OBS: estas respostas foram
retiradas do LIVRO DOS ESPÍRITOS
respondidas por diversos Espíritos de Luz e Superiores do Bem na
Sociedade de Paris, tais:
São
João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São
Luís,
O
Espírito da
Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, e
outros.
Os
chamados GUARDIÕES DA VIDA ou ANJOS DE GUARDA, na realidade são ESPÍRITOS
PUROS que tem a MISSÃO de proteger na Terra, a vida das pessoas
determinadas por Deus.
489.
Há Espíritos que se
liguem particularmente a um indivíduo para protegê-lo?
"Há
o irmão espiritual, o que chamais o bom Espírito ou o
bom gênio."
490.
Que se deve entender por
anjo de guarda ou anjo guardião?
"O
Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada."
491.
Qual a missão do
Espírito protetor?
"A
de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela
senda do bem,
auxiliá-lo
com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o
ânimo nas provas
da
vida."
492.
O Espírito protetor se
dedica ao indivíduo desde o seu nascimento?
"Desde
o nascimento até a morte e muitas vezes o acompanha na vida
espírita,
depois
da morte, e mesmo através de muitas existências corpóreas, que mais
não são do que
fases
curtíssimas da vida do Espírito."
493.
É voluntária ou
obrigatória a missão do Espírito protetor?
"O
Espírito fica obrigado a vos assistir, uma vez que aceitou esse
encargo. Cabe-lhe,
porém,
o direito de escolher seres que lhe sejam simpáticos. Para alguns, é
um prazer; para
outros,
missão ou dever."
a)
- Dedicando-se a uma
pessoa, renuncia o Espírito a proteger outros indivíduos?
"Não;
mas protege-os menos exclusivamente."
494.
O Espírito protetor fica
fatalmente preso à criatura confiada à sua guarda?
"Freqüentemente
sucede que alguns Espíritos deixam suas posições de protetores
para
desempenhar diversas missões. Mas, nesse caso, outros os
substituem."
495.
Poderá dar-se que o
Espírito protetor abandone o seu protegido, por se lhe
mostrar
este rebelde aos conselhos?
"Afasta-se,
quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no
seu
protegido,
a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores.
Mas, não o
abandona
completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os
ouvidos. O
protetor
volta desde que este o chame.
"É
uma doutrina, esta, dos anjos guardiões, que, pelo seu encanto e
doçura, devera
converter
os mais incrédulos.
Não
vos parece grandemente consoladora a idéia de terdes sempre junto de
vós seres que
vos
são superiores, prontos sempre a vos aconselhar e amparar, a vos
ajudar na ascensão da
abrupta
montanha do bem; mais sinceros e dedicados amigos do que todos os que
mais
intimamente
se vos liguem na Terra? Eles se acham ao vosso lado por ordem de Deus.
Foi
Deus
quem aí os colocou e, aí permanecendo por amor de Deus, desempenham
bela, porém
penosa
missão. Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos
cárceres, nem nos
hospitais,
nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados
desses amigos a
quem
não podeis ver, mas cujo brando influxo vossa alma sente, ao mesmo
tempo que lhes
ouve
os ponderados conselhos.
"Ah!
se conhecêsseis bem esta verdade! Quanto vos ajudaria nos momentos de
crise!
Quanto vos livraria dos maus Espíritos! Mas, oh! Quantas vezes, no
dia solene, não
se
verá esse anjo constrangido a vos observar: "Não te aconselhei
isto? Entretanto, não o
fizeste.
Não te mostrei o abismo? Contudo, nele te precipitaste! Não fiz
ecoar na tua
consciência
a voz da verdade? Preferiste, no entanto, seguir os conselhos da
mentira!" Oh!
Interrogai
os vossos anjos guardiães; estabelecei entre eles e vós essa terna
intimidade que
reina
entre os melhores amigos. Não penseis em lhes ocultar nada, pois que
eles têm o olhar
de
Deus e não podeis enganá-los. Pensai no futuro; procurai
adiantar-vos na vida presente.
Assim
fazendo, encurtareis vossas provas e mais felizes tornareis as vossas
existências.
Vamos,
homens, coragem! De uma vez por todas, lançai para longe todos os
preconceitos e
idéias
preconcebidas. Entrai na nova senda que diante dos passos se vos abre.
Caminhai!
