"Porque não queremos, irmãos,
que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio
na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto
de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em
nós mesmos, tivemos
a sentença de morte, para que não confiemos em nós,
e sim no Deus que ressuscita os mortos; o qual
nos livrou e livrará de tão
grande morte; em quem temos esperado que ainda continuará a
livrar-nos," II Coríntios 1:-8-10.
Devido à curiosidade de muitos
que me pedem e para não ficar toda hora repetindo a mesma
história gostaria
de relatar aqui a experiência que tive no hospital do dia 27/02
a 14/03/2007.
Foram momentos difíceis, onde parecia que iria faltar força
para vencer a Batalha pela Vida,
forças que encontrei em Deus, na família e nos bons amigos que
temos nesta vida.
Dia 23/02/2007 senti um congestionamento
nasal, sendo que a secreção foi para o pulmão, de imediato comecei
a tratar com descongestionadores e bombinha, pois sou asmático, segundo
o médico a minha asma é de grau leve, onde não apresenta
muitos riscos de vida, se bem tratada. Nos dias seguintes não tive
sintomas de asma, como tosse e falta de ar excessiva, tive um pouco
de febre, mas como estava conseguindo escarrrar bem pelos remédios
pensei que era apenas uma gripe. Dia 27/02/2007 fui trabalhar e no
final do expediente deu um febrão, estava com 39º, fui para casa,
consultei
o médico e ele disse que teria que me internar. Eu estava somente
com 10% da capacidade pulmonar. Às vezes nos enganamos com o nosso
próprio diagnóstico.
Internei no mesmo dia no hospital da
cidade. Tinha que fazer um raio-x do tórax e seios da face. No quarto
onde estava tinha uma temperatura aproximada de 35º, enquanto que
na sala de raio-x esta temperatura estava em torno de 18º. Fui levado
pela enfermeira para a sala de espera. Ela me deixou lá numa cadeira
de rodas com um tubo de oxigênio esperando a minha vez de fazer o
raio-x. Em 5 minutos comecei a passar mal, tive uma sensação horrível,
como se a morte estivesse pegando o meu corpo, começou a congelar
os pés, depois os braços, senti aquele frio pegando o meu pulmão
então comecei a suplicar: "Deus, me ajuda..." e comecei a gritar,
uma senhora me acudiu, chamou a enfermeira e depois de uns 30 minutos
eu estava quase bem.
No dia seguinte consegui fazer o raio-x
bem agasalhado. Foi detectada pneumonia no pulmão direito e asma
no esquerdo. O tratamento para estas patologias consiste em corticóide
(para tirar o chiado do peito) e antibiótico (para matar a bactéria
da pneumonia). Estava projetada uma alta para 02/03/2007, e realmente
eu saí do hospital, iria continuar o tratamento em casa com corticóide
via oral. A pneumonia estava debelada.
Meu organismo não respondeu ao corticóide
via oral, sendo assim, no mesmo dia que dei alta retornei ao hospital
numa crise de asma muito mais forte daquela que ocasionou a internação.
Já estava 4 dias sem dormir, devido às nebulizações, remédios aplicadas
pelas enfermeiras e a dificuldade de respirar. Sexta-feira passei
a noite em claro como as demais, mas já estava muito mais debilitado
fisicamente, quase sem forças para lutar. Sábado à noite meu caso
se agravou muito, já não respondia aos remédios, sendo que o médico
tratou com mais de 8 medicações concomitantemente. As enfermeiras
já encontravam dificuldades para encontrar as minhas artérias para
fazer aplicações. Chamei a enfermeira e disse para ela que não iria
agüentar. Ele disse que iria verificar a situação com o médico e
veria se seria possível me internar na UTI, em vão, pois a UTI estava
com todos os seus leitos ocupados. Suportei a noite com muita dificuldade.
Não queria preocupar a minha mãe, pois
a minha avó também estava baixada com suspeita de aneurisma.
O médico aumentou a dosagem dos corticóides
para que eu não viesse a morrer de uma parada respiratória, sumariamente
o meu corpo reagiu bem, sendo que nos dias seguintes senti um certo
alívio, mesmo assim não conseguia dormir.
Fiquei duas semanas sem dormir, dormia
no máximo 2 horas por noite. Tinha medo de dormir e parar de respirar
e morrer. Quarta-feira, dia 07/03/2007 o médico disse que teria alta
dia 09/03/2007 se tudo continuasse como estava. Realmente melhorei
consideravelmente, mas o corticóide começou a ter um efeito terrível,
começou a ter retenção de líquido, inchei muito, não entrava mais
nas minhas roupas, sendo que minha mãe teve que comprar roupas novas
uns 4 números maiores. Eu estava com a barriga de uma mulher grávida
de uns 6 meses, sem contar o inchaço nos pés e pernas.
Dia 09/03/2007 foi terrível,
o dia que pensava que teria alta inchei demais. O médico foi
me ver e percebeu que eu não conseguia mais respirar, mandou
de urgência eu fazer uma
ecografia e um raio-x. Foi uma situação muito dramática.
Eu estava com o pulmão encharcado de água. Recebi um
diurético na veia. Fui
para a sala de raio-x e o mesmo pânico da primeira vez se fez
presente, só que desta vez muito maior. Com muita dificuldade
fiz a ecografia, pois tinha uma vontade terrível de urinar,
doía tudo.
Depois de feita a eco consegui urinar mais ou menos uns 3 litros.
