Notas da autora: Aposto que você já leu outro fanfic além deste. Sabe o disclaimer? Aquela parte que geralmente acaba com "don´t sue me" ("não me processe")? Pois é, bem isso... ^_^" Sem personagens meus, sou só fã, não ganho dinheiro com isto, então... não me processe!!!

Ah, e mais uma coisinha... eu costumo usar os nomes adaptados, mas tem algumas exceções (como o Jyou / Joe). Os digimons geralmente ficam com os nomes da dublagem brasileira, sejam eles japoneses ou americanos.


A vida nos faz entender - parte 3

 

Quando Yolei colocou os pensamentos em ordem o suficiente para se levantar, foi procurar o garoto, mas só encontrou a mãe, os irmãos e o digimon na sala.

- Mãe, onde está o Ken?

- Ele está no banheiro se trocando. As roupas dele secaram.

- Ah, sei... - ela disse, com um tom meio encabulado.

Quase ao mesmo tempo, pôde-se ouvir, por coincidência, a porta do banheiro se abrindo. De lá, o rapaz saiu com suas roupas normais e seu jeito de sempre. Yolei concentrou-se ao máximo para conter qualquer sinal que denunciasse os pensamentos de momentos atrás. Por pouco, não sentiu o coração disparar novamente.

- Obrigado pelas roupas, senhora Inoue. - Ken agradeceu, entregando as outras roupas à mãe da garota. - Ajudaram bastante.

- Não há de que, meu rapaz!

Sentindo o cheiro agradável da comida que preparava, acrescentou:

- A comida está quase pronta. Não quer ficar para jantar?

- Ah, não, obrigado. Já dei trabalho o suficiente. - ele disse, educadamente. Olhou pela janela. - E, além do mais, a chuva já parou. Estão me esperando lá em casa.

- Bem, se você insiste, fique à vontade. Mas venha nos visitar mais vezes, sim? E, por favor, mande cumprimentos aos seus pais por mim.

- Claro, pode deixar.

- Vá com cuidado, então!

- Sim.

Ele foi em direção ao grupo do sofá e acenou com a educação de sempre, se despedindo.

Só então ele aproximou-se da amiga e a fitou, meio que sem querer, obrigando-a a olhar de volta para ele, bem em seus olhos, que logo se mostraram hipnotizantes demais. Ela tentou a qualquer custo evitar de analisar as feições do rosto dele. Yolei não podia deixar as lembranças daquela sensação louca tomarem conta dela novamente. Mas ao mesmo tempo, lhe parecia uma pena que ele não fosse ficar para jantar...

- Bem, eu já vou indo. A gente se fala, não?

E ela, reagindo só uns dois segundos depois, disse, num falso sorriso, tentando demonstrar que estava tudo em ordem:

- Ah, claro que sim!

- Então até mais! - ele disse, já à porta.

- Até mais...

Ken saiu como se nada fosse nada. Tinha saído de casa sem motivo algum, visitara uma amiga e, por algum motivo, sentia-se melhor. Talvez pela sensação de ter sido útil ou de ter feito o dia valer a pena para alguma coisa.

Um flash rápido do momento em que os dois caíram veio á sua cabeça. "Espero que eu não tenha causado problemas para ela. Mas, apesar de tudo", ele pensou consigo mesmo com um sorriso nos lábios, "não foi algo tão ruim assim..."

E ele seguiu direto para casa, através das ruas, das quadras e da linha de metrô, deixando-se envolver por pequenas lembranças com aroma de lavanda...


Naquela noite, depois que Ken foi embora, Yolei fechou-se no quarto e não saiu mais, a não ser para o jantar, durante o qual, para surpresa de sua família, ela ficou mais quieta do que o normal. Não que ela tivesse ficado trancada no quarto, gritando para todo mundo algo como "Não quero falar com ninguém!", mas suas ações denunciavam que ela estava perdida em alguma coisa que só ela sabia o que era.

