Notas da autora:

Primeiro, o de sempre: os personagens que aparecem nesta história não são meus. Pertecem ao grupo CLAMP com todo orgulho que suas integrantes possam ter. Eu escrevo sobre eles por mera adoração, não ganho nem pretendo ganhar nenhum dinheiro com isto, então ninguém precisa vir com advogados para cima de mim.

Temos aqui um fanfic romântico (como se eu soubesse escrever de outro jeito... eu não me corrijo!) entre Sakura e Syaoran, de Cardcaptor Sakura. Ele começa a partir do final do segundo movie, depois salta um ano no futuro (pule o início se você não viu e não quer dar de cara com o final do filme - embora quem esteja lendo isto não deva ligar muito). Mais uma vez, uma história calma. Mas talvez nem tanto...

Só não se preocupem com o título. Não tem nada de forte. Tudo se explica depois que se lê.

Esta é mais uma tentativa de resolver a situação desses dois, embora, no fundo, seja difícil criar um final mais coerente que o do mangá, que eu não li todo, mas ouvi falar dessa parte. Os fãs desse anime precisam conhecer o final do mangá! É lindo! ^_^ Se eu coloquei algo aqui que coincide com o mangá sem perceber, tudo bem!

Músicas que me inspiraram: "Nukumori no Kioku", de Cardcaptor Sakura; "Desire", de Lunar: Eternal Blue; "Momo to Momo", de Minky Momo - Bridge For Your Tomorrow (para o epílogo); "Now That I'm a Woman", de O Último Unicórnio, e mais metade da trilha sonora do segundo movie de Cardcaptor Sakura! ^_^"

Sinopse: Uma vez juntos do novo, tanto Syaoran quanto Sakura criam insegurança sobre seu recém-formado relacionamento por causa do tempo que passaram separados. Será que uma suposta ameaça é capaz de despertar a coragem adormecida em seus corações? E quando a ameaça em si acaba ajudando?


Hesitação e Desejo - por Alandria

 

Aquele parecia o final perfeito. Finalmente, depois de tanta dificuldade, Sakura foi capaz de dizer a ele. Confessar seus sentimentos ao garoto que mais amava, mesmo com medo de não ser mais correspondida. Mas, como todos sempre diziam a ela, "tudo vai dar certo", e de fato, foi isso que aconteceu. Ele ainda a amava, da mesma maneira doce que sempre amou antes.

Sem mais nada que detesse suas emoções, Sakura simplesmente pulou o buraco que os separava na torre fazendo uso da carta Salto, e foi de encontro a Syaoran...

Estavam juntos de novo. Ela jogou-se nos braços dele, chorando de felicidade e alívio, enquanto ele gentilmente segurou-a pelas costas, depois apertou mais o abraço, de forma que ali ficaram, tão próximos, por bastante tempo.

- Não me solta mais... - ela sussurou.

- Sakura...

- Por favor, diz que não teremos mais que nos separar!

Eles precisavam conversar cara a cara. Syaoran a soltou e olhou-a fixamente nos olhos. Mas sua expressão era séria, e Sakura sabia que a resposta não seria muito boa.

- Eu ainda não posso morar aqui. Não posso simplesmente deixar minha mãe e minhas irmãs para trás. E você sabe disso. Elas são minha família, e precisam de mim... você entende, não entende?

Ele sabia que ela entendia.

- Mas você volta para me ver, não volta?

- Claro que volto! Estaremos juntos novamente o mais cedo possível. Eu prometo. - E, pensando melhor, resolveu se corrigir. - Não, eu juro.

Aquele olhar dele... ah, aquele olhar! Sakura simplesmente não podia resistir àqueles olhos que tanta segurança e conforto transmitiam a ela. Confiando nas palavras de Syaoran, ela apenas sorriu. E ele entendeu perfeitamente a mensagem de confiança daquele sorriso, retribuindo com um seu.

- Você deve estar cansada. Vamos indo?

- Claro!

E ambos saíram daquela torre caminhando com calma, de mãos dadas, aproveitando cada momento.


Os dias se passaram, Syaoran voltou para Hong Kong e a vida voltou à rotina. Sakura sentia muitas saudades, mas sempre escrevia ou telefonava para ele, o que a fazia se sentir mais tranqüila. E ela ainda confiava na palavra do rapaz. Ele voltaria para ela, mais cedo ou mais tarde...

