A
Didática e seu papel na formação do Educador
"A
acusação de inutilidade vem geralmente da parte de professores dos graus mais
elevados de ensino, onde sempre vingou a suposição de que o domínio do conteúdo
seria o bastante para fazer um bom professor (e talvez seja na medida em que
esses graus ainda se destinem a uma elite). A acusação de prejudicial vem de
análises mais críticas das funções da educação em que se responsabiliza a
Didática pela alienação dos professores em relação ao significado do seu
trabalho".
(Salgado
1982 p16).
Entretanto
essa problemática só pode ser compreendida se for historicizada uma vez que
ela foi se configurando segundo umas características específicas que deverão
ser analisados em função do contexto político-social e educacional em que se
situam.
Como
a Didática não fornece elementos significativos para a análise da prática
pedagógica real e o que ela propõe muitas vezes não tem nada a ver com a
experiência do professor, este tende a considera-la um ritual vazio.
Assim,
ao professor de Didática no momento atual se apresentam duas alternativas: a
receita ou a denúncia. Ou seja: ou ele transmite informações técnicas
desvinculadas de seus próprios fins e do contexto concreto em que foram geradas
ou critica essa perspectiva, denuncia seu compromisso ideológico e nega a Didática.
Mas a crítica à visão eminentemente instrumental da Didática não pode se
reduzir à sua negação. A prática pedagógica exatamente por ser política
exige a competência técnica. Mas essa implicação mútua não se dá espontânea
e automaticamente. Há, pois a necessidade de uma Didática fundamental que irá
assumir a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem e coloca a
articulação das três dimensões, técnica, humana e política no centro de
sua temática contextualizando a prática pedagógica. Analisa as diferentes
metodologias, explicitando seus pressupostos, o contexto em que foram geradas,
as visões de homem, de sociedade, de conhecimento e de educação que veiculam.
Elabora a reflexão didática como parte do compromisso com a transformação
social, com a busca de práticas pedagógicas que tornem e ensino de tato
eficiente para a maioria da população.
Ensaia,
analisa, experimenta, rompendo com uma prática profissional individualista.
Promove o trabalho de equipe com professores e especialistas, busca as formas de
aumentar a permanência dos alunos na escola, discute a questão do currículo
em sua interação com uma população real e suas exigências, enfim este é o
grande desafio do momento: a superação de uma Didática exclusivamente
instrumental e a construção de uma Didática Fundamental.
Sobre
o papel na formação do professor o termo “formar” é um tanto autoritário
e originário de uma "educação bancária" conforme denominou Paulo
Freire. O ideal seria que o educador e educando conseguissem em conjunto atuar
no e com o mundo e refletindo sobre essa prática desenvolver tanto conhecimento
sobre a realidade como atitudes críticas frente a mesma.
A
discussão de "como" fazer alguma coisa (no caso a educação)
desligada do "o que" fazer conduz a um equívoco teórico-prático
muito grande. Aprende-se o caminho que conduz a algum lugar sem saber para onde
ir.
A
disciplina Didática desenvolvida atualmente nos cursos de formação de
educadores se caracteriza por enfatizar uma preocupação' de caráter
estritamente prático ultrapassando raramente a dimensão técnica.
Quase
sempre o conteúdo gera em torno de uma temática central que pode ser resumida:
no planejamento, na execução e na avaliação do ensino.
Desse
modo encontramos na maioria dos programas de Didática, conteúdos que
evidenciam uma preocupação puramente psicopedagógica, resultando no estudo
isolado do ensino da Didática.
A
base teórica da Didática provem do campo da Didática e de suas ramificações.
Com
isso essas preocupações com o psicopedagógico e com as dimensões técnicas
evidenciam na estruturação de suas unidades de ensino os seguintes temas:
•
As principais teorias instrucionais;
•
A aprendizagem da Didática Tradicional e na Didática Renovada;
•
Os fundamentos dos métodos e das técnicas de ensino;
•
Os fundamentos psicopedagógicos da Nova Tecnologia Educacional;
•
Os principais modelos teóricos para a operacionalização de objetivos de
ensino;
•
Princípios e normas para a seleção e organização de conteúdos de ensino;
•
Funções, modalidades e instrumentos de avaliação do rendimento escolar;
Esses
conteúdos se consagram no estágio supervisionado de prática de ensino que em
várias de nossas instituições educacionais é o coroamento de todo um curso
de formação de educadores.