Tendes
guias, segui-los, que a meta não vos pode faltar, porquanto essa meta
é o próprio
Deus.
"Aos
que considerem impossível que Espíritos verdadeiramente elevados se
consagrem
a tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que nós vos
influenciamos
as
almas, estando embora muitos milhões de léguas distantes de vós. O
espaço, para nós,
nada
é, e não obstante viverem noutro
mundo, os nossos Espíritos conservam suas ligações com os vossos.
Gozamos
de qualidades que não podeis compreender, mas ficai certos de que
Deus não nos
impôs
tarefa superior às nossas forças e de que não vos deixou sós na
Terra, sem amigos e
sem
amparo. Cada anjo de guarda tem o seu protegido, pelo qual vela, como
o pai pelo
filho.
Alegra-se, quando o vê no bom caminho; sofre, quando lhe ele despreza
os conselhos.
"Não
receeis fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai
estar
sempre
em relação conosco. Sereis assim mais fortes e mais felizes. São
essas
comunicações
de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos
os
homens,
médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se
espalharão qual
oceano
sem margens, levando de roldão a incredulidade e a ignorância.
Homens doutos,
instruí
os vossos semelhantes; homens de talento, educai os vossos irmãos.
Não imaginais
que
obra fazeis desse modo: a do Cristo, a que Deus vos impõe. Para que
vos outorgou
Deus
a inteligência e o saber, senão para o repartirdes com os vossos
irmãos, senão para
fazerdes
que se adiantem pela senda que conduz à bem-aventurança, à
felicidade eterna?"
São
Luís, Santo Agostinho.
Nada
tem de surpreendente a doutrina dos anjos guardiães, a velarem pelos
seus
protegidos,
mau grado à distância que medeia entre os mundos. É, ao contrário,
grandiosa e
sublime.
Não vemos na Terra o pai velar pelo filho, ainda que de muito longe,
e auxiliá-lo
com
seus conselhos correspondendo-se com ele? Que motivo de espanto
haverá, então, em
que
os Espíritos possam, de um outro mundo, guiar os que, habitantes da
Terra, eles
tomaram
sob sua proteção, uma vez que, para eles, a distância que vai de um
mundo a outro
é
menor do que a que, neste planeta, separa os continentes? Não
dispõem, além disso, do
fluido
universal, que entrelaça todos os mundos, tornando-os solidários;
veículo imenso da
transmissão
dos pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão do som?
496.
O Espírito, que abandona
o seu protegido, que deixa de lhe fazer bem, pode
fazer-lhe
mal?
"Os
bons Espíritos nunca fazem mal. Deixam que o façam aqueles que lhes
tomam
o
lugar. Costumais então lançar à conta da sorte as desgraças que
vos acabrunham, quando
só
as sofreis por culpa vossa."
497.
Pode um Espírito
protetor deixar o seu protegido à mercê de outro Espírito
que
lhe queira fazer mal?
"Os
maus Espíritos se unem para neutralizar a ação dos bons. Mas, se o
quiser, o
protegido
dará toda a força ao seu protetor. Pode acontecer que o bom
Espírito encontre
alhures
uma boa-vontade a ser auxiliada. Aplica-se então em auxiliá-la,
aguardando que seu
protegido
lhe volte."
498.
Será por não poder
lutar contra Espíritos maléficos que um Espírito protetor
deixa
que seu protegido se transvie na vida?
"Não
é porque não possa, mas porque não quer. E não quer, porque das
provas sai o
seu
protegido mais instruído e perfeito. Assiste-o sempre com seus
conselhos, dando-os por
meio
dos bons pensamentos que lhe inspira, porém que quase nunca são
atendidos. A
fraqueza,
o descuido ou o orgulho do homem são exclusivamente o que empresta
força aos
maus
Espíritos, cujo poder todo advém do fato de lhes não opordes
resistência."
499.
O Espírito protetor
está constantemente com o seu protegido? Não haverá
alguma
circunstância em que, sem abandoná-lo, ele o perca de vista?
"Há
circunstâncias em que não é necessário esteja o Espírito protetor
junto do seu
protegido."
500.
Momentos haverá em que o
Espírito deixe de precisar, de então por diante, do
seu
protetor?
"Sim,
quando ele atinge o ponto de poder guiar-se a si mesmo, como sucede ao
estudante,
para o qual um momento chega em que não mais precisa de mestre. Isso,
porém,
não
se dá na Terra."