E correu um ano.


Em uma bela tarde, um jovem rapaz ocupava-se de ficar lembrando de alguém. Um alguém que queria muito ver novamente.

Syaoran estava sentado diante da própria escrivaninha. Havia recebido uma carta de Sakura recentemente, e as gentis palavras nela escritas ainda passavam por sua cabeça. Ela não falava nada de incomum, e gostava muito de relatar coisas de seu cotidiano ou alguma novidade qualquer na escola ou na vizinhança. Não cansava de dizer como iam as coisas com seus amigos, especialmente Tomoyo e Kero. E, principalmente, em nenhuma das cartas, esquecia de dizer "Sinto saudades...". Cada vez que Syaoran lia a última frase, que se repetia em todas as cartas, ele sentia um aperto no peito. Provavelmente, era o mesmo que ela sentia a muitos quilômetros de distância, quando recebia uma das cartas que ele próprio escrevia.

Naquele dia, porém, a saudade foi tão forte e machucou tanto, que Syaoran tomou uma decisão muito importante. Não podia mais agüentar. Que se danassem os seus compromissos com a família Li, ele ia voltar para o Japão!

Claro, ele temia a desaprovação de sua mãe, de suas irmãs e de todos os outros parentes. Afinal, ele poderia vir a se tornar líder do clã um dia, e não poderia ser um bom líder negligenciando suas obrigações. Na verdade, não eram muitas, mas só a idéia de ir até o Japão e quem sabe até ficar por lá de uma vez, por causa de uma garota, não parecia uma boa perspectiva. Não para quem olhava do lado de fora de seus sentimentos.

Mas isso era assunto para depois. Estava decidido.

Ele, então, pegou uma folha de papel e começou a escrever, com a sua melhor caligrafia, a carta que avisaria Sakura da decisão que havia tomado. Ele quis ser sincero. Não tinha mais motivos para usar uma máscara imponente diante dela.

Não demorou muito, a carta estava pronta. Syaoran leu e releu o que havia escrito, para ver se não tinha esquecido de nada.

- O que está fazendo, Syaoran? - perguntou, de repente, uma voz séria à porta do quarto.

O garoto levantou-se em um pulo. Estava nervoso, muito nervoso, com o rosto rubro, como se tivesse sido apanhado fazendo algo que não devia. Virou-se e deu de cara com sua mãe.

- Eu... eu estava... - tentou responder, sem sucesso.

- Já terminou seus afazeres? - ela perguntou com aparente frieza.

- Sim, senhora.

- Muito bem. - ela disse, virando-se de costas para o filho. - Estava escrevendo para ela novamente, não estava?

- Para ela? - ele perguntou, embora soubesse muito bem de quem a mãe estava falando.

- Sei que você se corresponde com a nova dona das Cartas Clow. A garota chama-se Sakura, não é mesmo?

- Sim... - confirmou, sentindo o rosto corar mais um pouco.

Estendeu-se uma pausa. A mãe de Syaoran baixou levemente a cabeça, como se estivesse refletindo a respeito do assunto.

- Sakura é uma jovem valente e determinada, embora traga sempre consigo um olhar doce. Além disso, possui grande domínio de magia. É alguém de muito valor para sua pouca idade. - E, virando apenas a cabeça na direção do filho, concluiu. - Você escolheu bem. Continue com sua carta.

Syaoran estava surpreso. Não esperava tal reação da mãe.

- O que a senhora...?

Ela levou seu olhar para longe do do garoto e deu um leve sorriso.

- Jamais subestime sua própria mãe.

- Você... sabe o que eu pretendo fazer?

- Pretende deixar sua família para trás e buscar um sonho romântico.

O rosto de Syaoran pegava fogo, graças à sinceridade da própria mãe. Mas aquele assunto era muito sério para deixá-lo constrangido.

- E eu posso ir?

A mãe virou-se para ele, séria.

- Você é membro da família Li. Seu lugar como parte desta família sempre será aqui. - ela afirmou. - No entanto, eu sei melhor do que ninguém que nós, os membros desta família, perseguimos nossos objetivos até o final.