Todo
esse conteúdo é geralmente selecionado e organizado baseado numa vasta
literatura didática existente no mercado atual que valoriza, sobretudo a
operacionalização de princípios específicos para a instrumentalização da
prática educativa, excluindo o exame da natureza do homem, da sociedade e da
educação onde atuamos e vivemos como educadores. Raramente encontramos nessa
literatura e em decorrência nos conteúdos um espaço reservado para a análise
crítica do ato de educar e de seus princípios teóricos.
Essa
falha tem levado os cursos de formação de educadores a adotarem técnicas e
recursos instrucionais provindos na sua maioria de paises mais desenvolvidos do
que o nosso, passando por cima dos problemas sociais e educacionais
autenticamente brasileiros.
A
busca de pressupostos teóricos para o ensino de didática deve estar calcada
numa estrutura teórica cuja decorrência metodológica não isole os fins pedagógicos
dos fins sociais.
Os
propósitos pedagógicos para a prática escolar devem ser retirados da leitura
das condições sócios-educacionais em que essa prática está sendo
desenvolvida.
Um
dos principais papéis da Didática é problematizar e contestar o educacional e
o social que lhe ditam normas e regras inflexíveis. E é esse papel que a levará
a encontrar subsídios teóricos para a redefinição e criação de meios
instrucionais para o desenvolvimento de situações didáticas reais.
É
pela ação e pela reflexão-crítica-analítica que educador e educando
conjuntamente atingem o desequilíbrio da certeza pedagógica do fazer didático.
O
fazer-didático também vai depender da atitude que educadores e educandos
tenham da "concepção do educacional" oriundo simultaneamente de
dentro e de fora da escola.
O fazer-didático pré-fabricado deve ser muito bem analisado antes da sua adoção. O perigo-didático não reside nem tanto naquilo que as receitas metodológicas encerram mas na ingenuidade do educador que vê no leque-metodológico, o remédio para todos os problemas do processo didático.
O
fazer-didático-significativo vem de dentro do próprio contexto sócioeducacional
e não admite no século atual a pedagogia do prato-feito.
O
verdadeiro fazer-didático é aquele que é capaz de refletir corretamente cada
situação de aprendizagem a partir do exame concreto da realidade onde educador
e educando estão inseridos.
A
teoria didática vai assim fornecer bases para que ação educativa assuma as
características de um momento pedagógico processual onde a realidade
circunstancial terá sempre destaque na ação principal.
Será
então a Didática Real uma Utopia? Não. Essa didática terá sua origem nas
contradições que envolvem o "ato de ensinar" e o "ato de
aprender" situados pela problemática mais ampla da sociedade atual. Enfim
uma didática com bases numa Filosofia Didática, articulada com a perspectiva
de transformação social e nesse sentido a formação do professor também deve
ser repensada.
Consultas
bibliográficas.
Saviani, D - Correntes e Tendências da educação brasileira, INEP.
Matos,
L.A -Sumário de Didática Geral. Rio de Janeiro.
PROFESSORA:
MARIZETH ALBERNAZ
DIREÇÃO DE CLASSE
O trabalho docente
por ser uma atividade intencional e planejada requer estruturação e organização
para que a finalidade dos objetivos do ensino sejam alcançados. A indicação
de etapas do desenvolvimento da aula não quer dizer que todas as aulas devam
seguir o mesmo esquema rígido. A opção por qual etapa ou passo didático que
é mais adequado para iniciar a aula ou a associação de vários passos numa
mesma aula ou conjunto de aulas depende dos objetivos, e conteúdos, da matéria,
das características do grupo de alunos, dos recursos didáticos disponíveis,
das informações obtidas na diagnose etc. Assim ao estudarmos os passos didáticos
é relevante observar que a estruturação da aula é um processo flexível,
criativo e que exige do professor a perspicácia de saber o que fazer frente a
situações didáticas específicas cujo direcionamento é imprevisível.
Por esse aspecto
entendemos os passos didáticos como tarefas do processo de aprendizagem.
Se considerarmos o processo de aprendizagem como uma ação conjunta do
professor e aluno na qual o professor estimula e dirige as atividades em função
da aprendizagem dos alunos pode-se dizer que aula é a forma didática básica
de organização do processo de ensino. De acordo com esse entendimento, o termo
aula não se aplica somente a aula expositiva mas a todas as formas didáticas
organizadas e dirigidas direta ou indiretamente pelo professor a fim de realizar
o ensino e a aprendizagem ou de outro modo, toda situação didática onde se põem
objetivos, conhecimentos, problemas, desafios objetivando fins instrutivos e
formativos que impulsionem os alunos a aprender.
