Relacionamentos

Relacionamentos

A cura dos relacionamentos

  • 1� Tema: Voc� pode viver sozinho?
  • 2� Tema: Porque � t�o dificil Relacionar-se?
  • 3� Tema: Quebrando os Muros: Eu preciso de Voc�
  • 4� Tema: Todos precisamos ser curados
  • 5� Tema: � preciso recome�ar
1� Tema: Voc� pode viver sozinho?
" Deus disse: n�o � bom que o homem esteja s�,
vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." (Gn 2,18

Introdu��o:

Voc� seria capaz de viver completamente sozinho, sem a ajuda de ningu�m, sem precisar de outra pessoa? Pode ser que muitos de voc�s tenham respondido que sim, entretanto, a verdade � bem diferente. N�s, homens, n�o fomos criados para vivermos sozinhos. N�o nos bastamos. Nossa aula hoje � um questionamento acerca disto. Juntos vamos descobrir a verdade que est� em Deus, e apagarmos as mentiras que a sociedade incutiu em n�s.

1-Voc� pode viver sozinho?

" A pessoa humana tem necessidade de vida social, ou seja de se relacionar, isto � uma exig�ncia de sua natureza." ( Cat. 1879

Todos n�s fomos chamados para um �nico fim que � Deus. H� uma certa semelhan�a entre a uni�o da Trindade e a fraternidade que n�s, homens devemos estabelecer entre n�s, na verdade e no amor. N�o h� como separarmos o amor a Deus do amor ao pr�ximo. Se caso pud�ssemos fazer isto, estar�amos indo completamente contra o que est� na Palavra de Deus. Quando dialogamos com os irm�os, desenvolvemos as virtudes em n�s, s�o desenvolvidas. Fomos criados por Deus para nos relacionarmos.

" O eu jamais saber� quem � sem a presen�a de um tu. Voc� sabia que somente podemos nos descobrir como �nicos, porque existem os outros?

Vivemos convivendo, ou seja, nos relacionando com os outros. � exatamente aqui que se encontra todo segredo de sermos felizes ou infelizes. De nos realizarmos como pessoa, ou n�o.

O nosso maior desafio hoje, como crist�os, � construirmos v�nculos que sejam resistentes e duradouros

. Voc� sabe porqu�? Infelizmente o amor n�o encontra condi��es para desenvolver-se.

Por isso, afastamo-nos uns dos outros, n�o permitindo de forma alguma que as pessoas entrem em nossa vida. N�o damos a menor possibilidade de aproxima��o. Criamos entre n�s e os outros um imenso abismo e n�o estamos nem um pouco interessados em construirmos uma ponte.

Permitimos que a palavra �dio fa�a parte do nosso vocabul�rio. Todos os dias milhares de pessoas morrem por causa do �dio, aqui podemos listar uma s�rie de coisas: viol�ncia, guerra, fome... A sociedade em que vivemos � extremamente competitiva e negociante, o outro � uma grande amea�a .

Tornamo-nos escravos do medo, da solid�o, da desconfian�a, do �dio, da gan�ncia, enfim, transformamo-nos numa ilha.

N�o entramos na vida de ningu�m e conseq�entemente ningu�m entra na minha. Pare um pouco e responda, voc� � capaz de viver sozinho? Necessitamos construir uma ponte, pois n�o somos uma ilha. Precisamos reencontrar o que nos faz felizes. � nosso dever resgatar o outro como imagem e semelhan�a de Deus, como pessoa digna. Resgatar o amor, valorizando a diversidade que somos.