O rapaz não sabia mais pelo que esperar. A mãe fez nova pausa e prosseguiu:

- Mesmo que eu pretendesse te impedir, não conseguiria. Você talvez não saiba, meu filho, mas é mais maduro do que imagina quando se trata de decisões. Se você acha que esse é seu caminho, siga-o. O que eu podia te dizer a respeito já foi dito.

E, terminando de falar, ela foi em direção à porta do quarto.

- Mãe...

- Eu avisarei a você quando sua passagem estiver reservada.

E Syaoran sorriu. Saber que havia sido compreendido, mesmo que parcialmente, ajudava bastante. Agora, mais do que nunca, ele sabia que nada mais o deteria de rever Sakura. Ele foi até a escrivaninha e apanhou a carta que havia largado lá. Releu-a uma última vez, imaginando a reação daquela que a receberia, a cada frase.

"Para minha flor de cerejeira,

Os dias em Hong Kong são sempre os mesmos. Sinto que falta alguma coisa para tornar meus dias melhores. E isso é a sua companhia. Quero você ao meu lado lado, e essa vontade cresce a cada dia. Achei que pudesse lidar com a saudade, só que, às vezes, ela quase me sufoca.
Eu vou voltar. Voltar para o Japão, para você e para os meus outros amigos. Sei que é possível que a minha família se oponha, mas isso não vai me deter.
Quando eu chegar, você vai ficar sabendo.

Sinceramente,

Syaoran Li."

Terminando de ler, ele dobrou a carta com cuidado e procurou um envelope no qual colocá-la. "Espero não ter sido muito meloso...", foi seu último pensamento antes de fechar e selar o envelope com a carta e sair para colocá-la no correio.


Um certo tempo depois, Sakura recebeu a carta e, ao terminar de lê-la, ficou com lágrimas nos olhos. Lágrimas de alegria, e não de tristeza. Não havia motivo para tristeza quando Syaoran estava voltando.

"Eu vou ficar sabendo... vamos ver...", ela pensou, antes de correr para o telefone e ligar para Tomoyo.

- É mesmo, Sakura? - perguntou Tomoyo, ao telefone. - Você deve estar tão feliz!

- Ah, estou sim, Tomoyo, você nem imagina o quanto!

- É bom saber que você recobrou o ânimo de sempre!

Tomoyo logo trocou de assunto:

- Ah, a propósito... você pensa em ir a algum lugar depois da aula?

- Eu não sei, não tenho nada em mente. Você vai para algum lugar em especial?

Tomoyo pensava eu convidar Sakura para uma volta pela cidade. Talvez fazer algumas compras, olhar algumas vitrines, coisas do gênero. Mas algo dentro dela a fez hesitar justo quando ia falar sobre isso.

- Não, Sakura - mentiu, controlando o tom de voz. - Só estava curiosa, só isso.

E Sakura, como a menina gentil e ingênua que sempre foi, aceitou a resposta sem mais perguntas.

- Nos vemos na escola então, Tomoyo?

- Claro! Até mais, Sakura!

- Tchauzinho!


Aquele dia de aula foi tranqüilo, sem maiores atrativos. Sakura passou o dia inteiro nas nuvens, pensando na carta que recebera. Ou melhor, naquele que escrevera a carta. Imaginava o quanto ele ia demorar a chegar. Demoraria muito? Isso ela não sabia. Mas não importava mais. Ele iria voltar.

Tomoyo logo percebeu o estado da amiga e, conformada com a pouca atenção que recebera dela durante o dia todo, despediu-se na hora da saída e foi embora, sem olhar para trás, com uma face inexpressiva.

Sakura mal notou a atitude da amiga, pois ainda não saíra do seu mundinho de sonho. Atraída pelo belo jardim de seu colégio, sentou-se ali, sozinha, e perdeu a noção do tempo. Não tinha vontade de ir para casa, não tinha treino algum na escola. Ali parou e ali ficou, devaneando.

"Só de olhar para o céu sozinha, já sinto saudades dele." E, avistando uma certa parte do jardim, a saudade ficou mais forte. "Foi ali que ensaiamos a peça da Bela Adormecida. Já faz tempo. Tempo mesmo. Depois teve a outra peça. Gostei mais daquela segunda."

E, em voz alta, disse para o vazio:

- Queria poder ser sua princesa de novo.

- Então concede-me a honra da tua companhia...

Aquela voz. Suave. Gentil. Confortante. Inconfundível.


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