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A semi-aridez do Nordeste brasileiro
e as suas relações com a dinâmica atmosférica
Colegas
da Lista,
o jovem estudante Jailson, que atualmente cursa a Licenciatura em
Geografia da UFPE, trouxe a esta Lista de Discussão um interessante tema do
âmbito da Climatologia.
A questão por ele apresentada refere-se à questão da semi-aridez do
Nordeste brasileiro e as suas relações com a dinâmica atmosférica. Não sou um
especialista em Climatologia; no máximo sou um curioso por essa fascinante área
da Geografia Física. Atrevo-me a fazer umas elementares considerações sobre a
"provocação" do Jailson. Provocação salutar, diga-se de passagem...
1- A semi-aridez do NEB é muito mais uma conseqüência da circulação atmosférica
geral do que das influências topográficas. Durante muitos anos, foi dito que o
planalto ( que muitos errônea e injustificadamente denominam de "chapada") da
Borborema era a "causa principal" do bolsão semi-árido . Não o é!
2- A semi-aridez do NEB é basicamente uma decorrência da camada de inversão dos
alísios. Quanto mais baixa ela se encontra mais estável é a atmosfera, e quanto
mais estável mais seca. Nesse particular, a "orografia" , no caso das
depressões, colabora para uma maior subsidência dessa camada de inversão.
3- Ao contrário do que se disse, a massa Equatorial Atlântica não responde pela
semi-aridez do NEB. Massas equatoriais são, na sua essência, de ar instável e
nevoento... Assim, é impossível que essa massa determine bolsões de
semi-aridez... Depois, o que se conhece como Massa de Ar Equatorial Atlântica
(mEA) não se origina, segundo mostram as imagens de satélite, em faixas
adjacentes ao Equador. A mEA vem, na verdade, de um flanco do Centro
Anticiclônico subtropical do Atlântico Sul. Portanto, não pode ser denominada de
"Equatorial". A denominação de uma massa advém da sua região de origem...
4- A leitura dos textos de Gilberto Osório e Rachel Caldas Lins, que abordam de
forma singular a Climatologia nordestina, é necessária para quem deseja conhecer
melhor essa intricada atmosfera de uma setor do Brasil.
As novas gerações de geógrafos tem uma dívida imensa com esse que foi um
dos mais notáveis geógrafo físicos desse País. Gilberto Osório, atualmente um
ilustre "desconhecido " das novas gerações, que nem ao menos é citado por muitos
professores de Geografia Física no Brasil, apresentou teses, escritas numa
época em que não existiam os recursos hoje disponíveis, que ainda hoje se
mostram sólidas...
A propósito dessa figura importantíssima da Geografia ( e da Política,
também), sugiro aos interessados que leiam , no site da AGB Campina Grande, um
artigo da jornalista Leda Rivas.
Saudações Geográficas
Lucivânio Jatobá
P.S- Não revisei essa mensagem. Peço-lhes desculpas pelos eventuais erros.
Sim, o site da AGB-Campina Grande é
http://geocities.yahoo.com.br/agbcg/
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