Deitada na cama, tentou ler uma revista. Não deu muito certo. Tentou consertar o outro computador em seu armário - um que estava na prateleira mais baixa, por sinal -, mas cada vez que tentava encostar no gabinete, quase como se desse choque, ela hesitava. O monitor que havia tirado do armário horas antes ainda estava no chão, por mera preguiça. E o gabinete, aquele gabinete, estava bem guardadinho, na prateleira alta do armário da garota. Ela olhou para o chão. Era o exato lugar onde...

"CHEGA!!!", ela gritou mentalmente. "Mas que loucura é esta? De uma hora para outra, parece que não consigo fazer mais nada!!". A casa continuava em silêncio, mas, dentro de Yolei, passava-se uma revolução. Suspirou uma vez. Mais uma. Tentou ficar calma, ou aquilo a deixaria louca.

"Ken, o que você fez comigo? De repente, você nem parece o mesmo... e ainda assim, você não mudou nada..."

Ela tinha medo do que tinha sentido aquela hora. Por um momento, uma eletricidade estranha correra por seus nervos. Um acidente, um contato puramente acidental. Mas, sem querer, ela o sentiu na própria pele. A sensação de não poder controlar direito o próprio corpo era incômoda, mas ela não queria se mexer. De repente, um par de mãos firmes em seus ombros, e um sussuro quente e gentil em seu ouvido.

A simples lembrança quase a arrastava para um mundo de sonhos, enquanto ela relutava em deixar-se ir. O lado dela que não entendia o que estava havendo a manteve ali, como que por medida de segurança. Mas havia um outro lado, até então desconhecido para ela, que implorava que ela desse mais um passo e se deixasse levar...

Ele não fizera nada demais. Mas ela sentia queimar uma nova chama. Depois disso, era provável que ela nunca mais encarasse Ken Ichijouji da mesma maneira novamente.

"Não pode ser... não é possível que eu esteja..."


- Alô? Quem é? - perguntou Yolei ao telefone, na manhã seguinte, com o sono de uma noite mal dormida.

- Yolei, aqui é a Kari, tudo bem?

- Ah, oi, Kari! O que houve?

- O Tai me chegou com esta hoje cedo. Ele disse que estava combinando com os outros para marcarmos um encontro entre os Digiescolhidos. Que acha?

- E quando vai ser isso?

- Estávamos pensando em reunir todo mundo no domingo que vem, porque esta é semana de provas para um monte de gente.

- Legal! E onde vai ser?

- Ainda não sabemos, mas eu te ligo assim que marcarem horário e lugar, tá?

- Tudo bem, então. Eu vou tirar o domingo de folga desde já...

- Faça isso! Até mais!

- Tchau!

Yolei desligou o telefone, empolgada com o que lhe parecia uma boa idéia. Rever o pessoal, bater papo, lanchar alguma coisa... talvez até fazer uma reunião para os digimons, também. Ia ser quase uma festa, com toda essa gente. Todo mundo estaria lá... inclusive...

"Ah, é bom mesmo!", ela pensou. "Assim, eu olho para ele como sempre olhei, falo com ele como vou falar com todo mundo e vejo se tiro essa piração da minha cabeça."

E, pensando assim, ela foi conferir tudo que tinha a fazer para a próxima semana. Queria deixar tudo adiantado ao máximo para aproveitar tranqüila o domingo que estava por vir.


Aquela semana passou voando. Exercícios na escola, as monitorias de sempre no laboratório de informática, corre-corre para lá e para cá. Quando ela viu, já era domingo de manhã.

Várias peças de roupa estavam espalhadas pela cama. Ela estava escolhendo o que vestir. Nada mais a preocupava naquele momento. O dia estava lindo, e uma brisa fresca entrava pela janela. "Nada de roupa de frio", ela falou alto para si mesma, enquanto examinava uma blusa sem manga. "Nossa, escolhemos um bom dia para nos reunirmos! Hehe, tenho que dar os parabéns para o Izzy. Acho que a idéia foi dele."

Nesse momento, ela ouviu alguém bater na porta.

- Quem é? Eu estou me trocando!

