Fibra Óptica
HISTÓRIA DAS FIBRAS ÓPTICAS
1910 - O pesquisador holandês Peter DeBye, desenvolve a teoria
para guia de onda óptico.
1930 - Willis Lamp Jr. guiou luz em uma fibra óptica.
1953 - Narinder Singh Kapany desenvolveu as fibras com casca.
1970 - Robert Maurer e um grupo da Corning Glass Words - EUA - a primeira fibra óptica de
baixas perdas para telecomunicações, que oferecia uma atenuação máxima de 20 dB/km.
1976 - A Redifussion of London instala o primeiro sistema comercial de fibra óptica para
transmitir sinais de televisão para TV a cabo.
1977 - Entra em operação, na cidade de Chicago - Illinois, o primeiro sistema de fibras
ópticas do mundo.
1979 - março. Instalado pela NEC, o primeiro cabo de fibras ópticas, para a CETEL
interligar as centrais urbanas Bento Ribeiro e Colégio no Rio de Janeiro.
1980 - Corning Glass Company introduz no mercado as fibras monomodo.
1982 - fevereiro, 4 - A TELEPAR transmitiu em Londrina, através de fibra óptica,
instalada pela Siemens, imagem padrão de TV. Foi a 2ª experiência no Brasil.
1982 - Entrou em operação no Rio de Janeiro, 1º Experimento de Comunicações Ópticas
–
denominado ECO-I, interligando as centrais telefônicas Cidade de Deus (CDS) e
Jacarepaguá (JCP), com aproximadamente 3 km.
1984 - agosto - Inaugurada pela ABC Xtal sua fábrica para produção de fibras ópticas
com tecnologia do CPqD.
1988 - Implantação pela TELEBRASÍLIA, do primeiro enlace de fibras ópticas monomodo do
país, com 24 km interligando as estações Telefônicas Centro e de Taguatinga.
1988 - dezembro, Inaugurado o cabo óptico submarino TAT-8, criado pelos Bell Labs,
interligando EUA, Inglaterra e França.
1982 - Entrou em operação no Rio de Janeiro, 1º Experimento de Comunicações Ópticas
–
denominado ECO-I, interligando as centrais telefônicas Cidade de Deus (CDS) e
Jacarepaguá (JCP), com aproximadamente 3 km.
1993 - A EMBRATEL inaugura 420 km de cabos ópticos interligando o Rio de Janeiro a São
Paulo.
1994 - Setembro - ativado o cabo óptico submarino América 1 interligando o Fortaleza à
Flórida (EUA).
1994 - novembro, 16 - A EMBRATEL ativa o cabo óptico submarino Unisur, com 1720 km e
15120 canais, partindo de Florianópolis e interligando os países do Mercosul à Rede
Nacional de Fibras ópticas da EMBRATEL.
1994 - dezembro - entrou em operação o cabo óptico submarino Columbus II, que se
interligou ao sistema Americas 1, na Ilha de St. Thomas. Possui 12300 km e mesma
capacidade do Americas 1.
Colaboração de Mário Jorge de Oliveira Tavares
[email protected]
INTRODUÇÃO
A Fibra Óptica , por sua vez, corresponde ao meio onde a potência luminosa, injetada
pelo emissor de luz, é guiada e transmitida até o fotodetector. Formada por um núcleo
de material dielétrico (em geral, vidro) e por uma casca de material dielétrico (vidro
ou plástico) com índice de refração ligeiramente inferior ao do núcleo, a fibra
óptica propaga a luz por reflexões sucessivas. Esta estrutura básica da fibra óptica,
na prática, é envolta por encapsulamentos plásticos de proteção mecânica e
ambiental, formando um cabo óptico que pode conter, uma ou mais fibras.
A banda passante de uma fibra óptica é função, além do seu comprimento, da sua
geometria e do seu perfil de índices de refração. Existem duas classes principais de
fibras ópticas: as monomodo e as multimodo. As fibras ópticas monomodo, de dimensões
menores e maior capacidade de transmissão, possuem um único modo de propagação (ou, em
termos de óptica geométrica, transmitem apenas o raio axial). As fibras multimodo,
possuem vários modos de propagação e, de acordo com o perfil da variação de índices
de refração da casca com relação ao núcleo, classificando-se em: índice degrau e
índice gradual. Dentre as fibras multimodo, as com índice gradual apresentam bandas
passantes superiores às índice degrau.
A atenuação em fibras ópticas é causada por múltiplas fontes, desde as perdas por
absorção, intrínsecas ao material que compõe a fibra, até perdas devidas às
imperfeições na sua fabricação. Compostas principalmente por sílica (vidro) e
dopantes semicondutores, as fibras ópticas caracterizam-se pela existências de regiões
espectrais onde a atenuação é mínima. Essas regiões, conhecidas como janelas de
transmissão, situam-se em torno dos seguintes comprimentos de onda: 850nm e 155nm.
VANTAGEM DAS FIBRAS ÓPTICAS
As características especiais das fibras ópticas implicam consideráveis vantagens em
relação aos suportes físicos de transmissão convencionais, tais como o par metálico e
o cabo coaxial. Mesmo considerando-se o suporte de rádio-frequência em microondas, a
transmissão por fibras ópticas oferece condições bastante vantajosas. As poucas
desvantagens no uso das fibras óptica podem, em geral, ser considerada transitórias,
pois resultam principalmente da relativa imaturidade da tecnologia associada.
As principais características das fibras ópticas, destacando suas vantagens como meio de
transmissão, são as seguintes:
a) Banda passante potencialmente enorme
A transmissão em fibras ópticas é realizada em freqüências ópticas
portadoras na faixa espectral de 10 elevado a 14 a 10 elevado a 15 Hz(100 a 1000 THz).
Isto significa uma capacidade de transmissão potencial, no mínimo 10.000 vezes superior,
por exemplo, à capacidade dos atuais sistemas de microondas que operam com uma banda
passante útil de 700 MHz. Além de suportar um aumento significativo do número de canais
de voz e/ou de vídeo num mesmo circuito telefônico, essa enorme banda permite novas
aplicações impossíveis de serem concebidos anteriormente. Atualmente, já estão
disponíveis fibras ópticas comerciais com produtos banda passante versus distâncias
superiores a 200 GHz.Km. Isso contrasta significativamente com os suportes convencionais
onde, por exemplo, um cabo coaxial apresenta uma banda passante útil máxima em torno de
400 MHz.
b) Perdas de transmissão muito baixas
As fibras ópticas apresentam atualmente perdas de transmissão extremamente
baixas, desde atenuações típicas da ordem de 3 a 5 dB/Km para operação na região de
1,55mm. Pesquisas com novos materiais, em comprimentos de ondas superiores, prometem
fibras ópticas com atenuações ainda menores, da ordem de centésimos e, até mesmo,
milésimos de decibéis por quilômetro. Desse modo, com fibras ópticas, é possível
implantar sistemas de transmissão de longa distância com um espaçamento muito grande
entre repetidores, o que reduz significativamente a complexidade e custos do sistema.
Enquanto, por exemplo, um sistema de microondas convencional exige repetidores a
distância da ordem de 50 quilômetros, sistemas com fibras ópticas permitem alcançar,
atualmente, distâncias sem repetidores superiores a 200 quilômetros. Com relação aos
suportes físicos metálicos, é feita uma comparação de perdas de transmissão,
levando-se em conta um sistema de transmissão por fibras ópticas de 1° geração
(820nm).
c) Imunidade a interferência e ao ruído
As fibras ópticas, por serem compostas de material dielétrico, ao contrário
dos suportes de transmissão metálicos, não sofrem interferências eletromagnéticas.
Isto permite uma operação satisfatória dos sistemas de transmissão por fibras ópticas
mesmo em ambientes eletricamente ruidosos.
Interferências causadas por cargas elétricas atmosféricas, pela ignição de motores,
pelo chaveamento de relés e por diversas outras fontes de ruído elétrico esbarram na
blindagem natural provida pelas fibras ópticas. Por outro lado existe um excelente
confinamento, do sinal luminoso propagado pelas fibras ópticas. Desse modo não
irradiando externamente, as fibras ópticas agrupadas em cabos ópticos não interferem
opticamente umas nas outras, resultando num nível de ruído de diafonia (crosstalk)
desprezível. Os cabos de fibra óptica, por não necessitarem de blindagem metálica,
transmissão de energia elétrica. A imunidade a pulsos eletromagnéticos (EMP) é outra
característica importante das fibras ópticas.
d) Isolação elétrica
O material dielétrico (vidro ou plástico) que compõe a fibra óptica oferece uma
excelente isolação elétrica entre os transceptores ou estações interligadas. Ao
contrário dos suportes metálicos, as fibras ópticas não tem problemas com o
aterramento e interfaces dos transceptores. Além disso, quando um cabo de fibra óptica
é danificado não existem faíscas de curto-circuito. Esta qualidade das fibras ópticas
é particularmente interessante para sistemas de comunicação em áreas com gases
voláteis (usinas petroquímicas, minas de carvão etc.), onde o risco de fogo ou
explosão é muito grande. A não possibilidade de choques elétricos em cabos com fibras
ópticas permite a sua reparação no campo, mesmo com os equipamentos de extremidades
ligados.
e) Pequeno tamanho e peso
As fibras ópticas tem dimensões comparáveis com as de um fio de cabelo humano.
