Geográficas!

* Prof. Appio

Esta seção é dedicada a curiosidades e perguntas que afloram em todos os aspectos ao nosso redor no dia a dia, nos quais também se baseia a Geografia.

 

Caixa de texto: INDICADORES DA POSIÇÃO CENTRAL DO PETRÓLEO NA ECONOMIA
Duas entre as 10 maiores corporações nos Estados Unidos em termos de vendas (ExxonMobil e Chevron Texaco) são empresas petrolíferas. As 10 maiores empresas petrolíferas dos Estados Unidos atingiram receitas de quase US$ 430 bilhões, em 2002. Em 1999, 6 das 10 maiores corporações em todo o mundo (e 9 das 20 maiores) eram empresas petrolíferas ou colegas afins – empresas automobilísticas.
As empresas petrolíferas são grandes e lucrativas, devido à forte demanda global de petróleo. A maior parte do petróleo é utilizada em transportes e a maior categoria de veículo é o automóvel. A frota mundial de automóveis cresceu de 53 milhões, em 1950, para 539 milhões, em 2003. Esta tendência deverá continuar, à medida que os países em desenvolvimento se motorizam: na China, por exemplo, foram vendidos mais de 2 milhões de veículos, em 2003 (80% a mais do que em 2002), e a frota está projetada a totalizar 28 milhões, até 2010.
Petróleo. Como podemos defini-lo? Poderia ser: “elemento básico para a moderna sociedade industrial. É usado como combustível da imensa frota mundial, fonte de energia elétrica, matéria prima para indústrias químicas, faz parte de nossa vida diretamente, no dia a dia. A principal economia de todo o Oriente Médio, é um combustível fóssil, responsável por grande parte das emissões de CO2. Formado em bacias sedimentares, da decomposição de material orgânico, em milhões de anos.”

Vamos a outros aspectos:

 

Combustível Crucial:

O petróleo se tornou crucial para a civilização moderna. Ele satura praticamente cada aspecto da vida moderna e o bem-estar de cada indivíduo, comunidade e nação do planeta está ligado à cultura energética baseada no petróleo. Todavia, mesmo com o petróleo se tornando indispensável, seu uso contínuo já começa a impor custos e riscos inaceitáveis.

 

Para entender...

Como o petróleo deixou de ser vantagem para se tornar um ônus, temos que começar com seu lugar na vida moderna. Consideremos um cidadão comum, morando numa cidade ou subúrbio do mundo industrializado – chamemo-lo de Sr. Silva – numa manhã de um sábado qualquer. Ele desperta ao som do rádio-relógio, toma um chuveiro, coloca suas lentes de contato, veste seu moleton e calça seu tênis. Na cozinha, Sr. Silva toma um prato de cereal, escova seus dentes, coloca um agasalho de nylon e sai na garoa da manhã para as compras. Carro ou onibus? Hoje prefere o carro.

Primeiramente, ele pára na sua loja de música favorita, onde estaciona, abre seu guarda-chuva e corre para a loja. Lá dentro, olha um pouco e escolhe um par de CDs, pagando com cartão de crédito. No caminho de casa, Sr. Silva pára numa loja fotográfica para comprar uma nova câmera digital, para a esposa, e um cassete para a câmera de vídeo. Chama a esposa pelo celular para saber se precisa de algo da farmácia; ela lhe pede loção para as mãos e seu batom favorito. Com pequenas modificações, esta vinheta pode se aplicar à vida de centenas de milhões de pessoas em Cingapura, Berlim, São Paulo, Porto Alegre ou qualquer outro lugar no mundo.

 

Caixa de texto: O consumo é muito maior nas nações industrializadas e muito menor nos países em desenvolvimento.O quadro mudaria...

Imagine, porém, como o quadro mudaria se um elemento – o petróleo – fosse apagado da tela. Para início de conversa, tanto carros quanto subúrbios espraiados são criações do petróleo barato e seriam muito menos comuns. Nossa estória mudaria radicalmente. Os itens seguintes que são mencionados ou estão implícitos ou são, pelo menos em parte, feitos com petróleo: rádios, chuveiros, xampu, lentes de contato, escovas e pastas de dente, medicamentos e cápsulas de pílulas, tecidos, sapatos, automóveis (tapetes e estofamento, isolamento, correias de ventiladores, caixas de baterias, vidros e cintos de segurança, alto-falantes, pneus, painel de instrumentos, tinta), guarda-chuvas, CDs, cartões de crédito, esferográficas, câmeras, filmes, celulares e inúmeros cosméticos. Sem falar no papel imenso que o petróleo desempenha na produção agrícola – desde a fabricação e alimentação das máquinas agrícolas ao seu uso como insumo fertilizante e no processamento, embalagem e transporte. Porém, o petróleo é ainda mais importante como fonte energética.

