Notas da autora: Não, os personagens não são meus, e este fic não dá dinheiro. Não me processem. Obrigada.

Diário de Lucy - Parte 1

Sábado, 14 de junho.

Querido Diário,

Não consegui dormir bem esta noite. Sinto saudades de Zefir. Não consigo parar de pensar naquele mundo mágico e nas pessoas muito especiais que moram lá. Priscila, Ferio, Clef, Caldina, Rafaga, Ascot... e é claro, Lantis.

Nunca pensei que Zefir fosse mudar tanto minha vida. Quando cheguei lá, eu era o tipo de garota que não dava a menor bola para essas coisas de namoro e meninos o tempo todo. Bem, na verdade eu nunca pensei que algum garoto fosse realmente se interessar por mim algum dia. Eu sempre me pareci um pouco com um menino, porque eu me espelhava nos meus irmãos na hora de agir. Nunca fui vaidosa, de ficar na frente do espelho me arrumando, cuidando da aparência e me enchendo de perfume e maquiagem. Minhas colegas da escola sempre faziam dessas coisas. Perguntavam para mim por que eu não fazia igual a elas. Mas eu nunca me interessei por essas coisas, apesar de me sentir (e ser) tão menina quanto elas. Já ouvi muita gente falando de mim pelas costas. Coisas que eu preferia não ter ouvido. Só que eu nunca me abalei, e elas pareciam não entender minha tranqúilidade. Acho que no fundo nunca me entenderam. Ter três irmãos mais velhos de exemplo na vida, e passar todo o tempo envolvida com esportes como o kendô não são coisas que elas conseguem considerar normal a uma menina. Eu sabia que não me comportava exatamente como elas, mas a minha vida estava ótima e nunca perdi a confiança nem a amizade de ninguém por causa disso. E tudo estava normal.

Até que eu fui naquela excursão na Torre de Tóquio. Como eu gosto de excursões! Mas naquele dia, devo admitir, a excursão passou bastante da conta. Fui para Zefir, conheci Marine e Anne, e logo essas duas estavam entre as pessoas mais preciosas da minha vida. Zelávamos pela vida uma da outra, e nossas diferenças só nos faziam aprender mais. Sorrimos juntas, sofremos juntas e enfrentamos tudo juntas. Fizemos novos amigos, e nossa causa de salvar a Princesa Esmeralda parecia tão nobre! Eu estava eufórica, mal podia esperar pela sensação de estar ajudando um mundo inteiro. Só que minhas pretenções estavam indo longe demais, e isso eu descobri da pior maneira: tirando a vida da Princesa com estas próprias mãos que agora pacificamente escrevem aqui. O sonho virou pesadelo, e até hoje eu não aceito esse fato com naturalidade. Mas, naquela época, eu simplesmente não tolerava o que tinha feito. Voltamos para cá, mas o que realmente queríamos era estar em Zefir para poder fazer a coisa certa... a verdadeira coisa certa...

Como nossa vontade era muito forte, acabamos voltando para lá. E eu me deparei com o que (no caso, quem) eu tinha deixado para trás com minha perturbação.

Nova foi, ao mesmo tempo, a mais difícil e uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida. Foi um verdadeiro desafio encará-la de frente. Ela me conhecia como qualquer outro jamais conheceria. Conhecia minhas aflições, meus temores e meus desejos mais secretos. Minha mente confusa facilitou tudo para ela. Só que eu hoje vejo que devo muito a ela. Nova me abriu os olhos para muitas coisas antes de retornar a mim. Me fez mais corajosa, mais segura de meus sentimentos. E, principalmente, me fez lutar pelo sentimento mais novo e fascinante que já senti por alguém: meu amor por Lantis.

Acho que jamais teria coragem de admitir para ele o que sentia, mesmo ele sendo tudo que eu mais desejava naquele momento. Foi só por causa de Nova que eu pude ver que, se não o fizesse, poderia perdê-lo para sempre. Afinal, até onde o conheci, ele jamais diria para mim o que lhe passava na cabeça.

Fico pensando como estará Lantis agora. Todos os dias eu penso nele e desejo do fundo do coração que ele esteja bem e que eu possa, um dia, reencontrá-lo. Infelizmente, ao contrário de Zefir, a Terra não é movida só pela força de vontade. Mas este é um desejo que trarei comigo até que se concretize, porque eu sinto que Lantis, de alguma parte de Zefir, dedica um pouco de seu tempo pensando em mim. Eu sei que ele nunca vai me esquecer, nem eu a ele, e que vamos nos encontrar de novo algum dia.

Quanto a Nova, consigo senti-la dentro de mim. Está viva. E me parece que jamais se conformará a ser só uma parte de mim novamente. Converso com ela em meus sonhos, e percebi que ela mudou muito. Sua alma está finalmente livre da influência de Deboner, e posso vê-la, finalmente, como uma inocente filha da minha alma. E eu pretendo honrar tudo o que aprendi com ela.

Trarei Zefir sempre no coração.

Lucy Shidou