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3.
PROCESSO PRODUTIVO 3.1
Berçários
O
uso do sistema de berçários intensivos tem por objetivo facilitar a
logística e o manejo da fazenda, aumentando a produtividade anual dos
viveiros da fazenda, sem atropelar as fases de secagem e preparo do
solo.
O sistema consiste em concentrar Pl’s destinadas ao povoamento
de vários viveiros da fazenda, em apenas um berçário, com densidades
elevadas (em média 250pl’s/m2). Isto permite que enquanto
o viveiro que se deseja povoar esteja sendo manejado e preparado, as
Pl’s destinadas a ele estejam em processo de engorda no berçário,
evitando problemas com o fornecimento de pós-larvas pelos laboratórios.
Além disso, quando o camarão é transferido para o viveiro de engorda,
já está com 1-2 g, possibilitando um ganho de até um mês no cultivo,
e diminuindo a mortalidade (SEIFFERT, W. Q., 2003).
A fertilização é
muito importante para garantir alimento natural para as pl’s desde os
primeiros dias de cultivo. Deve-se usar aeradores mecânicos na proporção
de 1 hp para cada 500 kg de biomassa de camarões, e os valores de OD não
devem cair a níveis menores que 3,0 mgO2/L (SEIFFERT, W. Q.,
2003).
Quando
os juvenis alcançarem o peso médio 1 a 2g, após 30-40 dias de
cultivo, é recomendado que sejam transferidos para os viveiros
definitivos. 3.2
Preparação do Viveiro
A
cada ciclo de produção, ao fim da despesca, os viveiros devem ser
totalmente drenados e expostos aos raios solares. Com o viveiro ainda úmido,
devem ser mapeados os níveis de pH do solo, para avaliar a quantidade
de calcáreo necessário para se corrigir a acidez. Entre as aplicações
de calcáreo, o solo deve ser revolvido para uma melhor oxidação das
camadas inferiores, proporcionando um ambiente ideal para as bactérias
aeróbicas participarem do processo de mineralização da matéria orgânica.
Em alguns casos, procede-se
a esterilização através do uso de cal virgem, para eliminação dos
patógenos (AMARAL, R., 2003).
Após este processo o viveiro pode ser enchido e fertilizado. 3.3
Fertilização Inicial
Na
fertilização são utilizadas substâncias inorgânicas em proporções
que complementem as quantidades de fósforo e nitrogênio existentes na
água de cultivo, proporcionando um maior desenvolvimento das algas
diatomáceas. Estas microalgas são ricas em ácidos graxos essenciais,
os quais são requeridos em altas quantidades pelos peneídeos, e podem
ser absorvidos na cadeia trófica de forma direta (consumo do fitoplâncton)
ou indireta (consumo do zooplâncton) (AMARAL, R., 2003). A
fertilização segue a relação recomendada para diatomáceas de 20:1
para N e P respectivamente, esperando-se de 15 a 20 dias para realizar o
povoamento, período necessário ao desenvolvimento da produtividade aquática. 3.4
Povoamento
O
povoamento é um dos momentos críticos do cultivo, e por isso devem ser
levadas em conta várias informações sobre as pós-larvas (Pl’s).
Para obter bom resultados de sobrevivência no povoamento, além da
qualidade das Pl’s, deve-se ficar atento para conseguir um aclimatação
eficiente das Pl’s às
condições do viveiro, evitando variações bruscas de temperatura, pH,
salinidade e OD.
Primeiramente, mede-se os parâmetros dos recipientes onde as
Pl’s foram transportadas. Então, um pouco da água de cada recipiente
para um tanque de fibra, com constante aeração.
Mede-se então os parâmetros do tanque de fibra, e caso estejam
diferentes dos do viveiro, faz-se a aclimatação, colocando água do
viveiro até que os parâmetros fiquem iguais. As Pl’s também
precisam ser alimentadas regularmente, usando-se para isso artêmias ou
ração especial. Durante a aclimatação, que pode demorar até algumas
horas, os parâmetros (pH, T e OD) devem ser medidos a cada 15 minutos.
Após a aclimatação, as Pl’s são transferidas para o
viveiro, onde serão alimentadas nos primeiros dias com ração
triturada. Tabela
1 - Tabela
de aclimatação de salinidade para pós-larvas
Fonte:
FAÇANHA et al, 2001. 3.5
Engorda 3.5.1
Tipos de Cultivo Basicamente
os cultivos podem variar de extensivos a semi-intensivos e intensivos.
As características diferenciais mais importantes entre estes tipos de
cultivo se referem à densidade de organismos e/ou oferta de alimento
artificial. Figura
1: Representação
esquemática dos parâmetros de produção relacionados com três tipos
(intensivo, semi-intensivo e extensivo) de cultivo de camarão marinhos. Fonte:
NUNES E PARSONS, 1998 apud NASCIMENTO, I. A., 2000. 3.6
Arraçoamento
Considerando
os altos custos representados pelo alimento balanceado, existe uma
preocupação constante entre os carcinocultores adequar e aprimorar as
técnicas de arraçoamento, visando evitar perdas na conversão deste em
biomassa de camarões. A ração
usada nos viveiros de engorda, quando não consumida, converte-se em
dejetos, que diminuem a qualidade da água. Por isso, o arraçoamento
deve ser executado de forma a aumentar ao máximo a proporção de ração
consumida pelos camarões.
