Carta à Comunidade Universitária

Associa��o dos Docentes da Universidade Estadual de Santa Cruz

 

No �ltimo dia 10 de agosto (quinta-feira passada) encerramos uma greve de 62 dias. A maior greve nessa universidade ap�s a sua estadualiza��o. Durante esse per�odo ocorreram assembl�ias, debates, reuni�es, audi�ncias com o secret�rio de educa��o do Estado, encontro com o governador, notas p�blicas, corte de sal�rios, mandado de seguran�a, entrevistas na imprensa escrita, falada e televisada. Com todas as dificuldades e oposi��es, julgamos que esse movimento foi vitorioso, uma vez que conseguimos demostrar ao governo do estado e aos reitores que a comunidade universit�ria tem capacidade de organiza��o e mobiliza��o.

Apesar de toda essa demonstra��o de for�a e organiza��o unificada (al�m da UESC, a UEFS, a UESB e a UNEB tamb�m entraram em greve e permanecem at� o momento), o governo do Estado se mostrou insens�vel �s reivindica��es da categoria, cuja pauta foi entregue ao secret�rio de educa��o no dia 05 de junho. A alega��o do secret�rio � a de que o governo n�o possui recursos para o ensino superior, uma vez que os mesmos est�o sendo aplicados no ensino fundamental e m�dio, colocando o FUNDEF como o grande vil�o da hist�ria.

No caso espec�fico da UESC, reconhecemos seu crescimento em v�rios setores. No entanto, v�rios problemas surgem associados a essa expans�o: escassez de espa�o f�sico, de sala para professores, de salas de aula, de microcomputadores, de livros e peri�dicos etc. A falta de uma resid�ncia universit�ria no campus obriga a maioria dos estudantes a viajar diariamente, alguns mais de 300 km. Da mesma forma, a inexist�ncia de um restaurante universit�rio, com refei��es subsidiadas, tamb�m sacrifica a maioria dos estudantes, comprovadamente de baixo poder aquisitivo, que n�o podem pagar o pre�o cobrado, inviabilizando assim a sua perman�ncia no campus por um per�odo mais longo, o que sem d�vida, contribuiria para a cria��o de um ambiente universit�rio de fato.

A nossa greve, al�m de exigir melhores sal�rios para os docentes e servidores, tamb�m se constituiu numa luta em defesa da universidade p�blica, gratuita, aut�noma e de qualidade, seriamente amea�ada. A mobiliza��o continua firme, pois a proposta do Secret�rio de Educa��o, Sr. Eraldo Tinoco, de destinar 3,82% da Receita Corrente L�quida para as universidades baianas distribu�rem entre si nos pr�ximos dois anos - sob press�o do movimento docente unificado - ainda � muito aqu�m do necess�rio para atender ao or�amento universit�rio, que corresponde, para o ano 2000, a 5,18% da referida receita, isto sem levar em conta reajustes salariais. Infelizmente para este ano s� est�o garantidos 3,08% dessa receita.

Num outro aspecto, o corte dos sal�rios dos professores representou uma atitude arbitr�ria e antidemocr�tica, ferindo a autonomia universit�ria. � lament�vel que o nosso dirigente m�ximo sequer tenha se manifestado acerca desse fato t�o absurdo. Ao contr�rio, preferiu recorrer da decis�o judicial ao Tribunal de Justi�a do Estado, reconhecidamente subserviente ao Poder Executivo, que cassou a liminar que foi concedida ao sindicato.

Cremos que um dos fatos mais positivos do movimento � trazer � tona a import�ncia que a Universidade P�blica, Gratuita e de Qualidade exerce em sua regi�o e a necessidade de a mantermos com essa caracter�stica org�nica, atrav�s dos f�runs de discuss�o da Autonomia Universit�ria e da luta conjunta dos tr�s segmentos da universidade. Neste momento, queremos dizer aos nossos colegas professores, aos funcion�rios e aos estudantes que os benef�cios de um movimento grevista nem sempre s�o imediatos. A hist�ria � algo que constru�mos no nosso dia-a-dia. Dessa forma, � fundamental a participa��o de todos n�s, para a constru��o de uma universidade cr�tica e acima de tudo democr�tica.

 

ADUSC - ASSOCIA��O DOS DOCENTES DA UESC

 

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