REVISTA Selecta Acadêmica Vol. 2
André Koehne*
A FÁBULA DOS CHIFRES
Caetité, fev.1998
Lá no pasto pastando estavam Sr. Touro e D. Vaca. Enquanto ele ruminava, ela o leite produzia. Fartas tetas, matutava, faria sucesso em qualquer pastagem...
O Touro então ela deixou, seguindo sem rumo pela estrada. Mas a mimosa não era mais novilha, e nas suas andanças só achou Jeca Jumento sozinho, e oferecida a ele ofereceu, adivinhem, aquilo que a vaca melhor tem. Jeca, que vivia sua burra vida, respondeu como convinha: pastou.
Mas, vejam só, D. Vaca se encheu, era burrice demais do jegue do Jeca. Sorrateira, uma manhã bem cedinho, sem ser vista por ninguém, voltou ao Sr. Touro, acordando-o com jeitinho:
_ Olá, querido, vamos fazer um bezerrinho?
Sr. Touro, amuado, deixou a vaca de lado, enxotando-a dali. A vaca, desconfiada, sentiu agora em si, lá na testa, algo pontudo brotar. Incomodada, a safada mugiu, mas viu que na beira da estrada, do outro lado da cerca, o Jeca esperava.
Sem demora, fingindo-se enamorada, foi para junto dele novamente pastejar. Agora, afinal, eram iguais: a D. Vaca, caridosa, dera a seu gordo jumentinho um belo par de chifres, chifres que foram do touro. E viveram felizes, tão juntinhos que de longe ninguém sabia se eram burra e touro, ou se eram vaca e burro.
Moral da estória: burro que pasta na vaca alheia, já tem o que merece.
ANDRÉ LUIZ GOMES KOEHNE
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Advogado, ocupa a Cadeira nº 23 MARION GOMES
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