Mesmo considerando-se os encapsulamentos de proteção, o diâmetro e o peso dos cabos
ópticos são bastante inferiores aos dos equivalentes cabos metálicos. Por exemplo, um
cabo óptico de 6,3mm de diâmetro, com uma única fibra de diâmetro 125mm e
encapsulamento plástico, substitui, em termos de capacidade, um cabo de 7,6cm de
diâmetro com 900 pares metálicos. Quanto ao peso, um cabo metálico de cobre de 94
quilos pode ser substituído por apenas 3,6 quilos de fibra óptica. A enorme redução do
tamanho dos cabos, provida pelas fibras ópticas, permite aliviar o problema de espaço e
de congestionamento de dutos nos subsolos das grandes cidades e em grandes edifícios
comercias. O efeito combinado do tamanho e peso reduzidos faz das fibras ópticas o meio
de transmissão ideal em aviões, navios, satélites etc. Além disso, os cabos ópticos
oferecem vantagens quanto ao armazenamento, transporte, manuseio e instalação em
relação aos cabos metálicos de resistência e durabilidade equivalentes.
f) Segurança da informação e do sistema
As fibras ópticas não irradiam significativamente a luz propagada, implicando
um alto grau de segurança para a informação transportada. Qualquer tentativa captação
de mensagens ao longo de uma fibra óptica é facilmente detectada, pois exige o desvio de
uma porção considerável de potência luminosa transmitida. Esta qualidade das fibras
ópticas é importante em sistemas de comunicações exigentes quanto à privacidade, tais
como nas aplicações militares, bancárias etc. Uma outra características especial de
fibras ópticas, de particular interesse das aplicações militares, é que, ao contrário
dos cabos metálicos, as fibras não são localizáveis através de equipamentos medidores
de fluxo eletromagnéticos ou detectores de metal.
g) Flexibilidade na expansão da capacidade dos sistemas
Os sistemas de transmissão por fibras ópticas podem ter sua capacidade de
transmissão aumentada gradualmente, em função, por exemplo, do tráfego, sem que seja
necessária a instalação de um novo cabo óptico. Basta para isso melhorar o desempenho
dos transceptores, seja, por exemplo, substituindo-se LEDS por diodos laser ou
utilizando-se técnicas de modulação superiores.
h) Custos potencialmente baixos
O vidro com que as fibras ópticas são fabricadas é feito principalmente a
partir do quartzo, um material que, ao contrário do cobre, é abundante na crosta
terrestre. Embora a obtenção de vidro ultrapuro envolva um processo sofisticado, ainda
relativamente caro, a produção de fibras ópticas em larga escala tende gradualmente a
superar esse inconveniente. Com relação aos cabos coaxiais, as fibras ópticas já são
atualmente competitivas, especialmente em sistemas de transmissão a longa distância,
onde a maior capacidade de transmissão e o maior espaçamento entre repetidores
permitidos repercutem significativamente nos custos do sistema. Em distâncias curtas e/ou
sistemas multipontos, os componentes ópticos e os transceptores ópticos ainda podem
impactar desfavoravelmente o custo dos sistemas. No entanto, a tendência é de reversão
desta situação num futuro não muito distante, em razão do crescente avanço
tecnológico e, principalmente, da proliferação das aplicações locais.
i) Alta resistência a agentes químicos e variações de temperaturas
As fibras ópticas, por serem compostas basicamente de vidro ou plástico, tem
uma boa tolerância a temperaturas, favorecendo sua utilização em diversas aplicações.
Além disso, as fibras ópticas são menos vulneráveis à ação de líquidos e gases
corrosivos, contribuindo assim para uma maior confiabilidade e vida útil dos sistemas.
O uso de fibras ópticas, na prática, tem as seguintes implicações que podem ser
consideradas como desvantagens em relação aos suportes de transmissão convencionais:
a) Fragilidade das fibras ópticas sem encapsulamentos
O manuseio de uma fibra óptica "nua" é bem mais delicado que no caso
dos suportes metálicos.
b) Dificuldade de conexão das fibras ópticas
As pequenas dimensões das fibras ópticas exigem procedimentos e dispositivos de
alta precisão na realização das conexões e junções.
c) Acopladores tipo T com perdas muito altas
É muito difícil se obter acopladores de derivação tipo T para fibras ópticas
com baixo nível de perdas. Isso repercute desfavoravelmente, por exemplo, na utilização
de fibras ópticas em sistemas multiponto.
d) Impossibilidade de alimentação remota de repetidores
Os sistemas com fibras ópticas requerem alimentação elétrica independente
para cada repetidor, não sendo possível a alimentação remota através do próprio meio
de transmissão.
e) Falta de padronização dos componentes ópticos
A relativa imaturidade e o contínuo avanço tecnológico não tem facilitado o
estabelecimento de padrões para os componentes de sistemas de transmissão por fibras
ópticas.
REDE TELEFÔNICA
Uma das aplicações pioneiras das fibras ópticas em sistemas de comunicações
corresponde aos sistemas tronco de telefonia, interligando centrais de tráfego
interurbano. Os sistemas tronco exigem sistemas de transmissão (em geral, digitais) de
grande capacidade, envolvendo distâncias que vão, tipicamente, desde algumas dezenas
até centenas de quilômetros e, eventualmente, em países com dimensões continentais,
até milhares de quilômetros. As fibras ópticas, com suas qualidades de grande banda
passante e baixa atenuação, atendem perfeitamente a esses requisitos.
Alta capacidade de transmissão e o alcance máximo sem repetidores, permitidos pelos
sistemas de transmissão pelos sistemas de transmissão por fibras ópticas minimizam os
custos por circuito telefônico oferecendo vantagens econômicas significativas.
Em países ou regiões de intensa urbanização, as distâncias máximas separando
centrais ou postos telefônicos são, em geral, inferiores a 100 km. Nestes casos , os
sistemas tronco de telefonia podem ser implantados , quando necessário, com repetidores
colocados ao longo dos próprios prédios ou instalações telefônicas existentes. Isto
evita problemas com a instalação e a alimentação remota dos equipamentos, reduzindo
custos e aumentando a confiabilidade e as facilidades de manutenção do sistema.
A interligação de centrais telefônicas urbanas é uma outra aplicação das fibras
ópticas em sistemas de comunicações. Embora não envolvam distâncias muito grandes (
tipicamente da ordem 5-20 Km ), estes sistemas usufruem da grande banda passante das
fibras ópticas para atender a uma demanda crescente de circuitos telefônicos em uma rede
física subterrânea geralmente congestionada. Inúmeros sistemas deste tipo estão
instalados no país e no exterior.
No Japão, desde 1985, está instalado um sistema tronco nacional com fibras ópticas, a
400 Mbps, interconectanto várias cidades ao longo de um percurso de 3400 Km, com
espaçamento entre repetidores de até 30 Km. Com a flexibilidade de expansão permitida
pelas fibras ópticas, já esta sendo experimentada uma ampliação da capacidade de
transmissão do sistema tronco para 1,7 Gbps. Nos EUA, os sistemas tronco da rede
telefônica, instalados até o final de 1987, já consumiam mais de um milhão de
quilômetros de fibras ópticas. O espaçamento típico entre repetidores nos sistemas
tronco americanos é de 48 Km e a taxa de transmissão é de 417 Mbps, prevendo-se também
uma futura expansão da capacidade do sistema para 1,7 Gbps.
CABOS SUBMARINOS
Os sistemas de transmissão por cabos submarinos, parte integrante da rede internacional
de telecomunicações, é uma outra classe de sistemas onde as fibras ópticas cumprem
atualmente um papel de fundamental importância. Os cabos submarinos convencionais, embora
façam uso de cabos coaxiais de alta qualidade e grande diâmetro para minimizar a
atenuação, estão limitados a um espaçamento máximo entre repetidores da ordem de 5 a
10 Km. As fibras ópticas, por outro lado, considerando-se apenas os sistemas de 3°
geração (1,3mm), permitem atualmente espaçamentos entre repetidores em torno de 60 Km.