501.
Por que é oculta a
ação dos Espíritos sobre a nossa existência e por que,
quando
nos protegem, não o fazem de modo ostensivo?
"Se
vos fosse dado contar sempre com a ação deles, não obraríeis por
vós mesmos e
o
vosso Espírito não progrediria. para que este possa adiantar-se,
precisa de experiência,
adquirindo-a
freqüentemente à sua custa. É necessário que exercite suas
forças, sem o que,
seria
como a criança a quem não consentem que ande sozinha. A ação dos
Espíritos que vos
querem
bem é sempre regulada de maneira que não vos tolha o
livre-arbítrio, porquanto, se
não
tivésseis responsabilidade, não avançaríeis na senda que vos há
de conduzir a Deus.
Não
vendo quem o ampara, o homem se confia às suas próprias forças.
Sobre ele,
entretanto,
vela o seu guia e, de tempos a tempos, lhe brada, advertindo-o do
perigo."
502.
O Espírito protetor, que
consegue trazer ao bom caminho o seu protegido,
lucra
algum bem para si?
"Constitui
isso um mérito que lhe é levado em conta, seja para seu progresso,
seja
para
sua felicidade. Sente-se ditoso quando vê bem sucedidos os seus
esforços, o que
representa,
para ele, um triunfo, como triunfo é, para um preceptor, os bons
êxitos do seu
educando."
a)
- É responsável pelo
mau resultado de seus esforços?
"Não,
pois que fez o que de si dependia."
503.
Sofre o Espírito
protetor quando vê que seu protegido segue mau caminho, não
obstante
os avisos que dele recebe? Não há aí uma causa de turbação da sua
felicidade?
"Compungem-no
os erros do seu protegido, a quem lastima. Tal aflição, porém, não
tem
analogia com as angústias da paternidade terrena, porque ele sabe que
há remédio para
o
mal e que o que não se faz hoje, amanhã se fará."
504.
Poderemos sempre saber o
nome do Espírito nosso protetor, ou anjo de
guarda?
"Como
quereis saber nomes para vós inexistentes? Supondes que Espíritos
só há os
que
conheceis?"
a)
- Como então o podemos
invocar, se o não conhecemos?
"Dai-lhe
o nome que quiserdes, o de um Espírito superior que vos inspire
simpatia
ou
veneração. O vosso protetor acudirá ao apelo que com esse nome lhe
dirigirdes, visto
que
todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem mutuamente."
505.
Os protetores, que dão
nomes conhecidos, sempre são, realmente, os Espíritos
das
personalidades que tiveram esses nomes?
"Não.
Muitas vezes, os que os dão são Espíritos simpáticos aos que de
tais nomes
usaram
na Terra e, a mando destes, respondem ao vosso chamamento. Fazeis
questão de
nomes;
eles tomam um que vos inspire confiança. Quando não podeis
desempenhar
pessoalmente
determinada missão, não costumais mandar que outro, por quem
respondeis
como
por vós mesmos, obre em vosso nome?"
506.
Na vida espírita,
reconheceremos o Espírito nosso protetor?
"Decerto,
pois não é raro que o tenhais conhecido antes de encarnardes."
507.
Pertencem todos os
Espíritos protetores à classe dos Espíritos elevados?
Podem
contar-se entre os de classe média? Um pai, por exemplo, pode
tornar-se o Espírito
protetor
de seu filho?
"Pode,
mas a proteção pressupõe certo grau de elevação e um poder ou uma
virtude
a
mais, concedidos por Deus. O pai, que protege seu filho, também pode
ser assistido por
um
Espírito mais elevado."
508.
Os Espíritos que se
achavam em boas condições ao deixarem a Terra, sempre
podem
proteger os que lhes são caros e que lhes sobrevivem?
"Mais
ou menos restrito é o poder de que desfrutam. A situação em que se
encontram
nem sempre lhes permite inteira liberdade de ação."
509.
Quando em estado de
selvageria ou de inferioridade moral, têm os homens,
igualmente,
seus Espíritos protetores? E, assim sendo, esses Espíritos são de
ordem tão
elevada
quanto a dos Espíritos protetores de homens muito adiantados?
