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O
cearense
Bezerra de
Menezes, cujo nome é
Adolfo Bezerra de
Menezes Cavalcanti, nasceu na Freguesia do Riacho Do Sangue na
madrugada de 29 de Agosto de 1831. Oriundo de tradicional
família de políticos do Sul, foi criado pôr seus pais,
Antônio Bezerra de Menezes, tenente-coronel da Guarda
Nacional, e Fabiana de Jesus Maria Bezerra, dentro dos
princípios religiosos do catolicismo e disciplina militar,
tendo o dever e a honra como norma a seguir.
Aos sete anos aprendeu a ler, escrever e fazer contas e, aos
11 anos, em virtude da transferência de sua família para o
Rio Grande do Norte, matriculou-se na aula pública de
latinidade que funcionava na Serra do Martins, dirigida pôr
jesuítas. Após dois anos dedicados ao estudo do latim, já
possuía condições de ministrar estes conhecimentos, vindo a
substituir o professor. Mais tarde, ao retornar para seu
Estado natal, o Ceará, freqüentou o Liceu da capital, sendo
considerado o melhor aluno. Em 1851 foi residir no Rio de
Janeiro, ministrando aulas de Filosofia e Matemática, para
custear seus estudos. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de
Medicina, onde sempre se classificava com a nota máxima. Até
esta época ainda usava seu nome completo, que abreviaria mais
tarde. Em 01 de Junho de 1857, em sessão solene, foi
empossado na
Academia Imperial de
Medicina, como membro
titular; no ano seguinte concorria a uma vaga de professor
substituto da Secção de Cirurgia, na Faculdade de Medicina.
Esteve casado com Maria Cândida de Lacerda, no período entre
06 de Novembro de 1858 e 24 de Março de 1863, quando,
acometida pôr rápida enfermidade, sua esposa faleceu,
deixando-o com dois filhos. Um ano mais tarde, casou-se pela
segunda vez com Cândida Augusta Lacerda, irmã pôr parte de
mãe de sua primeira esposa, nascendo desta união cinco
filhos.
Político, grande defensor da abolição da escravatura,
líder do Partido Liberal, elegeu-se Vereador e Deputado em
várias legislaturas; foi presidente da Câmara Municipal da
Corte e seu nome constou em uma lista tríplice para senador
pelo Rio de Janeiro. Porém, de todas as obras realizadas em
prol da comunidade e funções importantes que exerceu,
destaca-se o trabalho anônimo em favor dos humildes e
desamparados, recebendo do povo o Cognome de
"O MÉDICO
DOS POBRES".
A leitura de
"O Livro dos Espíritos"
- recebido
através das abnegadas mãos de seu tradutor Dr. Joaquim
Carlos Travassos - e as curas conseguidas pôr intermédio do
médium receitista João Gonçalves do Nascimento foram atos
decisivos para torná-lo um espírita consciente. No entanto,
foi no salão da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em 16 de
Agosto de 1886, que Bezerra de Menezes declarou sua adesão ao
espiritismo, perante uma platéia de quase duas mil pessoas da
sociedade carioca, tendo sido aplaudido com grande entusiasmo
pelos seus ouvintes.
Ao ser eleito
PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA
BRASILEIRA,
pôr mais de uma gestão, direcionou os trabalhos para o
estudo do Evangelho à Luz do Espiritismo, em sessões
públicas, contando com assistência de inúmeros irmãos,
sedentos em ouvir a manifestação verbal inspirada do ilustre
palestrante; introduziu na Casa também o estudo sistematizado
de "O Livro dos Espíritos". Como redator-chefe de
"O Reformador", adotou a mesma orientação.
Voltado para literatura espírita, paralelamente a outras
atividades, de 1887 a 1894 publicou no jornal de maior tiragem
no Brasil, " O País ", a série de artigos "
Espiritismo - Estudos Filosóficos ", mais tarde reunidos
e divulgados em três volumes. Em 1888 escreveu " A Casa
Assombrada ", romance de estilo simples narrando fator
vivenciados pôr ele. Entre outras obras de sua autoria,
estão: " A Loucura sob Novo Prisma ", " A
Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica ", mais
tarde reeditada levando o título " Uma Carta de Bezerra
de Menezes "; os romances publicados na seção
literária de " O Reformador " - " Casamento e
Mortalha ", " Pérola Negra ", " Lázaro -
O Leproso ", " História de um Sonho " , "
Evangelho do Futuro ", e tradução do livro " Obras
Póstumas ", de Allan Kardec, publicado em 1892.
Bezerra de Menezes também foi cirurgião-tenente do Corpo de
Saúde do Exército, membro efetivo e honorário da Sociedade
Auxiliadora da Industria Nacional, membro do Conselho e sócio
benemérito da Sociedade Propagadora de Belas Artes, membro do
Liceu de Artes e Ofício, presidente da Sociedade de
Beneficência Cearense, presidente da Casa de Ismael, além de
fundador do Centro Espírita do Brasil, criado em 21 de Abril
de 1889, e diretor efetivo do Centro da União Espírita de
Propaganda no Brasil.
Em Dezembro de 1899 foi acometido de uma congestão cerebral,
vindo a desencarnar às 11:00 horas e 30 minutos do dia 11 de
Abril de 1900. Em sua passagem terrena sofreu privações e
viveu modestamente, deixando-nos um rastro luminoso de belos
exemplos como médico, como irmão dos sofredores, como
seguidor humilde e verdadeiro de Jesus.
Sereno e resignado, foi o seu desencarne confortado pelas
vibrações de amor e carinho de quem recebeu a caridade -
seus amigos assistidos -, testemunhas de sua dedicação e
desprendimento.
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