Com a implantação dos sistemas de transmissão por fibras ópticas de 4° geração
(1,55mm), alcance sem repetidores superiores a 100 Km serão perfeitamente realizáveis.
Além disso, as fibras ópticas oferecem facilidades operacionais (dimensões e peso
menores) e uma maior capacidade de transmissão, contribuindo significativamente para
atender a crescente demanda por circuitos internacionais de voz de dados, a um custo mais
baixo ainda que os enlaces via satélites.
Em 1988, entrou em operação o primeiro cabo óptico submarino transatlântico associado
ao sistema TAT-8, elevando a capacidade de tráfego entre os EUA e a Europa para 20.000
circuitos de voz, sem considerar o uso de técnicas digitais de interpolação (TASI) ou
compressão. Proposto formalmente em 1980, este cabo óptico submarino pioneiro interliga
os EUA (Tuckerton, NJ) à Europa (Widemouth na Inglaterra e Penmarch na França) em uma
distância superior a 7.500Km. O sistema TAT-8 é composto por dois subsistemas de
transmissão digital a 280 Mbps e o espaçamento médio entre repetidores á de
aproximadamente 60 Km, perfazendo um total de 125 repetidores. O cabo óptico submarino é
composto por 3 pares de fibras monomodo (1 par para cada subsistema duplex e 1 par de
reserva) operando na região 1,3mm.
Se a demanda de tráfego entre EUA e a Europa continuar com a taxa de crescimento dos
últimos 30 anos (25% ao ano), o que é bastante provável, em 1992 será necessário um
novo sistema transatlântico com capacidade duas vezes superior ao TAT-8. Para enfrentar
esta perspectiva, já foi concebido e está sendo desenvolvido o sistema TAT-9, operando
em 1,55mm, com maior capacidade de transmissão e espaçamento entre repetidores. O
sistema TAT-9 será composto por dois subsistemas a 560 Mbps, interligando, através de
unidade de derivação e multiplexação, Manahawkim nos EUA e Pennant Point no Canadá a
três localidades na Europa (Goonhilly na Inglaterra, Saint Hilaire de Riez na França e
Conil na Espanha). No total serão 9.000 Km de cabo óptico submarino com um espaçamento
médio entre repetidores da ordem 110 a 120 Km.
No Japão existem atualmente vários sistemas de cabo submarinos com fibras ópticas
interligando ilhas do arquipélago, desde sistemas sem repetidores operando nas diferentes
hierarquias dos sistemas PCM (32, 6,3 e 1,5 Mbps com fibra índice gradual; 100 e 400 Mbps
com fibra monomodo) até um cabo submarino tronco domésticos com repetidores.
Na Inglaterra, desde 1987, opera um sistema com cabo óptico submarino, interconectado
Darmouth à ilha de Guernsey no Canal da Mancha, numa distância de 135 Km sem
repetidores.
Na França um cabo óptico submarino interliga Marselha no continente a Ajaccio na
Córsega, numa distância de 330Km com 9 repetidores.
TELEVISÃO POR CABO (CATV)
A transmissão de sinais de vídeo através de fibras ópticas é outra classe de
aplicação bastante difundida. As fibras ópticas tem sido utilizadas, por exemplo, para
interligar, em distâncias curtas, câmeras de TV e estúdios ou estações monitoras
externas instaladas em veículos. Também nos circuitos fechados de TV, associados a
sistemas educacionais ou a sistemas de supervisão e controle de tráfego e segurança em
usinas ou fábricas, tem-se utilizado fibras ópticas como suporte de transmissão de
sinais de vídeo é constituída pelos sistemas de televisão por cabo (CATV).
As fibras ópticas oferecem aos sistemas de CATV, além de uma maior capacidade de
transmissão, possibilidades de alcance sem repetidores (amplificadores) superior aos
cabos coaxiais banda-larga. Nos sistemas CATV com cabos coaxiais banda-larga, o
espaçamento entre repetidores é da ordem de 1Km e o número de repetidores é em geral
limitado a 10 em função do ruído e distorção, enquanto que com fibras ópticas o
alcance sem repetidores pode ser superior a 30Km. Além de um melhor desempenho, a
tecnologia atual de transmissão por fibras ópticas é competitiva economicamente e
apresenta uma confiabilidade substancialmente melhor que os sistemas CATV convencionais
com cabos coaxiais banda-larga.
Embora a transmissão de imagem digital permita um desempenho superior, os custos dos
equipamentos envolvidos com a digitalização tem restringido o uso de fibras ópticas em
sistemas CATV com transmissão de sinais de vídeo, principalmente na forma analógica.
Um dos primeiro sistemas comerciais de CATV com fibras ópticas foi instalado em 1976, na
Inglaterra.
ESTRUTURA FÍSICA BÁSICA
A fibra óptica é composta basicamente de material dielétrico (em geral, sílica ou
plástico), segundo uma longa estrutura cilíndrica, transparente e flexível, de
dimensões microscópicas comparáveis as de um fio de cabelo humano.
A estrutura cilíndrica básica da fibra óptica é formada por uma região central,
chamada de núcleo, envolta por uma camada, também de material dielétrico, chamada
casca. A seção em corte transversal mais usual do núcleo é circular, porém fibras
ópticas especiais podem ter outro tipo de seção (por exemplo, elíptica).
A composição da casca da fibra óptica, com material de índice de refração
ligeiramente inferior a do núcleo, oferece condições à propagação de energia
luminosa (freqüências ópticas) através do núcleo da fibra óptica. O mecanismo
básico de transmissão da luz ao longo da fibra consiste, em termos da óptica
geométrica, num processo de reflexão interna total que ocorre quando um feixe de luz
emerge de um meio mais denso para um meio menos denso.
A diferença do índice de refração do núcleo com relação à casca é representada
pelo perfil de índices da fibra óptica. Essa diferença pode ser conseguida usando-se
materiais dielétricos distintos (por exemplo, sílica-plástico, diferentes plásticos,
etc.) ou através de dopagens convenientes de materiais semicondutores (por exemplo,GeO ,
P O , B O , F etc.) na sílica (SiO ). A variação de índices de refração pode ser
feita de modo gradual ou descontínuo, originando diferentes formatos de perfil de
índices. Por exemplo, a fibra óptica ilustrada tem um perfil de índices descontínuo do
tipo degrau, caracterizado por um núcleo uniforme com índice de refração n e um casca,
também uniforme, com índice de refração n . Por outro lado, um perfil de índices do
tipo gradual parabólico.
As alternativas quanto ao tipo de material e ao perfil de índices de refração implicam
a existência de diferentes tipos de fibras ópticas com características de transmissão,
e, portanto, aplicações, distintas. Por exemplo, a capacidade de transmissão, expressa
em termos de banda passante, depende essencialmente (além do seu comprimento) da
geometria e do perfil de índices da fibra óptica. O tipo de material utilizado, por sua
vez, é determinante quanto às freqüências ópticas suportadas e aos níveis de
atenuação correspondentes.
As características mecânicas das fibras ópticas, expressas, por exemplo em termos de
resistência e flexibilidade, dependem do material dielétrico utilizado e da qualidade
dos processos de fabricação. Embora comparavelmente mais resistentes que fios de aço de
mesmas dimensões, as fibras ópticas costumam ter a sua estrutura básica protegida das
perturbações mecânicas ou ambientais por encapsulamentos ou revestimentos diversos.
Essa proteção inclui desde uma segunda camada coaxial de casca, servindo como estrutura
física de suporte, até sucessivos encapsulamentos plásticos e encapotamentos, dando
origem a cabos ópticos que podem conter uma ou mais fibras ópticas.
PRINCÍPIOS DE PROPAGAÇÃO
A teoria de raios da óptica geométrica permite visualizar, o fenômeno físico de
propagação luminosa em fibras ópticas de um modo geral. Todavia, os conceitos da
ótpica geométrica não são suficientes quando todos os tipos de fibra óptica são
considerados. Isso porque a teoria de raios corresponde apenas a uma aproximação dos
princípios de operação da fibra óptica. Uma explicação mais rigorosa desses
princípios deve ser feita através da teoria de ondas eletromagnéticas desenvolvida a
partir das equações de Maxwell.
Emprega-se, portanto, sempre que possível, a teoria dos raios, de compreensão e
visualização mais simples. Quando necessário recorre-se a conceitos da teoria
ondulatória da luz para explicar fenômenos ou casos específicos, evitando-se, porém,
ao máximo, o formalismo matemático associado.
