ACADELA


DICIONÁRIO DO PALAVRÃO

Dicionário do Palavrão e Termos Afins

Autor: Mário Souto Maior
Editora: Record
Gênero: DICIONÁRIOS DIVERSOS
Ano: 1998

Obra da maior utilidade e da maior necessidade, para falar do Dicionário do palavrão e termos afins o lugar-comum se impõe: veio preencher a clássica lacuna. O assunto é tratado com dignidade e com graça. Sou velho admirador de seu trabalho, velho leitor de seus livros! Você é um desses trabalhadores intelectuais que realmente contribuem para nossa cultura. O Dicionário do palavrão e termos afins coloca-se entre as pesquisas mais sérias realizadas não só por você, mas por todos os estudiosos da linguagem do povo brasileiro. Com ele, você dá uma dimensão maior à sua obra já tão importante. (Jorge Amado)

Sabe o que é "empurrar a janta", "federal" ou "quebrar a castanha"? Vai saber após ler este compêndio "de palavras de baixo calão" (entre aspas porque isso é bem relativo, como mostra a introdução). O autor mostra em que região brasileira começou o uso dos mais de 3.000 verbetes e indica exemplos na literatura. Contém não só explicações tão engraçadas quanto os palavrões em si, mas sinônimos para órgãos sexuais, xingamentos e expressões que indicam necessidades fisiológicas, muitas das quais desconhecidas. Falta só uma ligeira atualização e uma mexida no acabamento gráfico do livro. No fim, é boa obra de referência e vai fazer muita gente rir em voz alta. (Hector Gouvêa Lima)


Coluna Língua Portuguesa - 30 de abril de 2000

Putz!

Por Paulo Tortello*

Gramática

Problema sério é decidir sobre falar, escrever, ou não, palavrões. Estudos há especialmente dedicados aos "nomes feios".

Em Português, o "Dicionário do Palavrão e Termos Afins", de Mário Souto Maior e prefaciado pelo "pai" da Sociologia brasileira, Gilberto Freire, traz informações curiosas.

Eis umas: "O homem, o jovem e o pobre falam mais palavrão do que a mulher, o velho e o rico"; "A criança de hoje ganha da de ontem quanto ao uso do palavrão"; "O palavrão foi considerado, na maioria das vezes, necessário, até mesmo para evitar o enfarte do miocárdio e descarregar o homem de tensões emocionais, funcionando como uma válvula de escape, um desabafo"; "Quase todos falam palavrão; quando não falam, pensam"; "Mãe, por ser a pessoa mais querida de todos nós, é a pessoa mais xingada, o mesmo acontecendo com marido enganado" ("sic"; o dicionarista não explica a equiparação); "O nu erótico não pode ser considerado um palavrão plástico"; "Diversos nomes próprios são eufemismos dos órgãos sexuais"; "Um palavrão no Nordeste é uma palavra educada no Sul e vice-versa"; "O palavrão de ontem se acomodou ao vocabulário atual como qualquer outra palavra".

O estudioso conclui seu rol lamentando: "A Língua Portuguesa, tão rica como é, perdeu para a alemã (9.000) e a francesa (9.000) em quantidade de palavrões, pois só consegui verbetear pouco mais de três mil palavrões e termos afins".

Ora bolas, pois trabalhou pacas!
Epa! Bolas? Pacas?
Melhor parar por aqui.

HORA E LUGAR - Como ocorre com qualquer palavra (mesmo não chula ou nem sequer maliciosa), ao escolhermos vocabulário, especialmente se pejorativo, devemos atentar ao fator tempo/espaço e ter presentes as coordenadas einsteinianas de hora e lugar, ao decidirmos usar palavra que possa ofender nosso interlocutor ou interlocutores.

Palavras existem de que se diz terem o sentido enobrecido, pois, possuindo origem vulgar, ganham dignidade, ou, ao menos, uso social que nos faz esquecer o seu significado de origem; é o caso, para não ir mais longe, dos citados "bolas" e "pacas". O primeiro já foi considerada impronunciável menção direta aos órgãos sexuais masculinos e, hoje, ninguém lhe dá bola; já o segundo constitui redução eufêmica de conhecida expressão idiomática fartamente aplicada no Brasil.

A palavra "biscate" significa, no vernáculo, tão-somente "trabalho de pouca monta"; mas o vulgo a utiliza, na gíria, como sinônimo de meretriz.

Meretriz não é baixo calão. Tem origem no Latim "meretrice", onde já significava "mulher que pratica o ato sexual por dinheiro".

Conhecido sinônimo é "prostituta", de curiosa etimologia: "prosto - ere" é "pôr em exposição; expor à venda"; a explicação é que, para melhor mercadejar o corpo, dispunham-se as meretrizes em altas cadeiras ou mesas à entrada dos lupanares (lupanar = do Latim, "lupanare"; o vocábulo é composto por "lupa", que significa prostituta).

Engana-se quem julgue que prostituta deu origem a uma "forma reduzida" que seria "puta". Esta palavra, hoje chula, é independente: em Latim, "putta" significava, simplesmente, "menina", "moça"; tinha, ademais, o sentido de "pureza" e "simplicidade"!

