ACADEMIA CAETITEENSE DE LETRAS
Revista Selecta Acadêmia - Vol. 2
ELZA SILVEIRA*
VIDA DE OSTRA
As ostras vivem no fundo dos mares ou de alguns rios. Normalmente agarram-se umas às outras e formam colônias fixas em pedras, ferro ou madeira. Seus corpos frágeis e de pequena dimensão são protegidos por uma concha.
Deve ter sido o medo dos perigos externos, a luta pela sobrevivência que levaram a ostra a fechar-se dentro de sua própria concha.
Assim, isolada do mundo exterior, não viu o tubarão comer o peixe menor. O desespero do pequeno sendo devorado pelo grande não a afetou. Não ouviu o grito da criança que brincava na praia e foi arrastada pela onda.
Desta forma, encerrada em si mesma, vive a ostra sem fazer mal a ninguém, mas sem contribuir em nada para a melhora do ambiente a seu redor.
Vida cômoda, vida de ostra!
Um dia, porém, algo aconteceu que veio perturbar a calmaria de sua existência. Um grão de areia penetrou em seu interior e começou a incomodá-la. Eliminá-lo não podia, teria de lutar contra a dor. Na tentativa de amenizar o sofrimento causado pela presença do corpo estranho, deu início à segregação de um líquido para cobrir o grão de areia e torná-lo menos áspero. E ... Fabricou a pérola.
Através dos séculos muitos de nós temos vivido como a ostra, encerrados em nosso mundo interior. Porém, a vida, em sua sabedoria, não permite que assim seja para sempre. A necessidade nos faz sair da concha e progredir. Para muitos é a chegada da provação e a conseqüente importância de superá-la. Para outros, aqueles que vivem em busca de conhecimentos, a visita de uma idéia nova lhes faz estudar a possibilidade de entendê-la ou realizá-la.
Em baixo da macieira Isaac Newton, ao perceber a queda da maçã, ficou a questionar o fato; algo tão simples, mas que precisava compreender a causa. A reflexão e estudo sobre o assunto levaram-no à descoberta da lei de atração universal.
O projeto foi feito, e a pérola criada.
Como a árvore começa  a partir do momento em que a semente é plantada, as grandes criações surgem a partir de uma idéia analisada e posta em prática. Aqui, em nossa cidade, um grupo de caetiteenses começou a questionar o fato de não termos uma Academia de Letras. Era o grãozinho  de areia entrando em seus corações e começando a incomodar. Por que não?
Esperamos que o entusiasmo na realização deste plano atraia outros sonhadores e juntos construamos nossa Academia, linda jóia que será colocada na vitrine da História de Caetité.
*ELZA SOUZA TEIXEIRA SILVEIRA, professora,nasceu em Nazaré, aos 20.01.1930, ocupa a Cadeira nº 18, da qual é patrona.
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