Nao transportamos valores
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Nao transportamos valores
Tanto na vida material quanto na vida espiritual, apenas nos tornamos relevantes quando possuímos algo de bom, algo raro, algo resultado de sacrifício e disciplina.
A frase me atingiu de cheio. Lá estava ela, grafada em caixa alta, na cor preta brilhante e espelhada sobre o fundo branco. Talvez não seria notada se o semáforo não tivesse fechado e eu não estivesse ansioso para chegar ao meu destino. Mas como o vermelho do semáforo se acendeu, o motorista do transporte parou a minha frente e não pude deixar de observar a mensagem.   "Não transportamos valores" eram os dizeres exatos da frase, destinada a tornar desinteressante qualquer tentativa de furto ou roubo.

A idéia era de, previamente, comunicar ao ladrão que não valia a pena o trabalho de abordar e arrombar o veículo, pois os componentes transportados não eram de valor. Comecei a sorrir, pensando no nível a que chegamos, tendo em vista a necessidade de ostensivamente, nos comunicarmos com os "fora-da-lei", não para reprimir o ato criminoso, mas apenas, para tentar escapar ao prejuízo causado pelo crime. Não era uma mensagem do tipo "roubar é crime e você será preso, portanto NÃO ROUBE", ou ainda "o crime não compensa: ladrão vai para a cadeia", mas era como se estivesse escrito "por favor, roube outro pois eu não tenho nenhum valor para ser roubado"! 

Comecei a menear a cabeça em tom de crítica, quando percebi uma incômoda verdade na frase indigesta: a atenção do inimigo é atraída por algo de valor. Tanto na vida material quanto na vida espiritual, apenas nos tornamos relevantes quando possuímos algo de bom, algo raro, algo resultado de sacrifício e disciplina.  Enquanto somos mais um na multidão e não causamos impacto no mundo ao nosso redor, o inimigo nos trata com indiferença, não nos percebe e até nos despreza. Somos desinteressantes porque realmente não fazemos diferença no ambiente em que convivemos. É como o sal que não salga ou a luz que não clareia. Sequer se percebe que está lá. E infelizmente, esta é a realidade de uma grande maioria dos cristãos. 

Em um mundo conturbado, deveríamos estar fazendo uma grande diferença. Cada dia que passa representa o aumento da perda de valores básicos na sociedade. Valores como honestidade: ser honrado, digno, virtuoso, ter coragem, decência, decoro; como a Integridade: inteireza moral, retidão, imparcialidade; e como a sinceridade: expressar-se sem falsidade, ser verdadeiro, autentico, sem dissimulação, sem malícia, são valores que, a cada dia, diminuem em presença no meio social. Isso deveria resultar em destaque para nós, cristãos, pois quanto mais o mundo se escurece, mais forte nossa luz deveria se tornar. Entretanto, parece-me que como o mundo, vamos escurecendo, afrouxando nossos valores, cedendo à pressão e nos igualando em tom e brilho (ou melhor, na falta dele) ao mal. 

A Bíblia exorta-nos a ser o sal da terra e a luz do mundo. Mas sal que realmente salga e luz que realmente clareia para que todos ao nosso redor, sintam a diferença e sejam incomodados por ela, pois do contrário, diz a Bíblia, de nada servimos. Quando não salgamos, quando não expargimos luz, tornando-nos sem interesse, e nem mesmo o inimigo se importa conosco. 

Diferentemente do veículo, a questão não é não transportarmos valores. Eles certamente estão presentes em nossas vidas, pois ouvimos falar deles todos os dias, nos sermões, nos estudos, nas ministrações da casa de Deus. A verdadeira questão é vivenciarmos os valores que transportamos. De nada adianta estarmos todos os dias na Igreja, assistirmos inúmeras pregações, estudos ou aulas da Escola Dominical se, quando somos exigidos a agirmos de forma honrada, não o fazemos. De nada adianta o conhecimento nunca é posto em prática, mas permanece somente como uma noção, enfraquecida e esquecida dentro de nós.

A fé sem obras é vazia, assim como o conhecimento sem ação, vazio é. Os hipócritas tiveram dura reprimenda da parte de Jesus: foram comparados a sepulcros caiados, por fora bonitos, mas por dentro, cheio de podridão.  Que nossa vida seja mais disciplinada, mais real, e reflita com fidelidade os valores que aprendemos de Deus. Que possamos não transportar valores, mas ao invés disso, vivenciar valores para a glória do pai!
Por Gleidson Gomes Izidorio
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