2. Encontrar-se com os outros

A nossa vida n�o � um mon�logo no qual vamos viv�-lo sozinhos. Tampouco um trabalho solit�rio, mas � uma caminhada em equipe de irm�os unidos ao redor de Cristo. Valorizar o meu pr�ximo � indispens�vel. � preciso que cada um de n�s fa�amos o devido esfor�o de conhecermos o trabalho do doutro, enfim sua vida, pois atrav�s deste conhecimento poderemos apreciarmos mutuamente. Voc� � uma pessoa atenciosa? Vamos conhecer uma mulher muito atenciosa: " Tr�s dias depois, celebravam-se bodas em Can� da Galil�ia, e achava-se ali a m�e de Jesus. Tamb�m foram convidados Jesus e seus disc�pulos. Como viesse a faltar vinho, a m�e de Jesus disse-lhe: Eles j� n�o tem mais vinho." ( Jo 2,1-3) N�o precisamos continuar a leitura porque voc� com certeza conhece o final. Entretanto, preste aten��o num pequeno detalhe e responda: Quem disse a Maria que j� n�o tinha vinho? Ningu�m! Ela foi extremamente atenciosa ao ponto de perceber a necessidade daqueles noivos. Como est� a sua aten��o para com os que o rodeiam? Devemos ser atenciosos com todos. N�o h� diferen�a. Todos devem ser tratados com a mesma aten��o, seja o diretor da empresa onde voc� trabalha, ou a lavadeira que � sua funcion�ria. Deus em sua infinita bondade quis que nos relacion�ssemos n�o somente com Ele, mas com a toda a sua cria��o e com nossos semelhantes. Pois viu que sozinhos somos incompletos, que precisamos de outro para nos completar. As tr�s Pessoas da Sant�ssima Trindade, se doam, se amam e juntas formam uma comunidade de amor, de doa��o e servi�o, na caridade e fraternidade. Ao contemplarmos isso na Trindade, deve brotar em n�s um grande desejo de sermos um reflexo dela. Quando conhecemos somente nos realizamos a medida que nos doamos aos outros e isso faz-nos aproximar mais de Deus. Vamos tomar nossa B�blias e conhecer uma linda hist�ria de amizade que muito tem a nos falar. Rute 1, 16-17. Como me sinto diante deste texto? O que mais me tocou? Por qu�? Fa�a um breve momento de ora��o e descubra porque voc� n�o � uma ilha.

2� Tema: Porque � t�o dif�cil relacionar-se?

" Todo homem � para o outro um sinal de Deus Absoluto."

Introdu��o

Cada um de n�s � �nico e diferente, os outros nos arrancam do ego�smo, da solid�o, enfim de n�s mesmos e tendem a nos empurrar para Deus. O que mais nos leva a encontrar a Deus? N�o podemos dizer que encontramos a Deus ignorando os outros, tampouco que um animal ou uma flor nos leva mais a Deus que os nossos semelhantes. Quando sa�mos de n�s para amar o outro, agradamos muito ao cora��o de Deus.

A vontade de Deus � que desenvolvamos o amor fraterno entre n�s, mas como? Cultivando relacionamentos de amor e fraternidade.

Vamos ver alguns exemplos b�blicos de amor humano. Para isso, voc� pode fazer uso da sua B�blia. - Abra�o e Isaac (pai e filho) Gn 21, 1-14; Gn 22, 1- 18 - Jac� e Raquel (marido e mulher) Gn 29, 1-30 - Ruth e Noemi (nora e sogra) Rut 1,16-18 - Jesus e a fam�lia de L�zaro (uni�o e amizade de amor) ( Jo 11, 1-44) - Jesus e Jo�o (o disc�pulo amado) Jo 13,22-23 - Jesus e Pedro (o disc�pulo que mais amou Jesus) Jo 21,15-19 As consequ�ncias do pecado em nosso relacionamento Deus nos criou para uma uni�o �ntima com Ele, que nos levasse a relacionarmos conosco e com os outros. Entretanto, o pecado a comunh�o que outrora t�nhamos com o Senhor e como grave consequ�ncia disto, desordenou-nos em todos os nossos relacionamentos.

Vamos ler Gn 3,7-20 e meditarmos um pouco a esse respeito. O pecado cavou em Ad�o e Eva um grande abismo; j� n�o conseguiam mais se comunicar um ao outro. Pois acusavam-se reciprocamente e se falavam cada vez menos. Muito ao contr�rio do que acontecia quando habitavam no Jardim do �den. O relacionamento que possu�am no Para�so era a imagem de Deus. O pecado nos tornou cegos e ego�stas. Mas como cegos? Ele nos tirou a vis�o interior a respeito de Deus, conosco e com os outros. Ego�stas, pois buscamos a n�s mesmos de maneira exclusivista, querendo sempre a nossa pr�pria satisfa��o que gera a "independ�ncia" de Deus. O ego�smo � uma doen�a que nos leva ao desamor dos outros, a querer ser servido, a nunca abaixar-se para servir, aos ressentimentos, ` as m�goas... Entretanto, contra essa maldita enfermidade Deus nos concede sua Gra�a Divina.

