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1. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

  

O controle dos parâmetros de qualidade de água é fundamental nos cultivos de camarões, principalmente à medida que estes se intensificam, devido ao dinamismo dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem naquele ecossistema. Os parâmetros que necessitam de um controle mais intenso devem ser analisados diariamente em horários que permitem a tomada de decisões antecipadas para manter os níveis de qualidade de água adequados ao cultivo do camarão.

1.1 TEMPERATURA

       A temperatura tem grande influência sobre os organismos do viveiro. Seu aumento tem relação diretamente proporcional ao metabolismo, e conseqüentemente com o crescimento do camarão. Além de servir ao cálculo na determinação de algumas variáveis, como pressão atmosférica, umidade relativa do ar, etc., interfere constantemente no cálculo da alcalinidade, da salinidade, do pH, dos valores de saturação de oxigênio dissolvido, na toxidade de elementos ou substâncias. etc.

A temperatura ideal para cultivos de L. vannamei está situada entre 25 e 30 ºC. Vários pesquisadores de renome afirmaram não ser viável nas condições climáticas do sul do Brasil a produção desta espécie, cultivada a muitos anos no nordeste com sucesso.

1.2 OXIGÊNIO DISSOLVIDO

        É a variável física mais importante dos viveiros, situando-se sua faixa ideal entre cerca de 6 a 10 mg/L. Quando os níveis de O2 baixam para níveis menores que 1,0 mg/L, os camarões passam a se concentrar na superfície da água. Concentrações abaixo deste patamar por mais de 1 hora podem ser fatais.

O O2 é proveniente principalmente do ar atmosférico e da produção do fitoplâncton. O oxigênio passa do ar para a água através da superfície da lâmina d’água, sendo esta passagem otimizada através da movimentação da água, através da influência de ventos ou uso de aeradores. Além disso, durante o dia, as algas presentes no viveiro produzem oxigênio, principalmente na camada mais superficial, porém quando o tempo está nublado, a produção de oxigênio é menor. Chuvas também podem diminuir a concentração de O2 na água. Nestas ocasiões retira-se tábuas da parte superior para renovar a água do viveiro.

Em cultivos intensivos, o uso de aeradores é indispensável.

 1.3 SALINIDADE

        Litopenaeus vannamei é uma espécie eurialina, que vive bem em salinidades entre 5 e 55 ppt, entretanto sua faixa ideal de variação se encontra entre 15 e 27 ppt. Em salinidades muito altas ou muito baixas, o camarão não cresce, pois está gastando energia necessária ao crescimento na sua sobrevivência, pois necessita de uma concentração mínima de sais na água para manter o equilíbrio osmótico com o meio. Em água salgada, durante o processo de osmoregulação, os camarões marinhos retêm água do meio e excretam sais. Isto visa evitar o acúmulo excessivo de íons em seus fluidos corporais e conseqüentemente a desidratação celular.

A salinidade também influi na capacidade de dissolução do gás oxigênio na água, ou seja quanto maior a salinidade, menor é a quantidade de oxigênio dissolvido e retido na água.

 1.4 pH

        Variável definida como o logarítimo decimal do inverso da concentração de íons livres de hidrogênio, comanda as inúmeras reações químicas das águas, caracterizando o grau de acidez ou de alcalinidade. É medido numa escala que varia de 0 a 14 UpH.

Nos viveiros, o pH varia ao longo do dia e nas diferentes camadas da coluna d’água, prevalecendo na superfície valores mais elevados, tendo como causa o consumo de gás carbônico, realizado naturalmente pelas algas. Durante as primeiras horas da manhã os valores de pH tendem a serem baixos, tornando-se mais elevados entre as horas de maior incidência do sol, período de alta atividade fotossintetizante. A noite, o pH volta a declinar sensivelmente, pelo não consumo e liberação de CO2 pelas algas, podendo ser produzido e liberado também por bactérias.

O pH, além da temperatura e o O.D., estão intimamente ligados a toxicidade da amônia, ou seja, em pH mais elevado, uma grande percentagem de amônia total se converte na forma mais tóxica, que é a amônia não ionizada. Viveiros mal tamponados, ou seja, com alcalinidade abaixo de 30 mg/l de CaCO3, alcançam pH 9 ou mesmo 10, no final da tarde.

Com pH superior a 9, o fósforo dissolvido na água, sofre precipitação na forma de orto-fosfatos insolúveis, limitando o crescimento das algas.

Para o cultivo de camarão, a faixa ideal de pH situa-se entre 7,0 e 8,0.

 1.5 ALCALINIDADE

        A alcalinidade total representa a capacidade da água em aceitar prótons, ou seja, a capacidade de neutralisar ácidos. A variável indica a presença de carbonatos, estando seus valores ótimos situados entre 100 e 140 mg/L.

