Legião Urbana
Mais do Mesmo, de 98. São 16 faixas que foram selecionadas por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. "Nenhuma das faixas exige apresentação, porque são clássicos. E os clássicos são clássicos porque sempre devem ser ouvidos, revistos e relidos", diz o encarte ...
Tire suas mãos de mim.
Eu não pertenço a você.
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
Eu posso estar sozinho
Mas eu sei muito bem aonde estou
Você pode até duvidar
Acho que isso não é amor
Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?
Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Pra que esse nosso egoísmo
Não destrua nosso coração
Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?
Brigar pra que
Se é sem querer
Quem é que vai
Nos proteger?
Será que vamos Ter
Que responder
Pelos erros a mais
Eu e você?
Uma menina me ensinou
Quase tudo que eu sei
Era quase escravidão
Mas ela me tratava como um rei
Ela fazia muitos planos
Eu só queria estar ali
Sempre ao lado dela
Eu não tinha aonde ir
Mas, egoísta que eu sou,
Me esqueci de ajudar
A ela como ela me ajudou
E não quis me separar.
Ela também estava perdida
E por isso se agarrava a mim também
E eu me agarrava a ela
Porque eu não tinha mais ninguém
E eu dizia: - Ainda é cedo.
Sei que ela terminou
O que eu não comecei
E o que ela descobriu
Eu aprendi também, eu sei.
Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém
Ela me disse:
Eu não sei mais o que eu sinto por você.
Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê.
E eu dizia : - Ainda é cedo.
Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês nos empurraram
Com os enlatados dos U.S.A de nove 9 às seis
Desde pequenos nós comemos lixo comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser?
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar:
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque,
N'outro canto da cidade,
Como eles disseram.
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer.
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse:
Tem uma festa legal e a gente quer se divertir.
Festa estranha com gente esquisita:
Eu não estou legal. Não aguento mais birita.
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa:
É quase duas, eu vou me ferrar.
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar.
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard.
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo.
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo.
Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês.
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, de Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela e jogava futebol-de-botão com seu avô.
Ela falava coisas sobre o Planalto Central,
Também magia e meditação.
E o Eduardo ainda estava no esquema
"escola-cinema-clube-televisão".
E, mesmo com tudo diferente,
Veio mesmo, de repente,
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser.
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato e foram viajar.
A Mônica explicava pro Eduardo coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar:
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer e decidiu trabalhar;
E ela se formou no mesmo mês em que ele passou no vestibular.
E os dois comemoraram juntos e também brigaram junto, muitas vezes depois.
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa. Que nem feijão com arroz.
Construíram uma casa uns dois anos atrás,
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram.
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão.
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação.
Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo:
Temos todo o tempo do mundo.
Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia:
"Sempre em frente,
não temos tempo a perder."
Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem.
Veja o sol dessa manhã tão cinza:
A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos.
Então me abraça forte e me diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo:
Temos nosso próprio tempo.
Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas agora.
O que foi escondido é o que se escondeu
E o que foi prometido, ninguém prometeu.
Nem foi tempo perdido;
Somos tão jovens.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Ter de volta todo ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa Ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais, por não Ter nada a dizer.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante,
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Só maldade então, deixar um Deus tão triste.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda assim pude trazer você de volta para mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura para o meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda assim pude trazer você de volta para mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura para o meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação.
Que país é este
No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense
Mato Grosso, nas Geraes e no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão.
Que país é este
Terceiro mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios em um leilão.
Que país é este.
Não tinha medo, o tal João de Santo Cristo,
Era o que todos diziam quando ele se perdeu.
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu.
Quando criança só pensava em ser bandido,
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu.
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar.
Sentia mesmo que era mesmo diferente
E sentia que aquilo ali não era o seu lugar.
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
E de escolha própria escolheu a solidão.
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico, aos doze era professor.
Aos quinze, foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.
Não entendia como a vida funcionava
Discriminação por causa da sua classe ou sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, foi direto a Salvador
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem
Mas João foi lhe salvar.
Dizia ele: - Estou indo pra Brasília,
Neste país lugar melhor não há.
Estou precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar.
E João aceitou sua proposta e num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes da Natal.
Meu Deus, mas que cidade linda,
No ano-novo eu começo a trabalhar.
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga.
Na Sexta-feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô:
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar.