As aulas em
correspondências com as finalidades, elementos constitutivos, princípios e
meios da educação devem cumprir as exigências:
• Ampliação do nível cultural e científico
dos alunos, assegurando profundidade e solidez aos conhecimentos assimilados.
• Seleção e organização de atividades
dos alunos que possibilitem desenvolver sua independência de pensamento,
criatividade e o gosto pelo estudo.
•Formação de hábitos, habilidades e
atitudes que permitam a aplicação de conhecimentos na solução de problemas
em situações da vida prática.
•Atividades diferenciadas para atingir níveis
relativamente iguais de assimilação da matéria.
•Aplicação de trabalhos visando o
desenvolvimento do espírito de solidariedade, coletividade e ajuda mútua-
•Algumas indicações para o
desenvolvimento ou passos de uma aula. Não devem ser tomadas numa seqüência rígida
mas compreende atividades interligadas.
Antes de entrar na
sala e iniciar a aula o professor prepara-se através de um planejamento sistemático
que lhe assegura a dosagem da matéria e do tempo, o esclarecimento dos
objetivos a serem atingidos e das atividades que serão realizadas e preparação
de recursos auxiliares de ensino.
A preparação dos
alunos nos início da aula visa criar condições de aprendizagem. Assim a
mobilização da atenção, organização do ambiente e conversa para a ligação
da matéria nova em relação a anterior, e à coisas ou eventos do cotidiano é
imprescindível.
A introdução do
assunto novo tem como melhor procedimento a apresentação dele como um problema
a ser resolvido embora nem todos os assuntos se prestem a isso. Através de
discussões, troca de experiências, perguntas, colocação de possíveis soluções,
vão se delineando os conhecimentos necessários e as atividades correspondentes
para o aprofundamento do estudo da matéria e a sua solução. Aí então o
professor fará a colocação dos objetivos viáveis e possíveis de serem
atingidos.
Nesse ponto é
importante a consciência social e política do professor no sentido de propor
objetivos, conteúdos e tarefas que tenham significado real para a experiência
social dos alunos.
É relevante também
que os alunos saibam "para que" estão realizando aquilo e qual a
utilidade desse conhecimento na sua vida.
Os objetivo: da
direção de classe e controle da atividade do professor é de suma importância
razão porque devem ser recordados em todas as etapas do ensino-aprendizagem.
Os passos de uma
aula na prática podem ocorrer todos numa só aula ou a cada um corresponder
aulas diferentes conforme um sistema próprio de organização e
distribuição das aulas, matéria, conteúdo, número de aulas etc.
Na concepção do
ensino participante e ativo as tarefas docentes visam organizar a assimilação,
o estudo independente dos alunos, a aquisição de métodos de pensamentos, a
consolidação do que foi aprendido. Assim teremos: aulas de preparação e
introdução da matéria, no inicio de uma unidade; aulas de tratamento mais
sistematizado da matéria nova; aulas de consolidação (exercícios, aplicação,
recordação) aulas de verificação para avaliação diagnóstico ou de
controle.
Um
complemento didático de consolidação estreitamente ligado ao desenvolvimento
das aulas é a tarefa de casa, atividade realizada fora do período escolar.
Quando bem estruturadas indicam ao professor as dificuldades dos alunos e as
deficiências da estruturação didática do seu trabalho. Servem de verificações
parciais de aproveitamento, além de exercerem uma função social, pois através
delas os pais fazem contato com o trabalho realizado na escola e na classe de
seu filho possibilitando a interação dos pais com os professores.
Entre a tarefa de
casa e a aula não deve haver separação isto é, não é correto que as
tarefas contenham atividades de conteúdos ainda não trabalhados a fim de que não
criem insegurança nos alunos e os pais tenham que ocupar o lugar do professor
ou ainda que alguns pais por desconhecerem os assuntos se vejam impotentes para
isso.
O professor pois,
deve planejar cuidadosamente a tarefa de casa, explicar aos alunos, e os
resultados devem ser trabalhados na aula seguinte.
As tarefas de casa
devem consistir também de tarefas preparatórias para a aula (leituras, redações,
observações etc.) ou tarefas de aprofundamento da matéria (estudo dirigido,
por exemplo: instrução programada).
BIBLIOGRAFIA:
Saviam, Demerval, Escola e Democracia - Ed. Cortez. Autores AssociadosCandati,
Maria
Vera - A Nova Didática
- Ed. Vozes.