|
Perigosas, mas nem tanto Pessoas
indesejáveis existem em todo lugar e até mesmo no ambiente corporativo. Saiba
como lidar com elas e tentar se livrar ao máximo daquela Por
Marcela Canavarro Quem
nunca teve problemas com algum colega de trabalho? O ambiente corporativo não
é simplesmente uma extensão do mundo lá fora. A convivência com os
companheiros de trabalho requer cuidados especiais que, muitas vezes, poderiam
ser dispensados no ambiente externo. Hoje, mais do que nunca, é mais fácil
superar situações delicadas dentro da empresa do que contornar a crise econômica
e o desemprego. Conviver
para conhecer
Pode
parecer contraditório, mas, para detectar uma pessoa com esse perfil e
aprender a lidar com esse tipo de comportamento, é preciso se relacionar com
ela. Não adianta fugir ou fingir que nada está acontecendo. Para a psicóloga
Graziela Zlotnik, não se entende a questão como de exclusiva responsabilidade
da pessoa tida como perigosa, mas como uma via de mão dupla. -
As duas partes têm sua responsabilidades. A partir do momento em que eu me
responsabilizo pela situação, também posso mudar e construir outras
possibilidades –diz Graziela.
A
consultora comportamental da Novos Rumos, Regina Araújo, costuma dividir os
comportamentos indesejados no ambiente de trabalho em quatro tipos, que
determinam atitudes previsíveis. De
modo geral, existem pessoas que agem como verdadeiras "cobras",
fazendo uso de uma linguagem não-verbal bastante característica: olhar de
ameaça, prepotência, agressividade, inveja e demonstração de que estão
dispostas a qualquer coisa para conseguir o que desejam. Há também o caso das
que são muito submissas com os superiores, porém, muito autoritárias com as
hierarquias mais baixas. Outras,
mostram-se cordiais e solícitas, estão sempre por perto, acompanhando o
trabalho dos colegas, mas dão o bote quando menos se espera e, de repente, estão
utilizando um projeto como se fosse delas. Nesse caso, é preciso observar nas
entrelinhas quais são seus reais objetivos e que preço estão dispostas a
pagar por isso. Quando
se trata de um superior, ele normalmente cobra demais, sem dar os indicadores e
as ferramentas necessárias para a realização do trabalho. Não traz explicações,
não procura capacitar o profissional para a tarefa, mas quer resultados
positivos. Para
a consultora da Delphos e Associados, Valderez Ferreira, as pessoas com esse
tipo de comportamento não têm um "senso de eu real". -
Elas precisam do lugar que não é delas. Em vez de crescerem, observarem seu
próprio talento, vivem retalhando o outro – diz Valderez. Tratar
a questão como uma coisa ruim é mais do que natural, mas isso não vai
conseguir acabar com o problema. É preciso, portanto, saber como tirar
proveito do conflito. Para vencer essa barreira, é preciso ter plena noção
de seu próprio valor para a empresa, de que sua função é importante e bem
executada. A
primeira atitude a tomar é buscar trazer a pessoa para o grupo de aliados.
Mostrar os benefícios de suas próprias idéias e a repercussão positiva que
elas podem trazer para todo o conjunto pode ser uma maneira de legitimá-las. O
debate de opiniões é sempre um caminho a ser tentado. Depois
de detectar que o problema não é com você, não encarar críticas e agressões
como algo pessoal é uma forma de compreender a outra pessoa. Isso já vai ser
o primeiro passo e a solução vem sempre com pequenas conquistas. Bater de
frente também não é a melhor maneira de lidar com a questão, mas é preciso
ter cuidado para não confundir isso com uma posição passiva, que denote medo
ou fraqueza, para não prolongar a situação eternamente. Hoje,
já é evidente que a liderança não vem do carrasco e o superior que gera
conflitos não traz produtividade. O grande perigo é deixar-se desmotivar e
parar de criar. É preciso não se deixar contagiar por isso e acabar caindo em
uma inércia que não traz nenhum fator positivo.