"Todo
homem tem um Espírito que por ele vela, mas as missões são
relativas ao fim
que
visam. Não dais a uma criança, que está aprendendo a ler, um
professor de filosofia. O
progresso
dos Espírito familiar guarda relação com o do Espírito protegido.
Tendo um
Espírito
que vela por vós, podeis tornar-vos, a vosso turno, o protetor de
outro que vos seja
inferior
e os progressos que este realize, com o auxílio que lhe dispensardes,
contribuirão
para
o vosso adiantamento. Deus não exige do Espírito mais do que
comportem a sua
natureza
e o grau de elevação a que já chegou."
510.
Quando o pai, que vela
pelo filho, reencarna, continua a vela por ele?
"Isso
é mais difícil. Contudo, de certo modo o faz, pedindo, num instante
de
desprendimento,
a um Espírito simpático que o assista nessa missão. Demais, os
Espíritos
só
aceitam missões que possam desempenhar até ao fim.
"Encarnado,
mormente em mundo onde a existência é material, o Espírito se acha
muito
sujeito ao corpo para poder dedicar-se inteiramente a outro Espírito,
isto é, para
poder
assisti-lo pessoalmente. Tanto assim que os que ainda se não elevaram
bastante são
também
assistidos por outros, que lhes estão acima, de tal sorte que, se por
qualquer
circunstância
um vem a faltar, outro lhe supre a falta."
511.
A cada indivíduo
achar-se-á ligado, além do Espírito protetor, um mau
Espírito,
com o fim de impeli-lo ao erro e de lhe proporcionar ocasiões de
lutar entre o
bem
e o mal?
"Ligado,
não é o termo. É certo que os maus Espíritos procuram desviar do
bom
caminho
o homem, quando se lhes depara ocasião. Sempre, porém, que um deles
se liga a
um
indivíduo, fá-lo por si mesmo, porque conta ser atendido. Há então
luta entre o bom e o
mau,
vencendo aquele por quem o homem se deixe influenciar."
512.
Podemos ter muitos
Espíritos protetores?
"Todo
homem conta sempre Espíritos, mais ou menos elevados, que com ele
simpatizam,
que lhe dedicam afeto e por ele se interessam, como também tem junto
de si
outros
que o assistem no mal."
513.
Os Espíritos que conosco
simpatizam atuam em cumprimento de missão?
"Não
raro, desempenham missão temporária; porém, as mais das vezes, são
apenas
atraídos
pela identidade de pensamentos e sentimentos, assim para o bem como
para o
mal."
a)
- Parece lícito
inferir-se daí que os Espíritos a quem somos simpáticos podem ser
bons
ou maus, não?
"Sim,
qualquer que seja o seu caráter, o homem sempre encontra Espíritos
que com
ele
simpatizem."
514.
Os Espíritos familiares
são os mesmos a quem chamamos Espíritos simpáticos
ou
Espíritos protetores?
"Há
gradações na proteção e na simpatia. Dai-lhes os nomes que
quiserdes. O
Espírito
familiar é antes o amigo da casa."
Das
explicações acima e das observações feitas sobre a natureza dos
Espíritos que se
afeiçoam
ao homem, pode-se deduzir o seguinte:
O
Espírito protetor, anjo de guarda, ou bom gênio é o que tem por
missão
acompanhar
o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza
superior, com relação ao protegido.
Os
Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por laços mais ou
menos duráveis,
com
o fim de lhes serem úteis, dentro dos limites do poder, quase sempre
muito restrito, de
que
dispõe. São bons, porém muitas vezes pouco adiantados e mesmo um
tanto levianos.
Ocupam-se
de boamente com as particularidades da vida íntima e só atuam por
ordem ou
com
permissão dos Espíritos protetores.
Os
Espíritos simpáticos são os que se sentem atraídos para o nosso
lado por afeições
particulares
e ainda por uma certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto
para o bem
como
para o mal. De ordinário, a duração de suas relações se acha
subordinada às
circunstâncias.
O
mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso, que se liga ao
homem para
desviá-lo
do bem. Obra, porém, por impulso próprio e não no desempenho de
missão. A
tenacidade
da sua ação está em relação direta com a maior ou facilidade de
acesso que
encontre
por parte do homem, que goza sempre da liberdade de escutar-lhe a voz
ou de lhe
cerrar
os ouvidos.
515.