No raio-x passei um dos momentos mais dramáticos da minha
vida. Estava com a mãe na sala. Os médicos fizeram
o raio-x e foram revelar, enquanto isso eu ainda estava urinando
o excesso de líquido
do corpo. De repente senti a mesma sensação da primeira
vez, o corpo começou a congelar, as pernas, os braços
e depois os pulmões, começou
a me faltar o ar, falei pra mãe, eu não consigo respirar,
chama o médico. Incrível, na sala de raio-x sempre
tem uns 2 médicos e uns
4 técnicos, não havia ninguém ali. Nem nos corredores
do hospital. Minha mãe olhou para o tubo de oxigênio
e viu que ele acabara! Eu estava em apuros. Comecei a gritar: "Deus
me ajuda!" (Romanos 10:13).
Depois de uns 4 minutos, quase roxo e sem ar, aparece uma enfermeira
com uma mangueira de uns 6 metros e coloca no meu respirador. Em
20 minutos consegui voltar a respirar quase normalmente. Lembrei-me
de uma passagem bíblica que um amigo meu me deu nos dias anteriores:
"O nosso Deus é o Deus libertador;
com Deus, o SENHOR, está o escaparmos da morte." Salmos 68:20.
Outro incidente interessante sobre
esse mal súbito que me acometeu. No meio da noite olhei para
um iorgute que dizia. "Beba sem parar", foi o que fiz,
talvez se eu não tivesse
bebido aquele alimento eu não teria suportado ao raio-x. Um
pouco antes de ir para ecografia também mandei uma mensagem
no celular da minha namorada dizendo que Deus era SUFICIENTE e PROVIDENTE
em
nossas vidas. E realmente ele foi.
Passado o susto do raio-x melhorei
consideravelmente, já devia ter urinado aproximadamente 10
litros, mas fiquei com uma cadeia na mente. O medo da morte. Começou
a chegar a noite e com ela o sono acumulado de semanas. Me lembrei
que o meu
pai faleceu com 39 anos em virtude de uma crise asmática.
Este fantasma começou a perseguir a minha mente. Fiquei aprisionado
pelo medo. A noite, chamei o médico dizendo que estava com
medo de morrer. Ele me disse que isso é normal pelo excesso
de medicação, o corticóide
gera um efeito maníaco, e eu assim estava. Por volta das 23
horas do sábado, dia 10/03/2007 tive um surto, literalmente
sai do juízo
normal, me arranquei a máscara de oxigênio e não
deixava ninguém
chegar perto
de mim, fatalmente sem a máscara eu morreria logo. Foram duas
horas agonizantes, eu não tenho consciência do acontecido
completamente, mas minha mãe disse que foi horrível.
Conseguiram dar uma injeção
no meu nervo e eu dormi bem depois. Não morri! Pela primeira
vez em duas semanas dormi 5 horas ininterruptas.
Os dias seguintes não foram fáceis,
haja vista que o tratamento teve que ser diferenciado, o médico teve
que retirar os corticóides, pois eu estava com um edema pulmonar,
e dar um diurético para que eu pudesse eliminar líquidos. Eu estava
correndo risco de fazer hemodiálise devido ao desgaste da função
hepática e a ser entubado na UTI para retirar o edema. Graças a Deus
resisti ao tratamento e no domingo, dia 11/03/2007 o médico
deu uma previsão de alta para dia 13/03/2007.
O desgaste psicológico foi tão grande
que eu tinha medo de dormir, quando sentia alguma coisa diferente
pedia pra ligar para o médico, estava bem inseguro. Graças a Deus
recebi uma palavra da minha namorada.
"Aproximando-se deles,
tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais!" Mateus
17:7.
Com essa palavra venci o medo, consegui
dormir a partir daquele dia e me recuperei até dar alta dia 14/03/2007.
Foram momentos difíceis. Nestes momentos nossas vidas são marcadas,
percebemos que fazemos coisas que não deveríamos fazer, perdemos
tempo naquilo que não traz alegria. Pensamos em coisas, não vivemos
o HOJE e nem AS PESSOAS.
Uma das coisas mais legais que me aconteceram
foi a visita de um amigo meu. Eu pensei que ia ser o último abraço
que eu ia dar nele nesta vida. Ele me disse dois dias depois que
no dia que eu o abracei ele ficou 3 horas em casa chorando, porque
ele se sentiu abraçado por Deus. Disse que nunca tinha sido abraçado
assim, logo por uma pessoa que tem os braços tão pequenos quanto
eu.
Também pedi perdão pra minha mãe pelas
coisas que fazemos muitas vezes nos achando no direito de por defeito
dos outros. Foi um momento muito interessante de reconciliação.
Que possamos aprender a viver a vida
de maneira agradável a Deus e ao nosso semelhante.
"Pois que aproveitará o
homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o
homem em troca da sua alma?" Mateus 16:26.
Sempre lia a Bíblia e achava sem graça
esse versículo:
"Todo ser que respira louve ao SENHOR.
Aleluia!" Salmos 150:6.
O dia que entendemos que o nosso fôlego
de vida vem de Deus, nossas perspectivas de vida e de eternidade
nunca mais são as mesmas. Que todos possam ver estas coisas! Este
é o meu desejo sincero!
Gostaria também de aproveitar
este espaço para agradecer a preocupação dos
meus familiares, amigos e colegas de trabalho. Vocês
são
especiais para mim! Sem vocês eu não escapava
dessa!!! Especial agradecimento ao médico e enfermeiros que
sempre demonstraram carinho no que fazem. Isso é extremamente
importante para uma pessoa fragilizada! Deus abençoe a todos!!!
Fábio Luiz Köche Trindade -
Secretário do Capítulo 530 ADHONEP Bento Gonçalves - RS