À minha mãe

 

 

 

 

 

Mãe,

 

nada te devo agradecer.

 

Acaso agradece a planta ao solo fértil, que protege a semente e a faz brotar?

 

Ou o estudante ao livro, que lhe tramite o saber?

 

Agradece o homem ao sol, que lhe fornece o calor necessário à vida?

 

Ou à noite, em cujos braços encontra a paz para o descanso de que precisa?

 

Nada te devo agradecer.

 

Pois aquele que agradece a quem o perdoa, ofende à própria essência desse perdão.

 

Assim como quem agradece a quem lhe trouxe o amor, ofende ao próprio amor.

 

É do teu jeito de ser, viver o amor.

 

E derramar amor sobre aqueles que te cercam; como o céu derrama sobre a terra a chuva que lhe sobra.

 

As tuas censuras são como o vento, que ao porto seguro busca conduzir o barco errante.

 

E a tua compreensão é como a brisa, que retempera o desnorteado viajante.

 

Não posso, sequer, dizer que te entendo.

 

Pois como pode alguém entender a quem ama?

 

Mas sei que, quando choras, tentas evitar que corram as minhas próprias lágrimas.

 

E, quando sorris, desejas dividir comigo a tua alegria.

 

Entretanto, nada te devo agradecer.

 

Pois não agradece o homem a fruta generosa, que mata a sua fome.

 

Ou à água cristalina, que lhe sacia a sede.

 

Para isso foram criadas pelo Pai, assim como são.

 

Por isso, nada te devo agradecer.

 

Devo, sim, mil vezes agradecer a Deus, por seres minha mãe...

 

            

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