REFLEXÃO INTERNA TOTAL
A relação entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade da luz num meio qualquer
define o índice de refração, expresso por:
n= c
c meio
Dessa forma, meios dielétricos mais densos correspondem a velocidade de propagação da
luz menores e vice-versa. O quadro abaixo representa diversos meios com os índices de
refração respectivos. O índice de refração de um determinado material é função do
comprimento de onda para o caso da sílica fundida pura e com diferentes dopagens.
Dielétrico n Dielétrico n
Ar 1,0 Quartzo fundido 1,46
Água 1,33 Vidro 1,5-1,9
Álcool etílico 1,36 Diamante 2,42
RAIOS INCLINADOS OU OBLÍQUOS
Os raios inclinados tendem a se propagar na região do núcleo próximo a casca, segundo
uma tragetória helicoidal de difícil visualização em duas dimensões.
Além de contribuírem para aumentar a capacidade de captação da luz da fibra óptica,
os raios inclinados tem implicações, também, na análise das perdas de propagação ao
longo da fibra óptica. Por exemplo, associados aos raios inclinados estão os raios
vazados, que correspondem a raios apenas parcialmente confinados no nuçleo da fibra
óptica e que vazam para a casca, sendo atenuados a medida que a luz se propaga. A teoria
de raios, no entanto, não é suficiente para descrever as perdas de irradiação dos
raios vazados, sendo necessária a aplicação da teoria de ondas.
A contribuição dos raios inclinados na determinação da capacidade da captação de luz
de uma fibra óptica pode ser significativa para fibras ópticas com NA muito grande. Na
maioria dos casos de interesse em sistemas de comunicações, no entanto, usam-se fibras
com NA pequeno.
MODOS DE PROPAGAÇÃO
O conceito de modo de propagação está associado à teoria de propagação
eletromagnética em guias de onda de uma maneira geral. Os modos de propagação são
determinados a partir das equações de Maxwell, sob as condições de contorno impostas
pelo tipo de onda (geometria, material etc.) e representam um conjunto de ondas
eletromagnéticas que são guiadas de maneira estável pelo guia. Cada modo de
propagação é caracterizado por uma configuração de campo elétrico e magnético que
se repete ao longo do guia. Cada modo de propagação é caracterizado por uma
configuração de campo elétrico e magnético que se repete ao longo do guia, a cada
comprimento de onda. Os guias de onda admitem apenas um número discreto de modos
propagando-se ao longo do seu comprimento.
A determinação dos modos de propagação em fibras ópticas depende das características
da fibra como guia de onda. Para fibras caracterizadas como um guia cilíndrico,
homogêneo e infinito, hipótese válida para fibras ópticas com perfil de índices do
tipo degrau, é possível obterem-se soluções exatas para as equações de Maxwell. Por
outro lado, fibras caracterizadas por um perfil de índice gradual exigem a aplicação de
métodos numéricos aproximados na determinação dos seus modos de propagação. Em ambos
os casos, o tratamento matemático e a interpretação dos resultados são bastante
complexos. Entretanto, para o caso de fibras ópticas, onde a diferença relativa de
índices de refração é muito pequena, existem simplificações teóricas que facilitam
a compreensão e a manipulação dos resultados das equações de Maxwell. Felizmente, as
fibras ópticas de maior interesse em sistemas de comunicação enquadram-se perfeitamente
nesta última hipótese.
De uma maneira geral, as fibras ópticas admitem modos de propagação do tipo
transversais, onde a componente do campo elétrico (modo TE) ou do campo magnético (modo
TM) não existe na direção de propagação da onda eletromagnética, mas apenas
transversalmente, e modos híbridos (modo EH e HE), que tem componentes do campo elétrico
e do campo magnético na direção de propagação da onda. Numa analogia com a óptica
geométrica, os modos TE e TM correspondem a raios meridionais, enquanto que os modos
híbridos resultam da propagação de raios inclinados.
Reflexão Interna Total
Existem dois fenômenos associados ao processo de reflexão interna total numa interface
de dielétricos que não são aparentes na teoria de raios. Um deles diz respeito ao
desvio de fase que ocorre na onda refletida com relação na onda incidente na interface.
Esse desvio de fase, cuja magnitude depende do ângulo de incidência e da polarização
(modo TE ou TM) da onda, pode ser entendido fisicamente como um deslocamento lateral
experimentado pela trajetória do raio sendo refletido pela interface de dielétricos.
Embora de difícil observação, este fenômeno pode ser determinado pela teoria
ondulatória, fornecendo uma visão importante sobre o mecanismo de propagação em guias
de ondas ópticos.
O outro fenômeno de interesse no processo de reflexão interna total numa interface de
dielétricos é o campo elétrico evanescente correspondente a penetração, no
dielétrico externo, do campo elétrico da onda propagada. A penetração do campo
elétrico na casca implica importantes considerações, por exemplo, quanto à escolha do
material e ao dimensionamento mais adequado para a casca da fibra óptica.
Fluxo de Potência
A energia eletromagnética de um modo guiado é transportada parcialmente pelo núcleo da
fibra óptica e parcialmente pela casca, em razão da existência do campo evanescente.
Quanto mais longe o modo estiver de sua condição de corte, mais energia estará
concentrada no núcleo. À medida que a condição de corte do modo se aproxima, o campo
elétrico evanescente penetra mais na casca, significando mais energia sendo transportada
pela casca.
Modos Vazados
Os modos vazados são modos de propagação, que estão apenas parcialmente confinados no
núcleo da fibra óptica. Esses modos caracterizam-se por irradiarem (vazarem)
continuamente potência fora do núcleo e por serem atenuados à medida que se propagam. A
irradiação dos modos vazados resulta do equivalente óptico do fenômeno de mecânica
quântica conhecido como efeito túnel. Os modos vazados podem carregar quantidades
significativas de potência luminosa em fibras ópticas de comprimento relativamente
curto. A maioria desses modos desaparece após alguns centímetros de fibra. Todavia,
alguns poucos, com perdas baixas, podem alcançar distâncias da ordem de até alguns
quilômetros. Assim sendo, a existência de modos vazados tem implicações práticas em
medidas de fibras ópticas, particularmente na determinação da abertura numérica e das
perdas de propagação.
Modos Irradiados
A solução das Equações de Maxwell para as condições de contorno impostas por uma
fibra óptica inclui, além do número finito de modos guiados, um número infinito de
modos que não são guiados pelo núcleo da fibra e que irradiam potência para fora.
Esses modos irradiados corresponde aos raios que estão fora do cone de aceitação da
fibra óptica e são refratados para a casca. Como a casca de uma fibra óptica prática
tem espessura finita e é envolta por um material de proteção ou suporte físico, alguns
dos modos irradiados podem ser guiados pela casca. A existência de modos irradiados
guiados pela casca da fibra óptica pode afetar as medidas em fibra ópticas em razão do
fenômeno de acoplamento de modos. Por exemplo, os modos guiados pela casca podem ser
acoplados a modos guiados pelo núcleo a partir de descontinuidades (emendas) na fibra
óptica, implicando uma redução da banda passante efetiva.
Acoplamento de Modos
As características de propagação de uma fibra óptica podem se afastar daquelas
previstas teoricamente para o caso de um guia de onda dielétrico perfeito (cilíndrico,
núcleo homogêneo etc.). Na realidade, as imperfeições existem no guia de onda
prático, traduzidas em termos de desvios de geometria básica (eixo curvo, variações no
diâmetro etc.) e de irregularidades na composição do núcleo e da casca (não
homogeneidade etc.), podem mudar as características de propagação da fibra óptica. O
efeito dessas imperfeições em fibras ópticas práticas, que podem ser causadas na
fabricação ou no simples manuseio operacional da fibra, é o de acoplar energia de um
modo de propagação em outro, dependendo do tipo de perturbação. Portanto, numa fibra
multimodo há sempre o fenômeno de acoplamento de modos que resulta na transferência de
energia de um modo para os modos adjacentes, à medida que a luz se propaga ao longo da
fibra óptica.
O acoplamento de modos tem implicações importantes na determinação das
características de transmissão das fibras ópticas. Por exemplo, os modos irradiados
guiados pela casca, podem se acoplar aos modos de ordem superior guiados pelo núcleo
(inclusive os modos vazados). Isso é possível porque o campo elétrico evanescente de um
modo guiado pelo núcleo interage com os modos guiados pela casca.
TIPOS DE FIBRA
As fibras ópticas costumam ser classificadas a partir de suas características básicas
de transmissão, ditadas essencialmente pelo perfil de índices de refração da fibra e
pela sua habilidade em propagar um ou vários modos de propagação. Com implicações
principalmente na capacidade de transmissão (banda passante) e nas facilidades
operacionais em termos de conexões e acoplamento com fontes e detectores luminosos,
resultam dessa classificação básica os seguintes tipos de fibra óptica:
· Multimodo índice degrau: o tipo de perfil de índices e as suas dimensões
relativamente grandes implicam uma relativa simplicidade quanto a fabricação e
facilidades operacionais: apresenta, porém, uma capacidade de transmissão bastante
limitada.
