OBS: estas respostas foram
retiradas do LIVRO DOS ESPÍRITOS
respondidas por diversos Espíritos de Luz e Superiores do Bem na
Sociedade de Paris, tais:
São
João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São
Luís,
O
Espírito da
Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, e
outros.
1.
Que é Deus?
"Deus
é a inteligência suprema, causa primária de todas as
coisas"
2.
Que se deve entender
por infinito?
"O
que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo que é
desconhecido é
infinito."
3.
Poder-se-ia dizer que
Deus é o infinito?
"Definição
incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o
que
está acima da linguagem dos homens."
Deus
é infinito em Suas perfeições, mas o infinito é uma abstração.
Dizer que Deus
é
o infinito é tomar o atributo de uma coisa pela coisa mesma,
é definir uma coisa que não
está
conhecida por uma outra que não está mais do que a primeira.
Provas
da existência de Deus
4.
Onde se pode encontrar
a prova da existência de Deus?
"Num
axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa.
Procurai a
causa
de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão
responderá."
Para
crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação.
O Universo
existe,
logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo
efeito tem uma
causa
e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.
5.
Que dedução se pode
tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem
em
si, da existência de Deus?
"A
de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não
tivesse uma
base?
É ainda uma conseqüência do princípio - não há efeito sem
causa."
6.
O sentimento íntimo
que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da
educação,
resultado de idéias adquiridas?
"Se
assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse
sentimento?"
Se
o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão-somente
produto de um
ensino,
não seria universal e não existiria senão nos que houvessem
podido receber esse
ensino,
conforme se dá com as noções científicas.
7.
Poder-se-ia achar nas
propriedades íntimas da matéria a causa primária da
formação
das coisas?
"Mas,
então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável
sempre uma
causa
primária."
Atribuir
a formação primária das coisas às propriedades íntimas da
matéria seria
tomar
o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também
elas, um efeito que há
de
ter uma causa.
8.
Que se deve pensar da
opinião dos que atribuem a formação primária a uma
combinação
fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?
"Outro
absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser
inteligente?
E, demais, que é o acaso? Nada."
A
harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações
e desígnios
determinados
e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a
formação primária
ao
acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir
os efeitos que a
inteligência
produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.
9.
Em que é que, na causa
primária, se revela uma inteligência suprema e superior
a
todas as inteligências?
"Tendes
um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem!
Vede a
obra
e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem
orgulhoso nada
admite
acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito
forte. Pobre ser,
que
um sopro de Deus pode abater!"
Do
poder de uma inteligência se julga pelas obras. Não podendo nenhum
ser
humano
criar o que a Natureza produz, a causa primária é,
conseguintemente, uma
inteligência
superior à Humanidade.
Quaisquer
que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado,
ela
própria
tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de
ser a causa
primária.
Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas
as coisas, seja qual
for
o nome que lhe dêem.
Atributos
da divindade
10.
Pode o homem compreender a
natureza íntima de Deus?
"Não; falta-lhe
para isso o sentido."
11.
Será dado um dia ao
homem compreender o mistério da Divindade?
"Quando
não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela
sua
perfeição,
se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá."
A
inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a
natureza
íntima
de Deus. Na infância da Humanidade, o homem O confunde muitas vezes
com a
criatura,
cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que nele se
desenvolve o senso
moral,
seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz
idéia mais justa da
Divindade
e, ainda que sempre incompleta, mais conforme à sã razão.
12.
Embora não possamos
compreender a natureza íntima de Deus, podemos
formar
idéia de algumas de Suas perfeições?
"De
algumas, sim. O homem as compreende melhor à proporção que se
eleva acima
da
matéria. Entrevê-as pelo pensamento."
13.
Quando dizemos que Deus
é eterno, infinito, imutável, imaterial, único,
onipotente,
soberanamente justo e bom, temos idéia completa de Seus atributos?
"Do
vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei,
porém, que há
coisas
que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as
quais a vossa
linguagem,
restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de
exprimir. A razão, com
efeito,
vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições,
porquanto, se uma
Lhe
faltasse, ou não fosse infinita, já Ele não seria superior a
tudo, não seria, por
conseguinte,
Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar
isento de
qualquer
vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação
possa conceber."
Deus
é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada,
ou, então, também teria
sido
criado, por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau,
remontamos ao infinito
e
à eternidade.
É
imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que
regem o Universo nenhuma
estabilidade
teriam.
É
imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo
o que chamamos
matéria.
De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às
transformações da
matéria.
É
único. Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de
vistas, nem unidade de
poder
na ordenação do Universo.
É
onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do
soberano poder, algo
haveria
mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria
feito todas as coisas.
As
que não houvesse feito seriam obra de outro Deus.
É
soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis
divinas se revela,
assim
nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não
permite se
duvide
nem da justiça nem da bondade de Deus.
Panteísmo
14.
Deus é um ser
distinto, ou será, como opinam alguns, a resultante de todas as
forças
e de todas as inteligências do Universo reunidas?
"Se
fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não
causa. Ele não pode
ser
ao mesmo tempo uma e outra coisa.
"Deus
existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não
vades além.
Não
vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos
tornaria melhores,
antes
um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na
realidade nada
saberíeis.
Deixai, consequentemente, de lado todos esses sistemas; tendes
bastantes coisas
que
vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as
vossas próprias
imperfeições,
a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que
pretenderdes
penetrar
no que é impenetrável."
15.
Que se deve pensar da
opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza,
todos
os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e
constituiriam, em
conjunto,
a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina
panteísta?
"Não
podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de
Deus."
16.
Pretendem os que
professam esta doutrina achar nela a demonstração de
alguns
dos atributos de Deus: Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso
mesmo, infinito;
não
havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda
parte; estando Deus
em
toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, Ele dá a
todos os fenômenos da
Natureza
uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?
"A
razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe
o absurdo."
Esta
doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema
inteligência,
seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno. Ora,
transformando-se
a
matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade
teria; achar-se-ia
sujeito
a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da
Humanidade; faltar-lhe-ia
um
dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se
podem aliar as
propriedades
da matéria à idéia de Deus, sem que Ele fique rebaixado ante a
nossa
compreensão
e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o
problema da Sua
natureza
íntima. Não sabemos tudo o que Ele é, mas sabemos o que Ele não
pode deixar de
ser
e o sistema de que tratamos está em contradição com as suas mais
essenciais
propriedades.
Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem
pretendesse
que engenhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a
imaginou.
A
inteligência de Deus se revela em Suas obras como a de um pintor no
seu quadro;
mas,
as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o
pintor que o
concebeu
e executou.
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