Que se há de pensar
dessas pessoas que se ligam a certos indivíduos para
levá-los
à perdição, ou para guiá-los pelo bom caminho?
"Efetivamente,
certas pessoas exercem sobre outras uma espécie de fascinação que
parece
irresistível. Quando isso se dá no sentido do mal, são maus
Espíritos, de que outros
Espíritos
também maus se servem para subjugá-las. Deus permite que tal coisa
ocorra para
vos
experimentar."
516.
Poderiam os nossos bom e
mau gênios encarnar, a fim de mais perto nos
acompanharem
na vida?
"Isso
às vezes se dá. Porém, o que mais freqüentemente se verifica é
encarregarem
dessa
missão outros Espíritos encarnados que lhes são simpáticos."
517.
Haverá Espíritos que se
liguem a uma família inteira para protegê-la?
"Alguns
Espíritos se ligam aos membros de uma determinada família, que vivem
juntos
e unidos pela afeição; mas, não acrediteis em Espíritos protetores
do orgulho das raças."
518.
Assim como são
atraídos, pela simpatia, para certos indivíduos, são-no
igualmente
os Espíritos, por motivos particulares, para as reuniões de
indivíduos?
"Os
Espíritos preferem estar no meio dos que se lhes assemelham. Acham-se
aí mais
à
vontade e mais certos de serem ouvidos. É pelas suas tendências que
o homem atrai os
Espíritos
e isso quer esteja só, quer faça parte de um todo coletivo, como uma
sociedade,
uma
cidade, ou um povo. Portanto, as sociedades, as cidades e os povos
são, de acordo com
as
paixões e o caráter neles predominantes, assistidos por Espíritos
mais ou menos
elevados.
Os Espíritos imperfeitos se afastam dos que os repelem. Segue-se que
o
aperfeiçoamento
moral das coletividades, como o dos indivíduos, tende a
afastar os maus
Espíritos
e a atrair os bons, que estimulam e alimentam nelas o sentimento do
bem, como
outros
lhes podem insuflar as paixões grosseiras."
519.
As aglomerações de
indivíduos, como as sociedades, as cidades, as nações,
têm
Espíritos protetores especiais?
"Têm,
pela razão de que esses agregados são individualidades coletivas
que,
caminhando
para um objetivo comum, precisam de uma direção superior."
520.
Os Espíritos protetores
das coletividades são de natureza mais elevada do que
os
que se ligam aos indivíduos?
"Tudo
é relativo ao grau de adiantamento, quer se trate de coletividades,
quer de
indivíduos."
521.
Podem certos Espíritos
auxiliar o progresso das artes, protegendo os que às
artes
se dedicam?
"Há
Espíritos protetores especiais e que assistem os que os invocam,
quando dignos
dessa
assistência. Que queres, porém, que façam com os que julgam ser o
que
não
são? Não lhes cabe fazer que os cegos vejam, nem que os surdos
ouçam."
Os
antigos fizeram, desses Espíritos, divindades especiais. As Musas
não eram
senão
a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências
e das artes, como os
deuses
Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protetores da família.
Também
modernamente,
as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os países têm seus
patronos,
que
mais não são do que Espíritos superiores, sob várias
designações.
Tendo
todo homem Espíritos que com ele simpatizam, claro é que, nos corpos
coletivos,
a generalidade dos Espíritos que lhes votam simpatia está em
proporção com a
generalidade
dos indivíduos; que os Espíritos estranhos são atraídos para essas
coletividades
pela identidade dos gostos e das idéias; em suma, que esses agregados
de
pessoas,
tanto quanto os indivíduos, são mais ou menos bem assistidos e
influenciados, de
acordo
com a natureza dos sentimentos dominantes entre os elementos que os
compõem.
Nos
povos, determinam a atração dos Espíritos os costumes, os hábitos,
o caráter
dominante
e as leis, as leis sobretudo, porque o caráter de uma nação se
reflete nas suas leis.
Fazendo
reinar em seu seio a justiça, os homens combatem a influência dos
maus Espíritos.
Onde
quer que as leis consagrem coisas injustas, contrárias à Humanidade,
os bons
Espíritos
ficam em minoria e a multidão, que aflui, dos maus mantém a nação
aferrada às
suas
idéias e paralisa as boas influências parciais, que ficam perdidas
no conjunto, como
insuladas
espigas entre espinheiros. Estudando-se os costumes dos povos ou de
qualquer
reunião
de homens, facilmente se forma idéia da população oculta que se
lhes imiscui no
modo
de pensar e nos atos.