O pecado deixou v�rias seq�elas em n�s. O individualismo � um grande mal gerado pelo pecado. Vivemos hoje numa cultura extremamente individualista, onde a lei � cada um por si e Deus por todos. Aprendemos desde o ber�o que quem pode mais chora muito menos. O individualismo nos leva a uma recusa do relacionamento com Deus, e sem o qual somos incapazes de nos relacionarmos com os outros. " Se n�o amo ao irm�o, a quem vejo, como poderei amar a Deus? " ( I Jo 2,10) Voc� conhece a hist�ria de Caim e Abel? Nela vemos o reflexo daquilo que o pecado fez ao cora��o do homem. Vamos ler atenciosamente Gn 4, 1-25. O primog�nito, Caim, tornou-se como seu pai Ad�o, agricultor e lavrador. Ao contr�rio, Abel, escolheu ser pastor e cuidar de ovelhas. Este of�cio oferecia-lhe tempo para rezar, para escutar a Palavra de Deus e servi-lo. O que Abel significa para n�s? � a pessoa cuja vida est� em caminho para atingir a vida eterna. N�o possui um lugar fixo, mas est� sempre a caminho. N�o esfor�a-se para acumular propriedades, e d� a Deus o que h� de melhor.

E Caim? � o prot�tipo do homem preso �s coisas deste mundo, que investe o melhor do seu tempo e dos seus talentos para realizar exclusivamente a si mesmo atrav�s do sucesso material. Por�m, todo seu sucesso se transformou num insucesso e derrota. Tornou-se um errante, sem parada, e n�o encontrou nenhuma satisfa��o verdadeira, nem sequer nesta vida, onde tudo � passageiro. O cora��o de Caim era tomado pela competi��o e pelo individualismo. Ele n�o trabalhava para Deus, mas para si, e n�o suportava de forma alguma ver a predile��o de Deus por Abel. Por isso, tomado pela inveja eliminou aquele cuja vida era voltada para Deus, provocando assim o primeiro assassinato na hist�ria do homem. Tudo isso que vimos levou-nos a uma isen��o da responsabilidade para com o outro. Um exemplo clar�ssimo que podemos tomar est� em Mt 27, 24. Pilatos para n�o assumir seu posicionamento em rela��o a Jesus, o qual acreditava ser inocente preferiu lavar as m�os. Quantas vezes voc� n�o lavou sua m�o para n�o assumir qualquer responsabilidade com o teu pr�ximo? Vamos rezar um pouco sobre isso.

Podemos nos unir sen�o em Deus? Quem n�o conhece aquela c�lebre frase: " A uni�o faz a for�a!!!" ou ainda, "Juntos chegaremos l�!!!" Estar junto buscando um mesmo ideal n�o significa unidade, tampouco exprime o tipo de relacionamento que agrada a Deus. Unimo-nos para juntos conseguirmos �xito em nossos objetivos. N�o � a isso que somos chamados. Movido pelo orgulho, o homem construiu a Torre de Babel. Entretanto, ao excluir Deus findou-se a unidade, pois Ele � o grande Outro que une os homens entre si. A unidade � um grande dom de Deus, por�m quando fazemos mau uso dela, pode tornar-se nociva. Ent�o, a compreens�o m�tua j� n�o existe. Todo dom de Deus se usado para o ego�smo humano, torna-se um mal para n�s mesmos.

A falta de comunh�o com o outro nos leva ao abismo do fechamento Quando nos recusamos a nos relacionarmos criamos entre n�s e os outros um imenso abismo. Ao nos fecharmos em n�s mesmos, nos tornamos egoc�ntricos. Come�amos a agir mesmo que inconscientemente com um p� na inf�ncia, da� surgem o ci�mes, a inveja, as competi��es, o desejo ardente de eliminar os outros da nossa vida, quando n�o o fazemos utilizando a indiferen�a. Tudo isso impede que nossa personalidade seja amadurecida, e corremos o grande risco de nos tornarmos pessoas angustiadas, solit�rias e inseguras.