Por quais caminhos passou a palavra, a ponto de significar, hoje, o antônimo de si mesma? Não é caso único: "abrigo", que hoje significa "refúgio, cobertura", já foi "lugar aberto, exposto" (vem de "abrir"...).

O importante é sabermos escolher que vocabulário utilizar quando nos dispomos a um processo de comunicação. Sem preconceitos; mas com preceitos.

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Estilística & Leitura

O dicionário é seu amiguinho

Costumo perguntar a meus alunos se dispõem em seus lares de verdadeiros dicionários, que possam consultar: "E não me refiro àqueles pequenininhos que as crianças carregam na lancheira" - provoco.

Poucos sabem o quanto de informações se pode retirar da leitura de um simples verbete no dicionário. Ademais, há dicionários de todo tipo: de rimas, de sinônimos, etimológicos (que mostram as origens das palavras), de idéias afins (!) e muitos outros.

Viva em paz e harmonia consultando um dicionário todo dia.

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Curiosidades

Como chamá-las?

Certas palavras ganham número especialmente expressivo de sinônimos na linguagem popular.
"Meretriz" é uma dessas.

Souto Maior registra: mulher de vida alegre, da vida fácil, à-toa, decaída, horizontal, madalena, rameira, marafona, gado, coco, marmita, caçarola, tambor de guerra, couro de tambor, comida, catraia, ratuína.

No Aurélio: loureira, messalina, fêmea, cortesã, andorinha, bagageira, bagaxa, barca, biraia, bisca, biscaia, bofe, boi, bruaca, bucho, cação, cadela, caterina, catraia, china, cocote, cóia, cuia, culatrão, dadeira, dama, égua, ervoeira, fadista, findinga, frega, frete, frincha, fuampa, fubana, fusa, gança, jereba, loba, madama, marafaia, mariposa, michê, michela, miraia, moça, moça-dama, moça do fado, mulher da comédia, mulher-dama, mulher da rótula, da rua, da zona, de amor, de má nota, de ponta de rua, do fandango, do mundo, do pala aberto, errada, perdida, pública, solteira, vadia, mundana, murixaba, muruxaba, paloma, pécora, perua, piranha, piturisca, quenga, rapariga, rascoa, reboque, rongó, tolerada, transviada, tronga, vaqueta, ventena, vigarista, zabaneira, zoina.

E, afora um erudito "vulgívaga", há ainda o diminutivo irregular de meretriz: "meretrícula"!

 

* Paulo Tortello é professor particular de Língua Portuguesa e responsável pelo boletim diário "A Língua ao Pé da Letra" na Rádio Jovem Pan/Sorocaba


Pesquisador pernambucano Mário Souto Maior completa 3.500 palavras do maldizer do brasileiro e português

"Dicionário do Palavrão" ganha 500 verbetes

DA REPORTAGEM LOCAL

   O pesquisador Mário Souto Maior é hoje o Aurélio ou o Houaiss, para evitar confusão na guerra dos lexicógrafos, da língua "errada" do povo, mania que também marcou a vida e obra do erudito Câmara Cascudo.

   O cabra é doido por juntar vocábulos e sentidos. Engordou recentemente o seu "Dicionário do Palavrão e Termos Afins" (7ª edição pela Record), que já mantinha 3.000 verbetes, com mais 500 novos impropérios, do português do Brasil e do português de Portugal.

   Aguarda, o sucessor de Cascudo, o despertar da editora para unir a nova pesquisa ao mundo dos palavrões e safadezas afins. "A cada dia, junto mais saudáveis safadezas", alerta Souto Maior. Tal ajuntamento de maldizeres nasceu de proposta de Gilberto Freyre nos anos 70: "Os alemães fizeram uma reunião de coisas mais ou menos imorais, por que não fazes a versão portuguesa?".

   "Do palavrão, pode um pesquisador valer-se como um dos elementos que o auxiliem a concluir que, no comportamento sexual de uma sociedade, é ecológico e culturalmente condicionado", justificou o mesmo Freyre.
Surgia então, véspera dos 80, o "folclorerotismo", lição de safadezas populares, tema frequente nos livros de Souto Maior. "O velho Giba (Freyre) ficou entusiasmado, como sempre, e caí na vida para colher as palavras", relembra o autor. Freyre, que havia carregado o seu "Casa-Grande & Senzala" de expressões como "jurar pelos pentelhos da virgem", celebrou a chegada do "Dicionário do Palavrão" com fogos.

   "Curioso encontrarem-se palavras de uso ou abuso obsceno no Brasil, como boceta, que em Portugal têm apenas o sentido de descrição de objeto nada ligado a sexo. O inverso acontece com a palavra tomates: em português de Portugal, na sua conotação sexual, é o mesmo que testículos", registrou o sociólogo.

   O amontoado de safadezas levantou o moral de muita gente. "Posso publicar que o "Dicionário do Palavrão" está retido na censura desde 1974", indagava, em telegrama de 3 de abril de 1976 -enviado para o amigo Souto Maior-, o poeta Carlos Drummond de Andrade, dando conta da proibição, imposta pelo regime militar à obra. (XICO SÁ) (Folha de S. Paulo)

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