· Multimodo índice gradual: complexidade média na fabricação e dimensões moderadas
que implicam uma conectividade relativamente simples; apresente uma capacidade de
transmissão alta.
· Monomodo: tem dimensões muito pequenas, dificultando, portanto, a conectividade;
caracteriza-se, entretanto, por uma capacidade de transmissão bastante superior às
fibras do tipo multimodo.
A classificação típica das fibras ópticas, reflete, de maneira geral, a evolução
tecnológica básica em termos de capacidade de transmissão na aplicação mais
importante das fibras ópticas: a dos sistemas de telecomunicações. Todavia,
considerando-se o grau de sofisticação das aplicações, é possível adotar
classificações específicas, envolvendo outros critérios, tais como:
· Arquitetura do suporte de transmissão: o suporte de transmissão pode ser composto de
uma única fibra ou de um feixe de fibras com implicações diversas quanto à capacidade
de captação de potência luminosa, à flexibilidade, `as facilidades de conexão e
acoplamento, às perdas de propagação e, naturalmente, às aplicações.
· Composição material: fibras com o par núcleo-casca do tipo sílica-sílica,
sílica-plástico ou plástico-plástico tem propriedades distintas quanto às facilidades
operacionais e de fabricação, às perdas de transmissão, à tolerância a temperaturas
etc., permitindo atender a uma variedade de aplicações.
· Freqüências ópticas de atuação: esta classificação, que inclui, por exemplo, as
fibras no infravermelho e as fibras no ultravioleta, reflete o desenvolvimento de fibras
ópticas para operar fora da faixa típica (0,7 a 1,6mm) atual das aplicações em
comunicações: esses tipos de fibras podem envolver características operacionais
próprias em função das aplicações, bem como novos materiais na busca de um melhor
desempenho em termos das perdas de transmissão.
· Outros tipos de perfil de índices: fibras monomodo com perfil de índices diferentes
do degrau tem implicações importantes quanto às características de transmissão; é o
caso, por exemplo, das fibras com dispersão deslocada e as fibras dispersão plana.
· Geometria ou sensibilidade à polarização: além da seção circular típica, as
fibras monomodo podem ter um núcleo de seção elíptica com implicações importantes
quanto a filtragem e manutenção de polarização; é o caso, por exemplo, das fibras com
polarização mantida.
MULTIMODO ÍNDICE DEGRAU
As fibras ópticas do tipo multimodo índice degrau (ID), conceitualmente as mais simples,
foram as pioneiras em termos de aplicações práticas. Este tipo básico de fibra óptica
caracteriza-se, essencialmente, por:
· Variação abrupta do índice de refração do núcleo com relação à casca, dando
origem ao perfil de índices tipo degrau.
· Dimensões e diferenças relativas de índices de refração implicando a existência
de múltiplos modos de propagação (V>2,405).
Considerando-se as dimensões típicas e o material usual de fabricação, as fibras
multimodo índice degrau caracterizam-se pela existência de milhares de modos. O número
de modos neste tipo de fibra depende do número V, representativos de seus parâmetros
físicos e do comprimento de onda da luz transmitida.
O grande número de modos existentes numa fibra multimodo ID tem importantes implicações
quanto a sua capacidade de transmissão. De fato, a variedade de modos existentes resulta
num aumento da dispersão do sinal transmitido, limitando bastante a banda passante desse
tipo de fibra óptica. Em conseqüência disso, as aplicações das fibras multimodo ID em
sistemas de comunicações restringe-se a distância relativamente curtas.
A maioria dos modos propagados numa fibra multimodo ID opera longe das suas condições de
corte, estando, portanto, bem confinadas no núcleo da fibra. Como a maior parte potência
luminosa é transportada no núcleo e não na casca, a espessura da casca neste tipo de
fibra não afeta significativamente a propagação dos modos.
Uma das principais propriedades das fibras multimodo ID é a sua grande capacidade de
captar energia luminosa. Essa capacidade, depende apenas da diferença relativa de
índices de refração, é expressa pela abertura numérica que varia tipicamente de 0,2 a
0,4 para esse tipo de fibra. Esses altos valores de NA , por outro lado, reduzem bastante
a banda passante das fibras multimodo índice degrau. A variação de NA é obtida usando
diferentes materiais na composição do núcleo e da casca da fibra.
As fibras multimodo ID de maior interesse nas aplicações de telecomunicações tem sua
composição (núcleo-casca) baseada principalmente na sílica (pura ou dopada).
Existem, no entanto, fibras multimodo ID cuja composição da casca é feita com algum
tipo de plástico transparentre ( por exemplo, silicone, poliestireno, polímeros
especiais etc.). A utilização de plástico na casca permite a obtenção de aberturas
numéricas superiores, pois o plástico apresenta índices de refração mais baixos que a
sílica. A alternativa usual de se dopar o núcleo da sílica para aumentar o índice de
refração é mais cara e complexa, especialmente se for considerado o caso de fibras de
grande diâmetro.
Por outro lado, o uso de plástico, ao invés de sílica, na casca da fibra tem o efeito
de aumentar os perdas de transmissão, limitando significativamente o alcance das
aplicações. Em aplicações diferentes dos sistemas de telecomunicações (iluminação,
instrumentação etc.), onde o mais importante é a capacidade de captação de luz,
existem fibras multimodo ID compostas totalmente (núcleo e casca) por plástico. Essa
fibras, são conhecidas por fibras de plásticos.
O diâmetro do núcleo de uma fibra multimodo índice degrau é tipicamente igual ou
superior a 100mm. Essa característica física permite o uso de conectores de menor
precisão e fontes luminosas menos diretivas, implicando, portanto, facilidades
operacionais no acoplamento e nas emendas de fibras, além de menores custos.
As fibras multimodo índice degrau oferecem, para aplicações em distâncias curtas e
pouco exigentes em termos de banda passante, as seguintes principais vantagens:
· permitem o uso de fontes luminosas de baixa coerência (mais baratas) tais como os
diodos eletroluminescentes (LEDS);
· tem aberturas numéricas e diâmetros do núcleo relativamente grandes, facilitando o
acoplamento com as fontes luminosas;
· requerem pouca precisão nos conectores.
Fibras de Plástico
As fibras multimodo ID podem ser feitas totalmente de plástico, desde que mantenham sua
propriedade essencial, isto é, um índice de refração da casca inferior ao do núcleo.
Com certos tipos de plásticos transparentes (por exemplo, silicone, polimetil
metacrilato- PMMA, poliestireno etc.) obtém-se facilmente NA superiores a 0,5, permitindo
aplicações que exigem uma maior captação de enrgia luminosa, tipicamente, na
"janela" visível, em torno de 630nm. Além disso, as fibras de plástico
caracterizam-se por uma grande flexibilidade mecânica e pela alta tolerância nas
conexões e acoplamentos, em razões de suas dimensões relativamente grandes (diâmetros
do núcleo variando tipicamente de 100 a 6.000mm e a dimensão da casca não excedendo em
10% a do núcleo). Por outro lado, as fibras de plástico apresentam, negatividade, altas
perdas de transmissão. Essas altas perdas, tipicamente superiores a centenas de decibéis
por quilômetro na faixa do espectro visível, limitam consideravelmente as distâncias
possíveis na transmissão de sinais.
Uma outra desvantagem das fibras de plástico, com relação as fibras de plástico, com
relação às fibras de sílica, é a casca menor tolerância a temperatura altas.
As aplicações das fibras de plástico incluem sistemas de instrumentações e
comunicações em automóveis (onde as distâncias são muito curtas e os requisitos de
banda passante modestos), mas principalmente em sistemas de iluminação e transmissão e
transmissão de imagem, por exemplo, em aplicações mádicas.
Uma fibra de plástico (PMMA) típica no mercado para operações nos comprimentos de onda
de 525, 575 e 650nm tem as seguintes características: relação de diâmetros 200/240mm,
relação de índices 1,492/1,417, NA = 0,47, temperatura máxima de 75°C e atenuação
de 50dB/km (525nm).
Feixe de Fibras
As fibras ópticas tipo multimodo índice degrau, tanto de sílica como de plastico,
podem ser agrupadas em feixes de fibras com a finalidade principal de aumentar a área de
captação de luz. O feixe pode ser rígido, formado pela fusão de fibras individuais, ou
pode ser flexível, agrupando-se fibras fisicamente seperadas. A atenuação típica
desses feixes é da ordem de um decibel por metro e a faixa de atenuação inclui o
espectro visível (400-700nm), para os feixes de plástico, e uma mais larga (400-2200nm),
para os feixes com fibras de sílica.
