QUE É HEPATITE VIRÓTICA?
É um processo infeccioso primário do fígado. Atualmente já foram identificados cinco tipos de vírus: A, B, C, D e E. Suas principais características estão sumariamente apresentadas no quadro 1.
Principais características epidemológicas dos vírus que causam hapatites .
Tipo do vírus |
Vias de transmissão |
Morbidade |
Período de Incubação |
A |
oral e fecal |
baixa |
15 a 45 dias |
B |
sexual, agulhas contaminadas, sangue, procedimentos cirúrgicos e odontológicos , lesões na pele e na mucosa |
alta |
40 a 180 dias |
C |
sexual, agulhas contaminadas, sangue |
moderada |
5 a10 dias |
D |
sexual, agulhas contaminadas, sangue, procedimentos cirúrgicos e odontológicos , lesões na pele e na mucosa |
alta |
35 semanas |
E |
oral e fecal |
alta para gestantes |
28 a 48 dias |
Em relação à odontologia, o vírus da hepatite B (VHB ou HBV na literatura de língua inglesa) vem sendo considerado o de maior risco para a equipe de saúde bucal. O sangue é fonte principal da infecção ocupacinal, no entanto a presença do VHB na saliva e no fluido gengival não deve ser despresada.
O risco de infecção ocupacional é maior para os profissionais de especilidades cirúrgicas que para os clínicos.
O pessoal auxiliar odontológico (técnico em higiene dental, atendente de consultório dentário e técnico em prótese dental) também está sob risco aumentado de contrair o VHB, se comparado à população em geral.
As características próprias do trabalho odontológico, com freqüentes relatos de não adoção de normas universais de biossegurança e de falhas nos procedimentos de esterilização, revelam uma alta probabilidade de ocorrer infecção.
A transmissão pode se dar por contato direto do paciente para o profissional e deste para outros pacientes e seus familiares, ou por contato indireto, de paciente para paciente, pelo uso indevido de instrumentais e materiais contaminados
COMO PREVINIR?
A prevenção das hepatites viróticas é complexa e envolve uma série de fatores, particularmente aqueles relacionados com as vias de transmissão. Com o surgimento de uma vacina contra o vírus da hepatite tipo B, criou-se a expectativa de controlar esta doença. A vacina tem indicação para proteger as pessoas com maor risco de adquirir a infecção, entre elas os componentes da equipe de saúde bucal. O melhor momento para a imunização é o anterior ao início da atividade clínica.
Entre as doenças infecto-contagiosas, a hepatite B é a maior causa de mortes e interrupções da prática de consultório pelos dentistas. |
Devido às características da prática odontógica, a vacinação anti-VHB, como medida de proteção individual, é prioritária dentre os procedimentos de biossegurança . Mundialmete, a vacinação vem encontrando problemas de ordem prática e financeira para aplicação, apesar da demostração de seu poder imunogênico. A nível mundial têm-se observado que, mesmo quando as três doses necessárias á imunização são oferecidas gratuitamente, os trabalhadores de saúde não se motivam à adoção desta medida de proteção.
QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS?
Nas hepatites viróticas, independente etiologia, as manifestações clínicas são bastante semelhantes, sendo didaticamente distribuídas em quatro períodos:incubação, prodrômico, de estado e convalescença. A maior parte dos casos são anictéricos (70%), apresentando sintomas semelhantes a uma síndrome gripal, ou mesmo assintomáticos.
Um outro quadro clínico que merece destaque é a forma fulminante. Ocorre em menos de 1% dos casos de hepatites virais, independentemente da etiologia. Esta forma apresenta uma elevada taxa de letalidade (superior a 80%). A forma crônica é definida como um processo inflamatório contínuo do fígado, e de etiologia variável (tipos B , C, e D) e com duração superior a seis meses.
Chama-se de portador o indivíduo que conserva o vírus (tipo B , C e D) por mais de seis meses. Clinicamente, esses indivíduos podem ser sintomáticos ou assintomáticos. Dependendo de sua etiologia, as hepatites virais agudas (as que não evoluem para a cura completa) podem progredir para uma forma crônica, cirrose e, até, para carcinoma hepatocelular primário. O melhor exemplo dessa evolução é a da hepatite de vírus tipo B.