Cautela
e sangue frio
Uma
maneira para mostrar sua insatisfação é pedir, com tom sereno e olhar de
humildade, para a pessoa que o agrediu repetir o que disse. Pode ser que ele
perceba que agiu inadequadamente ou fez uma brincadeira hostil. Para evitar que
outras pessoas se apropriem de seus projetos, o melhor é dar um jeito de
sempre assinar o seu trabalho e de encaminhá-lo para a pessoa certa, sem
intermediários. A
possibilidade de ir diretamente ao superior para tratar do problema também
deve ser analisada. A cultura de que a diretoria da empresa é muito distante
está sendo aos poucos superada. Hoje, as empresas já estão mais abertas às
soluções e aos questionamentos de níveis hierárquicos mais baixos. Para
a pessoa tida como perigosa no ambiente de trabalho, uma hora a verdade vai
aparecer e sua referência positiva no mercado ficará abalada. Ela pode até
galgar alguns degraus, mas seu crescimento profissional vai estagnar em certo
momento. -
Esse tipo de pessoa é insegura, tem uma pseudo-autoconfiança, senão não
agiria assim. Ela se julga muito esperta, mas não está alimentando seu
talento, sua empregabilidade. Que valor ela realmente agrega à organização?
– questiona Valderez Ferreira. A
Psicologia tem se preocupado bastante com os comportamentos nas organizações.
Já existem cursos que ensinam aos profissionais a lidar com situações de
conflito, trabalhando com ferramentas como barganha, coerção, emoção e
raciocínio lógico. Para
Graziela Zlotnik, é muito difícil saber qual a origem desse tipo de
comportamento. As relações que a pessoa já teve e a história de vida
influenciam, mas é tudo muito singular. Valderez
Ferreira acredita que as informações recebidas pelo cérebro, desde a fecundação,
formam uma auto-imagem da pessoa. Aquelas que têm baixa auto-estima costumam
registrar paradigmas e crenças de rebaixamento pessoal. É o caso, por
exemplo, de quem nasceu em famílias extremamente competitivas e comparativas
ou que não teve o reconhecimento adequado na infância e na adolescência. -
Pessoas que se acostumaram a resolver suas coisas fora de casa, sem ter o apoio
dos pais e aprenderam a seguir a lei do mais forte, não acreditam que podem
vencer de forma diferente – conclui. Métodos
e técnicas
Psicólogos
e profissionais de Recursos Humanos aprendem na faculdade e em cursos de
aprimoramento como identificar pessoas nocivas ao ambiente de trabalho, para
utilizar esses conhecimentos nos processos seletivos. As empresas exigem cada
vez mais o bom relacionamento pessoal e a transparência nas relações de
trabalho e estão desenvolvendo métodos para não cair mais no canto da
sereia. A
gerente regional de Seleção e Qualidade da Adecco, Erica Pesseti, conta como
o processo seletivo consegue detectar esse tipo de comportamento. Um dos testes
de personalidade mais utilizados é o método Wartegg. Nele, o candidato recebe
uma folha com oito campos e, a partir de estímulos recebidos, preenche cada um
deles com desenhos, relacionando-os a nomes. A partir de técnicas aprendidas
na faculdade e em cursos específicos, os psicólogos fazem um laudo que
demonstra alguns aspectos da personalidade do candidato. Incentivado
a falar de um momento na carreira em que se sentiu sobrecarregado, por exemplo,
o candidato acaba respondendo a outras questões relacionadas à sua carreira,
como sua reação diante de situações de pressão, sua capacidade de
autocontrole e a administração de demandas do cotidiano. As tais "cobras" ainda não estão extintas do ambiente corporativo, mas as empresas estão à caça delas para tornar o trabalho mais produtivo e os relacionamentos mais transparentes. Se você já passou por essa experiência, lembre-se que conseguir valorizar suas verdadeiras qualidades e competências é o melhor caminho para extrair da situação o que de melhor ela tem para oferecer. Fonte: www.timaster.com.br |
Alunos da Turma do Curso de Administração de 2002 do Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto - S.P. |
Copyright © 2004 Todos os direitos reservados |