Cada um de n�s � um ser �nico que foi criado por Deus. Tudo o que somos nunca existiu e jamais existir� igual. As nossas qualidades e talentos s�o experi�ncias vividas nos constituem de uma maneira muito singular, tanto quanto nossas impress�es digitais. Somente voc� pode partilhar com o outro o que voc� �. Quando nos recusamos, privamos os que est�o a nossa volta do dom que somos para eles.

" O caminho da justi�a � o amor. Nem sempre � f�cil permanecer � imagem das emo��es, que nos envolvem diariamente na vida em sua continuidade. Tentar avaliar as nossas posi��es e palavras � luz da justi�a que procuramos, � luz da Palavra do Senhor. Permanecer alerta para que as pequenas dificuldades sejam superadas no seu nascer. Erva daninha n�o arrancada logo, vira mato. Desentendimento n�o esclarecido, com facilidade torna-se barreira que prejudica todo um caminho de constru��o de um futuro melhor." ( Frei Patr�cio)

3�Tema: Quebrando os muros: Eu preciso de voc�

" Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro"

Introdu��o

N�o h� como falarmos de cura de relacionamentos, se n�o fizermos men��o do grande tesouro que � a amizade. Todos n�s, sejamos do tipo "dur�o" ou sens�vel, sem exce��o de ningu�m, precisamos nos relacionar, necessitamos de algu�m com quem podemos contar a todo instante, que nos fale a verdade e que nos conhe�a mais a fundo. At� mesmo Jesus, que era Deus e tamb�m era homem, teve amigos. Porque n�s ser�amos diferentes? Vivemos numa sociedade em que somos educados para n�o precisarmos de ningu�m, para bastarmos a n�s mesmos. Por�m, Deus vem nos mostrar atrav�s de sua Palavra que n�o foi para isso que fomos criados. Por isso, hoje Ele nos chama a rompermos os muros que nos cercam e que nos impedem de nos aproximarmos uns dos outros e dizermos que precisamos dele. Todos n�s somos carentes e necessitados dos outros.

A amizade � cura e sinal do amor de Deus Deus � um grande mist�rio, principalmente para n�s que vivemos na sombra da nossa condi��o humana que � limitada. Sabemos que existe, mas n�o sabemos como �. Ali�s, de Deus sabemos mais o que n�o �, que o que �. Deus em sua infinita bondade ent�o, revelou-se a n�s, mostrou um pouco como �. E qual � a revela��o do mist�rio de Deus? Jesus Cristo. Ele � Deus acess�vel a n�s; em sua humanidade e ensinamentos mostra-nos como � Deus. Jesus nos revelou que Deus � amor. Isto � decisivo para que o amemos e imitemos. O amor � o mais real de Deus, em si mesmo e em seu relacionamento conosco. O pr�prio amor de Deus � misterioso, uma vez que nem sempre sabemos decifr�-lo no percurso da vida. Por isto Deus revelou seu amor em Jesus de tal maneira que n�o duvidemos dele. Compartilhou conosco as mis�rias da vida ao encarnar-se, e assumir em tudo menos no pecado a nossa condi��o humana. Deus revelou de si mesmo utilizando-se de coisas e experi�ncias humanas. Por isso, quando passamos um por uma intensa felicidade podemos prever a felicidade na vida eterna. Podemos compreender o mist�rio do amor de Deus atrav�s do amor humano. N�o � que o amor de Deus seja como o amor humano. Ele vai muito al�m do imagin�vel, mesmo na forma mais profunda e intensa de amor entre dois seres. O amor que Deus sente por n�s � um grande mist�rio, embora torna-se acess�vel a n�s atrav�s da experi�ncia humana de amor. O amor vem de Deus, portanto, sempre haver� o amor de Deus no amor humano aut�ntico. Jesus veio nos fazer entender o amor de Deus por n�s.