O
sistema de arraçoamento tradicional consistia na distribuição do
alimento através de lance. Atualmente,
a maior parte das fazendas prefere usar o sistema de bandejas. Este
sistema não permite que a ração entre em contato com o sedimento do
fundo, além de possibilitar ao tratador, pela observação das sobras,
um controle do consumo diário do camarão. De acordo com este dado, o
tratador pode diminuir a quantidade de ração quando o camarão deixa
sobras, e aumentar quando a bandeja é encontrada vazia, acompanhando o
ritmo de consumo, e otimizando a conversão alimentar. As
sobras de ração, que por ventura venha ocorrer, não são
reaproveitadas e sim retiradas e adequadamente acondicionadas e
descartadas em lugar apropriado. Isto proporciona aos camarões em
cultivo a disponibilidade constante de um alimento em perfeitas condições
nutricionais. A ração a ser fornecida no viveiro é transportada em
caiaques de fibra de vidro, onde o arraçoador está de posse de
recipientes de volumes pré-determinados para medir as quantidades a
serem colocadas nos comedouros. É
importante também ao produtor atentar para a qualidade da ração que
está sendo adquirida, não aceitando sacos de ração antiga ou
esfarelada. 3.7
Aeradores
Os
aeradores mecânicos são indispensáveis em cultivos intensivos, mas as
necessidades de aeração devem ser estimadas para que se evite a aeração
excessiva, que desperdiça energia elétrica e causa erosão. Segundo (BOYD,
1997 apud HAWS et al, 2001), um equipamento de aeração
de 1 HP de potência permitiria a produção de 400 a 500 kg por hectare
a mais do que seria possível sem aeração. Deve-se preferir aeradores
grandes (2 HP ou mais), pois causam menos erosão por unidade de força
que os pequenos.
Durante
o dia, de acordo com dos níveis de Oxigênio Dissolvido (OD) nos
viveiros da primeira coleta de parâmetros da manhã, além da observação
da previsão de insolação e ventos para o dia, os aeradores podem ser
desligados, pois a produção de oxigênio pelas algas aumentará a
concentração de OD naturalmente, e será necessário menos aeração
artificial.
Além de aumentar a concentração de OD, os aeradores também
servem para homogeneizar a água do viveiro, possibilitando a exposição
de todo o plâncton a luz solar, e evitando a estratificação da coluna
d’água. 3.8
Tranferências As
transferências são semelhantes a despescas, e são executadas quando
se necessita transferir juvenis de berçários para os viveiros de
engorda, ou quando se deseja fazer um manejo com camarões de um viveiro
para outro (geralmente quando estes ficam durante muito tempo na
engorda, como os reprodutores destinados aos laboratórios de pós-larvas). Este
processo deve expor os camarões ao mínimo de estresse possível, para
obter uma boa sobrevivência. A transferência deve ser feita a noite
e/ou durante frentes frias, com temperaturas amenas. Antes da transferência,
biometrias devem ser feitas para identificar o estágio de muda dos
camarões
(SEIFFERT,
W. Q., 2003). Porcentagens altas de camarões recém-mudados
inviabilizam o processo. O
camarão deve ficar o menor tempo possível exposto, devendo ser
rapidamente pesado e transportado para o viveiro destinado. Recomenda-se
fazer uma triagem retirando siris, peixes e camarões de outras espécies,
pois competem por alimento com o L. vannamei. 3.9
Despesca
A despesca geralmente é precedida pelo corte da ração com
cerca de 2 dias de antecedência, para evitar que o camarão esteja em
processo de muda no dia da despesca. Mesmo assim, devem ser realizadas
biometrias antes da despesca, para identificar a porcentagem de camarões
mudados. Como
a maioria dos camarões saem apenas quando o viveiro está quase vazio,
este já deve ser gradativamente esvaziado com cerca de 12 horas de
antecedência. Os camarões são arrastados pela correnteza através da
comporta até a rede de despesca, onde são coletados e transferidos em
balaios (na Yakult atualmente utiliza-se a despesca mecânica, com um
guindaste) para caixas de fibra de vidro, de 1.000 litros com água e
gelo (alguns compradores utilizam meta bissulfito de sódio para
prevenir o aparecimento de manchas escuras). Após cerca de 5 minutos,
os camarões são retirados e colocados em escorredores para perder o
excesso de água, e então são pesados, acondicionados em caixas com
gelo e transportados para o caminhão. Em
despescas parciais, o nível do viveiro pode cair consideravelmente,
provocando uma maior variação nos parâmetros ambientais, que devem
ser monitorados mais com maior freqüência.
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