Os feixes com fibras de sílica podem ser aplicados em transmissão de sinais, por
exemplo, em automóveis. Todavia, as principais aplicações dos feixes de fibras são
constituídas por sistemas de iluminação e transmissão de imagem em distâncias muito
curtas. No caso de transmissão de imagem, o feixe deve ser formado de modo que o arranjo
das fibras seja idêntico nas suas extremidades, a fim de permitir a reconstrução
aproximada da imagem transmitida. Nesse caso, quanto menor for o núcleo das fibras do
feixe, maior será a resolução da imagem transmitida. Os feixes de fibras para
aplicações em transmissão de imagem podem ser rígido ou flexível, como por exemplo,
no caso de instrumentação médica. Por outro lado, no caso aplicações em iluminação,
as fibras do feixe podem ser misturadas aleatoriamente de uma extremidade a outra de modo
a garantir uma melhor distribuição da luz.
MULTIMODO ÍNDICE GRADUAL
As fibras multimodo índice gradual (IG), de conceituação e fabricação um pouco mais
complexas, caracterizam-se principalmente pela sua maior capacidade de transmissão com
relação as fibras multimodo índice degrau. Desenvolvidas especialmente para as
aplicações em sistemas de telecomunicações, as fibras multimodo IG apresentam
dimensões menores que as de índice degrau ( mas suficientemente moderadas de maneira a
facilitar as conexões e acoplamentos) e aberturas numéricas não muito grandes, a fim de
garantir uma banda passante adequada as aplicações.
Em termos de estrutura básica, as fibras multimodo índice gradual caracterizam-se
essencialmente por:
· variação gradual de índice de refração do núcleo com relação à casca, dando
origem ao perfil de índices tipo gradual;
· dimensões e diferença relativa de índices de refração implicando a existência de
múltiplos modos de propagação.
A abertura numérica de uma fibra multimodo IG descreve à medida que a posição r se
afasta do eixo no sentido da casca., que compara as aberturas numéricas de vários tipos
de perfil gradual. É importante observar que as fibras multimodo tipo índice gradual
aceitam menos luz do que as correspondentes do tipo índice degrau para uma mesma
diferença relativa de índices de refração.
Para um perfil de índices parabólico (a=2) tem-se que o número de modos de propagação
é a metade do número guiado por uma fibra multimodo ID com o mesmo parâmetro V . A
capacidade de transmissão de uma fibra óptica é fundamentalmente afetada pelo número
de modos de propagação guiados, em razão do fenômeno de dispersão modal. Assim sendo,
o número de modos (inferior aos das fibras multimodo ID) implica uma capacidade de
transmissão superior para as fibras multimodo IG. Essa maior capacidade é função do
parâmetro a.
O núcleo não homogêneo de uma fibra multimodo índice gradual pode ser considerado,
como uma sucessão de finas camadas superpostas, cuja composição (em geral, sílica
dopada) muda gradualmente à medida que a camada se afasta do eixo da fibra. De maneira
geral, a casca neste tipo de fibra, considerando-se principalmente as aplicações em
sistemas de comunicações, é composta basicamente de sílica. Todavia, existem fibras
multimodo IG com casca de plástico que, embora impliquem perdas de transmissões maiores,
bem como maior tolerância à umidade e às variações de temperatura, apresentam custos
menores e certas qualidades aproveitadas em aplicações especiais.
As dimensões típicas de uma fibra multimodo IG incluem diâmetros do núcleo variando
entre 50-85mm (para um diâmetro de casca igual a 125mm).
A dimensão padrão, isto é, o diâmetro da fibra , de 125mm, é suficientemente grande
para dar uma resistência e flexibilidade, minimizar as perdas por microcurvaturas e não
impactar fortemente os custos.
Com o amadurecimento da tecnologia de fibras monomodo associado à demanda de sistemas
locais com capacidades de transmissão mais altas, as aplicações das fibras multimodo IG
tem progressivamente sido orientadas para sistemas de comunicações em distâncias curtas
(alguns quilômetros).
MONOMODO
As fibras ópticas do tipo monomodo distinguem-se das fibras multimodo, basicamente, pela
capacidade de transmissão superior e pelas dimensões menores. Embora tenham sido
fabricadas pioneiramente e tenham demonstrado suas potencialidades em termos de banda
passante desde cedo, as fibras monomodo tiveram seu desenvolvimento e aplicações
retardados por mais de uma década. As dimensões muito reduzidas das fibras monomodo
exigem o uso de dispositivos e técnicas de alta precisão para a realização de
conexões entre segmentos de fibras e do acoplamento da fibra com as fontes e detectores
luminosos. Essas dificuldades operacionais das fibras monomodo, associadas à pressão da
demanda de sistemas de telecomunicações de grande capacidade, favorecem, numa primeira
fase, o desenvolvimento das fibras multimodo índice gradual. Todavia, a contínua
evolução tecnológica vem superando gradativamente os inconvenientes de conectividade,
permitindo que as fibras monomodo, hoje em dia, não apenas resgatem a vocação para as
aplicações em sistemas de grande capacidade mas também se apresentem como a alternativa
quase obrigatória dos futuros sistemas de comunicações.
Em razão das fibras monomodo terem dimensões bastante próximas às dos comprimentos de
onda da luz incidente, não são válidas as aplroximações da ópica geométrica para
explicar o funcionamento desse tipo de fibra óptica. Nesse caso, como foi visto
anteriormente, é necessário basear-se na teoria de ondas. Dessa ultima, resulta que uma
fibra óptica é do tipo monomodo quando se caracterizar como um guia de onda cujas
dimensões e composição material (í9ndices de refração) impliquem, para determinados
comprimentos de ondas incidentes, a existência de um único modo de propagação guiado.
No caso de perfil de índices do tipo degrau,mais usual, a fibra é caracterizada como
monomodo quando seu número V for inferior a 2,405. Como V é função do comprimento de
onda da luz transmitida, costuma-se caracterizar as fibras monomodo por um comprimento de
onda de corte que é definido como o comprimento de onda a partir do qual a fibra tem um
comportamento monomodo.
É possível obter-se uma fibra monomodo basicamente de três maneiras:
· reduzindo-se a diferença de índices de refração;
· reduzindo-se o diâmetro do núcleo;
· aumentando-se o comprimento de onda da luz incidente.
Em geral, o comprimento de onda de operação é determinado por considerações de perdas
de transmissão, não se constituindo, num grau de liberdade muito útil para projetos de
fibras monomodo. A redução da diferença de índices é bastante limitada na prática,
pois resulta em grandes dificuldades de fabricação, além de reduzir sua capacidade de
captação de luz (abertura numérica). A redução do diâmetro do núcleo constitui-se,
em princípio, na variável com maior grau de liberdade no projetos de fibras monomodo.
Entretanto, a redução das dimensões é limitada pelas dificuldades mecânicas e
ópticas nas conexões e acoplamentos.
Uma maneira de se obter fibras monomodo com dimensões um pouco maiores consiste em
utilizar um perfil de índices diferentes do perfil convencional tipo degrau.
Embora as fibras monomodo caracterizem-se por diâmetros do núcleo tipicamente inferiores
a 10mm, as dimensões de casca permanecem na mesma ordem de grandeza das fibras multimodo.
Isso resulta do fato da casca ter de ser suficientemente espessa para acomodar
completamente o campo evanescente do modo propagado, tornando-o desprezível na interface
externa da casca. Dessa maneira evita-se que as características de propagação de fibra
monomodo sejam afetadas por seu manuseio operacional e permite-se que o revestimento de
proteção da fibra seja feito com um material com perdas de transmissão altas. Em
princípio, uma espessura de casca de ordem de 10 vezes superior ao comprimento de onda de
operação é suficiente para fibras com V próximo a 2,4. Na prática, porém,
considerando-se os requisitos de controle de perdas por curvaturas, a relação de
diâmetros núcleo/casca usual é bem maior , da ordem de 10 vezes. Um parâmetro
importante que define no acoplamento da potência do modo fundamentel no núcleo da fibra
monomodo é o chamado raio modal.
Enquanto nas fibras mutimodo a potência luminosa se propaga quase que inteiramente no
núcleo da fibra, no caso das fibras monomodo uma quantidade considerável do sinal se
propaga na casca da fibra. A proporção de potência luminosa propagando-se na casca e no
núcleo de uma fibra monomodo é função do comprimento da onda.