- Sou eu, Yolei! Eu não vou entrar! - Poromon disse, rapidamente. - Só quero te avisar que o almoço está na mesa, e se você não correr, é capaz de não sobrar!

- Hehe... tá bom, engraçadinho! Eu já estou indo lá! Vê se não come tudo sozinho, hein?

- Corre, ou eu não garanto nada!!!

Yolei preferiu não responder. Colocou rapidamente a blusa branca que tinha nas mãos, vestiu a calça corsário azul-celeste e foi comer.

A refeiçao foi rápida, cada um tomou seu rumo, e Yolei saiu também, juntamente com Poromon. Tinha marcado de ir junto com Cody e TK, bem como com seus respectivos digimons, que convenientemente eram seus vizinhos. Foram os três para a casa do Tai, onde tinham combinado que seria o encontro.


Duas da tarde na casa do Tai. O próprio tinha recolhido dinheiro do pessoal, e organizava as coisas que tinha comprado para a festa. Kari ajudava a organizar tudo. Sora também estava lá, ajudando, enquanto esperava ansiosa pela chegada do Matt. Izzy também tinha chegado cedo, e acabou por ajudar a mãe do Tai com o bolo, mesmo porque era sempre isso que sobrava para ele. Sem muito mais a fazer, os digimons aguardavam na sala, conversando.

Foi em meio a isso tudo que TK, Cody, Yolei e mais os parceiros dos três chegaram. Os outros sentaram-se com eles para conversar. Rodinhas de humanos e digimons logo já se diferenciavam, quando Davis entrou feito um furacão.

- Eu cheguei muito tarde??? - ele perguntou, em voz alta, ainda ofegando.

- Que nada, Davis! A gente só está conversando, nem começou nada, ainda... - disse Tai, para acalmar o amigo.

A primeira reação do recém-chegado foi olhar pela sala. A boa notícia é que Kari estava lá, no sofá. A má notícia é que estava lá, sentada do lado do TK, mais perto do que Davis gostaria. "Definitivamente, muito tarde", ele pensou, com cara de derrotado, quase se arrastando para uma cadeira qualquer. A turma riu bastante da expressão dele, embora fingisse que não tinha entendido o motivo daquilo tudo...

Matt foi o próximo a chegar, e Sora fez questão de abrir a porta para ele. Muito contentes, os dois se sentaram juntos. "Até fico feliz pelos dois, e tal... mas essa de 'dois pombinhos' o tempo todo cansa...", pensou Tai.

Mimi apareceu de surpresa, porque não tinha confirmado se poderia ir ou não. Trouxe com ela uma pilha enorme de CDs dos mais diversos estilos musicais. A maioria, claro, muito dançante.

As meninas não resistiram a uma dançadinha. De vez em quando, por farra, os rapazes aplaudiam ou acompanhavam a música com palmas, enquanto se deliciavam com os salgadinhos. Alguns digimons também se arriscaram na dança, recebendo o mesmo tratamento animado e, às vezes, algumas risadas amistosas.

Izzy ia sair para buscar o aparelho de karaoke, quando deu de cara com Jyou na porta, pedindo um milhão de desculpas pelo atraso. Quando Jyou entrou na sala, foi aplaudido pelos amigos e ficou muito encabulado.

A festa foi seguindo. De vez em quando, as meninas sentavam para beliscar alguma coisa e conversar um pouco. Era a hora dos garotos escolherem as músicas. Mas a alegria deles era curta, porque elas não estavam se cansando muito. Mimi, com seu jeito despachado, ia lá e simplesmente trocava os CDs. Mas não que alguém fosse começar uma briga por causa disso. Era até divertido ver as coreografias que ela inventava. Algumas eram bem engraçadas, e colocavam os amigos a rir um bocado.

Yolei se arriscou a seguir os passos da amiga. Logo, era uma dupla de garotas dançando coreografia. Kari também se empolgou e, finalmente, Sora se juntou a elas, sob insistência das outras.

A animação era geral. Garotas, rapazes e digimons se divertiam todos juntos como há muito tempo não faziam. Mal repararam eles quando a porta se abriu para o último dos digiescolhidos.


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