<%@LANGUAGE="JAVASCRIPT" CODEPAGE="CP_ACP"%> Laílson

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Temos o prazer de apresentar,mais um mestre do quadrinho nacional,particularmente do gênero de humor.Laílson de Holanda,fera em cartuns,charges,hqs,etc.Colaborador constante do Pasquim 21,entre outras importantes publicações,este pernambucano gênial nos conta um pouco de sua trajetória profissional e pessoal.Vamos ler e procurar aprender um pouco mais com este mestre das artes gráficas.

 

 

Entrevistador:Laílson,fale sobre sua idade,estado civil,etc.

Laílson:Estou com 51 anos,casado,e tenho um casal de filhos do primeiro casamento.

Fale sobre o início de sua carreira e cite suas maiores influências.

Comecei profissionalmente aos 16anos,criando material audio-visual para um curso de inglês.Depois,nos EUA,comecei a publicar no jornal The Pine Cone,da turma de jornalismo da Pine Bluff High School,onde eu estudava.Voltando ao Brasil,voltei a desenhar no curso de inglês(onde passei a ensinar também)e depois iniciei a publicação de desenhos no Jornal da Cidade e depois na página de humor O Papa-Figo,criada por mim,Paulo Santos,Bione e Ral no Jornal da Semana.

Entrei para publicidade em 74,tendo sido Diretor de Arte de duas das principais agências pernambucanas(Ampla e Grupo Nove)e desde 1977 publico uma charge no Diário de Pernanbuco.

Você já morou nos Estados Unidos.O norte-americano discrimina muito os imigrantes que vem do Terceiro Mundo?

Eu era bolsista internacional em uma cidade pequena de um estado bastante conservador(Arkansas)e o preconceito que havia na época,era mais uma questão de conservadorismo mesclado com racismo.Fiz parte da primeria turma de intergação racial no estado,que até o ano anterior tinha escolas para negros e para brancos.

Então o Arkansas era realmente um estado muito conservador?

Sem dúvida.Meu estilo de vida(tocando numa banda de roc'n'roll,cabelo grande,questionando o sistema e publicando charges que contestavam o status quo)gerou conflito e fui transferido para Nova York,onde morei por um trimestre,o que foi muito bom para mim.

Você foi para lá no final dos anos 1960,o movimento hippie ainda fervilhava?

Claro,era o ano seguinte a Woodstock,a guerra do Vietnam era o assunto do momento,Nixon era o presidente,Jimi Hendrix e Janis Joplin morreram naquele ano(71),era realmente a época do psicodelismo.

Voltando ao Brasil,você teve problemas com a censura na época da ditaura militar?

Não diretamente.A censura era uma coisa que afetava a todos,mesmo que a pessoa não se apercebesse disso.Quando voltei,meu interesse maior era a música.Quando passei a publicar,em 75,já se iniciava o período da distensão política.

Fale sobre sua experiência com "O Papa-Figo".

Foi um marco dentro do humor gráfico pernambucano.Apesar de ter contribuído com grandes nomes neste campo(Crispim do Amaral,Vera Cruz,Péricles Maranhão,Carlos Estevão,Augusto Rodrigues),Pernambuco no séculoXX,ao contrário do século anterior,não apresentava um movimento bem estruturado e"O Papa-Figo" foi o primeiro movimento organizado,mesmo que anárquico,surgido no estado.

A banda "Phetus" era roc'n'roll na veia?

Sim ,era um rock pesado,progressivo,mas tinha também uma parte que poderíamos chamar de rock rural e algumas canções mais românticas.

Você ainda realiza muitos trabalhos para o exterior?

Minhas charges são oferecidas ao mercado externo através do New York Time Syndicate/CartoonArts e de vez em quando uma é publicada lá fora.Para a Espanha(Editorial Milenio,Barcelona)escrevi um livro sobre a história do Humor Gráfico no Brasil que servirá de base para a cátedra de humor gráfico que está sendo criada na Universal de Alcalá de Henares.

Chegou a participar do Pasquim em sua época auréa ?

