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Palavrão: Moda nos anos 60

(Edição nº 224, de 06/12/2000)

Falar palavrão foi moda nos anos 60, vide Leila Dinis e sua célebre entrevista para o PASQUIM, jornal de intelectuais da esquerda festiva e ipanemenses que tanto fizeram e que acabaram presos, não só pelas opiniões manifestadas ou artigos, mas porque publicavam palavrões.

Coisa que os milicos mandatários não podiam permitir escritas, principalmente porque também falavam paca, e seus filhos e filhas mais ainda.

Palavrão era "in", ou seja, estar por dentro da coisa, igual a usar calça boca de sino e cantar "Lucy in the sky wih diamonds" com sotaque inglês.

Depois disso a coisa caiu num corriqueiro:

"Porra, mãe, passa a manteiga aí...". Isto no café da manhã, no almoço pode: piorar: "Que merda, todo dia frango, porra, num ‘güento mais. Puta que o pariu...". Quanto ao jantar, delego aos leitores a possibilidade de construírem o seu próprio texto. Toda experiência é válida.

Mas esta estória de falar palavrão é antiga: vem de tempos que se amarrava cachorro com lingüiça e ele não fugia. Faz muito tempo.

Eu tive um tio avô chamado Cambrone. Não entendia o porquê. Meu pai, me explicou que meu bisavô era meio doido e havia colocado nomes estranhos nos seus filhos. E este Cambrone, era uma homenagem a um general de Napoleão que, estando cercado e com uma batalha já perdida, ao receber uma mensagem dos prussianos para render-se, simplesmente respondeu "Merde", que como todos sabem é igual ao português, só botar um "a" no lugar do "e" que o cheiro é o mesmo. O francês entrou pelo cano junto com todo seu exército, mas a estória ficou e está nos anais do exército francês. Como heroísmo diante do inimigo.

Viram? Palavrão também dá Ibope. Vejam TV:

- Ó meu, deixa de ser pentelho, ó meu ....

O problema agora é saber o que é e o que não é palavrão. Porra, por exemplo virou vírgula. Querem ver:

- Tôvindo na moto porra de repente porra maior caminhão porra. Me fodi porra – que neste último caso vira até ponto final.

Concordam? Porra não é mais palavrão, é força de expressão, vírgula e até ponto final. Concordo. Mais fácil usar porra que vírgulas.

Filho da Puta, que antes gerava homicídios, hoje virou até carinhoso:

- Ô seu filho da puta, dê cá um abraço, seu puto de merda. Acreditem, isto é carinhoso "paca" (abreviação da "conjunção palavrônica" "para caral..")

Eu fui um usuário do palavrão. Nos anos 60 eu era um palavrão ambulante junto com toda Ipanema, só que não era palavrão para valer, quando havia discórdia não se xingava, nos batíamos de leve, e depois íamos ao hospital levar flores, remédios e até pagar a conta. Bons tempos quando ninguém sabia o que era uma 765.

Continuo achando que o palavrão incorporado à sintaxe não faz mal a ninguém, até pode ajudar os menos preparados a fazerem hiatos dentro das frases, porra....

Agora, palavrão dito com raiva para mim que nem mais mãe tenho - só se for para encontrá-la, coisa que não está nos meus planos futuros -, como ouvi um dia destes, é chato e triste. Mandar-me encontrá-la? Agora? Depois destes anos todos? Que é que eu vou dizer para ela? Que presente vou levar? E ainda por cima no Natal, tenho que levar um puta (olha o palavrão incorporado automaticamente ao texto) de um presente. Por isto, digo, gente, palavrão sim, de mentirinha, num texto, com carinho (cuidado, filho da puta). De verdade é melhor não. Nunca.

Caio Mourão

Escultor e Designer

Sobrinho neto do Cambrone

FONTE: INTERNET

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