Automação de Processos Gerenciais em Segurança Pública
Adelino Pinheiro Silva
Como é conhecido pelos profissionais da segurança pública, sempre por trás dos procedimentos
operacionais existem procedimentos administrativos. Sistematização esta que não é
privilégio
da segurança pública, mas de muitas outras áreas do conhecimento. Protocolar os procedimentos
om atos administrativos, além de gerar um registro de memória, permite controlar, acompanhar
e rastrear as informações. Atualmente os registros e procedimentos, tanto administrativos quanto
operacionais, são concebidos em formato eletrônico antes de ser reproduzido em papel. Esta
subutilização dos recursos computacionais, sem ferramentas adequadas e sem profissionais qualificados,
qualquer laptop com placa wireless transforma-se em uma máquina de escrever macia. E infelizmente,
para o bolso de que gasta com segurança, esta é a verdade.
Se os novos conceitos associam os trabalhos de segurança, principalmente das polícias, com
informação e inteligência, quando "a principal arma do policial é a caneta", é chegado o tempo
para uma nova discussão quanto ao preparo e as ferramentas das instituiçães, principalmente
focando os procedimentos administrativos e gerenciais, que muitas vezes são morosos, maçantes,
repetitivos, dispendiosos, e necess&aecute;rios. Frisando que automatizar tais processos distingue de
informatizar por uma série de quesitos. Automatizar é atribuir à uma máquina uma tarefa repetitiva,
dispendiosa e padronizada, e deixar as atividades finalísticas a cargo do intelecto do material
humano.
É preciso deixar claro que automatizar procedimentos gerenciais é um tema discutido desde a década
de 50, quando surgiram os primeiros sistemas de informaçães (ainda na época dos cartões perfurados),
com a alma mater na indústria. Com o passar dos temos e necessidades, as mesmas empresas que criam
soluçães para automação industrial passam também a desenvolvem em automação gerencial.
Existe ainda
mais um fator que faz o setor privado ser pioneiro na implantação destas tecnologias: as despesas,
fator que tem sido considerado na segurança pública, pois o objetivo do investimento é trazer a
sensação de segurança para o cidadão, sem medir esforços, pelo menor custo possível.
Em pesquisa no site
Ministério da Justiça, é possível examinar o perfil das polícias nos vinte e
sete estados da federação. No informativo de recursos financeiro, o maior número da tabela aparece na
linha referente à folha de pagamento dos servidores (85,5 % do orçamento nas PC's e 64,3 % nas PM's).
Desta forma fica claro que o maior patrimônio da segurança pública é o servidor,
e servidor parado ou
em desvio de função é prejuízo. Servidor com treinamento e aproveitamento de tempo e recursos
é economia
(ou lucro?).
Observando por uma ótica critica e capitalista, com foco na melhor rela&ccadil;ão custo benefício, é possível
projetar um modelo de automação para os processos gerenciais, com objetivo de reduzir o tempo gasto
pelos servidores delegando uma fatia das rotinas a sistemas gerenciais e aproveitando o tempo dos
servidores para atividades operacionais. A automação reduz claramente o custo; a hora trabalhada de
uma máquina é muito mais barata que a hora trabalhada de um servidor.
Quem conhece os fundamentos teóricos e práticos das instituiçães policiais no nosso
país é capaz de
compreender quanto empreendedorismo é necessário para tal empreitada. Automatizar um processo requer
um estudo minucioso do processo a ser automatizado a das ferramentas que serão utilizadas. Alguns
estados da federação já apresentam avanços em registro de informaçães, entretanto automatizar exige
um estudo de todos os processos documentais e administrativos nos quartéis e delegacias; e sobretudo,
exige uma capacitação séria dos servidores e o compromisso das chefias em quebrar o paradigma e os
efeitos sociais de uma nova tecnologia.
Um projeto como este possui um potencial de desenvolvimento tecnológico para muitas áreas do conhecimento,
desde o estudo criminalista até a ciência da computação e exige uma equipe de profissionais gabaritados.
A exemplo da iniciativa privada, o setor público da segurança poderia redirecionar seus recursos
economizados para investir cada vez mais nos seus servidores. Para alguns entendedores possa ser uma
idéia faraônica, para outro pode ser apenas o uso de ferramentas de gestão e tecnologia para um dos
direitos constitucionais do nosso Estado Democrático, a segurança.
Publicado no Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 21/07/2008.