E ninguém me vê.
E se vê, finge que não viu.
Sou a ilusão que alguém sonhou.
Talvez sou fruto de um amor.
Sou o que sou e choro sem saber por que.
Às vezes, sou triste sem ser.
Eu sou o que, perdido, vivo neste mundo
Procurando alguém para me entender.
Sou o que não teve sorte.
Sou filho da rua
Durmo na marquise
Alguém me abandonou.
Sou o que não tem nome
Mas sou o que tem fome
Alimento do que sobrou
Na mesa de quem já se alimentou
Sou o que a escola nunca freqüentou.
Sou o filho da mãe que me abandonou
Fruto dessa sociedade doente
Sou menor
Sou gente. Mas eu sou. Mas eu sou.