Jesus na sua pr�tica do amor privilegia o amor de amizade. Este para Ele era o "maior amor" . A experi�ncia humana nos ensina que a amizade � um componente necess�rio para todas as outras formas de amor, a fim de que perdurem. Cada amizade � um grande mist�rio. Quem nunca se perguntou; porque aconteceu com esta pessoa e n�o com outra? Ou ainda; porque n�o tenho amigos? Cada homem precisa da amizade do outro. Isto implica em acolher o outro com todo o seu universo, sem esperar encontrar algu�m semelhante a mim, mas exatamente diferente. Essa diferen�a � um imenso tesouro que precisamos descobrir. Na verdadeira amizade n�o h� rivalidade ou ci�mes. O relacionamento que com um amigo � enriquecedor e libertador. A ajuda ou o sacrificio pelo amigo deve ser totalmente gratuito sem esperarmos recompensas. Devemos "gastar tempo" com nossos amigos e n�o termos a menor vergonha de nos mostrarmos necessitados de seu aux�lio. N�o tenha medo de quebrar os muros que o cercam e dizer eu preciso de voc�! Este texto � para voc� ler e trazer para sua vida. Ap�s a leitura fa�a um momento de ora��o e n�o perca tempo em amar.

Eu tenho tempo Hoje, ao atender o telefone que insistentemente exigia aten��o, o meu mundo desabou. Entre solu�os e lamentos, a voz do outro lado da linha me dizia que o meu melhor amigo, meu companheiro de jornada, meu ombro camarada, havia sofrido um grave acidente, vindo a falecer quase que instantemente. Lembro-me de ter desligado o telefone e caminhado a passos lentos para meu quarto, meu ref�gio particular. As imagens de minha juventude vieram quase que instantaneamente � mente. A faculdade, as bebedeiras, as conversas em volta da lareira at� altas horas da noite, os amores n�o correspondidos, as confid�ncias ao p� do ouvido, as colas, a cumplicidade, os sorrisos... Ah, os sorrisos... Como eram f�ceis de surgir naquela �poca! Lembrei-me da formatura, de um novo horizonte surgindo, das l�grimas e despedidas e, principalmente, das promessas de novos encontros. Lembro-me perfeitamente de cada fei��o do melhor amigo que j� tive em toda vida: em seus olhos a promessa de que eu nunca seria esquecido. E realmente n�o fui. Perdi a conta das vezes em que carinhosamente me ligava quando eu estava no fundo do po�o. Ou das mensagens que nunca respondi - que ele constantemente me enviava, enchendo minha caixa postal eletr�nica de esperan�as e promessas de um futuro melhor. Lembro que foi o seu rosto preocupado que vi quando acordei de minha cirurgia para retirada do ap�ndice. Lembro que foi em seu ombro que chorei a perda de meu amado pai. Foi em seu ouvido que derramei as lamenta��es do noivado desfeito. Apesar do esfor�o para vasculhar minha mente, n�o consegui me lembrar de uma s� vez em que tenha pego o telefone para ligar e dizer a ele o quanto era importante para mim contar com sua amizade. Afinal, eu era um homem muito ocupado. Eu n�o tinha tempo.

N�o me lembro de uma s� vez em que me preocupei de procurar um texto edificante e enviar para ele, ou para qualquer outro amigo, com o intuito de tornar o seu dia melhor. Eu n�o tinha tempo. N�o me lembro de ter feito qualquer tipo de surpresa, como aparecer de repente com uma garrafa de vinho e um cora��o aberto disposto a ouvir. Eu n�o tinha tempo. N�o me lembro de qualquer dia em estive disposto a ouvir os seus problemas. Eu n�o tinha tempo. Acho que eu nunca sequer imaginei que ele tinha problemas.

N�o me dignei a reparar que constantemente meu amigo passava da conta na bebida. Achava divertido o seu jeito b�bado de ser. Afinal, b�bado ou n�o, ele era uma �tima companhia para mim. S� agora vejo com clareza o meu ego�smo. Talvez - e esse talvez vai me acompanhar eternamente - se eu tivesse sa�do de meu pedestal egoc�ntrico e prestado um pouco de aten��o e despendido um pouquinho do meu sagrado tempo, meu grande amigo n�o teria bebido at� n�o aguentar mais e n�o teria jogado sua vida fora ao perder o controle de um carro que, com certeza, n�o tinha a m�nima condi��o de dirigir.