Existem outros ti pos de perfil de índices para fibras monomodo que, além de permitirem
dimensões maiores para o núcleo, tem outras implicações práticas quanto as
características de transmissão (atenuação e dispersão). Por exemplo, perfil de
índices, corresponde a um perfil do tipo casca-interna-levantada. Este perfil representa
uma fibra monomodo com dupla casca, sendo a casca interna relativamente fina e com índice
de refração ligeiramente superior ao da casca convencional externa. O perfil tipo W
implica um maior confinamento da potência óptica no núcleo da fibra; por outro lado,
impõe um comprimento de onda de corte finito para o modo fundamental.
Quando o raio da casca interna numa fibra com casca-interna - rebaixada é da ordem de
cinco vezes maior ou igual ao raio do núcleo (a >= 5a), tem-se um perfil casca
interna - rebaixada - larga; por outro lado, quando o raio da casca interna for menor que
o diâmetro do núcleo (a <= 2a), perfil é conhecido como
casca-interna-rebaixada-estreita. O perfil do tipo W e os perfis degrau gradual e núcleo
segmentado tem propriedades de dispersão muito interessantes e úteis.
Fibras com Dispersão Deslocada
A banda passante de uma fibra óptica é função da sua dispresão, que, por sua
vez, depende, entre outros fatores, das características de perfil de índices do guia de
onda. As fibras monomodo típicas (sílica, perfil tipo degrau) caracterizam-se por uma
região de dispersão nula em torno de 1,3mm. Variando-se as dimensões e diferenças de
índices ou usando-se um perfil de índices diferente do degrau, é possível deslocar as
condições de dispersão nula de uma fibra monomodo para comprimentos de onda onde as
perdas de transmissão são menores, por exemplo, 1,55mm. Esse tipo de fibra monomodo, que
desloca as características de dispersão, é conhecido como fibra monomodo com dispersão
deslocada.
Fibras com Dispersão Plana
As fibras com dispersão plana são fibras monomodo que procuram manter a
dispersão em níveis bastante baixos ao logo de uma região espectral entre dois pontos
com características de dispersão zero (por exemplo, 1,3mm e 1,55mm). Além de deslocar a
característica de dispersão nula para 1,55mm. As fibras monomodo com dispersão plana
oferecem, com relação as fibras com dispersão deslocada, a vantagem de poderem operar
com vários comprimentos de onda, permitindo, por exemplo, uma ampliação da capacidade
de transmissão do suporte através da técnica de multiplexação por divisão de
comprimento de onda (WDM).
Fibras com Polarização Mantida
Uma fibra monomodo com simetrias circular é, em geral, insensível a
polarização (horizontal e vertical) da luz transmitida pelo modo único propagado.
Todavia, imperfeições de fabricação ou a indução de deformações mecânicas na
fibra podem alterar as suas condições de simetria, implicando em diferentes condições
de propagação para as duas polarizações do modo propagado. Na maioria das
aplicações, essas possíveis modificações na polarização da luz transmitida não
são importantes, entretanto, em aplicações específicas com sistemas de transmissão do
tipo coerente ela são fundamentais.
Um tipo de fibra monomodo de bastante interesse para os sistemas coerentes é a fibra
monomodo com polarização mantida, que, como o nome indica, caracteriza-se por manter ao
longo da transmissão, a polarização da luz que originalmente entrou na fibra. Este tipo
de fibra monomodo apresenta propriedades diferentes (birefringência) para a propagação
das duas polarizações, isolando uma da outra, que podem ser construídas, alterando-se
deliberadamente o núcleo circular convencional das fibras ópticas por um de seção
elíptica ou introduzindo-se a característica da birefringência através de materiais,
no núcleo e na casca, com diferente coeficientes de expansão térmica.
Fibras no Infravermelho Médio
A tecnologia atual de fibras ópticas baseia-se essencialmente no uso da sílica
como componente básico, sendo que, em aplicações especiais, pode-se também, utilizar
algum tipo de plástico na composição da fibra. Entretanto, em comprimentos de onda
superiores a 1,6mm, onde potencialmente as perdas de transmissão são mínimas, o uso de
sílica em fibras ópticas deixa de ser atraente por causa das altas perdas por absorção
intrínseca. Isso tem originado o desenvolvimento de fibras ópticas com novos materiais.
Esses novos materiais que incluem, principalmente, calcogenitas e fluoretos de zircônio e
de outros metais pesados, oferecem possibilidade de perdas intrínsecas extremamente
baixas na região de 1,6 a 10mm, dando origem a classe das fibras infravermelho médio.
A tecnologia das fibras operando no infravermelho médio é ainda bastante experimental,
com as perdas efetivas muito acima do mínimo teórico. Além disso, essas fibras
apresentam-se, no caso de operação em comprimentos de onda curtos, mais frágeis e caras
(o processo de purificação dos novos materiais é mais complexo) do que as de sílica.
Assim sendo, embora uma das principais motivações no desenvolvimento desse tipo de fibra
seja a possibilidade de sistemas de comunicações de longa distância sem repetidores
(por exemplo, cabos submarinos) com fibras monomodo, as fibras do infravermelho médio
atuis são do tipo multimodo índice degrau, utilizadas principalmente na transmissão de
potência luminosa de laser para corte em aplicações cirúrgicas e industriais.
CARACTERÍSTICAS DE TRANSMISSÃO
As características de transmissão de uma fibra óptica podem ser descritas
essencialmente pelas suas propriedades quanto à dispersão dos sinais por ela
transmitidos. A atenuação está diretamente associada às perdas de transmissão, uma
característica fundamental em todo tipo de suporte de transmissão. O fenômeno de
dispersão, por sua vez, permite caracterizar a capacidade de transmissão de uma fibra
óptica, expressa pela taxa de transmissão (em bits por segundo) ou pela banda passante
em (hertz), respectivamente, nos casos de sistemas digitais ou analógicos.
ATENUAÇÃO
A atenuação experimentada pelos sinais luminosos propagados através de uma
fibra óptica é uma característica cujo papel é fundamental na determinação da
distância máxima entre um transmissor e um receptor óptico. A atenuação (ou as perdas
de transmissão) de uma fibra óptica costuma ser definida em termos da relação de
potência luminosa na entrada da fibra de comprimento L e a potência luminosa na sua
saída.
Os mecanismos básicos responsáveis pela atenuação em fibras ópticas são os
seguintes:
· absorção
· espalhamento
· curvaturas
· projeto do guia de onda
É importante que no dimensionamento de um sistema de transmissão, além das perdas
introduzidas pela atenuação da fibra óptica, devem ser consideradas também as perdas
causadas nas emendas e conexões entre segmentos de fibras e no acoplamento das fibras com
as fontes e detectores luminosos.
PERDAS POR ABSORÇÃO
As perdas por absorção são causadas pelos seguintes tipos de mecanismos:
a) Absorção intrínseca
Este tipo de absorção depende do material usado na composição da fibra e constitui-se
no principal fator físico definindo a transparência de um material de numa região
espectral especificada. Considerando-se um processo de fabricação perfeito (sem
impurezas, sem variações na densidade, homogeneidade do material etc.), a absorção
intrínseca estabelece um limite mínimo fundamental na absorção para qualquer tipo de
material usado. No caso dos materiais usualmente utilizados na fabricação de fibras
ópticas (sílica fundida e outros tipos de vidros puros), os principais mecanismos de
absorção intrínseca correspondem a:
· banda de absorção eletrônica, que resulta de transições estimuladas de elétrons
na região do ultravioleta (pico em l=0,14mm para sílica fundida);
· banda de vibração atômica, que ocorre na região do infravermelho.
