versos inscritos numa taça feita de um crânio


 

 

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito 
Vê em mim um crânio, o único que existe 
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva, 
Tudo aquilo que flui jamais é triste. 
Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri; 
Que renuncie e terra aos ossos meus 
Enche! Não podes injuriarme; tem o verme 
Lábios mais repugnantes do que os teus. 

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão, 
Para ajudar os outros brilhe agora e; 
Substituto haverá mais nobre que o vinho 
Se o nosso cérebro já se perdeu? 

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus 
Já tiverdes partido, uma outra gente 
Possa te redimir da terra que abraçar-te, 
E festeje com o morto e a própria rima tente. 

E por que não? Se as fontes geram tal tristeza 
Através da existência-curto dia-, 
Redimidas dos vermes e da argila 
Ao menos possam ter alguma serventia.

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