Talvez, ele, que sempre inundou o meu mundo com sua iluminada presen�a, estivesse se sentindo sozinho. At� mesmo as mensagens engra�adas que ele constantemente deixava em minha secret�ria eletr�nica poderiam ser seu jeito de pedir ajuda. Aquelas mesmas mensagens que simplesmente apaguei da secret�ria eletr�nica jamais se apagar�o da minha consci�ncia Essas indaga��es que inundam agora o meu ser nunca mais ter�o resposta. A minha falta de tempo me impediu de responde-las. Agora, lentamente, escolho uma roupa preta - digna do meu estado de esp�rito - e pego o telefone. Aviso o meu chefe de que n�o irei trabalhar hoje e, quem sabe nem amanh�, nem depois� pois irei tirar o dia para homenagear com meu pranto a uma das pessoas que mais amei nesta vida. Ao desligar o telefone, com surpresa eu vejo, entre l�grimas e remorsos, que para isto, para acompanhar durante um dia inteiro o seu corpo sem vida, eu tive tempo! P.S.: J� faz muitos anos que escrevi este desabafo no di�rio da minha vida. Em parte para aliviar a dor que a�oitava minha alma. Hoje, estou casado, tenho dois filhos e todo tempo do mundo. Descobri que se voc� n�o toma as r�deas da tua vida, o tempo te engole e te escraviza. Trabalho com o mesmo afinco de antes, mas somente sou "o profissional" durante o expediente normal. Fora dele, sou um ser humano. Nunca mais uma mensagem da minha secret�ria eletr�nica ficou sem pelo menos um "oi" de retorno. Procuro constantemente encher a caixa eletr�nica dos meus amigos com mensagens de amizade e dias melhores. Escrevo cart�es de anivers�rio e de natal, sempre lembrando �s pessoas de como elas s�o importantes para mim. Abra�o constantemente meus irm�os e minha fam�lia, pois os la�os que nos unem s�o eternos. Acompanhei cada dentinho que nasceu na boca dos meus filhos, o primeiro passo, o primeiro sorriso, a primeira palavra. S�o momentos inesquec�veis. Procuro sempre "fugir" com minha esposa e voltar aos tempos em que �ramos namorados e promet�amos desbravar o mundo. Esses momentos costumam desaparecer com o tempo, e todo cuidado � pouco. � preciso cultivar o relacionamento como uma fr�gil flor que requer cuidados constantes, mas que te brinda com sua beleza inenarr�vel. Nunca mais deixei um amigo sem uma palavra de conforto; ou inimigo sem ora��o�

4� Tema: Todos precisamos ser curados

Voc� costuma ir periodicamente ao m�dico? E ao dentista? Tem tratado dos dentes? Como est� sua sa�de? Estamos na "gera��o sa�de". Buscamos cada vez mais levarmos uma vida saud�vel. Aprendemos desde cedo que n�o devemos somente ir ao m�dico quando ficamos doente, mas precisamos ter um certo acompanhamento. E acima de tudo � extremamente necess�rio estarmos muito atentos ao menor sinal que mostre algo diferente acontecendo conosco. Por favor, n�o responda r�pido, pense antes de falar qualquer coisa. Como voc� tem cuidado da sa�de espiritual? Ou melhor dizendo, como tem cuidado de sua alma? Voc� est� sempre atento aos sinais de que as coisas n�o v�o muito bem, ou pensa que est� tudo �timo. Por�m, sua alma est� desenvolvendo um grande c�ncer, que voc� at� agora n�o percebeu, porque ela n�o � t�o importante assim... O meu interior precisa ser curado

Voc� j� parou para pensar que seu interior neste momento possa estar sofrendo um grande c�ncer? Todos n�s necessitamos ser curados interiormente. Quem nunca sofreu de m�goa, ressentimento, traumas psicol�gicos, rejei��es, etc� Todas essas lembran�as podem nos influenciar de um modo muito negativo, de maneira a nos impedir de vivermos uma vida emocional equilibrada e termos relacionamentos sadios. E impede-nos principalmente de crescermos na santidade, uma vez que esta lembran�as dolorosas, m�goas e car�ncias afetivas s�o grandiosas barreiras.