Pressentimentos
522.
O pressentimento é
sempre um aviso do Espírito protetor?
"É
o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. Também
está na
intuição
da escolha que se haja feito. É a voz do instinto. Antes de encarnar,
tem o Espírito
conhecimento
das fases principais de sua existência, isto é, do gênero das
provas a que se
submete.
Tendo estas caráter assinalado, ele conserva, no seu foro
íntimo,
uma espécie de impressão de tais provas e esta impressão, que é a
voz do instinto,
fazendo-se
ouvir quando lhe chega o momento de sofrê-las, se torna
pressentimento."
523.
Acontecendo que os
pressentimentos e a voz do instinto são sempre algum
tanto
vagos, que devemos fazer, na incerteza em que ficamos?
"Quando
te achares na incerteza, invoca o teu bom Espírito, ou ora
a Deus,
soberano
senhor de todos, e Ele te enviará um de seus mensageiros, um de nós."
524.
Os avisos dos Espíritos
protetores objetivam unicamente o nosso procedimento
moral,
ou também o proceder que devamos adotar nos assuntos da vida
particular?
"Tudo.
Eles se esforçam para que vivais o melhor possível. Mas, quase
sempre
tapais
os ouvidos aos avisos salutares e vos tornais desgraçados por culpa
vossa."
Os
Espíritos protetores nos ajudam com seus conselhos, mediante a voz da
consciência
que fazem ressoar em nosso íntimo. Como, porém, nem sempre ligamos a
isso
a
devida importância, outros conselhos mais diretos eles nos dão,
servindo-se das pessoas
que
nos cercam. Examine cada um as diversas circunstâncias felizes ou
infelizes de sua
vida
e verá que em muitas ocasiões recebeu conselhos de que se não
aproveitou e que lhe
teriam
poupado muitos desgostos, se os houvera escutado.
Influência
dos Espíritos nos acontecimentos da vida
525.
Exercem os Espíritos
alguma influência nos acontecimentos da vida?
"Certamente,
pois que vos aconselham."
a)
- Exercem essa
influência por outra forma que não apenas pelos pensamentos
que
sugerem, isto é, têm ação direta sobre o cumprimento das coisas?
"Sim,
mas nunca atuam fora das leis da Natureza."
Imaginamos
erradamente que aos Espíritos só caiba manifestar sua ação por
fenômenos
extraordinários. Quiséramos que nos viessem auxiliar por meio de
milagres e os
figuramos
sempre armados de uma varinha mágica. Por não ser assim é que
oculta nos
parece
a intervenção que têm nas coisas deste mundo e muito natural o que
se executa com
o
concurso deles.
Assim
é que, provocado, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que
suporão
encontrar-se
por acaso; inspirando a alguém a idéia de passar por determinado
lugar;
chamando-lhe
a atenção para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista,
eles
obram
de tal maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso
próprio, conserva
sempre
o seu livre-arbítrio.
526.
Tendo, como têm, ação
sobre a matéria, podem os Espíritos provocar certos
efeitos,
com o objetivo de que se dê um acontecimento? Por exemplo: um homem
tem que
morrer;
sobe uma escada, a escada se quebra e ele morre da queda. Foram os
Espíritos
que
quebraram a escada, para que o destino daquele homem se cumprisse?
"É
exato que os Espíritos têm ação sobre a matéria, mas para
cumprimento das leis
da
Natureza, não para as derrogar, fazendo que, em dado momento, ocorra
um sucesso
inesperado
e em contrário àquelas leis. No exemplo que figuraste, a escada se
quebrou
porque
se achava podre, ou por não ser bastante forte para suportar o peso
de um homem.
Se
era destino daquele homem perecer de tal maneira, os Espíritos lhe
inspirariam a idéia de
subir
a escada em questão, que teria de quebrar-se com o seu peso,
resultando-lhe daí a
morte
por um efeito natural e sem que para isso fosse mister a produção de
um milagre."
527.
Tomemos outro exemplo, em
que não entre a matéria em seu estado natural.
Um
homem tem que morrer fulminado pelo raio. Refugia-se debaixo de uma
árvore. Estala
o
raio e o mata. Poderá dar-se tenham sido os Espíritos que provocaram
a produção do
raio
e que o dirigiram para o homem?