E o Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa e decidiu que,
Como Pablo, ele ia se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E, sem ser crucificado, a plantação foi começar.
Logo logo os malucos da cidade souberam da novidade:
Tem bagulho bom aí!
E João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali.
Fez amigos, frequentava a Asa Norte
E ia pra festa de rock, pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
Vocês vão ver, eu vou pegar vocês.
Agora o Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal.
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general.
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os pecados ele se arrependeu.
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele
Pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter.
O tempo passa e um dia vem a porta um senhor de alta classe com dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa e diz que espera uma resposta.
Uma resposta de João:
Não boto bomba em banca de jornal, nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cú na mão.
E é melhor o senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião.
Mas antes de sair, com um ódio no olhar, o velho disse:
Você perdeu sua vida, meu irmão.
Você perdeu a sua vida meu irmão. Você perdeu a sua vida meu irmão.
Essas palavras vão entrar no coração
E eu vou sofrer as consequências como um cão.
Não é que o Santo Cristo estava certo
E seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira descobriu que tinha outro trabalhando em sue lugar.
Falou com Pablo que queria um parceiro
E também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia e Santo Cristo revendia em Planaltina.
Mas acontece que um tal de Jeremias, traficante de renome, apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que, com João ele ia acabar.
Mas Pablo trouxe uma Winchester-22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois que Jeremias começasse a brigar.
(O Jeremias, maconheiro sem-vergonha,
organizou a Rockonha
E fez todo mundo dançar.)
Desvirginava mocinhas inocentes
E dizia que era crente mas não sabia rezar.
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
Eu vou embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo de a gente se casar.
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia, Jeremias se casou
E um filho nela ele fez.
Santo Cristo era só ódio por dentro e então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Amanhã às duas horas na Ceilândia, em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia, aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor
Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter na televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora e o local e a razão
No Sábado então, às duas horas, todo o povo
Sem demora foi lá só pra assistir
Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo
E começou a sorrir.
Sentindo o sangue na garganta,
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
A gente da TV que filmava tudo ali.
E se lembrou de quando era uma criança e de tudo que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
Se a via-crucis virou circo, estou aqui.
E nisso o sol cegou seus olhos e então Maria Lúcia ele reconheceu.
Ela trazia a Winchester-22
A arma que seu primo Pablo lhe deu.
Jeremias, eu sou homem, coisa que você não é.
E não atiro pelas costas não.
Olha pra cá filha da puta, sem-vergonha,
Dá uma olhada no meu sangue
E vem sentir o seu perdão.
E Santo Cristo com a Winchester-22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor.
E o povo declarava que João Santo Cristo era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade não acreditou na estória que eles viram na TV
E João não conseguiu o que queria quando veio pra Brasília, com o Diabo ter
Ele queria era falar pro presidente,
Pra ajudar toda essa gente
Que só faz sofrer.
Parece cocaína, mas é só tristeza, Talvez tua cidade.
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.
E o descompasso e o desperdício herdeiros são agora da virtude que perdemos.
Há tempos tive um sonho não me lembro não me lembro.
Tua tristeza é tão exata e hoje o dia é tão bonito.
Já estamos acostumados a não termos mais nem isso.
Os sonhos vêm e os sonhos vão. O resto é imperfeito.
Disseste que se tua voz tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria não só a tua casa mas a vizinhança inteira.
E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade.
Há tempos são os jovens que adoecem.
Há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção
Meu amor, disciplina é liberdade. Compaixão é fortaleza.
Ter bondade é Ter coragem.
E ela disse: - Lá em casa tem um poço mas a água é muito limpa.
Estátuas e cofres e paredes pintadas ninguém sabe o que aconteceu.
Ela se jogou da janela do quinto andar. Nada é fácil de entender.
Dorme agora: É só o vento lá fora. Quero colo.
Vou fugir de casa. Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo Tive um pesadelo Só vou voltar depois das três.
Meu filho vai Ter nome de santo Quero o nome mais bonito.
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, Na verdade não há.
Me diz porque é que o céu é azul? Me explica a grande fúria do mundo.
São meus filhos que tomam conta de mim. Eu moro com a minha mãe,
mas meu pai vem me visitar. Eu moro na rua, não tenho ninguém.
Eu moro em qualquer lugar. Já morei em tanta casa que nem me lembro mais.