Podemos comparar nossa mente a um imenso iceberg, uma grande montanha de gelo que parece flutuar nas g�lidas �guas do oceano. Todavia, o que vemos � apenas uma parte, a que est� exposta que corresponde a dois ter�os do seu tamanho. Com nossa mente acontece algo muito semelhante; existe uma parte a qual chamamos de consciente, que � a qual temos conhecimento, e uma outra parte inconsciente que corresponde a 90% do seu total. Ent�o, como p�de perceber recordamos apenas 10% do que acontece conosco, o restante fica arquivado em nossa inconsciente. Mas o que tudo isso tem a ver? Constantemente como um mecanismo de defesa, "empurramos" para as �reas mais profundas do nosso ser, todos os acontecimentos da nossa vida, que nos traumatizaram, aqueles cujo n�o sabemos lidar com eles. Por�m, do nosso inconsciente eles podem nos influenciar, mesmo que muitas vezes n�o tenhamos conhecimento deles. Como assim? Atrav�s da nossas atitudes, das nossas id�ias, dos nossos relacionamentos ( com Deus, conosco, com os outros e com o mundo).

Vivemos presos ao passado, pois nos transformamos em nossos medos e traumas. Quando isso acontece, ficamos confusos, bloqueados, dificilmente acreditamos nas pessoas e tampouco nos lan�amos em Deus e aceitamos seu amor incondicional por n�s, uma vez que n�s mesmos passamos a impor condi��es para am�-lo. Fomos criados por Deus e para Deus, necessitamos incondicionalmente Dele para alcan�armos nosso fim �ltimo que � Ele . Entretanto, colocamos nossas expectativas nos outros, e em n�s; esperamos sempre dos outros e de n�s, quando dever�amos esperar em Deus. Amamo-nos de forma completamente desordenada e exigimos que nos amem. Esquecemos que o outro � t�o limitado e imperfeito quanto cada um de n�s e por isso acabamos nos sentindo completamente vazios, rejeitados, desamados, inseguros, magoados, sozinhos.

Este processo acontece sempre de maneira muito sutil, nem percebemos, mas nossos cora��es ficam escuros e frios, causando uma grande desordem em nossos relacionamentos e gerando sentimentos de posse, ego�smo, inveja, ci�mes�

� necess�rio que nos deixemos guiar por Deus e n�o por nossas m�goas e traumas, pois n�o somos eles. Somos o que Deus pensa de n�s! Vamos ler Gn 12,1-3. Deus d� uma ordem � Abra�o, mandando que saia de sua terra e parta para onde Ele indicar. A partir deste momento Abra�o deixou todo o seu modo antigo de se relacionar com os outros e com o mundo. Ampliou sua tenda, alargando as fronteiras da sua doa��o de si . A comunh�o perfeita de tudo isso iniciou-se na cruz com o sangue de Cristo, ultrapassando o plano natural. Jesus � o m�dico das nossas almas Vamos ler juntos Mc 12,28-31. Jesus nos d� uma ordem muito clara, precisamos amar os outros, e, isto implica em amar a Deus e amarmos a n�s mesmos. Ele ainda nos mostra que as nossas feridas interiores s�o consequ�ncias dos nossos pecados e acabam afetando o nosso relacionamento com Deus, com o pr�ximo e conosco.

Ao lermos o Evangelho podemos ver a freq��ncia Jesus perdoava os pecados antes ou depois de uma cura f�sica. Ele bem sabia que a m�goa, o ressentimento, o �dio, a inveja, a disc�rdia, e outros sentimentos destrutivos aprisionam as pessoas, deixando-as paralizadas, gerando em seus cora��es um grande distanciamento de Deus. Podemos ver muito bem descrita a miss�o de Jesus em Is 61. Ele veio para curar e libertar os cativos. " N�o vim para os que est�o s�os, mas para os enfermos." E quem s�o estes enfermos? Somos todos n�s, que pela gra�a do Batismo nos tornamos filhos de Deus e pelos m�ritos da Paix�o de Jesus fomos remidos por um pre�o alt�ssimo.