Não,só na fase final(1989-91).

Fale sobre seus prêmios em salões,inclusive os internacionais,como os de Montreal-Canadá.

No começo da carreira,eu participava de praticamente todos os salões que haviam.O de Montreal era o mais importante,o máximo que um brasileiro(o Redi)tinha conseguido lá era um quarto lugar,era um salão só para profissionais.Mas o que me fazia participar era o catálogo que a gente recebia,que tinha mais de 500 páginas e era um raio- X do que se fazia em humor gráfico no mundo.Além do livreto que vinha com os trabalhos do presidente do júri,gente como Will Eisner,Quino,Oliphant,Burne Hogarth,por aí.Ganhei lá um segundo lugar em 83 e aí senti a responsabilidade,passei a me esforçar mais e consegui o primeiro lugar em charge,em 85.Infelizmente,o salão acabou no final dos anos 80.

O prêmio em Piracicaba,em 77,para mim foi o que mais valeu,pois a partir dali tive a certeza de que o humor gráfico seria o caminho em minha vida.

Sua obra,Píndorama,tem idéias fantásticas,traço soberbo e roteiro bem elaborado.Poderíamos compará-la com HQs do tipo Asterix,só que com muito mais consistência?

Asterix é uma obra prima e Píndorama tem um pouco da sua influência,sim,na maneira como procura mesclar a realidade e ficção,introduzindo elementos arquitetônicos também.A idéia em Píndorama é dar uma visão crítica sobre a história do Brasil,mas de uma maneira lúdica,divertida.

 

Falando nisso,é possível encontrar álbuns desta obra?

Agora,na Bienal do Livro em São Paulo,será lançado o Grafhic Album de Píndorama,com a história completa e mais um capítulo que criei especialmente para esta edição,que será publicada pela Companhia Editora Nacional,com distribuição nacional.Será um livro de quase 200 páginas.

Como foi sua recepção no Festival de Amadora,Portugal?

A primeira vez eu fui por conta própria e me receberam muito bem,me abrindo espaço para apresentar uma edição especial que eu havia feito com uma coletânea das tiras de Píndorama,que nessa época eram publicadas em alguns jornais brasileiros.Na segunda vez,já fui como covidado oficial,para participar da exposição coletiva comemorativa dos dez anos do festival.

Fale sobre a revista independente que você lançou em 91,a Zona Tropical.

Foi um trabalho feito em parceria com Clériston,outro cartunista aqui de Pernambuco,que lançamos na Primeira Bienal de Quadrinhos,no Rio de janeiro.Era uma revista meio a meio,com tiras de Píndorama ,dos Músicos(de Clériston)e algumas histórias curtas minhas e dele.Uma das histórias que estão naquela revista é Raquel & Cia,que está em meu site.

É possível sobreviver bem,em termos financeiros ,fazendo o trabalho que você faz?

Sempre vivi do desenho, com variações para publicidade e ilustração de livros.Mas,principalmente,sempre vivi do humor gráfico.

Comente sobre o Festival Internacional de Humor e Quadrinhos,de Pernambuco.

É um grande sonho realizado.Desde 1983,quando criei o salão nacional de Humor de Pernambuco,que desejava ter um evento de humor gráfico e quadrinhos que permitisse aos desenhistas daqui encontrarem também artistas nacionais e internacionais que pudessem provocar um salto de qualidade na produção local.Creio que consegui,pois hoje já temos revistas locais,fanzines,eventos,tudo isso em decorrência do FIHQ-PE.

Que rumo tem tomado a "Laílson Blues Band ",já gravou algum CD?

Em 2003 ficou no estaleiro,pois os projetos de desenho ocuparam mais o meu tempo.O CD começou a ser gravado ,mas foi interrompido.Não sei se volta.Deverá sair, este ano,uma coletânea com músicas do tempo do Phetus,com outros grupos dos anos 70,que faziam parte da cena musical da época.A LBB tocou nas minhas duas faixas e Paulo Rafael e Zé da Flauta fizeram sua parte,mesclando assim o Phetus com a Laílson Blues Band.