 

O Consumo global...

Hoje, o consumo global da energia útil por pessoa é cerca de 13 vezes maior do que na época pré-industrial – embora a população total tenha decuplicado desde 1700. O petróleo – de fácil extração, flexível e de densidade energética – é a fonte de energia mais valorizada do mundo. É a maior fonte de energia mundial, responsável por aproximadamente 37% da produção global de energia. E mantém uma posição dominante na economia mundial. A combustão do petróleo também é responsável por 42% de todas as emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal gás de estufa produzido pelo homem. Nesta “cultura de consumo de energia,” única na história da humanidade, a saúde, bem-estar, prosperidade e perspectivas de bilhões de pessoas – sua segurança e a das suas nações – estão diretamente influenciadas pelo preço e disponibilidade do petróleo.

 

A dependência...

A dependência do petróleo significa vulnerabilidade econômica. Picos do preço do petróleo podem provocar tanto inflação quanto recessão, com impactos sobre rendas pessoais e emprego. Os principais atores no palco petrolífero – nações importadoras e exportadoras – mantêm o mesmo tipo de relacionamento que viciados e traficantes: nenhum pode facilmente viver sem o outro.  

O consumo global subiu ao longo do tempo, apesar do aumento cada vez mais visível de poluição, emissões de gás de estufa e outros problemas. Embora os países industrializados utilizem a maior parte do petróleo mundial, as nações em desenvolvimento são, mais dependentes do petróleo e utilizam muito mais petróleo em proporção ao porte de suas economias. Muitos países em desenvolvimento importam praticamente todo seu petróleo, estando mais vulneráveis a choques de preço do que muitas nações industrializadas. Os aumentos de preço do petróleo afetam diretamente os países pobres, pois o aumento no custo dos transportes de alimentos pode afetar as dietas de populações urbanas pobres e preços mais altos de querosene podem significar a falta de combustível de cozinha.

 

O crescimento do consumo...

O consumo subiu em dezenas de países em desenvolvimento e industrializados. Só os Estados Unidos contribuíram com um quarto do aumento, enquanto o consumo na China aumentou ainda mais rapidamente – 5,2 milhões de barris por dia, em 2002, para cerca de 6,6 milhões, em 2004, grande parte da demanda sendo atendida por aumento das importações.

Caixa de texto: O aumento recente de preços já é um sinal de que os produtores simplesmente não estão conseguindo achar petróleo suficiente.Os produtores não estão conseguindo atender à intensificação da demanda. Eles atribuem os preços mais altos ao aumento da demanda e à falta de investimentos por parte das empresas petrolíferas. A maioria dos analistas acha que as reservas permitirão o aumento da produção durante décadas, incrementada por novas tecnologias que permitirão o petróleo ser extraído de locais inacessíveis. Essas premissas levam muitos especialistas a prever que a produção mundial de petróleo continuará a subir. Estas projeções são pura fantasia, na opinião de um número crescente de analistas, que acreditam que o aumento recente de preços já é um sinal de que os produtores simplesmente não estão conseguindo achar petróleo suficiente para acompanhar o crescimento da demanda.

 

São necessários investimentos...

Serão necessários dezenas de bilhões de dólares de investimentos externos para aumentar a produção do Golfo Pérsico, mas estes investimentos só virão quando as empresas petrolíferas se convencerem de que a região está suficientemente estável. A falta de segurança é a razão pela qual, em 2004, a produção iraquiana ficou bem abaixo do esperado, até mesmo dos níveis restritos dos anos finais de Saddam Hussein, contrariamente às previsões do Pentágono de que a produção subiria no ano após Saddam ter sido deposto.

Entre as incertezas, parece provável que a economia energética mundial entrou num período de turbulência prolongada. O ritmo de crescimento da demanda de petróleo da última década não poderá ser atendida por muito mais tempo, entretanto, esta realidade surge justamente quando China e Índia – com uma população total de 2,5 bilhões de pessoas – e outros países entram num estágio petrolífero intensivo de desenvolvimento econômico, mexendo-se para reivindicar seus direitos sobre as reservas mundiais.

 

 


*Alexandre Appio, professor de Geografia, pesquisador e editor. [email protected] e www.aappio.com

 

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