TEMPLOS

Por A.C.G.Mataruna

ASPECTO ESPIRITUAL

O lugar de culto teve, antes de Cristo, um significado simbólico dos mais importantes. Ao examinarmos o Antigo Testamento, encontramos relatos que revelam

ASPECTO FUNCIONAL

Os recintos, chamados templos, nos quais as igrejas se reúnem para cultuar a Deus, devem atender a alguns requisitos fundamentais. Tais requisitos se relacionam com fatores ligados a aspectos biológicos do ser humano, os quais influenciam na sua capacidade de concentração e atenção durante o culto. Apontamos, a seguir, quatro importantes fatores a serem considerados na construção ou reforma de templos.

ACESSO, ACOMODAÇÃO, CIRCULAÇÃO E VISIBILIDADE

Na Antigüidade, os locais usados pelos gregos e romanos para a apresentação de espetáculos eram em forma de anfiteatro, permitindo que todos os presentes vissem e ouvissem facilmente o que estava sendo apresentado ou falado. Atualmente, os mais conceituados autores estrangeiros concordam que o recinto onde uma igreja se reúne deve ter essa forma. Além disso, o acesso, a circulação e a fuga em situações de emergência devem ser bem planejados para permitir o fluxo fácil e seguro de pessoas. Esse modelo é utilizado com total sucesso na construção de estádios esportivos, teatros, cinemas e alguns auditórios, com modificações próprias para cada caso. Isso também precisa ser observado na construção ou reforma de recintos para a reunião de igrejas. Deve-se evitar o modelo "salão", em forma de paralelepípedo, que é totalmente inadequado. Dentro dessa visão, já se acha em uso o formato semicircular, o setorial e o losangular, que é muito simples e fácil de construir, os quais permitem um bom posicionamento para a congregação, evitando que as pessoas fiquem com torcicolo. O formato losangular confere uma disposição congregacional bem próxima a do formato semicircular.

O piso do recinto, em geral, não deve ser plano, mas sim em pequeno declive para que a visão de uma pessoa não fique prejudicada por quem estiver à sua frente, podendo, assim, ver tudo o que acontece na plataforma de ministração. Lingerfelt aborda esse aspecto na página 27 da obra referenciada, oferecendo sugestões sobre declives de assoalho em função da altura da plataforma e de sua distância da primeira fila de bancos, entre outras sugestões.

VENTILAÇÃO E CONTROLE TÉRMICO

Em países tropicais como o nosso, é essencial que os recintos de reuniões de grande grupos de pessoas sejam planejados para tenham a melhor ventilação possível, sem a ajuda de equipamentos de ar-condicionado, por motivos óbvios (custo, ruído, manutenção, espaço utilizado e outros). As áreas das paredes devem ser as menores possíveis. Preferencialmente, entre as colunas que sustentam o teto ou o andar superior, devem existir somente janelas que permitam livre fluxo da mais leve brisa. Deve-se atentar também para a possível incidência de raios solares sobre a congregação, o que pode ser contornado por meio de vidros coloridos ou de dispositivos externos do tipo "brise-soleil". Um recinto quente e mal-ventilado impede que os cultuadores se concentrem naquilo para o que nele se reuniram: cultuar.

ILUMINAÇÃO

Tanto pregadores como musicistas, e até mesmo a congregação, precisam ler textos e partituras sem a menor dificuldade. Para tanto, o sistema de iluminação deve ser estudado cuidadosamente para, além de permitir uma boa visibilidade, não produzam reflexos e ofuscamento. Tenho andado por aí e visto, em vários templos, diversos sistemas de iluminação totalmente inadequados. Os problemas são os mais diversos. Deles destacamos a coloração inadequada da luz gerada ( função da espécie de fonte luminosa), a intensidade mal distribuída, a coloração de paredes e tetos inadequada e outras. Destaca-se também como inadequada a iluminação feita com lâmpadas fluorescentes que ficam com sua intensidade oscilando, causando fadiga visual, além do ruído irritante de reatores defeituosos.

ACÚSTICA

Na maioria das vezes, o resultado do canto da congregação, do coro, da execução dos instrumentos, da exposição da mensagem e outros, fica totalmente distorcido se o comportamento acústico do ambiente de culto não for convenientemente planejado. Num recinto onde haverá fala e música, deve-se analisar a ocorrência de reverberação, a sua intensidade e duração. De posse desses dados, deve-se estudar as características físicas do recinto e construí-lo, ou reformá-lo, de forma que essa reverberação seja limitada aos parâmetros aceitáveis para um salão de cultos acusticamente adequado. Isso implica no estudo do posicionamento das paredes, teto e piso, do material de que são ou serão construídos ou revestidos. O formato global do recinto e as relações entre as suas dimensões também exercerão fundamental influência sobre a sua resposta acústica. Um bom arquiteto está capacitado para, a pedido do cliente, realizar esse estudo e realizar o projeto de acordo com essas necessidades.

As características do mobiliário do salão (forma e material) também são fatores de forte influência na qualidade acústica do recinto. Os bancos coletivos têm comportamento acústico diferente das cadeiras dobráveis individuais. Se elas forem de madeira pura, terão resposta diferente das que forem estofadas.

Deve-se fazer todo o possível para que o recinto tenha qualidades acústicas que permitam dispensar, ou pelo menos minimizar, o uso de dispositivos eletrônicos de reforço sonoro. O ideal é que preletores e cantores possam ser ouvidos sem necessidade de seu uso. Com isso economiza-se o investimento da aquisição desses sistemas e as despesas com energia elétrica e manutenção periódica dos mesmos. Scotford faz uma abordagem interessante em seu livro, na página 93, dizendo que o uso de amplificação eletrônica deve ser o último recurso a ser aplicado para se ter uma boa compreensão do que se fala no templo. Ele mesmo ressalta que se o recinto tiver uma capacidade de mais de trezentas pessoas ou tiver galerias, talvez precisarão de amplificação eletrônica.

O musicistas que servem a Deus em suas igrejas devem estar atentos para os problemas de acústica no templo. Os regentes de coros, solistas, instrumentistas e outros musicistas devem observar como o santuário de sua igreja se comporta acusticamente para solicitar modificações que contornem os problemas encontrados. Até mesmo os pregadores devem estar atentos para essa necessidade pois se a acústica não for satisfatória será muito difícil entender aquilo que ele falar.

CONCLUSÃO

As igrejas precisam projetar adequadamente os seus templos. Para isso devem buscar a ajuda de engenheiros e arquitetos habilitados no projeto de templos, os quais devem estar familiarizados com a realização do culto e suas peculiaridades. Mesmo as igrejas pequenas, que a princípio precisam de um templo pequeno, devem se preocupar com a sua construção. O templo não deve ser somente um simples salão, mas um recinto adequadamente construído para oferecer as melhores condições para que a igreja possa cultuar confortavelmente e entender claramente o que se fala, o se lê e o que se canta..


BIBLIOGRAFIA

BARRELL, WILLIAM A. Planning better church buildings. Nashville: Broadman Press, 1948. 182 p.

LINGERFELT, JAMES ELMER Vamos construir templos melhores. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 2 e., 1970. 59 p.

MITCHEL, ROBERT H. Ministry and Music. Philadelphia: The Westminster Press, 1978. 163 p.

SCOTFORD, JOHN R. When you build your church. New York: Meredith Press, 3 e., 1968. 230 p.

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(Texto revisto em 31/08/99)

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