Você ainda não é tão conhecido como outros cartunistas,tipo Laerte,Angeli,etc.Acredita que isso se deve ao fato de morar fora do eixo Rio-SP?

Provavelmente.É difícil para qualquer artista conseguir repercussão nacional se não está publicando em algum dos grandes jornais ou em uma das grandes redes de televisão.

Qual o sentimento de fazer parte do semanário "Pasquim 21",e conhecer lendas vivas do humor gráfico nacional,como Ziraldo,Zélio,Paulo e Chico Caruso,etc?

Para mim sempre foi um grande prazer ir conhecendo as pessoas que para mim foram inspiração como Ziraldo,Zélio,,Wil Esiner,Quino,Jerry Robinson e outros.Na maior parte das vezes nos tornamos grandes amigos.Fazer parte do"Pasquim 21" é fazer parte da história do humor gráfico brasileiro.

Você já tem história na charge nacional.Comente sobre a importância da sua obra neste segmento.

A charge é uma das maneiras de registrar a História e creio ter contribuído,com minha visão crítica,para que se possa ter uma perspectiva sobre os tempos que desenhei esta história de todos nós.

 

Existe outro quadrinhista pernambucano,de estilo totalmente diferente do seu,mas igualmente gênial,chamado Watson Portela.Conhece o trabalho dele?

Claro,nos conhecemos desde o Jornal da Cidade e do suplemento Júnior,do Diário de Pernambuco.Watson é de fato um grande mestre do quadrinho brasileiro e pouco reconhecido,como geralmente acontece.

Há projetos de se lançar álbuns de sua autoria,como o excelente Píndorama,em países europeus?

Espero que sim.O próprio álbum de Píndorama,que será lançado em Abril,já poderia ser o primeiro deles.

Que acha das HQs americanas de super-heróis,e dos brasileiros que fazem parte deste mercado?

Sempre fui fã de histórias de super-heróis,apesar delas terem caído muito de qualidade nos últimos anos.Acho ótimo que desenhistas brasileiros consigam encontar seu espaço dentro deste campo.

Quais os cartunistas brasileiros e estrangeiros que você mais admira?

Seria impossível citar todos,muitos deles já não estão mais aqui.Citando uns poucos,Wiil Eisner,Quino,Ziraldo,Carlos Estevão.

Por último,dê um recado para seus fãs e fale sobre seus planos para o futuro.

Espero continuar produzindo nos diferentes campos do traço,como a charge,o cartum e as histórias em quadrinhos e que meus leitores sempre encontrem coerência e qualidade em meus trabalhos.Minha empresa,LHC Associados,continua produzindo material para empresas,como os Parceiros da Energia e o Palhacinho Fom-Fom,para o Detran-PE,que são maneiras de inserir a arte sequêncial na comunicação institucional.E pretendo ampliar a distribuição dos meus trabalhos para outros veículos,nos próximos anos.

Ainda este ano,como disse antes,estarei publicando,na Espanha a História do Humor Gráfico no Brasil e espero que este seja também um caminho para iniciar publicações dos meus trabalhos na Europa.

 

DEZ REFLEXÕES

 

-Cite um filme que o emocionou.

O Garoto,de Chaplin.

-Um grande livro.

Amor na Eternidade,Robert Heinlein.

-Uma grande obra de arte sequêncial.

Contrato com Deus,Will Eisner.

-Quem é melhor,Robert Crumb ou Ziraldo?

Prefiro Zirumb ou Crumbaldo!São dois gênios,de estilos diferentes,não dá para comparar.

-Roc'n'roll ou frevo?

Fusão:frevo com embocadura rockn'n'roll.

-Recife ou New York?

Recife pra morar,NY pra trabalhar!

-"Senhor dos Anéis" ou "Cidade de Deus"?

Senhor dos Anéis.

-"Turma do Pererê"ou " Turma da Mônica"?

Turma do Pererê.

-Capitalismo ou Socialismo?

Socialismo.

-Sonho ou realidade?

Sonhos tornados realidade.

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