"Dá-se
o mesmo que anteriormente. O raio caiu sobre aquela árvore em tal
momento,
porque estava nas leis da Natureza que assim acontecesse. Não foi
encaminhado
para
a árvore, por se achar debaixo dela o homem. A este, sim, foi
inspirada a idéia de se
abrigar
debaixo de uma árvore sobre a qual cairia o raio, porquanto a árvore
não deixaria de
ser
atingida, só por não lhe estar debaixo da fronde o homem."
528.
No caso de uma pessoa mal
intencionada disparar sobre outra um projetil que
apenas
lhe passe perto sem a atingir, poderá ter sucedido que um Espírito
bondoso haja
desviado
o projétil?
"Se
o indivíduo alvejado não tem que perecer desse modo, o Espírito
bondoso lhe
inspirará
a idéia de se desviar, ou então poderá ofuscar o que empunha a
arma, de sorte a
fazê-lo
apontar mal, porquanto, uma vez disparada a arma, o projétil segue
linha que tem de
percorrer."
529.
Que se deve pensar das
balas encantadas, de que falam algumas lendas e que
fatalmente
atingem o alvo?
"Pura
imaginação. O homem gosta do maravilhoso e não se contenta com as
maravilhas
da Natureza."
a)
- Podem os Espíritos que
dirigem os acontecimentos terrenos ter obstada sua
ação
por Espíritos que queiram o contrário?
"O
que Deus quer se executa. Se houver demora na execução, ou lhe
surjam
obstáculos,
é porque Ele assim o quis."
530.
Não podem os Espíritos
levianos e zombeteiros criar pequenos embaraços à
realização
dos nossos projetos e transtornar as nossas previsões? Serão eles,
numa
palavra,
os causadores do que chamamos pequenas misérias da vida humana?
"Eles
se comprazem em vos causar aborrecimentos que representam para vós
provas
destinadas
a exercitar a vossa paciência.
Cansam-se, porém, quando vêem que nada conseguem. Entretanto, não
seria
justo, nem acertado, imputar-lhes todas as decepções que
experimentais e de que sois
os
principais culpados pela vossa irreflexão. Fica certo de que, se a
tua louça se quebra, é
mais
por desazo teu do que por culpa dos Espíritos."
a)
- Destes, os que provocam
contrariedades obram impelidos por animosidade
pessoal,
ou assim procedem contra qualquer, sem motivo determinado, por pura
malícia?
"Por
uma e outra coisa. Às vezes os que assim vos molestam são inimigos
que
granjeastes
nesta ou em precedente existência. Doutras vezes, nenhum motivo
há."
531.
Extingue-se-lhes com a
vida corpórea a malevolência dos seres que nos
fizeram
mal na Terra?
"Muitas
vezes reconhecem a injustiça com que procederam e o mal que causaram.
Mas,
também, não é raro que continuem a perseguir-vos, cheios de
animosidade, se Deus o
permitir,
por ainda vos experimentar."
a)
- Pode-se pôr termo a
isso? Por que meio?
"Podeis.
Orando por eles e lhes retribuindo o mal com o bem, acabarão
compreendendo
a injustiça do proceder deles. Demais, se souberdes colocar-vos acima
de
suas
maquinações, deixar-vos-ão, por verificarem que nada lucram."
A
experiência demonstra que alguns Espíritos continuam em outra
existência a
exercer
as vinganças que vinham tomando e que assim, cedo ou tarde, o homem
paga o mal
que
tenha feito a outrem.
532.
Têm os Espíritos o
poder de afastar de certas pessoas os males e de favorecê-las
com
a prosperidade?
"De
todo, não; porquanto, há males que estão nos decretos da
Providência.
Amenizam-vos,
porém, as dores, dando-vos paciência e resignação.
"Ficai
igualmente sabendo que de vós depende muitas vezes poupar-vos aos
males,
ou,
quando menos, atenuá-los.
A
inteligência, Deus vo-la outorgou para que dela vos sirvais e é
principalmente por meio
da
vossa inteligência que os Espíritos vos auxiliam, sugerindo-vos
idéias propícias ao vosso
bem.
Mas, não assistem senão os que sabem assistir-se a si mesmos. Esse o
sentido destas
palavras:
Buscai e achareis, batei e se vos abrirá.