Eu moro com meus pais.
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, Na verdade não há.
Sou uma gota dágua. Sou um grão de areia.
Você me diz que seus pais não entendem,
Mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo
E isso é absurdo: São crianças como você.
O que você vai ser quando você crescer?
Quero me encontrar, mas não sei onde estou.
Vem comigo procurar um lugar mais calmo.
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita.
Tenho quase certeza que eu não sou daqui.
Acho que gosto de S. Paulo e gosto de S. João. Gosto de S. Francisco e S. Sebastião. E eu gosto de meninos e meninas.
Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre.
Vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente.
Estou cansado de bater e ninguém abrir.
Você me deixou sentindo tanto frio.
Não sei mais o que dizer.
Te fiz comida, Velei teu sono,
Fui teu amigo, Te levei comigo e me diz: pra mim o que é que ficou?
Me deixa ver como viver é bom.
Não é a vida como está e sim as coisas como são.
Você não quis tentar me ajudar.
Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?
Eu canto em português errado.
Acho que o imperfeito não participa do passado.
Troco as pessoas, Troco os pronomes.
Preciso de oxigênio. Preciso ter amigos.
Preciso Ter dinheiro. Preciso de carinho.
Acho que te amava, agora acho que te odeio.
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar.
Acho que gosto de S. Paulo e gosto de S. João. Gosto de S. Francisco e S. Sebastião.
E eu gosto de meninos e meninas.
De tarde quero descansar, chegar até a praia
Ver se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras.
Sei que faço isso para esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora.
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção.
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo.
Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
A vida continua e se entregar é uma bobagem.
Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim.
Quero ser feliz ao menos.
Lembra que o plano era ficarmos bem?
Ei, olha só o que achei: cavalos marinhos.
Sei que faço isso para esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora.
1 - Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões.
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.
2 - Vamos comemorar como idiotas
A cada Fevereiro e Feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.
3 - Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(a lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.
4 - Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalho honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.
5 - Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição.
E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer,
Quando convém
Aparecer ou quando quero.
Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou.
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz.
Mas tudo bem
Tudo bem
Tudo bem
Lá vem lá vem lá vem
De novo:
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei.
Mas tudo bem
Tudo bem
Tudo bem
João Roberto era o Maioral, o nosso Johnny era
um cara legal
Ele tinha um Opala metálico azul
Era o rei dos pegas na Asa Sul e em todo lugar
Quando ele pegava no violão
Conquistava as meninas e quem mais quisesse ver
Sabia tudo da Janis, do Led Zeppelin, dos
Beatles e dos Rolling Stones
Mas de uns tempos p'rá cá meio sem querer
alguma coisa aconteceu
Johnny andava meio quieto demais só que
quase ninguém percebeu
Johnny estava com um sorriso estranho
Quando marcou um super pega no
fim-de-semana
Não vai ser no CASEB, nem no Lago Norte
nem na UnB
As máquinas prontas, o ronco de motor
A cidade inteira se movimentou
E Johnny disse: - Eu vou p'rá Curva do Diabo
em Sobradinho e vocês?
E os motores saíram ligados a mil
P'rá estrada da morte, o maior pega que existiu
Só deu p'rá ouvir foi aquela explosão
E os pedaços do Opala azul de Johnny
pelo chão
No dia seguinte falou o diretor:
- O aluno João Roberto não está mais entre nós
Ele só tinha dezesseis
Que isso sirva de aviso p'rá vocês
E na saída da aula foi estranho e bonito
Todo mundo cantando baixinho:
*Strawberry Fields Forever
*Strawberry Fields Forever
E até hoje quem se lembra diz que não foi o caminhão
Nem a curva fatal e nem a explosão
Johnny era fera demais p'rá vacilar assim
E o que dizem é que foi tudo por causa de um
coração partido
Um coração
Bye bye Johnny
Johnny bye bye
Bye bye Johnny
Johnny bye bye
*Strawberry Fields Forever : de Lennon e McCartney
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Vem e me diz o que aconteceu
Faz de conta que passou
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Daqui vejo seu descanso
Perto do seu travesseiro
Depois quero ver se acerto
Dos dois quem acorda primeiro
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Enquanto a vida vai e vem
Você procura achar alguém
Que um dia possa lhe dizer:
- Quero ficar só com você
Quem inventou o amor?