       Tem efeito tamponante, por isso variação diária do pH é maior em águas com baixa alcalinidade. Não se deve realizar a calagem quando se está com alcalinidade total superior a 50 mg/l e pH acima de 7 e nem se recomenda em viveiros durante o ciclo de produção. Neste último caso pode-se utilizar a aplicação do calcário dolomítico através de acompanhamento rigoroso do pH da água.

 

 1.6 TRANSPARÊNCIA

        A transparência (ou turbidez) é medida ao meio dia, com o auxílio de um disco Secchi. Os valores ideais estão na faixa de 30 a 40 cm (35 – 45cm, segundo FAÇANHA et al, 2001 ou 25 – 40 cm, segundo HAWS et al, 2001).

Valores muito baixos indicam grande quantidade de algas o que causa grande amplitude nos níveis de OD, com picos durante a tarde e valores muito baixos durante a madrugada, devida a respiração de todo o excesso de organismos no viveiro. Para diminuir a concentração de algas, e aumentar os valores de transparência, deve ser feita a calagem, que consiste na aplicação de hidróxido de cálcio (cal hidratada - CaOH). Deve-se evitar deixar os valores descerem a menos de 25 cm, pois após a calagem, densas quantidades de algas irão morrer causando grande consumo de oxigênio durante sua decomposição pelas bactérias, podendo causar mortalidades massivas de camarão. Por este motivo, as calagens de rotina devem ser realizadas pela manhã, e com previsão de boa insolação para o decorrer do dia.

Valores muito altos, indicam pouca concentração de algas, o que não possibilita a manutenção de uma boa alimentação natural, e por conseqüência índices piores de conversão alimentar. Neste caso, torna-se necessário aumentar a oferta de nutrientes por meio de fertilizações.

       Outro dado interessante a ser observado durante a coleta dos parâmetros seria a cor da água. Tonalidades muito esverdeadas e claras indicam presença de grande quantidade de cianofíceas e clorofíceas. Tons mais escuros de marrom indicam grande presença de diatomáceas. Os produtores preferem esta divisão de algas em seu viveiro, pois são revestidas de sílica, muito mais fácil de ser quebrada e digerida do que a celulose presente nas cianofíceas e clorofíceas.

       Um fator que pode influenciar na transparência, e prejudicar a eficiência deste teste é a quantidade de matéria em suspensão na água, causada por aeradores mal colocados ou manejo excessivo dos viveiros.

 1.7 COMPOSTOS NITROGENADOS

        O nitrogênio é o principal componente das proteínas, de peptídeos de cadeia curta e de aminoá­cidos, os quais por sua vez são os principais com­ponentes da maioria dos alimentos naturais e arti­ficiais utilizados na aqüicultura. Após consumidos e decompostos, estes compostos, os organismos aquáticos excretam amônia (NH3). Na água, a amônia estabelece um equilíbrio entre a sua forma tóxica (NH3), e a não tóxica, o íon amônio (NH4). Este equilíbrio depende principalmente da temperatura e do pH da água. Bactérias heterotróficas podem usar o ni­trogênio em compostos orgânicos, como a ração não ingerida e os excrementos, levando a uma rege­neração do amônio.

       O amônio é consumido principalmente pelo fitoplâncton e por bactérias heterotróficas.

       Já a amônia pode ser consumida pelo fitoplâncton ou transformada em nitrito por bactérias aeróbias nitrificantes, tais como Nitrosomas e Nitrosococus, que conseguem obter energia por meio deste processo de oxidação. O nitrito é um composto de transição, e também pode ser tóxico para os cultivos. A segunda etapa do processo é a oxidação do nitrito em nitrato, feita por bactérias facultativas como Nitroccocus e Nitrospira. O produto final deste processo é o nitrato, que não é tóxico para asa espécies cultivadas, e pode ser usado por organismos heterotróficas como fonte de nitrogênio (MONTOYA, R.; VELASCO, M., 2000).

  1.8 SILICATO

        A grande maioria dos carcinocultores têm preferência por tonalidades marrons escuras na água de seus viveiros. Isto significa que nestes viveiros estão presentes grandes concentrações de algas diatomáceas.

Para estimular o crescimento destas algas, é feita a fertilização com silicato.

       Ao contrário das cianofíceas, clorofíceas e outras algas, que possuem parede celular impregnada de celulose, que é de difícil quebra e digestão, as diatomáceas são revestidas externamente por uma carapaça de sílica, denominada teca, de mais fácil digestão para os consumidores primários e secundários do viveiro.

 

 

 


 



 

 
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