Essas características implicam a existência de uma janela de absorção intrínseca
baixa de faixa de 0,7 a 1,6mm. para caso de sílica dopada com germânio. Existem fortes
bandas de absorção na região do infravermelho médio. Estas bandas de absorção estão
associadas a oscilações de unidades estruturais dos vidros óxidos, tais como Si-0
(9,2mm), P-O (8,1mm), B-O (7,2mm) e Ge-O (11,0mm). A utilização de vidros compostos por
materiais não óxidos, tais como fluoretos e cloretos , possibilita a fabricação de
fibras para operar nessa região espectral. O material dopante usualmente utilizado na
composição do perfil de índices da fibra tem, em geral, pouca influência nas perdas
totais.
b) Absorção extrínseca
A absorção extrínseca resulta da contaminação de impurezas que o material da fibra
experimenta durante seu processo de fabricação. No caso de fibras ópticas construídas
através do processo convencional de fusão direta, a absorção dos íons metálicos, que
apresentam transições eletrônicas na região de 0,5 a 1,0mm, constitui-se no principal
fator de perdas de fibra, podendo chegar, por exemplo, as perdas superiores a 1dB/km para
uma concentração de cobre ou de cromo equivalente a uma parte por bilhão. Todavia, com
a utilização de técnicas de fabricação derivadas da tecnologia de fabricação de
semicondutores - que oferecem, portanto, um bom controle das impurezas -, é possível
eliminar-se os efeitos dos íons metálicos, mantendo a contaminação em níveis
aceitáveis. Uma segunda causa de absorção extrínseca é a presença de íons OH-
(água dissolvida no vidro) cuja vibração fundamental na sílica ocorre em 2730nm com
sobretons harmônicos em 720, 950 e 1390. Concentrações de OH- da ordem de uma parte por
milhão implicam perdas de 1dB/km em 950nm e 40dB/km em 1390.
c) Absorção por efeitos estruturais
A absorção por defeitos estruturais resulta do fato de a composição do material da
fibra estar sujeita a imperfeições, tais como, por exemplo, a falta de moléculas ou a
existência de defeitos do oxigênio na estrutura do vidro. Este tipo de absorção é
normalmente despresível com relação aos efeitos das absorções intrínsecas ou das
impurezas. No entanto, a absorção por defeitos estruturais pode ser significativa quando
a fibra é exposta a níveis intensos de radiação nuclear.
PERDAS POR ESPALHAMENTO
Os mecanismos de espalhamento contribuindo para as perdas de transmissão em
fibras ópticas incluem os seguintes tipos:
· espalhamento de Rayleigh
· espalhamento de Mie
· espalhamento de Brillouin estimulado
· espalhamento de Raman estimulado
Os dois primeiros tipos são mecanismos lineares de espalhamento causados pela
transferência de potência de um modo guiado para modos vazados ou irradiados. Os outros
dois tipos de espalhamento são mecanismos não-lineares que implicam a transferência de
potência luminosa de um modo guiado para si mesmo, ou para outros modos, em um
comprimento de onda diferentes. Os efeitos dos espalhamentos Brillouin e de Raman
estimulados são geralmente significativos apenas em fibras monomodo.
PERDAS POR CURVATURAS
As fibras ópticas estão sujeitas a perdas de transmissão quando submetidas a
curvaturas que podem ser classificadas em dois tipos:
· curvaturas cujos raios de curvatura são grandes comparados com o diâmetro da fibra
(ocorrem por exemplo, quando um cabo óptico dobra um canto ou uma esquina);
· curvaturas microscópicas aleatórias do eixo da fibra cujos raios de curvatura são
próximos ao raio do núcleo da fibra (ocorrem quando as fibras são incorporadas em cabos
ópticos).
Qualitativamente, as perdas por curvaturas podem ser explicadas examinando-se o campo
evanescente que se propaga na casca da fibra. A partir de um determinado raio de
curvatura, o campo evanescente na casca deveria propagar-se a uma velocidade maior qua a
da luz pode poder acompanhar o campo propagando-se no núcleo da fibra. Como isso não é
possível, a energia luminosa associada ao campo evanescente perde-se por irradiação.
Os modos de propagação de maior ordem são os primeiros a perder energia com as
curvaturas, pois, ao contrário dos modos de modelo inferior, propagam-se mais próximos
da casca. As curvaturas, portanto tem o efeito de diminuir o número de modos propagados,
melhorando portanto, a capacidade de transmissão em fibras multimodo.
No caso de fibras monomodo, a operação em comprimento de onda mais próximo as
condições de corte é menos afetada pelas perdas de curvaturas que a operação em
comprimento de onda mais afastado dessas condições.
PERDAS DE PROJETO DO GUIA DE ONDA
Além dos modos vazados que, consistem apenas numa pequena porcentagem dos modos
propagados, a atenuação em fibras ópticas pode ser afetada intrinsecamente pelas
características do guia de onda. A potência que se propaga numa fibra óptica não está
totalmente confinado no núcleo. A parte de potência luminosa que se propaga na casca é
atenuada pelas características de atenuação da casca da fibra óptica. É importante,
no projeto de uma fibra óptica com baixas perdas, considerar as seguintes alternativas:
· garantir que a maior parte da potência luminosa seja confinada no núcleo da fibra;
· utilizar uma casca com espessura adequada e composta por um material com perdas
comparáveis às do material do núcleo
Uma maneira de obter um maior confinamento de potência luminosa no núcleo consiste em se
utilizar um perfil de índices do tipo W que inclui uma casca interna, relativamente
estreita, com índice de refração menor do que o da casca externa. No caso de fibras
monomodo, a casca interna com índice de refração mais baixo aumenta o confinamento da
potência luminosa no núcleo, mas pode também introduzir um comprimento de onda de corte
finito para o modo fundamental, a partir do qual o modo se torna vazado, com as perdas
aumentando com o aumento da depressão de índices e com a diminuição da largura da
casca interna.
JANELAS DE TRANSMISSÃO
A tecnologia pioneira de fibras ópticas caracteriza-se pela existência de
regiões espectrais, com atenuação mínima. Essas regiões de atenuação mínima,
centradas nos comprimentos de onda de 850nm, 1300nm e 1550nm, deram origem as chamadas
janelas de transmissão. Embora com o aperfeiçoamento das técnicas de fabricação, não
se possa mais caracterizar atualmente três regiões de atenuação mínima em fibras de
sílica, as janelas de transmissão continuam a servir como referência da tecnologia de
sistemas de transmissão por fibras ópticas. Por exemplo, a operação na região dos
850nm, onde as fibras atuais oferecem atenuações típicas da ordem de 3 a 5 dB/km para
aplicações em sistemas a curta distância, justifica-se pela simplicidade e custos da
tecnologia disponível de fontes e detectores luminosos.
A janela de transmissão em 1300nm está associada a característica de disperção nula,
oferecendo possibilidades de enormes capacidades de transmissão. Dessa forma, apesar de
não corresponder mais a um mínimo de atenuação, a janela em 1300nm é ainda bastante
atrativa para operação de sistemas de alta capacidade de transmissão. Nessa janela
existem fibras comerciais, com atenuações da ordem de 0,7 a 1,5dB/km e um valor mínimo
da 0,47dB/km para fibra dopada com fósforo. A janela de transmissão em 1550nm,
corresponde efetivamente a uma região de atenuação espectral mínima das fibras de
sílica. Nessa janela já se fabricam fibras monomodo de sílica com atenuação da ordem
de 0,2dB/km, muito próximas do limite teórico de perdas para este comprimento de onda.
Para operação no comprimento de onda de 1,57mm já se obtêm perdas da ordem de
0,16dB/km ainda mais próximas do limite teórico.
DISPERÇÃO
O fenômeno de dispersão em uma fibra óptica, resultado dos diferentes atrasos
de propagação dos modos que transportam a energia luminosa, tem por efeito a distorção
dos sinais transmitidos, impondo, uma limitação na sua capacidade de transmissão. No
caso de transmissão digital, o espalhamento dos pulsos ópticos resultantes da
dispersão, determina a taxa máxima de transmissão de informação por unidade de tempo
através da fibra. Existem três mecanismos básicos da dispersão em fibras ópticas com
implicações distintas segundo o tipo de fibra:
· dispersão modal ou intermodal
· dispersão material
· dispersão do guia de onda
TÉCNICAS DE FABRICAÇÃO
O material dielétrico usado na fabricação de fibras ópticas deve atender os
seguintes requisito básicos:
· excelente transparência nas freqüências ópticas de interesse;
· materiais na casca e no núcleo com propriedades térmicas e mecânicas compatíveis e
índices de refração ligeiramente diferentes;
· possibilidade de realização de fibras longas, finas e flexíveis.
Isso restringe a confecção de fibras ópticas a, basicamente, duas classes de materiais:
vidros e plásticos. O plástico, limita o alcance das aplicações a distâncias curtas,
por apresentar níveis de atenuação relativamente altos. Por outro lado, o plástico
pode ser utilizado na realização da casca e do núcleo, ou apenas da casca, com
vantagens em termos de custos e em aplicações em ambientes hostis, onde sua resistência
mecânica é maior. Todavia, é a classe dos vidros a mais interessante para construção
de fibras ópticas aplicadas ao sistemas de telecomunicações, em razão das
características de atenuação mais favoráveis.
Na classe dos vidros, considerando-se a janela espectral típica das fibras atualmente
(0,7 a 1,6mm), destacam-se os dois tipos fundamentais:
· vidros de sílica pura ou dopada;
· vidros multicompostos.
A distinção entre estes dois tipos de vidros para fibras ópticas reside,
principalmente, nos processos de fabricação. Em ambos os casos, os materiais em questão
tem uma estrutura vítrea isotrópica e são transformados em fibra na forma de um
fluído.
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