"Sabei
ainda que nem sempre é um mal o que vos parece sê-lo.
Freqüentemente, do
que
considerais um mal sairá um bem muito maior. Quase nunca compreendeis
isso, porque
só
atentais no momento presente ou na vossa própria pessoa."
533.
Podem os Espíritos fazer
que obtenham riquezas os que lhes pedem que assim
aconteça?
"Algumas
vezes, como prova. Quase sempre, porém, recusam, como se recusa à
criança
a satisfação de um pedido inconsiderado."
a)
- São os bons ou os maus
Espíritos que concedem esses favores?
"Uns
e outros. Depende da intenção. As mais das vezes, entretanto, os que
concedem
são os Espíritos que vos querem arrastar para o mal e que encontram
meio fácil
de
o conseguirem, facilitando-vos os gozos que a riqueza
proporciona."
534.
Será por influência de
algum Espírito que, fatalmente, a realização dos nossos
projetos
parece encontrar obstáculos?
"Algumas
vezes é isso efeito da ação dos Espíritos; muito mais vezes,
porém, é que
andais
errados na elaboração e na execução dos vossos projetos. Muito
influem nesses
casos
a posição e o caráter do indivíduo. Se vos obstinais em ir por um
caminho que não
deveis
seguir, os Espíritos nenhuma culpa têm dos vossos insucessos. Vós
mesmos vos
constituís
em vossos maus gênios."
535.
Quando algo de venturoso
nos sucede é ao Espírito nosso protetor que
devemos
agradecê-lo?
"Agradecei
primeiramente a Deus, sem cuja permissão nada se faz; depois aos bons
Espíritos
que foram os agentes da sua vontade."
a)
- Que sucederia se nos
esquecêssemos de agradecer?
"O
que sucede aos ingratos."
b)
- No entanto, pessoas há
que não pedem nem agradecem e às quais tudo sai bem!
"Assim
é, de fato, mas importa ver o fim. Pagarão bem caro essa felicidade
de que
não
são merecedores, pois quanto mais houverem recebido, tanto maiores
contas terão que
prestar."
128.
Os seres a que chamamos
anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria
especial,
de natureza diferente da dos outros Espíritos?
"Não;
são Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e
reúnem todas
as perfeições."
A
palavra anjo desperta geralmente a idéia de perfeição
moral. Entretanto, ela se
aplica
muitas vezes à designação de todos os seres, bons e maus, que
estão fora da
Humanidade.
Diz-se: o anjo bom e o anjo mau; o anjo de luz e o anjo das trevas.
Neste
caso,
o termo é sinônimo de Espírito ou de gênio.
Tomamo-lo aqui na sua melhor acepção.
129.
Os anjos hão
percorridos todos os graus da escala?
"Percorreram
todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem
murmurar
suas missões, chegaram depressa; outros, gastaram mais ou menos
tempo para
chegar
à perfeição."
130.
Sendo errônea a
opinião dos que admitem a existência de seres criados
perfeitos
e superiores a todas as outras criatura, como se explica que essa
crença esteja na
tradição
de quase todos os povos?
"Fica
sabendo que o mundo onde te achas não existe de toda a eternidade e
que,
muito
tempo antes que ele existisse, já havia Espíritos que tinham
atingido o grau supremo.
Acreditaram
os homens que eles eram assim desde todos os tempos."
Primeira ordem. - Espíritos
puros
112.
CARACTERES GERAIS. - Nenhuma influência da matéria. Superioridade
intelectual
e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.
113.
Primeira classe. Classe única. - Os Espíritos que a
compõem percorreram
todos
os graus da escala e despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo
alcançado a soma de perfeição de
que
é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem
expiações. Não estando
mais
sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna
no seio de Deus.
Gozam
de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às
necessidades,
nem
às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém, não é a ociosidade
monótona,
a
transcorrer em perpétua contemplação.
Eles são os mensageiros e os ministros de Deus,
cujas
ordens executam para manutenção da harmonia universal. Comandam a
todos os
Espíritos
que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e
lhes
designam
as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los
ao bem ou à
expiação
das faltas que os conservem distanciados da suprema felicidade,
constitui para
eles
ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos,
arcanjos ou serafins.
Podem
os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente
presunçoso
seria
aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
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