N�s precisamos constantemente de cura interior. � uma viagem que percorremos atrav�s das nossas lembran�as. Nela, a pessoa mais importante � Jesus, pois Ele curar� as nossas m�goas, solid�o, nossos relacionamentos, dando um grande e novo sentido a eles. O maior desejo de Jesus � a nossa liberta��o, por isso sua a��o redentora age em todo nosso ser seja ele f�sico, espiritual ou mental.

A maior necessidade que n�s seres humanos temos � de sermos amados. Se por um acaso, esse amor nos � privado, seja em qualquer �poca da nossa vida: quando ainda estamos no ventre de nossa m�e, quando crian�a ou ainda em qualquer outra fase da vida, tudo isto tem o poder nos roubar a paz, a nossa aptid�o de amar e a nossa capacidade de manter um relacionamento de confian�a com Deus e com os outros, com quem somos chamados a nos relacionarmos. A grande maioria dos problemas psicol�gicos que hoje enfrentamos tem sua origem nos relacionamentos afetivos, que geram rejei��o, menosprezo, indiferen�a, m�goas e ressentimentos.

� preciso que saibamos que da mesma forma que fomos criados de uma maneira �nica e particular, tamb�m assim, Deus deseja nos curar. Por isso, estejamos totalmente abertos para acolhermos esta grande gra�a. Vamos rezar?

5� Tema: � preciso recome�ar

Ao longo do nosso curso vimos porque precisamos nos relacionar e mais ainda, que Deus deseja nos curar de todos os traumas, de tudo aquilo que nos impede de sermos livres. Deus nesta aula nos mostrar� que antes de qualquer coisa que fa�amos � preciso recome�ar.

Recome�ar Deus nos convida a recome�armos sempre com a grande certeza de que Ele mesmo nos renova a cada momento dando-nos vida nova. O Senhor Deus n�o se cansa de criar. Voc� sabe porqu�? � muito simples, pelo fato de que Ele � amor. Jo�o da Cruz afirmava: " O amor n�o cansa e nem se cansa." Para vivermos bem a nossa vida e consequentemente os nossos relacionamentos, a fim de que sejamos verdadeiros sinais de alegria para os outros que est�o a nossa volta � preciso que sejamos verdadeiros, aut�nticos. � necess�rio que olhemos para o amanh�, sabendo que sem o aux�lio da gra�a nada somos e nada podemos, e que a n�s cabe tentarmos. Deus n�o est� interessado em saber se conseguimos ou n�o amarmos, est� interessado em saber se tentamos, se fizemos tudo aquilo que estava ao nosso alcance e permitimos que Ele fizesse o restante.

N�o vale a pena ficarmos presos ao nosso passado, querendo viver de lembran�a e o que � pior, assumindo os traumas e feridas como algo intr�nseco que faz parte de n�s. Hoje Deus nos convida a contemplarmos no p�r - do - sol, o novo dia que ser� gerado no mist�rio da noite. Sem a qual n�o haveria a alegria do surgir a madrugada. Sem o inverno n�o seria poss�vel experimentar a beleza da primavera; sem o lamento da sexta-feira santa n�o ouvir�amos o c�ntico do " Exultet" pascal. O mundo perdeu completamente o sentido do belo, mas n�s como crist�os somos chamados a reav�-lo. Voc� sabe o que significa beleza? Beleza significa o lugar onde Deus se manifesta. Tem uma raiz sagrada, porque onde Deus se manifesta � um local sagrado. A beleza � uma comunidade de verdade.

O relacionamento b�sico que temos que ter com Deus, se d� atrav�s da sua bondade e miseric�rdia. Este, reflete-se para o bem dos nossos irm�os, naquilo que eles mais necessitam. Relacionamo-nos de uma maneira profunda, verdadeira. � a� que se manifesta a beleza, um lugar onde Deus escolheu para vir habitar. Precisamos entrar em n�s, e descobrirmos a beleza que h� no �mago do nosso ser. Por isso reservamos para este �ltimo dia de curso um bom momento de ora��o. Vamos rezar e suplicar que Deus intervenha sobre nossa vida, curando-nos e abrindo-nos aos outros. Imploremos a cura dos nossos traumas, das nossas feridas, dos nossos relacionamentos.


Autor:Adenilson Louren�o

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