequenas modificações, esta vinheta pode se aplicar à vida de
centenas de milhões de pessoas em Cingapura, Berlim, São Paulo, Porto Alegre ou
qualquer outro lugar no mundo.
O quadro mudaria...
Imagine, porém, como o quadro mudaria se um elemento – o petróleo – fosse
apagado da tela. Para início de conversa, tanto carros quanto subúrbios
espraiados são criações do petróleo barato e seriam muito menos comuns. Nossa
estória mudaria radicalmente. Os itens seguintes que são mencionados ou estão
implícitos ou são, pelo menos em parte, feitos com petróleo: rádios, chuveiros,
xampu, lentes de contato, escovas e pastas de dente, medicamentos e cápsulas de
pílulas, tecidos, sapatos, automóveis (tapetes e estofamento, isolamento,
correias de ventiladores, caixas de baterias, vidros e cintos de segurança,
alto-falantes, pneus, painel de instrumentos, tinta), guarda-chuvas, CDs,
cartões de crédito, esferográficas, câmeras, filmes, celulares e inúmeros cosméticos.
Sem falar no papel imenso que o petróleo desempenha na produção agrícola –
desde a fabricação e alimentação das máquinas agrícolas ao seu uso como insumo
fertilizante e no processamento, embalagem e transporte. Porém, o petróleo é
ainda mais importante como fonte energética.
O Consumo global...
Hoje, o consumo global da energia útil por pessoa
é cerca de 13 vezes maior do que na época pré-industrial – embora a população
total tenha decuplicado desde 1700. O petróleo – de fácil extração, flexível e de
densidade energética – é a fonte de energia mais valorizada do mundo. É a maior
fonte de energia mundial, responsável por aproximadamente 37% da produção
global de energia. E mantém uma posição dominante na economia mundial. A
combustão do petróleo também é responsável por 42% de todas as emissões de
dióxido de carbono (CO2), o principal gás de estufa produzido pelo homem. Nesta
“cultura de consumo de energia,” única na história da
humanidade, a saúde, bem-estar, prosperidade e perspectivas de bilhões de
pessoas – sua segurança e a das suas nações – estão diretamente influenciadas
pelo preço e disponibilidade do petróleo.
A dependência...
A dependência do petróleo significa vulnerabilidade econômica. Picos do
preço do petróleo podem provocar tanto inflação quanto
recessão, com impactos sobre rendas pessoais e emprego. Os principais
atores no palco petrolífero – nações importadoras e exportadoras – mantêm o
mesmo tipo de relacionamento que viciados e traficantes: nenhum pode facilmente
viver sem o outro.
O consumo global subiu ao longo do tempo, apesar do aumento cada vez
mais visível de poluição, emissões de gás de estufa e outros problemas. Embora
os países industrializados utilizem a maior parte do petróleo mundial, as
nações em desenvolvimento são, mais dependentes do petróleo e utilizam muito
mais petróleo em proporção ao porte de suas economias. Muitos países em
desenvolvimento importam praticamente todo seu petróleo, estando mais
vulneráveis a choques de preço do que muitas nações industrializadas. Os
aumentos de preço do petróleo afetam diretamente os países pobres, pois o
aumento no custo dos transportes de alimentos pode afetar as dietas de
populações urbanas pobres e preços mais altos de querosene podem significar a
falta de combustível de cozinha.
O crescimento do consumo...
O consumo subiu em dezenas de países em desenvolvimento e
industrializados. Só os Estados Unidos contribuíram com um quarto do aumento,
enquanto o consumo na China aumentou ainda mais rapidamente – 5,2 milhões de
barris por dia, em 2002, para cerca de 6,6 milhões, em 2004, grande parte da
demanda sendo atendida por aumento das importações.
Os produtores não estão conseguindo
atender à intensificação da demanda. Eles atribuem os preços mais altos ao
aumento da demanda e à falta de investimentos por parte das empresas
petrolíferas. A maioria dos analistas acha que as reservas permitirão o aumento
da produção durante décadas, incrementada por novas tecnologias que permitirão
o petróleo ser extraído de locais inacessíveis. Essas premissas levam muitos
especialistas a prever que a produção mundial de petróleo continuará a subir. Estas projeções são pura fantasia, na opinião de um número
crescente de analistas, que acreditam que o aumento recente de preços já é um
sinal de que os produtores simplesmente não estão conseguindo achar petróleo
suficiente para acompanhar o crescimento da demanda.
São necessários investimentos...
Serão necessários
dezenas de bilhões de dólares de investimentos externos para aumentar a
produção do Golfo Pérsico, mas estes investimentos só virão quando as empresas
petrolíferas se convencerem de que a região está suficientemente estável. A
falta de segurança é a razão pela qual, em 2004, a produção
iraquiana ficou bem abaixo do esperado, até mesmo dos níveis restritos dos anos
finais de Saddam Hussein, contrariamente às previsões do Pentágono de que a
produção subiria no ano após Saddam ter sido deposto.
Entre as incertezas, parece provável que a
economia energética mundial entrou num período de turbulência prolongada. O ritmo de crescimento da demanda de petróleo da última década não
poderá ser atendida por muito mais tempo, entretanto, esta realidade
surge justamente quando China e Índia – com uma população total de 2,5 bilhões
de pessoas – e outros países entram num estágio petrolífero intensivo de
desenvolvimento econômico, mexendo-se para reivindicar seus direitos sobre as
reservas mundiais.
*Alexandre Appio,
professor de Geografia, pesquisador e editor. [email protected] e www.aappio.com